O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira, 16, que a autarquia tem demonstrado coerência em relação ao ritmo do ciclo de cortes de juros. O BC contribuiu, assim, para que o debate no mercado não seja sobre o próximo passo da autoridade monetária, mas sim sobre qual será a taxa no fim do ciclo, uma vez que a comunicação tem se limitado a indicar que os juros devem seguir em território restritivo, afirmou."O fato de termos demonstrado coerência na comunicação sobre o ritmo foi deslocando o debate no mercado sobre o que seria o juro terminal, que ganhou preponderância nas discussões", declarou Galípolo, durante live da Bradesco Asset.
Após observar que o BC não tem se engajado em indicar, em sua comunicação, qual será a Selic terminal, Galípolo frisou que as revisões de expectativas, tanto para a inflação quanto para a taxa no fim do ciclo, têm sido positivas. Isso, pontuou o diretor do BC, inibe ideias de mudar a estratégia de comunicação.
Segundo Galípolo, o BC está atento a como a inflação corrente afeta as expectativas. Pelo ritmo adotado, de cortes de 0,5 ponto porcentual a cada reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom), frisou, ganha tempo para fazer o ajuste ao mesmo tempo em que colhe os indicadores, assim acompanha os juros nos Estados Unidos, para subsidiar as suas decisões.
Após dizer que o BC é "data-dependent" - ou seja, toma decisões com base nos dados que vão sendo apresentados entre uma reunião e outra do Copom -, Galípolo lembrou que o colegiado vai contar, até o próximo encontro, entre 19 e 20 de março, com três medições do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Mercado de trabalho
A resiliência do mercado de trabalho, considerando uma possível pressão dos salários, está no foco de análise do Copom, de acordo com o diretor de Política Monetária. "Acho que o mercado de trabalho se assemelha ao momento de abertura das taxas de juros norte-americanas para o Copom", comparou, durante a live realizada pela Bradesco Asset.
Galípolo observou, porém, que são fontes de preocupação e de cautela por parte da autoridade monetária, mas que precisam se concretizar e ter algum contágio para a inflação corrente ou para as expectativas para se tornarem um problema. "Ressaltamos isso na comunicação", afirmou, relatando que, em encontros com agentes do mercado financeiro foi apresentada a dificuldade de encontrar correlação entre as variáveis - emprego e preços.
O diretor do BC comentou que, enquanto o mercado financeiro tem como objetivo fazer apostas sobre o rumo desses dados e na academia há mais liberdade para se criarem hipóteses sobre o futuro, o trabalho do Banco Central é diferente. "Não se vai fazer política monetária baseada em posições que são mais arrojadas ou mais arriscadas. A autoridade monetária tem que atuar com cautela e conservadorismo", defendeu.
Por isso, de acordo com ele, o Copom decidiu chamar atenção para o que pode se tornar uma fonte de preocupação para o contágio da inflação. "Estamos chamando a atenção, mas vamos analisar como isso se transmite para a inflação corrente. Se isso vai realmente se revelar como uma pressão inflacionária ou na revisão das expectativas", ponderou.
BC tem demonstrado coerência em relação ao ritmo de cortes de juros, afirma Galípolo
Tipografia
- Pequenina Pequena Media Grande Gigante
- Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo de leitura