O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu nesta terça-feira, 7, a liminar que anulava a votação na Câmara Municipal sobre a privatização da Sabesp. Com isso, volta a valer a decisão do plenário que permite a adesão da capital paulista ao processo de venda do controle da estatal de saneamento.O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, acolheu recurso apresentado pela Câmara. Com isso, suspendeu a decisão da 4ª Vara da Fazenda Pública, publicada na sexta-feira, 3, que anulava a decisão dos vereadores.
Na ocasião, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima acatou o pedido de uma ação popular pública que questionava a realização da votação. A argumentação era de que o processo não teria atendido todos os trâmites necessários dentro da Câmara, incluindo a realização de todas as audiências públicas previstas e apresentação do estudo de impacto.
Em resposta, o desembargador cita na decisão desta terça-feira que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) é clara ao dizer "que não se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei". O desembargador também ressalta que "não cabem mandado de segurança e medidas congêneres" contra lei, apenas ação direta, como a Procuradoria da Câmara também já havia apontado.
O presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União), voltou a reforçar que a Casa seguiu todo o rito legal na aprovação do projeto, fez as audiências públicas e apresentou os estudos necessários. "O Plenário foi soberano na aprovação do PL, que já é uma lei sancionada", afirmou em nota.
Votação
O projeto que autoriza a cidade de São Paulo a continuar a ser atendida pela Sabesp depois da privatização foi aprovado de maneira definitiva pela Câmara Municipal na última quinta-feira, 2, com 37 votos favoráveis e 17 contrários. O texto foi sancionado logo na sequência pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A aprovação na Casa é vista como um passo importante para a desestatização, dada a contribuição da capital para as contas da companhia. Entre os cerca de 370 municípios atendidos hoje pela Sabesp, a cidade de São Paulo responde por algo entre 45% e 50% da receita total da companhia.
A adesão da capital paulista teve de ser discutida entre os vereadores porque uma lei aprovada em 2009, que autoriza o Executivo a celebrar contratos com a empresa, determinava a extinção automática da parceria se o "Estado vier a transferir o controle acionário da Sabesp à iniciativa privada".
Sabesp: Justiça suspende liminar que anulou votação na Câmara de SP sobre privatização
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