Especialista afirma que o setor precisa reforçar a gestão da margem bruta, monitorar perdas e adotar planejamento tributário realista para enfrentar custos e preservar a rentabilidade
O setor supermercadista brasileiro, que representa cerca de 7,5% do PIB e responde por mais de 3 milhões de empregos diretos segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), vive um momento de forte pressão sobre margens e custos. Levantamento da NielsenIQ aponta que as perdas médias nas redes varejistas chegaram a 1,6% do faturamento em 2024, o equivalente a R$ 9,5 bilhões em desperdícios. Nesse contexto, a gestão contábil deixou de ser apenas um instrumento de controle e passou a se consolidar como ferramenta de liderança e tomada de decisão.
Para a empresária Neuzete Domingos, fundadora e CEO da Análise Group, criadora do método Maturidade de Gestão Contábil Inteligente (MGCI), o empresário supermercadista deve entender que a contabilidade não é apenas um registro burocrático. “É um instrumento para enxergar os números, antecipar cenários e tomar decisões mais seguras. Quando ele estrutura indicadores de margem, fluxo de caixa e perdas, cria condições para escalar o negócio com sustentabilidade”.
Em sua análise sobre o varejo alimentar, Neuzete, conselheira de empresas supermercadistas, aponta três prioridades: controle da margem bruta, gestão de perdas e planejamento tributário. “Com margens naturalmente apertadas, qualquer variação de custo ou erro de preço pode afetar os resultados. É preciso monitorar perdas com indicadores claros e adotar estratégias tributárias consistentes para reduzir riscos e liberar recursos para reinvestimento”, afirma.
A sobrevivência e o crescimento do setor dependem de disciplina na gestão dos números. “Supermercados trabalham com margens extremamente apertadas. Sem método e inteligência de rentabilidade, o risco é perder competitividade em um mercado cada vez mais desafiador. O empresário precisa acompanhar indicadores de perdas, de giro de estoque e de tributação de forma sistemática para não comprometer a operação, principalmente diante de um cenário que pede resiliência e dá sinais de desaceleração”, reforça Neuzete.
Desaceleração
Dados da Abras mostram que as vendas reais do setor supermercadista cresceram 2,4% no primeiro semestre de 2025, abaixo da alta de 3,2% registrada em 2024. Com a inflação de alimentos acumulando 5,1% em 12 meses até julho, os consumidores seguem pressionados e buscam alternativas mais baratas, o que exige das redes maior eficiência na formação de preços e no planejamento tributário. “Por isso, é fundamental ir além do controle financeiro. Rever processos e formar equipes autônomas é um passo importante para deixar o proprietário do negócio livre para a visão estratégica, afinal a contabilidade bem aplicada funciona como um mapa que orienta o futuro do negócio”, conclui a CEO da Análise Group.
Supermercados enfrentam pressão por margens e gestão mais estratégica para evitar perdas que já somam 1,6% do faturamento
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