Caso Klara Castanho: defesa de influenciadora se pronuncia sobre processo por danos morais

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A defesa da influenciadora Adriana Tommasi Kappaz, conhecida como Dri Paz, se pronunciou nesta quinta-feira, 22, sobre um processo de danos morais que corre em segredo de Justiça em São Paulo, movido pela atriz Klara Castanho. Ela alegou desconhecer a ação. Klara acusa a influenciadora de ter publicado informações difamatórias sobre sua gravidez indesejada após um abuso sexual e a entrega do bebê para adoção.

Em setembro de 2022, a atriz já havia entrado com uma queixa-crime por difamação, calúnia e injúria no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) contra a influencer, contra a apresentadora Antonia Fontenelle e contra o jornalista Leo Dias pela exposição do caso.

Conforme os advogados de Klara, na época, Adriana teria gravado um vídeo na rede social Kwai "imputando" o crime de abandono de incapaz à atriz. Quando a situação foi exposta publicamente, a artista divulgou uma carta aberta afirmando ter engravidado após um estupro e, por isso, decidiu dar o bebê para adoção.

Em contato com o Estadão, a advogada Raquel Fernandes Silva, responsável pela defesa da influenciadora, comentou agora uma suposta decisão em favor da atriz, divulgada pelo colunista do UOL Rogério Gentile nesta quarta, 21.

Raquel alega que a ação teria corrido de forma "irregular", já que Adriana não teria tomado conhecimento sobre o processo e, por esse motivo, não teria tido direito de defesa. A advogada afirma que pretende recorrer da decisão.

A advogada de Adriana aponta que a citação do processo foi enviada ao endereço fiscal da influenciadora e assinada por uma pessoa "que ela desconhece por completo". "Ela não tem funcionários. O processo tramita contra ela, pessoa física. Mesmo se ela tivesse funcionários, não valeria, porque a citação recebida por funcionário é válida para citação de pessoa jurídica, o que não é o caso. [...] Essa citação é considerada nula. Nós vamos entrar com recurso, vamos apelar", explicou Raquel.

Também ao Estadão, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) disse que "não pode se manifestar sobre questões jurisdicionais". "Quando há discordância da decisão, cabe às partes a interposição dos recursos previstos na legislação vigente", informa um trecho da nota. Leia mais abaixo.

À reportagem, a assessoria de Klara Castanho disse que não comenta decisões judiciais e reafirmou que o processo corre em segredo de Justiça. Leia também abaixo.

Leia a nota enviada pela defesa de Dri Paz

"Eu, Dra. Raquel Fernandes Silva, que patrocina a defesa Senhorita Adriana Tommasi Kappaz, esclarece (sic) que recebeu com surpresa a publicação distorcida de reportagens divulgadas e matérias a respeito de sua condenação por danos morais, em um processo do qual a mesma nunca teve ciência, conhecimento e muito menos foi devidamente citada.

Adriana Tommasi Kappaz somente teve ciência de referido processo quando 'jornalistas' entraram em contato, via e-mail, a questionando sobre a possibilidade de recurso e, quando ela foi surpreendida com seu nome atrelado em várias publicações, quando o processo tramita em segredo de justiça. Portanto, nenhum jornalista ou emissora ou site poderia ter acesso à referida decisão e, mesmo tendo acesso, não poderia ter levado a público, o que será devidamente apurado em processo judicial específico para apuração dos danos causados à minha cliente, bem como a prática de crime a serem apurados.

Ao analisar o processo, do qual nunca tivemos conhecimento, o que impossibilitou a apresentação da nossa defesa, identificamos que o magistrado considerou a citação da minha cliente, com base em AR dos Correios, encaminhado para um endereço na cidade de Belo Horizonte, onde a mesma nunca residiu.

Somando-se a isso, o referido AR foi assinado, por terceira pessoa completamente estranha à minha cliente, o que é uma ilegalidade que será perfeitamente combatida no processo, via recurso cabível.

A fim de comprovar a veracidade das informações, segue AR encaminhado para a cidade de Belo Horizonte, assinado por um tal de 'Igor', pessoa totalmente estranha à minha cliente, bem como foto do endereço, onde resta comprovado que se trata de um prédio comercial na capital mineira.

Cumpre destacar que a citação é ato personalíssimo e, quando realizada por carta com aviso de recebimento, esta deve ser entregue ao citando, sendo inválida quando a carta é entregue a terceira pessoa. Quando não realizada a citação de forma pessoal, há violação afrontosa e descarada das garantias constitucionais da ampla defesa do contraditório.

Nestes sentido (sic), todo veículo de comunicação que levou a público decisão proferida em processo que tramita em segredo de justiça, expondo de forma negativa a imagem da minha cliente, incorrerá nas penalidades dos crimes de difamação e injúria, além de indenização por danos morais, por todo sofrimento suportado.

A defesa ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, uma vez que somente agora teve acesso ao mesmo, requerendo a anulação de todos os atos praticados, uma vez que todos foram ilegais e nulos, voltando o processo para sua fase inicial, a fim de que seja oportunizada defesa justa a minha cliente, em garantia ao contraditório e ampla defesa, princípios consagrados na nossa Constituição."

O que diz o TJSP

Em contato com o Estadão, o TJSP afirmou que não pode divulgar informações sobre o processo, como ele corre em segredo de Justiça, e nem se manifestar sobre questões jurisdicionais. Leia a nota completa:

"Além de o processo estar sob segredo de justiça e, portanto, não termos como passar informações, o Tribunal de Justiça não pode se manifestar sobre questões jurisdicionais. Os magistrados têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento. Essa independência é uma garantia do próprio Estado de Direito. Quando há discordância da decisão, cabe às partes a interposição dos recursos previstos na legislação vigente."

O que diz Klara Castanho

Também em contato com a reportagem, a assessoria da atriz reafirmou que a ação corre em segredo de Justiça e que também não comenta decisões judiciais. Leia o comunicado:

"Nós não comentamos nada relacionado às decisões da justiça. O processo tramita em segredo de justiça. Agradeço por nos procurar, mas esse assunto é tratado apenas no âmbito jurídico."

Relembre o caso

Klara teve informações sigilosas sobre o seu atendimento em um hospital vazadas em junho do ano passado. Com isso, ela passou um tempo longe das redes sociais. No final daquele mês, ela publicou uma carta aberta falando sobre o abuso sexual que sofreu, que resultou em uma gravidez indesejada e na entrega da criança para adoção.

A carta foi publicada após rumores surgirem quando Antonia Fontenelle disse em live que "uma atriz global de 21 anos teria engravidado e doado a criança para adoção".

O colunista Leo Dias, então do portal Metrópoles, publicou um texto com o titulo "Estupro, gravidez indesejada e adoção: a verdade sobre Klara Castanho" que foi apagado após pressão de internautas. A editora-chefe do Metrópoles, Lilian Tahan, afirmou que "expusemos de forma inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal. A matéria foi retirada do ar."

Segundo a atriz, uma enfermeira ameaçou vazar a entrega do bebê que a atriz decidiu fazer, sendo um procedimento previsto em lei. O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e o Ministério Público abriram investigações para apurar a conduta da profissional.

Fontenelle, a influenciadora Adriana Kappaz, conhecida como Dri Paz, e o jornalista Leo Dias foram processados pelos crimes de difamação, calúnia e injúria no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A atriz, por sua vez, processou Fonetenelle e pediu R$ 100 mil em indenização. Já Léo Dias pediu desculpas pela publicação da reportagem, assim como a influenciadora pelas declarações.

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Mostrar sua fragilidade ou tornar-se invisível? A convalescença do papa Francisco abriu uma nova etapa em seu pontificado e representa um desafio para sua imagem pública, que em alguns aspectos evoca a agonia de João Paulo II, morto em 2005 após longo período de doença.

No dia 23 de março, quando teve alta hospitalar, a primeira aparição pública do papa após cinco semanas de ausência surpreendeu. Em cadeira de rodas, de um balcão do Hospital Gemelli de Roma, o mundo viu um homem de 88 anos debilitado por uma pneumonia bilateral que quase lhe custou a vida, incapaz de levantar os braços.

Após balbuciar algumas palavras com voz entrecortada, Francisco pareceu ficar sem ar e fez uma careta. Poucos minutos depois, reapareceu em um automóvel que o levou de volta ao Vaticano com cânulas nasais para poder respirar.

De acordo com atualização feita pelo Vaticano nessa terça-feira, dia 1º, o estado de saúde do pontífice é estável. Francisco continua se recuperando em sua residência na Casa Santa Marta, no Vaticano.

Seus exames de sangue estão normais e uma radiografia de tórax recente indica uma melhora em seus pulmões. Ainda segundo a Santa Sé, o papa continua com as terapias prescritas por seus médicos. "Suas habilidades motoras, respiração e uso da voz continuam a mostrar melhora. A oxigenação de alto fluxo é usada principalmente à noite e conforme necessário."

Francisco concelebra a missa todas as manhãs na capela do segundo andar da residência Casa Santa Marta, onde continua se recuperando.

"O Santo Padre também preparará uma homilia para a missa de domingo pelo Jubileu dos Doentes e Profissionais da Saúde, e os preparativos para o Angelus no domingo devem ser discutidos na próxima reunião, marcada para sexta-feira, 4.

A imagem de sofrimento lembra os terríveis últimos meses de João Paulo II, silenciado por uma traqueotomia e que morreu em 2 de abril de 2005 após uma longa agonia.

A saúde dos papas sempre gerou muita especulação, pois ocupam o cargo por toda a vida, exceto em raros casos de renúncia, e estão expostos ao olhar público até o seu último suspiro. "João Paulo II, que havia feito teatro, usou muito seu corpo em sua comunicação, desde sua eleição em 1978", disse Roberto Regoli, sacerdote italiano e professor de história religiosa na Universidade Gregoriana de Roma.

"Era o papa que esquiava, que nadava, depois o papa ferido e hospitalizado, e finalmente, o do longuíssimo período de sua doença", recorda ele, afirmando que não é o caso de Francisco, que tinha 20 anos a mais quando foi eleito em 2013.

Desde sua aparição pública após receber alta, o jesuíta argentino tem sido quase invisível. Francisco, que nunca quis diminuir seu ritmo de trabalho, agora é obrigado a um descanso estrito por pelo menos dois meses, e vive recluso na residência Santa Marta, no Vaticano, sem atividade pública. Mas, em meio ao ano do Jubileu e com a Páscoa, a festa mais importante do calendário católico, se aproximando, sua presença continua sendo muito importante para os fiéis.

Até o momento, disse a Santa Sé, ainda é cedo para especular sobre a participação do papa nas cerimônias da Semana Santa.

Fragilidade x ausência

O Vaticano busca um equilíbrio entre mostrar um papa frágil ou deixar que sua ausência provoque rumores, especialmente entre seus adversários. "É um equilíbrio delicado", indica uma fonte do Vaticano. "Não faz tanto tempo os papas só eram vistos em público de vez em quando, mas era raro. Hoje em dia, em uma sociedade da imagem, devemos ser visíveis", acrescenta.

Na era das redes sociais e da desinformação, a hospitalização de Francisco deu lugar a uma grande quantidade de teorias da conspiração, algumas assegurando que havia morrido. Além disso, a convalescença de Francisco é uma ruptura para um papa conhecido pelos banhos de multidão, beijando bebês ou saboreando o mate que lhe ofereciam os peregrinos.

Apesar de sua doença, desde que entrou no hospital em 14 de fevereiro, Francisco não deixou de tomar decisões como aprovar canonizações, nomear bispos ou comentar a atualidade da guerra de Gaza ou do terremoto em Mianmar. "Agora já não temos a imagem do pontífice, e sim a palavra escrita, quando toda a comunicação do pontificado até agora se baseava em gestos e palavras improvisadas", aponta Regoli.

Diferentemente de João Paulo II, condenado por sua doença, Francisco ainda pode se curar. Nos corredores do Vaticano, reina apenas uma palavra: incerteza. (Com informações de agências internacionais).

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) conseguiu desbaratar uma quadrilha especializada no roubo de criptoativos no Brasil com uso da prática conhecida como "Boa noite, Cinderela", em que o criminoso dopa a vítima para roubar seus pertences.

Segundo o MP-RJ, o bando é composto por pelo menos seis colombianos, entre eles Angie Paola Parra Hoyos, que morava no Rio, fugiu do Brasil após praticar um roubo de criptoativos e acabou presa na Colômbia, de onde foi extraditada para o Brasil em 28 de fevereiro passado.

Angie Paola é ré nas duas fases da Operação Medellín, realizada pelo MP-RJ para combater a quadrilha, e também responde pelo crime de lavagem de dinheiro. A defesa dela e dos demais não foi localizada pela reportagem.

A primeira fase da Operação Medellín foi realizada em dezembro de 2023 e resultou na denúncia contra quatro colombianos, entre eles Angie Paola, pelo crime de roubo impróprio majorado.

Segundo a investigação, ela e outra mulher se passavam por empresárias, demonstravam interesse em aplicar em criptomoedas e se reuniam em bares ou restaurantes com homens dispostos a orientá-las. Ali dopavam a vítima com bebida misturada com sonífero ou outros produtos químicos, roubavam seu celular e faziam as operações com moeda virtual.

Segundo o MP-RJ, em fevereiro de 2023 o bando dopou uma vítima e roubou seu celular, aproximadamente R$ 125 mil em criptoativos e outros valores. Após o crime, Angie Paola fugiu para os Emirados Árabes e dali viajou para a Colômbia.

Com a deflagração da primeira fase da Operação Medellín, em dezembro do mesmo ano, o MP-RJ pediu e a 42ª Vara Criminal do Rio decretou a prisão da colombiana, que teve seu nome incluído no Alerta Vermelho da Interpol. Angie Paola foi presa em março de 2024, no Aeroporto Internacional de Rio Negro, na Colômbia, quando tentava embarcar para a República Dominicana.

Ciente da prisão, o MP-RJ adotou providências junto ao Ministério da Justiça e ao Judiciário para viabilizar o pedido de extradição, que foi autorizado pelo governo colombiano e cumprido em 28 de fevereiro. Angie Paola foi entregue às autoridades brasileiras e encaminhada ao sistema penitenciário do Rio. Ela está detida no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste.

Com a análise dos celulares apreendidos e a quebra de sigilo telemático, as investigações avançaram, levando à segunda fase da operação. Essa etapa resultou em uma nova denúncia do MP-RJ por organização criminosa, lavagem de dinheiro e outros dois roubos impróprios.

A Justiça aceitou a denúncia e decretou a prisão de seis colombianos, incluindo os quatro já indiciados na primeira fase. Durante essa segunda fase, outra colombiana foi presa pela Interpol na Colômbia e ainda aguarda extradição para o Brasil.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai passar a reservar vagas em seus cursos de graduação para pessoas trans, travestis ou não binárias. A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira, 1º, pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo da instituição. As vagas serão oferecidas no Edital Enem-Unicamp e poderão concorrer candidatos oriundos de escolas públicas e privadas.

No País, pelo menos 13 instituições de ensino superior estaduais e federais (entre elas a Unifesp e a UFABC) contam com esse tipo de sistema de acesso à graduação.

O modelo da Unicamp prevê que os cursos com até 30 vagas regulares deverão ofertar no mínimo uma como vaga regular ou adicional para essa população. A modalidade fica a critério da congregação de cada faculdade. Caso seja vaga extra, o preenchimento não será obrigatório.

Já os cursos com mais de 30 vagas deverão ofertar duas vagas, podendo ser regulares ou adicionais. Quando não forem adicionais, essas vagas serão subtraídas das vagas de ampla concorrência existentes no sistema Enem-Unicamp. O modelo define ainda que metade das vagas será distribuída atendendo aos critérios das cotas para pretos, pardos e indígenas (PPI).

O processo de seleção dos candidatos inclui autodeclaração na inscrição, como preveem a Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, haverá exigência de um relato de vida, modelo já utilizado em outras instituições de ensino superior. Esse relato será submetido a uma comissão de verificação.

Segundo a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), 279 candidatos se inscreveram no vestibular 2025 da Unicamp com nome social. Desses, 40 foram convocados. Os cursos mais procurados por esse grupo foram Artes Visuais, Ciências Biológicas e Medicina.

Cinco anos após a abertura das primeiras vagas, será realizada uma análise dos resultados da política.

A proposta aprovada foi resultado da articulação entre movimentos sociais, como o Ateliê TransMoras e o Núcleo de Consciência Trans (NCT), discentes da Unicamp e a reitoria, a partir de acordo firmado na greve de alunos de 2023.

"Trata-se de mais um momento histórico para nossa universidade", disse o professor José Alves Neto, coordenador da Comvest e integrante do grupo de trabalho que formulou a proposta. Segundo ele, dos 15 integrantes desse grupo, sete são pessoas que se definem como trans.