No Centro das Atenções
Silvio Costa Filho visitou o Porto de Marselha e se encontrou com representantes da francesa CMA CGM para falar sobre modernização, investimentos e capacitação da mão de obra
No último dia 11, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, cumpriu na cidade de Marselha duas agendas da missão oficial à França. Ele visitou o Porto de Marselha, um dos maiores da Europa, e esteve na sede da empresa de navegação CMA CGM, onde se encontrou com o CEO Rodolphe Saadé.
O Porto de Marselha opera em modelo multipropósito, movimentando cargas e também servindo como terminal de cruzeiros. O complexo recebe cerca de 2 milhões de passageiros por ano nesse segmento, número que reforça o potencial do Brasil no setor. "Estamos trabalhando para que os portos brasileiros avancem cada vez mais como portos sustentáveis, preparados para receber grandes embarcações, além de impulsionar o turismo de cruzeiros, sobretudo no Norte e no Nordeste", afirmou o ministro Silvio Costa Filho.
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, que acompanhou a visita, destacou que Santos segue a mesma linha de modernização. "O Porto de Santos já estuda a transferência do terminal de cruzeiros para o Parque Valongo, fortalecendo o turismo e ampliando a atratividade do complexo", disse.
Investimentos
Na sequência, o ministro esteve na CMA CGM Tower, sede do grupo em Marselha, para reunião com o CEO Rodolphe Saadé. O encontro tratou de oportunidades de investimentos no Brasil, em especial nas próximas concessões portuárias, além de iniciativas voltadas à capacitação de trabalhadores dos setores logístico e marítimo por meio do centro de excelência Tangram, da companhia.
A CMA CGM já tem investimentos no Brasil, com destaque para a compra do terminal da Santos Brasil em 2024, no valor de US$ 2,4 bilhões, cerca de R$ 13 bilhões. O grupo também é referência global em inovação, sustentabilidade e capacitação de mão de obra.
"O Brasil é estratégico para a CMA CGM. Queremos expandir nossas operações e fortalecer nossa presença no país, com novos investimentos e parcerias", afirmou Rodolphe Saadé.
Silvio Costa Filho reforçou que a agenda com a CMA CGM abre novas perspectivas para o setor. "Nosso compromisso é ampliar a competitividade do setor portuário, atrair investimentos globais e, ao mesmo tempo, garantir qualificação de mão de obra para preparar o Brasil para o futuro", disse.
As agendas desta quinta-feira marcam o encerramento da Missão França, conduzida pelo Ministério de Portos e Aeroportos ao longo da semana. A iniciativa reforçou a cooperação bilateral e abriu novas perspectivas de investimentos e parcerias estratégicas, consolidando o compromisso do Brasil em modernizar e tornar mais sustentáveis os setores portuário e logístico.
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A Caixa Econômica Federal reportou lucro líquido recorrente de R$ 3,682 bilhões no segundo trimestre de 2025, segundo balanço divulgado pelo banco nesta quarta-feira. O montante representa alta de 12,0% na comparação com o mesmo período de 2024. A carteira de crédito atingiu R$ 1,294 trilhão, alta anual de 10,1%. Já a carteira de crédito imobiliário, a mais representativa para o banco público, cresceu 11,7%, para R$ 875,5 bilhões.
A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, somou R$ 16,358 bilhões - 5,7% maior ante igual período do ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recorrente da Caixa ficou em 11,86%, 2,32 pontos porcentuais maior do que o observado no segundo trimestre de 2024. O patrimônio líquido era de R$ 147,524 bilhões no encerramento do trimestre, um crescimento de 8,9% em um ano.
Pelo critério contábil, a Caixa teve ROE de 12,41%, 2,34 pontos maior que 12 meses antes. Os ativos totais fecharam o segundo trimestre em R$ 3,673 trilhões, alta de 7,9% no comparativo anual. Já os ativos da Caixa somaram R$ 2,120 trilhões no segundo trimestre, salto anual de 11,0%
O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou falhas na gestão do programa Bolsa Família e recomendou ao governo federal, entre diversos pontos, que estabeleça o "apetite a risco", que é o nível de erro tolerável entre incluir famílias indevidas ou excluir famílias elegíveis.
Entre os achados, o TCU apontou que a ausência de parâmetros claros para o nível de erro aceitável compromete a priorização de controles e pode resultar tanto em exclusão indevida de vulneráveis quanto em tolerância excessiva a fraudes e pagamentos irregulares.
A fiscalização atende às etapas de formulação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), servindo ao Congresso Nacional para aferir a execução e o cumprimento de metas de programas federais. A auditoria também identificou fragilidades na execução descentralizada. Municípios relataram falta de pessoal, alta rotatividade de entrevistadores sociais e oferta limitada de capacitação, associadas a apoio técnico restrito do governo federal.
Mais de 90% dos municípios não atingiram o índice mínimo de verificações domiciliares entre 2019 e 2023, e foram observados métodos diversos e não padronizados de conferência dos cadastros, comprometendo a qualidade dos dados e a focalização dos benefícios.
Outro ponto destacado foi o impacto do Benefício Complementar, que garante valor mínimo de R$ 600 por família independentemente do número de integrantes. Segundo o TCU, esse desenho reduz a eficiência e gera distorções: o programa poderia economizar até 9,1% do orçamento ou ampliar em 7,2% a redução da pobreza com pagamentos proporcionais ao tamanho familiar.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou "injustificada" a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa de juros Selic em 15% ao ano. "Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos. Não existe inovação, reindustrialização, crédito acessível. O que existe é a paralisia nos investimentos produtivos com sequelas para toda a sociedade", afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Para o executivo, "já passou do momento de uma política monetária mais favorável". Alban considera essencial que o BC inicie o ciclo de cortes da Selic já a partir da próxima reunião do Copom, em novembro. "Em paralelo à redução da Selic a ser feita pelo Copom, é fundamental que se construa um pacto de toda a sociedade em torno da agenda do ajuste das contas públicas, baseado na redução das despesas, de forma a melhorar a sintonia entre as políticas fiscal e monetária e, com isso, assegurar a redução expressiva e sustentada dos juros", afirma o dirigente.
A CNI destaca que, além dos problemas causados pela elevada taxa de juros, o setor produtivo enfrenta cenário adverso e de perda de competitividade em razão dos aumentos das alíquotas do IOF sobre operações de crédito e câmbio e o tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações do Brasil.