Fifa rebate 'críticas teatrais' da FifPro e cobra 'diálogo' pelo bem-estar dos jogadores

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Principal sindicato dos jogadores profissionais no planeta, a FifPro (Federação Internacional de Associação de Futebol Profissional) se reuniu nesta sexta-feira em Hoofddorp, na Holanda, para criticar o modelo de governança "autocrático" da Fifa que não estaria pensando no bem-estar dos atletas com "má gestão dos calendários internacionais." A crítica era pela realização do Mundial de Clubes nos Estados Unidos durante as férias dos europeus e em condições climáticas desumanas, sob forte calor. A entidade rebateu o órgão, exigindo diálogo ao invés de somente cobranças.

No encontro em Hoofddorp, os representantes de diversas ligas do planeta chegaram à conclusão de que a Fifa precisa atender interesses cobrados pelo FifPro e que "não pode simplesmente ignorar uma organização legitimada e reconhecida democraticamente." Ainda foi justificado que "é inaceitável que se continuem a ignorar direitos fundamentais e necessidades básicas de jogadores." O comunicado oficial foi assinado por Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e integrante da FifPro.

Na quarta-feira, o presidente da FifPro, Sérgio Marchi, também secretário-geral do sindicato dos jogadores argentinos, já havia declarado guerra à Fifa, com duras críticas ao presidente Gianni Infantino.

"O futebol não pertence a Infantino. Não pertence à Fifa. O futebol pertence a todos os jogadores de futebol. E se há deuses do futebol, são Franco Baresi, Toto Schillaci, Diego Armando Maradona, Lionel Messi, Sócrates, Ronaldinho. Não Infantino", detonou. "Estamos no século 21 e milhares de jogadores ainda não recebem salário. Enquanto isso, a Fifa comemora recordes de venda de ingressos. Deixem que eles façam a festa, mas as pessoas que criaram o jogo também devem ser pagas. O futebol é profundamente injusto. É injusto. E estamos numa profissão que termina aos 35 anos, com uma vida inteira ainda pela frente."

Em sua longa defesa nesta sexta-feira, a Fifa reiterou seu apelo ao diálogo. "A Fifa está extremamente decepcionada com o tom cada vez mais divisivo e contraditório adotado pela liderança da FifPro, pois essa abordagem mostra claramente que, em vez de se envolver em um diálogo construtivo, a FifPro escolheu seguir um caminho de confronto público impulsionado por batalhas artificiais de relações públicas que não têm nada a ver com a proteção do bem-estar dos jogadores profissionais, mas sim com o objetivo de preservar suas próprias posições e interesses pessoais", disparou a entidade mundial.

"A comunidade global do futebol merece mais. Os jogadores merecem mais", enfatizou a Fifa, revelando que se reuniu com sindicatos mundial em prol dos jogadores. "No sábado, 12 de julho de 2025, após um longo período de esforços malsucedidos para levar a FifPro à mesa de negociações em um ambiente de diálogo respeitoso e progressivo e sem hostilidade, a Fifa se reuniu com vários sindicatos de jogadores em Nova York para anunciar e reafirmar medidas concretas e progressivas, projetadas especificamente para proteger o bem-estar físico e mental dos jogadores em todo o mundo", garantiu.

A entidade ainda listou suas medidas anunciadas para se contrapor nas críticas da FifPro, destacando descanso mínimo de 72 horas entre jogos, férias obrigatórias de pelo menos 21 dias, participação dos jogadores na reuniões entre os órgãos, reformas nos sistemas de transferências, mais investimentos no futebol feminino e acordos coletivos para melhorar as condições dos jogadores, entre outros.

"Essas medidas concretas vão além do que a FifPro vem fingindo pedir, e a Fifa está extremamente surpresa com a reação de sua liderança. Em vez de acolher esses anúncios sem precedentes que beneficiam jogadores do mundo todo, a FifPro respondeu com uma série de ataques pessoais e desrespeitosos."

O 'contragolpe' da Fifa devolveu ao órgão rival a acusação de falta de respeito ao bem-estar dos jogadores. "Essa abordagem revela muito sobre as prioridades da FifPro. Sugere que sua liderança não se importa realmente com os jogadores, mas sim com disputas políticas internas e sua imagem. As reformas propostas pela Fifa visam gerar mudanças genuínas para apoiar os jogadores e são muito mais importantes do que preservar a imagem percebida da FifPro", disparou.

"Lamentavelmente, a FifPro tem se recusado consistentemente a se envolver construtivamente nesses esforços. Em vez de contribuir significativamente, optou por denúncias teatrais, priorizando manchetes da mídia em detrimento de progressos mensuráveis para os atores que alega representar", continuou sua reprovação a Fifa, ressaltando seu trabalho no futebol.

"Não se trata de promessas vagas nem de alarde, mas sim de ações reais e tangíveis. Como a FifPro está interessada em abordar questões como a boa governança, talvez devesse considerar a publicação de seus próprios estatutos e a divulgação de contas anuais transparentes, para garantir que o que está sendo pregado também esteja sendo praticado. Sejamos claros: não se pode pregar transparência enquanto se opera na opacidade", cobrou.

Por fim, a entidade reafirmou seu compromisso com o futebol. "A realidade é esta: a Fifa continua firmemente comprometida em colocar os jogadores no centro do futuro do futebol, não apenas em palavras, mas por meio de regulamentação e reformas concretas", disse. "A Fifa convida todos os representantes genuínos dos jogadores a se juntarem a nós nesse trabalho, não atacando de fora, mas participando de um diálogo transparente e focado em soluções. Portanto, a Fifa convida a FifPro a retornar à mesa de negociações, depois que eles pararem com a chantagem e retirarem suas reclamações."

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.