A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de isentar mais de 200 produtos brasileiros da tarifa adicional de 40% foi recebida por interlocutores em Wall Street como um sinal de um acordo comercial definitivo entre os dois países está mais próximo. E, apesar de o chefe da Casa Branca mencionar as negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o motivador por trás do alívio das taxas seria o impacto da taxação sobre a inflação americana.
"A redução das tarifas por parte dos EUA é bem-vinda e aumenta a probabilidade de um acordo em breve", diz o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, à Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A medida anunciada na noite desta quinta-feira, 20, feriado no Brasil, é retroativa, ao dia 13 de novembro. Foi quando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington, pela terceira vez no âmbito das negociações comerciais, e disse que uma resposta dos EUA poderia vir em até uma semana.
"O objetivo é de se chegar a um acordo provisório, até o final desse mês, ou princípio do mês que vem, que estabelecesse um mapa do caminho para uma negociação que poderia durar dois meses ou três meses, para então se concluir definitivamente todas as questões entre os dois países", afirmou Vieira, na ocasião.
O Brasil solicitou aos americanos, em proposta enviada no dia 04 de outubro, uma pausa temporária nas tarifas no âmbito de um acordo provisório. O objetivo do País é uma trégua tarifária para iniciar uma discussão específica em cada setor envolvido no comércio bilateral com os EUA.
Um diplomata brasileiro explica, na condição de anonimato, que, apesar das isenções desta quinta, ainda há produtos que terão a tarifa mais alta e que a intenção do País é zerá-la para todos. Na prática, porém, quase todo o comércio bilateral entre Brasil e os EUA está abarcado com as exceções anunciadas, conforme ele.
Outro interlocutor em Wall Street afirma que a ordem de Trump não chega a surpreender uma vez que já parecia ser uma questão de "quando" e não "se" as tarifas contra o Brasil seriam revertidas. Na sua visão, o principal motivador dessa "meia volta" é o passivo eleitoral que a pressão inflacionária sobre itens importantes como café e carnes representa ao presidente Trump e, portanto, descarta que a sobretaxa americana volte a itens de maior visibilidade.
"Trump cita o 'progresso nas negociações' com Lula, mas a inflação nos EUA - o preço dos bifes de carne de boi subiu 17% no último ano - certamente também teve influência nessa decisão", reforça o vice-presidente executivo da Americas Society e do Conselho das Américas (AS/COA), Brian Winter.
Wall Street vê acordo EUA-Brasil mais próximo e inflação dos EUA como impulso
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