Ameaçado por doping, Sinner empilha recordes com título do Aberto da Austrália

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O ano passado já havia sido marcado pela temporada em que os novos talentos do tênis ofuscaram as lendas. Em 2024, pela primeira vez desde 2002, nenhum título de Grand Slam foi vencido pelo chamado "Big Three", grupo que dominou o esporte neste século, composto por Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

Os jovens Jannik Sinner, campeão do Aberto da Austrália e do US Open, e Carlos Alcaraz, campeão de Roland Garros e de Wimbledon, dividiram os quatro troféus mais importantes do circuito na última temporada e indicaram que uma nova era do tênis estava se iniciando.

E 2025 começa com a confirmação desta tese. O primeiro Grand Slam do ano, na Austrália, foi vencido neste domingo novamente pelo italiano Sinner, que aos 23 anos começa a acumular recordes em uma carreira extremamente promissora.

O jovem do pequeno vilarejo de San Candido, na fronteira com a Áustria, norte da Itália, é o primeiro tenista do país a vencer três Grand Slams, superando Nicola Pietrangelo. Número 1 do mundo desde junho de 2024, Sinner vem de uma sequência de 22 sets consecutivos vencidos contra integrantes do Top 10 do ranking da ATP, superando a marca de Roger Federer de 20 sets ganhos nestas condições, entre 2006 e 2007.

Na final deste domingo, ele precisou de 2h42min para superar o atual 2º colocado da ATP, o alemão Alexander Zverev, por 3 a 0. Desde Rafael Nadal, em 2006, nenhum tenista havia conseguido defender o primeiro título de Grand Slam de sua carreira. O italiano é apenas o oitavo atleta da história a vencer as três primeiras finais que alcança em Grand Slams.

Em uma disputa com seu provável competidor nos próximos anos, o espanhol Carlos Alcaraz, Sinner chegou ao oitavo "grande título" (em inglês, "Big Title"), que considera conquistas em Grand Slams, Masters 1000, ATP Finals e Olimpíada. Alcaraz, de 21 anos, já soma nove.

A média de troféus dos dois rivais em torneios deste escalão é similar à das grandes lendas da história. Sinner vence um "grande título" a cada 7,1 disputados. À frente dele estão apenas Novak Djokovic (um título a cada 3,2 disputados), Rafael Nadal (3,5), Roger Federer (4,4), Pete Sampras (4,9), Alcaraz (5) e Andre Agassi (6,1).

DOPING EM ABERTO

O estilo de jogo e a personalidade de Sinner apresentam traços que podem parecer contraditórios. Agressivo dentro de quadra, dono de golpes fortes e diretos do fundo e de subidas decididas à rede, o homem de 1,91 metros de altura mostra uma natureza calma e comedida sem a raquete na mão. Diferentemente do carismático e sorridente Alcaraz, o italiano é de poucas palavras e de gestos tímidos.

Nenhuma polêmica o circundava até março de 2023, quando seu nome foi envolvido em um caso de doping. Ele testou positivo duas vezes para clostebol, agente anabólico proibido pela Agência Mundial Antidoping (WADA). O atleta afirmou ter sido contaminado por um spray de uso livre na Itália utilizado por seu fisioterapeuta.

A Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA) retirou a pontuação e o prêmio em dinheiro conquistados por Sinner pela disputa do Masters 1000 de Indian Wells, realizado na época do flagrante de doping (ele acabou perdendo nas semifinais para Alcaraz naquele torneio). Punição que gerou críticas de tenistas do circuito por ter sido considerada leve. Anteriormente, outros atletas foram suspensos de competir em casos semelhantes.

A Agência Mundial Antidoping (Wada) entrou com recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão da ITIA e, em 16 e 17 abril deste ano, Sinner terá de comparecer a uma audiência a portas fechadas na sede do CAS, em Lausanne, na Suíça. Nada que aparentemente possa perturbar o prodígio de 23 anos, que até lá deve defender os títulos do ATP 500 de Roterdã e do Masters 1000 de Miami.

"Tem havido muita pressão em torno dele nos últimos nove meses", disse neste início de ano seu técnico, o australiano Darren Cahill. "Ele é um jovem incrível, que conseguiu deixar isso de lado. Está com a consciência tranquila com o que está acontecendo. Essa é a principal razão pela qual ele conseguiu entrar em quadra e andar de cabeça erguida. Ter essa crença e jogar com a confiança que tem. É preciso ter uma cabeça sábia para lidar com a mídia e os torcedores e com a pressão de jogar diante de 15 mil pessoas e corresponder às expectativas."

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.