Matheus Nachtergaele diz que 'Mais Pesado é o Céu' é 'sobre a vida na beira da sobrevivência'

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Antônio (Matheus Nachtergaele) desce da boleia do caminhão, após pegar uma carona, e dá de beira com a cidade em que viveu e que agora está debaixo da água, represada. E é ali, naquele lago artificial, que conhece Teresa (Ana Luiza Rios). Uma outra alma sem rumo, mas que encontra uma criança abandonada por ali - sem nome, é só o Menino. E é nessa ausência de passado, presente e futuro, com esperança no bebê, que os caminhos dos dois se cruzam.

É assim que começa Mais Pesado é o Céu, em cartaz nos cinemas brasileiros, do cineasta Petrus Cariry. O longa seria o primeiro após a chamada Trilogia da Morte (O Grão, Mãe e Filha e Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois). "Queria fazer um filme sobre dois personagens que voltavam do Sudeste em direção ao Nordeste em busca de uma cidade que não existia mais. Eles se encontravam e formavam uma espécie de família", diz Petrus ao Estadão.

Cariry admite que o longa-metragem era pra ser mais solar, se diferenciando da dor e do luto da trilogia anterior. Só que as coisas foram ficando mais densas - até para os atores. O encontra cria uma família quebrada, sem ser família de verdade, que tenta apenas sobreviver. Parece não ter futuro para nenhum deles, enquanto o passado os assombra.

"Estávamos em um estado muito peculiar pessoalmente e artisticamente, porque era o fim da pandemia", diz Nachtergaele. "Foi o primeiro trabalho que realizamos após aquele longo período de quarentena. Os atores não podiam se apresentar, o cinema não podia ser feito, a televisão não podia ser gravada, teatros estavam fechados. Estávamos à beira de uma terra despedaçada, por assim dizer. Isso impactou profundamente na nossa construção."

Matheus diz que essa esperança quebradiça - compartilhada por Petrus - afetou a forma de encarar a história, se espalhando nos significados de vazios, silêncios e violências. "É um filme sobre a vida na beira da estrada e da sobrevivência", diz o ator. Ana Luiza Rios, que vive a sofrida Teresa, vai além. "O filme é sobre encontros, sobre o que acontece no entre, menos sobre o antes ou o depois. É como se os personagens estivessem sempre à beira, seja da água, da estrada. O filme todo se passa entre beiras", contextualiza ela.

Entre a vida e a morte

É interessante como há diferentes olhares dos entrevistados sobre o objetivo final de Mais Pesado é o Céu. Tudo no filme é áspero, doloroso, cruel. Ainda assim, há quem veja otimismo por ali. Nachtergaele, por exemplo, encontra esperança no bebê - no Menino.

"O bebê que eles encontram representa o futuro e é o que os move a continuar. O bebê é quem faz com que eles busquem uma sombra, depois um pouco de água, um teto. E ali, talvez, uma nova tentativa de vida se esboce. Talvez uma família se forme, talvez não", diz Matheus, refletindo sobre o futuro daqueles personagens. "O que importa é o caminhar do filme, o espaço para poesia, para refletir sobre as relações entre homens e mulheres, sobre a violência masculina e como as mulheres resistem a ela. É o filme mais bonito que já fiz."

Silvia Buarque interpreta aquela personagem que parece ser a solidez dos personagens. Ela ajuda Teresa e Antônia nessa busca despedaçada, sem esperança, e parece ter controle da situação. Ao Estadão, ela não compartilha do otimismo de Matheus. "Eu acho que não há esperança para aqueles personagens", diz. "Não vejo saída para minha personagem. Ela é a elite da miséria, a líder daquele grupo, mas não vejo uma saída clara".

Petrus, enquanto isso, foge da dicotomia vida e morte, tristeza e alegria, pessimismo e otimismo. Ele diz que Mais Pesado é o Céu é sobre a vida ao nosso redor, que nos cerca.

"O filme é um olhar sobre essas pessoas que estão à margem da sociedade, tocando em várias questões sociais, como a misoginia, o patriarcado e o lugar da mulher em situações de risco", diz. "Não vejo um pessimismo, mas queria mostrar as coisas como elas são de verdade. A vida dessas pessoas é difícil. Não tem muito o que florear nesse sentido. A vida é dura. Por isso, é um filme duro. Apesar disso, acho que ele aponta um caminho, mesmo que ninguém saiba exatamente qual é esse caminho e muito menos como percorrê-lo."

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"Belém é uma cidade esburacada na Amazônia brasileira, quente, pontilhada de esgoto a céu aberto e com poucos leitos de hotel." É assim que reportagem publicada pela revista britânica The Economist na quarta-feira, 9, define a capital do Pará, que em novembro, sediará a COP30. A publicação afirma ainda que a cúpula do clima da ONU deste ano "certamente será caótica".

As principais críticas da The Economist são em relação às dificuldades de Belém para acomodar os negociadores do clima que desembarcarão no Pará em novembro. A revista destaca que a cidade de 1,3 milhão de habitantes possui leitos de hotel suficientes para apenas 18 mil visitantes. Espera-se que outros 5 mil turistas se hospedem em navios de cruzeiro que ficarão ancorados em um porto próximo. "Escolas públicas e quartéis militares estão sendo equipados com ar-condicionado e beliches para se tornarem 'albergues'. O que normalmente são 'motéis do amor' também será uma opção", escreveu.

A The Economist também aponta algumas das obras que estão sendo realizadas em Belém como parte dos preparativos para a COP30. "Um trecho de 13 km de floresta intocada foi derrubado para dar lugar a uma rodovia para aliviar o tráfego de entrada. Alguns projetos de infraestrutura exigiram a dragagem e o preenchimento de rios e canais de esgoto com concreto."

Em entrevista à publicação, Adler Silveira, secretário de infraestrutura do Pará, afirma que as reformas para a preparação para a crise deixarão um legado positivo.

Por fim, o texto diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Helder Barbalho, governador do Pará, têm tentado criar alternativas à agricultura e à mineração na região. "Ambos promoveram o desenvolvimento de um mercado de créditos de carbono, atraíram investimentos em energia limpa e promoveram o potencial da "bioeconomia", na qual produtos da floresta tropical são usados para produzir materiais e energia."

As jovens Isabela Priel Regis e Isabelli Helena de Lima Costa, ambas de 18 anos, morreram na noite da última quarta-feira, 9, atropeladas por um carro em alta velocidade, em São Caetano do Sul, cidade da região metropolitana de São Paulo.

Segundo familiares, as duas eram amigas próximas e se formaram juntas na mesma escola. Antes do acidente, elas estariam celebrando a conquista do emprego de Isabelle, que começaria na nova experiência profissional na semana que vem.

"As duas eram amigas inseparáveis, estudaram o Ensino Médio juntas e morreram juntas", disse Claudilene Helena de Lima, mãe de Isabelli, em entrevista a repórteres, nesta quinta-feira, 10. "(Elas) Iam começar a trabalhar. A Isabelli ia começar na segunda-feira e não deu tempo. Elas saíram para comemorar e estavam voltando para casa", acrescentou.

Em um perfil na rede social, Isabela Priel informou que buscava a primeira experiência profissional e que estudava, desde 2023, em um curso técnico de Enfermagem na instituição Grau Técnico. "Busco oportunidades que me permitam crescer profissional e pessoalmente", escreveu a jovem.

A instituição disse, em nota, que recebeu a notícia da morte da jovem com "bastante pesar" e desejou condolência à família e amigos.

Isabela e Isabelli foram atingidas por um carro em alta velocidade na altura do número 935 da Avenida Goiás, no bairro Santo Antônio. Elas atravessavam a pista quando o veículo as atingiu, arrastando duas por cerca de 50 metros. As vítimas morreram no local.

O homem que dirigia o carro foi submetido ao teste do etilômetro (bafômetro), que resultou negativo. "Ele foi encaminhado à delegacia da cidade, onde foi ouvido e preso em flagrante por homicídio. Ele deve passar por audiência de custódia ainda nesta quinta-feira", afirmou a pasta.

O condutor foi identificado como Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos. De acordo com uma testemunha ouvida pela polícia, o rapaz dava indícios de estar disputando um racha com outro veículo no momento em que atropelou Isabelli e Isabela.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva e Brendo foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo.

Os advogados de defesa de Brendo, Thalita Beserra, Francisco Ferreira e Thaís Vianna, afirmam, em nota, que o caso "foi uma fatalidade" e dizem que Isabela e Isabelli atravessaram a via quando o semáforo ainda estaria vermelho para elas e que o estudante não as teria visto.

"Ele prestou socorro no mesmo momento, não se evadindo do local. E o teste para embriaguez deu negativo", completaram os defensores.

Conforme o boletim de ocorrência, Brendo foi indiciado por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Ele dirigia um veículo modelo Honda Civic, que ficou com a parte dianteira completamente destruída.

"Destarte, no presente caso, o indiciado ao lançar-se em prática de altíssima periculosidade em via pública e mediante alta velocidade (em conduta conhecida por "racha"), teria consentido com que o resultado se produzisse. Logo, há dolo eventual na espécie", escreveu a polícia.

Uma cratera se abriu na Marginal Tietê, sentido Castelo Branco, em São Paulo, nesta quinta-feira, 10. O asfalto cedeu 400 metros antes da Ponte Atílio Fontana, ocupando toda a pista e bloqueando a saída para a Rodovia dos Bandeirantes.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que ainda não se sabe o motivo da cratera na via e que o acesso da pista central da Marginal Tietê para a Rodovia dos Bandeirantes permanecerá interditado até que o problema seja sanado.

Choveu forte na capital paulista nesta quinta-feira, 10. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), órgão da Prefeitura responsável pelo monitoramento das condições meteorológicas na capital, chegou a colocar a cidade em estado de atenção para alagamentos. Na Marginal Tietê, o alerta durou das 12h34 às 14h10.