Multiball e cera: só 4% jogos do Brasileirão seguem tempo de bola rolando recomendado pela Fifa

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A arbitragem tem sido tema central nos jogos do Campeonato Brasileiro, com erros e decisões questionáveis a cada uma das cinco rodadas jogadas até então. O protagonismo dos árbitros diminuiu até mesmo o holofote para mudanças em regras que visam deixar o jogo mais dinâmico e evitar cera, momentos em que os jogadores do time em vantagem desperdiçam tempo. Analisados os números, as novidades ainda não têm o efeito esperado.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adotou o sistema multiball, já em vigor no Paulistão deste ano e comum no Campeonato Inglês. São 14 bolas posicionadas em suportes nas saídas de campo (cinco a cada 20 metros de distância em cada lateral do gramado e duas próximas à linha de fundo de ambos os lados). Os gandulas, que antes deixavam as bolas no chão para reposição, devem manter os suportes 'abastecidos' para que os atletas peguem a bola de forma mais ágil.

Ainda que não se tenha averiguado melhora por enquanto, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, tem a expectativa de que isso dê frutos na competição.

"Não se trata de experiência. É algo que já deu certo em outras competições. Nós estamos lapidando o processo a partir de estudos e observações do sistema", disse Cintra, ainda antes do começo do Brasileirão.

"Essa medida também evita confrontos entre gandulas e jogadores. Em algumas dessas situações, a gente já viu isso, o árbitro expulsa o atleta e manda o gandula sair dali. Isso atrapalha o espetáculo e prejudica uma das equipes", concluiu.

Outra regra nova é aprovada pela International Board (Ifab). Quando os goleiros têm a posse de bola na mão, são contabilizados oito segundos. Esse é o limite até a reposição. Caso o tempo seja ultrapassado, o time adversário ganha um escanteio a favor.

Até o momento, a situação ainda não foi registrada na Série A. Nas séries B e C, porém, já houve casos. O goleiro Mycael, do Athletico-PR, segurou a bola por 13 segundos contra o Paysandu, e cedeu escanteio aos adversários, na primeira rodada.

O caso mais emblemático aconteceu na Série C. Aos 32 minutos do segundo tempo na partida entre Caxias e Floresta, o goleiro Dalton, do time cearense, não respeitou o tempo, e foi marcado escanteio. Após a cobrança, Willen Mota marcou para os gaúchos, que venceram por 1 a 0.

Segundo um levantamento da plataforma de estatísticas, 365scores, o tempo médio de bola em jogo nas cinco rodadas do Brasileirão 2025 é menor que a média das cinco primeiras de 2024. Não há, contudo, como estabelecer relação causalidade entre as novas regras e a queda no dado.

As 50 partidas de 2025 tiveram, em média, 54min35 de bola rolando. Já em relação às primeiras 50 de 2024, a marca é de 54min50. As duas métricas estão abaixo dos 60 minutos recomendados pela Fifa como o ideal para um jogo.

Até aqui, os jogos do Brasileirão 2025 têm, em média, 100min30 de duração. Ainda conforme a plataforma, a média de acréscimo é 10min34, dos quais 6min34 são, de fato, jogados.

A vitória do Flamengo sobre o Grêmio, na terceira rodada, foi a partida com mais minutos de bola rolando, 62min36. O tempo corresponde a 63,3% dos 98min45 de jogo.

Já o empate entre Fluminense e Vitória teve o maior porcentual de bola rolando, com 64,3% do total. Foram 62min em 96min51 totais.

Esses dois jogos são os únicos do Brasileirão 2025 até então que cumprem o ideal da Fifa de ao menos 60 minutos de bola rolando e correspondem a 4% do total. Todas as outras 48 partidas (96%) das cinco primeiras rodadas ficam abaixo dessa marca.

Conforme os dados da 365scores, a derrota do Grêmio para o Ceará foi o jogo com menos minutos de bola rolando, com apenas 46min10, dos 98min15 totais.

Já em porcentual, a partida com menos bola rolando foi o Gre-Nal da quinta rodada. Dos 108min13 de jogo, somente 47min38 foram de movimento, o que corresponde a 44%.

No Campeonato Paulista, em que o sistema multiball foi adotado, a primeira rodada já teve mais tempo de bola rolando que em 2024: 59min57, próximo do ideal da Fifa, contra 55min15 no ano anterior.

Entretanto, isso não evoluiu. Com três quartos da primeira fase já jogados, na oitava rodada, a melhor média de bola rolando era do Palmeiras, com 52min52, conforme a 365scores.

Corinthians (52min14) e Red Bull Bragantino (52min08) vinham na sequência. Já o Botafogo de Ribeirão Preto chegou a apresentar a pior marca no quesito (46min55).

Corinthians e Palmeiras fizeram uma final de Campeonato Paulista que guardou espaço para polêmicas. Após uma vitória alvinegra no Allianz Parque, os corintianos abusaram da cera na partida de volta, na Neo Química Arena.

Segundo a 365scores, o jogo de ida teve 98min50, dos quais 52min46 tiveram bola rolando. A marca é menor que o recomendado da Fifa, mas ainda está acima do que foi a partida de volta.

A decisão, empatada por 0 a 0, teve 122min02, mas apenas 48min29 com a bola rolando. É como se cada tempo tivesse apenas 24min14 de jogo, de fato.

Muito disso pode ser atribuído a confusões envolvendo os dois times. O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) divulgou resultados julgamentos dos clubes, atletas e funcionários por eventos do segundo jogo da final.

O Corinthians perdeu dois mandos de campo no Paulistão, além de ter uma multa de R$ 220 mil. Já o Palmeiras teve multa de R$ 1 mil por atrasar o começo do jogo. Abel Ferreira, Marcelo Lomba, Rodrigo Garro e José Martínez também tiveram punições.

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.