Pornografia gerada por IA: OpenAI considera permitir produção de conteúdo adulto no ChatGPT

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A OpenAI, dona do ChatGPT, está considerando permitir que sua inteligência artificial gere conteúdos pornográficos, violentos e explícitos. A avaliação foi feita em um documento publicado na quarta-feira, 8, que discute como os modelos da OpenAI devem se comportar.

"Acreditamos que os desenvolvedores e usuários devem ter a flexibilidade de usar nossos serviços como acharem melhor, desde que cumpram nossas políticas de uso", disse a OpenAI, em resposta à diretriz de não permitir que seus modelos respondam com conteúdo NSFW (não seguro para o trabalho), incluindo conteúdo erótico, violência extrema, insultos e palavrões não solicitados.

"Estamos explorando se podemos fornecer de forma responsável a capacidade de gerar conteúdo NSFW em contextos apropriados para a idade por meio da API e do ChatGPT. Estamos ansiosos para entender melhor as expectativas dos usuários e da sociedade em relação ao comportamento do modelo nesta área."

Respondendo a uma solicitação da rádio pública americana NPR, Joanne Jang, funcionária da empresa com sede em São Francisco, que trabalhou no documento, disse que a OpenAI quer iniciar uma discussão sobre se a geração de texto erótico e imagens de nudez deveria sempre ser banida de seus produtos. Deepfakes, no entanto, continuariam proibidos, segundo Jang.

"Queremos garantir que as pessoas tenham o máximo de controle na medida em que isso não viole a lei ou os direitos de outras pessoas, mas permitir deepfakes está fora de questão, ponto final", disse Jang. "Isso não significa que estamos tentando agora criar pornografia de IA."

Jang explica que há casos criativos em que conteúdo envolvendo sexualidade e nudez é importante para os usuários.

Por meio de um porta-voz, a OpenAI reforçou na quinta-feira, 9, que a empresa não tem intenção de permitir a geração de pornografia gerada por IA e deepfakes, mas que acredita "na importância de explorar cuidadosamente conversas sobre sexualidade em contextos apropriados para a idade".

Em março, Mira Murati, diretor da tecnologia da OpenAI, afirmou que a companhia não descarta a geração de imagens de nudez no Sora, nova IA da startup capaz de produzir vídeos realistas a partir de comandos de texto.

Deepfake pornográfica preocupa autoridades

O uso de IA para a criação de imagens nuas de mulheres reais, incluindo crianças e adolescentes, tem preocupado instituições e governos ao redor do mundo. Organizações de combate à crimes online, como o Internet Watch Foundation (IWF), vêm alertando do uso de ferramentas de IA para manipular fotos de crianças e adolescentes publicadas na internet para deixá-las nuas. Com as fotos em mãos, os criminosos podem chantagear a pessoa a enviar mais fotos com conteúdos comprometedores. A situação, contudo, também tem crescido entre mulheres adolescentes e adultas.

Imagens explícitas criadas por deepfake da cantora Taylor Swift foram amplamente divulgadas no X (antigo Twitter) no começo do ano, com uma das fotos ganhando dezenas de milhões de visualizações e 24 mil reposts. Depois de um esforço coletivo dos milhões de fãs da artista, que durou vários dias, a rede passou a banir o material.

No Brasil, a polícia investiga inúmeros casos, em diferentes estados brasileiros, de alunas que denunciam a divulgação de nudes falsos criadas com inteligência artificial.

Em abril, a Apple e o Google removeram aplicativos que prometiam deepfake de nudez da App Store e do Google Play, após as denúncias do 404 Media, que relatou que a Meta estava hospedando anúncios dos apps no Facebook e no Instagram.

De acordo com a Meta, cerca de 1.500 propagandas de "Namoradas de IA" surgiram nas plataformas da empresa nos EUA até o dia 30 de abril de 2024.

No Brasil, o Projeto de Lei 5694/23 estabelece uma pena de quatro a oito anos de prisão, assim como multa, para quem fizer uso de inteligência artificial para manipular imagens e sons de crianças e adolescentes com o objetivo de produzir conteúdo sexual. O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente e está sob análise na Câmara dos Deputados.

Em outra categoria

A canonização do primeiro santo millennial, Carlo Acutis, foi adiada por conta da morte do papa Francisco nesta segunda-feira, 21, anunciou o Vaticano.

Acutis, também chamado de "santo da internet", seria canonizado no próximo domingo, 27, na Praça de São Pedro, por ocasião da celebração do Jubileu dos Adolescentes.

Nos meses que antecederam a esperada canonização, fiéis têm peregrinado para Assis, na Itália, onde seu corpo - vestido com tênis, jeans e moletom - repousa em um santuário. Ele tinha 15 anos quando morreu no norte da Itália, em 2006, após um curto período com leucemia.

Seu caminho rumo à santidade, o processo de canonização, começou há mais de dez anos por iniciativa de um grupo de padres e amigos, e ganhou força pouco depois do início do pontificado do papa Francisco, em 2013.

Acutis foi declarado "venerável" em 2018, após a Igreja reconhecer sua vida virtuosa, e seu corpo foi levado ao Santuário do Despojamento, em Assis - um importante local associado à vida de São Francisco.

Ele foi declarado "beato" em 2020, depois que o Dicastério do Vaticano responsável pelos processos de canonização reconheceu uma cura milagrosa atribuída à sua intercessão - a recuperação de uma criança no Brasil de maneira "cientificamente inexplicável".

No ano passado, a Igreja abriu caminho para sua canonização ao atribuir-lhe um segundo milagre - a cura completa de uma estudante costarriquenha na Itália, vítima de um grave traumatismo craniano em um acidente de bicicleta, depois que sua mãe rezou no túmulo de Acutis.

Acutis usou sua habilidade com computadores para criar uma exposição online sobre mais de 100 milagres eucarísticos reconhecidos pela Igreja ao longo dos séculos, com foco na presença real de Cristo que os católicos acreditam estar no pão e vinho consagrados. Ele também ensinava catecismo e fazia trabalho de caridade com pessoas em situação de rua.

A missa para adolescentes, que deve atrair dezenas de milhares de fiéis, seguirá como planejado. Ela faz parte das celebrações do Ano Santo iniciadas por Francisco em dezembro, que, segundo o Vaticano, continuarão, embora com algumas modificações.

Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira, 21, um novo papa será escolhido a partir de um conclave, o processo de eleição do próximo pontífice. Podem concorrer ao cargo os cardeais da Igreja Católica.

Entre os ocupantes do posto em todo o mundo, oito são brasileiros. Sete deles têm menos de 80 anos e podem votar, enquanto um já ultrapassou a idade limite para depositar seu voto, mas ainda pode ser votado.

Os cardeais brasileiros que podem se tornar o próximo papa são, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB):

Cardeal Odilo Pedro Scherer - arcebispo da Arquidiocese de São Paulo

O gaúcho é o 7º Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Com 75 anos, ele é filósofo e teólogo, com mestrado em Estudos Teológicos e doutorado em Teologia. É autor de "Justo sofredor: uma interpretação do caminho de Jesus e do discípulo" e "Reflexões sobre Fé e Política".

Cardeal João Braz de Aviz - arcebispo emérito da Arquidiocese de Brasília e da Congregação para a Vida Consagrada, no Vaticano

Foi prefeito do Departamento Vaticano para a Vida Consagrada (responsável por gerir todas as congregações religiosas do mundo) durante 14 anos, até janeiro deste ano. Catarinense nascido em Mafra, está próximo de completar 78 anos.

Cardeal Orani João Tempesta - arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Hoje com 75 anos, é natural de São José do Rio Pardo, em São Paulo. Entrou para a Ordem dos Monges Cistercienses e realizou os estudos de Filosofia no Mosteiro São Bento, em São Paulo, e em São João del-Rei (MG), além de estudos em Teologia. Está no Governo Pastoral da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro desde 2009.

Cardeal Sergio da Rocha - arcebispo da Arquidiocese de Salvador

Hoje com 65 anos, o cardeal nasceu em Dobrada, em São Paulo. É mestre em Teologia Moral e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Trabalhou como diretor espiritual, professor e reitor do Seminário Diocesano de Filosofia de São Carlos e foi professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Em 2011, foi nomeado Arcebispo Metropolitano de Brasília, onde permaneceu até ser nomeado pelo papa Francisco como Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, em 2020.

Cardeal Paulo Cezar Costa - arcebispo da Arquidiocese de Brasília

Em 2020, foi transferido para a Arquidiocese Metropolitana de Brasília, onde é o atual arcebispo. Ocupa, na CNBB, a direção do INAPAZ, Instituto responsável pelas análises de Conjuntura Eclesial, e é membro do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos e da Pontifícia Comissão para a América Latina.

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner - arcebispo da Ar

Nascido em Forquilhinha (SC), estudou Filosofia e Teologia com os franciscanos em Petrópolis. Obteve o grau de bacharel em Filosofia e Pedagogia na Faculdade Salesiana de Lorena, e a licenciatura e o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma. Hoje com 74 anos, é, desde 2019, o arcebispo metropolitano de Manaus.

Cardeal Jaime Spengler - arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre

Nascido em Gaspar (SC) e hoje com 64 anos, é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre. Cursou Filosofia e Teologia, com doutorado em Filosofia. Atuou na Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do País até 2010, quando foi nomeado pelo papa Bento XVI como bispo auxiliar.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP)

Com 88 anos, o cardeal não pode votar no conclave. Ele foi bispo auxiliar de Brasília entre 1986 e 2004 e arcebispo de Aparecida de 2004 a 2016. Em 2010, foi nomeado pelo papa Bento XVI como membro da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL)

Como funciona o conclave

O período entre o falecimento de um pontífice e a escolha do sucessor é chamado de Sé Vacante.

Após declarada a Sé Vacante, o governo da Igreja Católica fica nas mãos do Colégio Cardinalício e o conclave é iniciado em um prazo entre 15 e 20 dias.

Durante o conclave, os cardeais ficam em um alojamento, proibidos de qualquer contato com o mundo exterior. As votações são conduzidas por nove cardeais sorteados e divididos em três grupos.

Na Capela Sistina, eles fazem um juramento, com a mão sobre o Evangelho, e prometem jamais revelar o que foi dito ou feito no conclave. A sanção para quem quebrar o juramento é a excomunhão.

São necessários dois terços dos votos para definir o novo pontífice.

Um acidente vascular cerebral (AVC) e colapso cardiocirculatório foram a causa da morte do Papa Francisco, ocorrida nesta madrugada, segundo divulgou o Vaticano na tarde de segunda-feira, 21. Ele tinha 88 anos.

A causa já havia sido noticiada em jornais da Itália e foi confirmada em um comunicado oficial da Santa Sé.

O pontífice argentino morreu menos de um mês após deixar o hospital, onde ficou internado para tratar de uma pneumonia bilateral. Um dia antes da morte, ele apareceu em público no Vaticano em uma missa de Páscoa, quando fez a última saudação aos fiéis.