O comunicado final da presidência brasileira no G20 ainda está em fase de negociações sobre os pontos mais sensíveis, mas dezenas de declarações ministeriais emitidas pelo bloco ao longo do ano mostraram resultados concretos, afirmou nesta segunda-feira, 11, o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE). A transferência da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul permite uma continuidade, uma vez que os dois países têm prioridades gerais "muito parecidas", como as questões da redução da desigualdade, da inclusão social e da reforma da governança global, contou."Ou seja, é muito bom, nesse aspecto, ser sucedido pela África do Sul, porque há uma convergência de visões entre os dois países que permite que haja continuidade nesse projeto. Além disso, nós estamos felizes que também algumas inovações institucionais que a gente fez no G20, a criação do G20 social, a organização de uma reunião de chanceleres sobre a reforma da governança Global na ONU com os demais países da ONU, isso tudo os sul-africanos nos informaram que vão também seguir. Então, nós estamos felizes. Vemos a África do Sul como um grande país sucessor e é com grande alegria que transferiremos o bastão para eles", relatou Lyrio, chanceler brasileiro no G20, em declaração a jornalistas após participar da conferência do T20, grupo de representantes de "think-thanks" dos países do G20, no Rio de Janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá os líderes mundiais na reunião de cúpula do G20 nos dias 18 e 19 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. O comunicado oficial ainda não está pronto, porque "os pontos mais delicados" são negociados na última semana, contou Lyrio, sem mencionar quais seriam os temas ainda em aberto.
"Teremos uma longa semana de negociação do comunicado, mas faz parte", disse o chanceler.
O embaixador lembrou que, ao contrário das presidências anteriores do G20, como Índia e Indonésia, a presidência brasileira teve a possibilidade de fazer declarações de ministros dos países participantes sobre um conjunto de decisões, como o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a manifestação sobre a tributação dos super-ricos. Segundo ele, as declarações já produzidas independem do documento final da cúpula por serem decisões dos países tomadas na instância ministerial.
"A gente já tem um conjunto de decisões que são mais de 40 documentos ministeriais", mencionou.
O embaixador citou como exemplo a aprovação de um documento na reunião de ministros de desenvolvimento, em julho, para aumentar o acesso ao financiamento de infraestrutura de água e saneamento.
"É uma declaração e foi uma decisão que será implementada junto com os bancos, os bancos multilaterais. Eu não estou querendo menosprezar a importância da declaração, mas é que a presidência brasileira também tem que ser vista como o conjunto da obra. A declaração é importante, mas também as decisões. Essa é a filosofia do presidente Lula quando ele falou conosco no ano passado: 'Eu quero ações concretas'. Não é só uma questão que tem que ter uma declaração bonita. Então a declaração é importante, mas ela não é determinante para o progresso em todas essas áreas onde a gente já teve resultado", concluiu.
Comunicado final da presidência do G20 ainda está negociações, diz secretário do MRE
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