Árbitro é afastado pelo TJD após dizer que 'iria pegar' jogadora do Bragantino e nega machismo

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O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) afastou preventivamente o árbitro Juliano José Alves Rodrigues, acusado de machismo durante partida entre Red Bull Bragantino e São Paulo, disputada na quinta-feira, 15, pelo Paulistão Feminino. O quatro árbitro, Ricardo Bittencourt da Silva, também foi afastado até que o caso seja julgado. Rodrigues nega que tenha sido machista.

Aos 20 minutos do segundo tempo, a zagueira Stella, do time de Bragança Paulista, apontou para Rodrigues e gritou: "Está falando que vai me pegar, tá? É para todo mundo ouvir". Ela também fez o gesto com as mãos cruzadas para ativar o protocolo antidiscriminação da Fifa, mas o árbitro não paralisou a partida.

Em contato com a reportagem do Estadão, Rodrigues afirmou ter dito a Stella: "na hora certa eu te pego", no sentido de adverti-la com cartão amarelo. De acordo com o árbitro, tudo começou enquanto ele rebatia reclamações da são-paulina Jéssica Soares, punida com cartão, e disse que iria "exercer o direito de ficar calado", quando Stella interveio.

"Quando ela me ouve falando que eu ia exercer o meu direito de ficar calado, ela aponta o dedo para mim me fala: 'Desse jeito aí você já está sendo machista. Você é machista'. E eu, mais uma vez no jogo, só olho para ela e fico quieto", conta. "Depois que ela passa e fala negócio de machismo, eu faço o spray da barreira, coloco o spray dentro do meu short, passo por ela e falo bem baixinho: 'Na hora certa eu te pego.'"

Ele também afirma que a zagueira estava lhe "enchendo a paciência" durante toda a partida, reclamando de decisões tomadas pela arbitragem.

"Eu estou dando uma verbal para ela, estou dando uma preventiva verbal para ela de que, 'para você já deu, se você continuar com isso daqui para frente não vai ser mais verbal, vai ser um cartão vermelho ou um amarelo, dependendo do que for a sua ação'. Essa é minha intenção verbal para você, para você já deu, já era. Na próxima eu te pego. No contexto do futebol é isso", diz o árbitro.

"Ou seja, ela brigou comigo o tempo um tempo inteiro. Não sei em que mundo ela está achando que isso foi um ato machista. Uma pessoa que fica enchendo a paciência de um árbitro o jogo todo e o árbitro promete que vai dar cartão para ela, porque o intuito da verbal foi essa", conclui.

Além da reclamação durante o jogo, a zagueira do Bragantino usou os microfones da entrevista pós-jogo para relatar o que ouviu dentro de campo e apontar a fala de Rodrigues como machista. Ao relatar o caso, estava acompanhada da meia do São Paulo, Aline Milene.

"O meu episódio foi um dos que aconteceu. Ele virou para mim e disse: 'na hora certa, vou te pegar'. Trouxe a Aline aqui porque elas viram e ouviram, não é questão de 'estava perdendo'. Todo mundo ouviu falas preconceituosas, machistas. Eu fiz o sinal. A Federação adotou o protocolo de, em qualquer momento de algum preconceito, fazer o sinal. Nada aconteceu, é uma situação muito triste e medidas têm de ser tomadas", disse Stella à TNT.

Aline corroborou com o que foi dito pela adversária e também apontou machismo do árbitro nas interações que teve com ele. "Sofri a mesma coisa ali. Falou que iria dar falta quando quiser. Não é assim, tem que ter respeito. Quando a Stella faz esse gesto, falei para parar. Não é desse jeito que tem visto. A Federação faz um trabalho grande para uma coisa dessa acontecer? Ambiente tem que ser respeitoso", afirmou.

Rodrigues afirma que falou pouco com as jogadoras em campo. Segundo o árbitro, Aline foi uma das atletas com as quais interagiu e o diálogo relatado por ela realmente existiu, mas ele nega que tenha sido machista e afirma que estava exercendo a autoridade de sua função.

"Para eu responder assim para ela, 'eu dou a falta quando eu quiser', eu estou respondendo a algo. No vídeo dela que ela me expôs, em rede nacional, ela fala: 'Os árbitros homens quando eles vêm aqui, eles não podem simplesmente falar o que eles quiserem, eles têm que respeitar'. Então, onde está o respeito quando ela cai e abre os braços para mim e fala assim para mim: 'Dá falta, porra'"?.

Quanto à decisão de não paralisar a partida após o gesto feito por Stella, o juiz se defende dizendo que seguiu a regra.

"Esse protocolo, a decisão de parar ou não a partida, em todos os âmbitos, é sempre a do árbitro. E Juliano, por que você não parou o jogo? Porque ela faz esse sinal, depois do que eu verbalizo para ela, que é o quê? Foi no contexto do jogo, foi 'na hora certa, vou te pegar' e estou advertindo ela verbalmente", afirma.

"Em questão de preconceito, eu não falei para ela ir para casa fazer isso ou aquilo, que ali não era o lugar dela. São coisas chatas do futebol, são preconceitos, que acontecem sim dentro do campo de jogo do futebol feminino, isso tem que ser denunciado. Mas eu não falei para ela que o lugar dela não era ali ou para ela ir para casa fazer isso e ser aquilo. Tanto é que se eu tivesse falado, seria a primeira coisa que elas teriam falado na entrevista ao vivo na televisão."

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.