No centro das atenções
O ecossistema de inovação brasileiro registrou um novo recorde de investimentos em startups de tecnologia no primeiro semestre de 2025, com destaque para empresas que desenvolvem soluções baseadas em inteligência artificial (IA) e tecnologias sustentáveis. De acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (17) pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em parceria com a consultoria Distrito, foram movimentados mais de R$ 9,4 bilhões no período — um crescimento de 38% em relação ao mesmo semestre de 2024.
As startups voltadas à inteligência artificial lideraram a captação de recursos, impulsionadas pela demanda por soluções em análise de dados, automação, segurança cibernética e geração de conteúdo por IA. Já as chamadas “greentechs” — empresas que atuam no desenvolvimento de tecnologias limpas e de baixo impacto ambiental — também ganharam destaque, atraindo grandes fundos interessados em projetos alinhados às metas globais de sustentabilidade.
“Há uma clara mudança de perfil no mercado, em que investidores estão priorizando soluções que combinam inovação com impacto positivo, seja econômico ou ambiental”, afirma Mariana Lopes, diretora-executiva da Abstartups. Ela também destaca o amadurecimento do ecossistema brasileiro, com empreendedores mais preparados e projetos mais sólidos.
Entre os setores que mais receberam investimentos no semestre estão fintechs, healthtechs, agrotechs e edtechs, com aplicações cada vez mais sofisticadas de inteligência artificial e blockchain. A maior rodada anunciada até agora foi a da startup AgroSmart, especializada em agricultura de precisão e monitoramento climático, que recebeu um aporte de R$ 700 milhões para expandir sua atuação na América Latina.
Outro dado relevante é o crescimento do número de investidores estrangeiros no mercado nacional. Segundo o levantamento, 42% do capital investido nas startups brasileiras no primeiro semestre veio de fundos internacionais, atraídos pelo potencial de crescimento do mercado interno e pela abundância de talentos na área de tecnologia.
Apesar do cenário positivo, especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas mais robustas de fomento à inovação e de incentivos fiscais para pequenas e médias empresas do setor. “Para sustentar esse ritmo de crescimento e competir globalmente, é fundamental investir em educação tecnológica, infraestrutura digital e marcos regulatórios adequados”, defende André Teixeira, professor de Economia da Inovação na USP.
Com o avanço das tecnologias emergentes e o apetite dos investidores por inovação sustentável, a expectativa é que o mercado brasileiro de startups de tecnologia continue batendo recordes ao longo de 2025 e consolide sua posição como um dos principais polos de inovação da América Latina.
Cada vez mais empresas brasileiras estão migrando para modelos de computação em nuvem híbrida — combinação de nuvens públicas, privadas e infraestrutura local — para impulsionar a transformação digital com maior flexibilidade e segurança. Um relatório divulgado nesta quarta-feira (16) pela IDC Brasil indica que, em 2025, 54% das organizações nacionais já operam algum nível de ambiente híbrido, número que deve ultrapassar os 70% até 2027.
O movimento acompanha uma tendência global: à medida que os dados corporativos se tornam mais estratégicos e sensíveis, cresce a necessidade de balancear os benefícios da nuvem pública, como escalabilidade e menor custo inicial, com a segurança e o controle proporcionados por ambientes privados e locais. No Brasil, setores como financeiro, saúde, telecomunicações e varejo lideram a adoção de estratégias híbridas para lidar com cargas de trabalho críticas.
“Empresas estão percebendo que a nuvem híbrida permite atender a regulamentações locais de proteção de dados, como a LGPD, sem abrir mão da inovação. É um caminho natural para organizações que buscam flexibilidade e resiliência”, avalia Mariana Duarte, diretora de pesquisa da IDC Brasil.
Outro fator que explica a expansão é a crescente ameaça cibernética. Nos últimos 12 meses, o Brasil registrou alta de 32% nos ataques de ransomware, segundo levantamento da Check Point Research. Com isso, companhias têm reforçado investimentos em soluções híbridas para segmentar e proteger melhor os dados e manter operações críticas disponíveis mesmo em caso de falha em uma das infraestruturas.
O mercado brasileiro de nuvem híbrida já movimenta cerca de R$ 18 bilhões ao ano, de acordo com projeções da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação). Para os próximos anos, a expectativa é que o crescimento seja acelerado também pela popularização da inteligência artificial generativa, que demanda poder computacional escalável para treinamentos e análises em larga escala — outra vantagem do modelo híbrido.
“O desafio para as empresas será gerenciar a complexidade desse ecossistema e garantir que as equipes de TI tenham a capacitação necessária para operar e orquestrar ambientes multicloud com eficiência”, alerta André Mendonça, professor do curso de Sistemas de Informação da PUC-SP.
O cenário reforça a importância de estratégias de longo prazo para governança digital. Para especialistas, organizações que souberem integrar inovação e segurança no uso da nuvem híbrida estarão mais bem posicionadas para competir em um mercado cada vez mais digitalizado e dinâmico.
A inteligência artificial (IA) vem transformando rapidamente a área da saúde, trazendo soluções inovadoras que prometem revolucionar a forma como doenças são diagnosticadas, tratadas e prevenidas. Nos últimos anos, empresas de tecnologia e centros de pesquisa têm desenvolvido algoritmos cada vez mais sofisticados para interpretar grandes volumes de dados médicos, oferecendo aos profissionais de saúde ferramentas para decisões mais precisas e personalizadas.
Um dos campos em que a IA mais tem se destacado é o dos diagnósticos por imagem. Programas treinados com milhões de radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas já conseguem identificar padrões associados a doenças com precisão igual ou superior à de médicos experientes. Isso tem se mostrado particularmente útil no rastreamento precoce de cânceres, como o de mama e o de pulmão, em que a detecção precoce pode aumentar significativamente as chances de cura.
Outro avanço notável é a chamada medicina personalizada. Combinando IA com dados genômicos, já é possível criar tratamentos sob medida para cada paciente, levando em conta características únicas do seu DNA. Essa abordagem já está sendo testada em hospitais de ponta para doenças como câncer, doenças raras e transtornos neurológicos.
Além disso, assistentes virtuais baseados em IA vêm sendo implantados em serviços de telemedicina para triagem inicial de sintomas e acompanhamento remoto de pacientes crônicos, aliviando a sobrecarga dos sistemas de saúde. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de regulamentação adequada e cuidado ético no uso dessas tecnologias, a fim de proteger a privacidade dos pacientes e evitar vieses nos algoritmos.
Com investimentos crescentes e uma adoção cada vez mais ampla, a inteligência artificial promete não apenas aumentar a eficiência dos serviços de saúde, mas também democratizar o acesso a cuidados de qualidade, tornando a medicina mais rápida, precisa e centrada no paciente.
A tecnologia 5G, lançada no Brasil em 2022, vem promovendo uma verdadeira revolução na conectividade do país. Três anos após o início de sua implementação, a quinta geração das redes móveis já chega a aproximadamente 70% da população brasileira e está presente em 1.507 municípios, de acordo com levantamento da Conexis Brasil Digital. Para as autoridades do setor, os números refletem não apenas um avanço tecnológico, mas também uma oportunidade histórica de inclusão social e desenvolvimento econômico.
O crescimento acelerado da cobertura tem sido possível graças a esforços conjuntos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), do Ministério das Comunicações e do setor privado. O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, destacou o caráter transformador do projeto: “A expansão do 5G representa mais do que um avanço tecnológico, é inclusão, desenvolvimento e oportunidade. Nosso compromisso é garantir que essa transformação chegue a todos os brasileiros, independentemente de onde vivem”, afirmou.
Para ampliar o alcance da tecnologia e levar a nova infraestrutura para regiões mais distantes ou com menor atratividade econômica, o governo tem investido pesadamente em linhas de crédito e modernização regulatória. Apenas com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), mais de R$ 2,5 bilhões já foram contratados em operações para implantação de redes, sendo R$ 2 bilhões viabilizados por meio de parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A meta é garantir que pequenas cidades e áreas rurais também sejam beneficiadas pela conectividade de última geração.
Além de proporcionar velocidades de navegação muito superiores às do 4G, o 5G oferece menor latência — tempo de resposta praticamente instantâneo — e maior capacidade para suportar um grande número de dispositivos conectados simultaneamente. Essas características são fundamentais para o avanço de setores estratégicos como saúde, educação, agricultura e indústria, além de viabilizar projetos inovadores como carros autônomos, telemedicina, automação industrial, internet das coisas e cidades inteligentes.
Estudos apontam que o impacto econômico do 5G no Brasil pode ser superior a R$ 600 bilhões na próxima década, estimulando produtividade, gerando empregos e aumentando a competitividade do país em um cenário global cada vez mais digital. Para os especialistas, no entanto, é fundamental que o processo de expansão seja acompanhado de políticas públicas inclusivas para reduzir desigualdades no acesso à tecnologia.
Atualmente, o maior desafio para o Brasil é estender a cobertura para a totalidade do território nacional, especialmente para comunidades afastadas dos grandes centros urbanos. O governo federal já sinalizou que pretende acelerar os investimentos para universalizar o acesso nos próximos anos e consolidar o país como um dos líderes latino-americanos na adoção da tecnologia.
Com um ritmo acelerado e metas ousadas, a expansão do 5G no Brasil promete não apenas conectar pessoas, mas transformar vidas, integrando mais brasileiros ao mundo digital e impulsionando a inovação em diversas áreas da sociedade.