Corinthians: Inquérito do caso Vai de Bet pode ser encerrado mesmo sem Augusto Melo depor

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O presidente do Corinthians, Augusto Melo, teve negado o pedido de adiamento do depoimento à Polícia Civil no caso Vai de Bet. A oitiva com o mandatário alvinegro está agendada para acontecer nesta quarta-feira, na sede da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), às 14h. A informação foi divulgada pela CNN e confirmada pelo Estadão. A reportagem entrou em contato com a defesa do investigado para manifestação, mas não obteve resposta.

O pedido foi negado por Tiago Fernando Correia, delegado responsável pelo caso. De acordo com ele, caso Augusto Melo opte por não comparecer à polícia para prestar depoimento, existe a possibilidade de o inquérito ser finalizado mesmo sem a oitiva com o dirigente.

Do ponto de vista jurídico, o gesto pode ser considerado uma autodefesa. Isso porque, na condição de investigado, o presidente corintiano não é obrigado a criar provas contra si mesmo. Da mesma forma que ele poderia comparecer a delegacia e ficar em silêncio. Em contrapartida, a polícia considera que já têm material suficiente para encerrar o inquérito.

Nesta terça-feira, será a vez do ex-superintendente de marketing do Corinthians Sérgio Moura prestar depoimento. Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, foi o primeira pessoa ligada ao clube a falar com a Polícia Civil. A oitiva durou aproximadamente três horas.

"Respondemos todas as perguntas e ficou esclarecido e comprovada a absoluta inocência do senhor Marcelo Mariano de todos os fatos que estão sendo apurados", afirmou Átila Machado, advogado de Marcelo Mariano, em conversa com jornalistas na saída da delegacia. "O processo está em sigilo e não podemos declinar esses fatos específicos, mas podemos falar com tranquilidade e com responsabilidade que tudo foi respondido e esclarecida a inocência do senhor Marcelo."

ENTENDA O CASO

Em janeiro de 2024, o Corinthians anunciou a Vai de Bet como patrocinadora máster, em um acordo de R$ 360 milhões por três anos de contrato. A casa de aposta rescindiu de maneira unilateral em junho, após vir à tona os repasses de parte da comissão pela Rede Media Social Ltda, intermediadora citada no contrato, para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa "laranja" que está no nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher de origem humilde que vive em Peruíbe, no litoral paulista. O clube realizou dois depósitos de R$ 700 mil cada à intermediária.

O CNPJ da Rede Media Social Ltda está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, antigo membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo. O contrato do Corinthians com a Vai de Bet previa o pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela de patrocínio à intermediadora. Ou seja, 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato.

Alex Cassundé prestou depoimento à Polícia Civil em 25 de junho e negou que tenha cobrado por sua parte na negociação. Ele disse que não conhecia a empresa até perguntar por "dicas de como encontrar uma empresa de bet" ao ChatGPT, inteligência artificial generativa da OpenAI. Foi a partir da resposta, segundo ele, que encontrou a Vai de Bet e chegou ao contato de um sócio da casa de apostas.

Com a resposta, ele acionou Sérgio Moura e encaminhou o contato da Vai de Bet a Marcelo Mariano. Cassundé atuou na campanha de Augusto Melo, no final de 2023, e apontou sua ligação com o clube por meio dos dirigentes. Com relação aos dois depósitos de R$ 700 mil à Neoway, o empresário disse em depoimento que o pagamento era referente a um serviço de telemedicina, mas que foi vítima de um golpe. Contudo, não registrou boletim de ocorrência.

O Estadão apurou que um dos caminhos que o dinheiro tomou após sair da Neoway é uma empresa ligada ao crime organizado.

Segundo relatório técnico da DPPC, as primeiras informações disponíveis no aparelho celular de Alex Cassundé datam de 30 de maio de 2024, exatamente um dia depois do início das investigações, reforçando a hipótese de o aparelho foi restaurado ou que todas as informações anteriores tenham sido deliberadamente apagadas.

VERSÃO CONTRADITÓRIA

Em dezembro de 2024, o empresário José Andre da Rocha Neto, dono da Vai de Bet, deu versão diferente de Cassundé à Polícia Civil sobre a origem do acordo de patrocínio entre a casa de aposta e o Corinthians. O empresário afirma que foi ele quem teve a iniciativa de procurar o clube paulista para oferecer o negócio, contradizendo Alex Cassundé. À época, o advogado do dono da intermediadora afirmou que as informações prestadas em junho foram "sustentadas por provas de como os fatos aconteceram".

José da Rocha Neto afirmou à polícia que, ao tomar conhecimento da busca do Corinthians por um novo patrocinador master, entrou em contato com Antônio Pereira dos Santos, também conhecido como Toninho, empresário de Goiânia do ramo sertanejo, ex-empresário de Gusttavo Lima, embaixador da Vai de Bet, e parceiro de nomes como a dupla Maraia e Maraísa, e Marília Mendonça. O dono da casa de aposta afirma ter pedido ajuda ao amigo em 25 de dezembro de 2023 porque ele teria contatos no futebol. O encontro com membros do Corinthians aconteceu logo no dia seguinte, no Hotel Tivoli, em São Paulo.

O dono da Vai de Bet afirma que no encontro estavam Marcelo Mariano, Augusto Melo, Toninho e mais duas pessoas. Em determinado momento do encontro, o presidente do Corinthians saiu para outra reunião e o negócio foi fechado após cerca de duas horas com Marcelo. "Deixamos certo que a (comissão) da intermediação seria nesses R$ 360 milhões, mas não me meti em porcentual de intermediador".

O empresário disse ainda que não teve contato com mais ninguém do Corinthians após fechar o acordo, com exceção de Marcelo Mariano, com quem discutiu como a marca da Vai de Bet seria utilizada no clube, e que não participou da coletiva do anúncio da parceria porque estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos. Por isso, pediu a André Murilo de Paes Bezerra, diretor administrativo da Vai de Bet, para participar do anúncio.

André Murilo prestou depoimento no mesmo dia e também afirmou que nunca teve contato com Alex Cassundé e que, em nenhum momento, recebeu ligação do intermediário apontado no contrato com o Corinthians e não tem conhecimento de conversas entre Cassundé e qualquer outro representante da marca. Após o caso vir à tona, José André conta que acionou a equipe jurídica da Vai de Bet.

IMPEACHMENT

A polêmica envolvendo o contrato com a Vai de Bet implicou na saída de diversos diretores da atual gestão e na abertura de um processo de impeachment contra Augusto Melo ainda em 2024, seu primeiro ano de mandato. A reunião do Conselho Deliberativo (CD) que poderia definir o avanço da destituição do presidente foi marcada por bate-boca, discussão e adiamento após o Batalhão de Choque da Polícia Militar ser acionado para evitar um agravamento da confusão. A admissibilidade da votação foi referendada, mas ainda não há data para a retomada da reunião.

Na última semana, Augusto Melo conseguiu uma vitória nos bastidores e viu Romeu Tuma Jr., presidente do CD, ser afastado preventivamente por supostamente agir com parcialidade na condução do processo. O mandatário acredita que o processo de impeachment fere o estatuto e cita a decisão do Conselho de Ética do clube, que sugeriu o aguardo do fim das investigações pela Polícia Civil para, enfim, debater o tema internamente.

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