A eleição para a presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB), agendada para 3 de outubro, pode sofrer uma reviravolta. Depois de uma Comissão de Atletas questionar a candidatura do presidente Paulo Wanderley, que estaria concorrendo ao terceiro mandato, o que é proibido pelo estatuto, o Conselho de Ética da entidade enviou um ofício nesta sexta-feira questionando o parecer favorável ao atual mandatário.O documento é assinado por Guilherme Faria da Silva, conselheiro presidente do Conselho de Ética do COB, e endereçado para Rogério Sampaio Cardoso, diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil, com cópias para o presidente da Comissão de Atletas do COB, presidentes de Confederações Olímpicas, membros do Comitê de Integridade e do Comitê de Conformidade, além do Compliance Officer do COB.
"Prezadas senhoras e senhores, o Conselho de Ética (CE) do Comitê Olímpico do Brasil (COB) recebeu e-mail na data de hoje do senhor Diretor-Geral do COB informando a publicação de parecer jurídico no site daquele Comitê, versando sobre a elegibilidade de candidato. O CE COB, no âmbito de suas atribuições estatutárias e regimentais, vem manifestar-se publicamente acerca do processo eleitoral do COB em curso", inicia a nota de questionamento.
O Conselho de Ética explica que o parecer favorável e a possibilidade jurídica de reeleição a Paulo Wanderley "causaram estranheza e perplexidade" e usaram a Lei Pelé e a Lei Geral do Esporte para apontar que não é uma decisão correta.
Paulo Wanderley está inscrito para a reeleição desde o dia 10 de setembro. Ele concorreria ao cargo para o próximo mandato com Marco La Porta, que estava em sua chapa na eleição de 2020. O registro das chapas ocorreu no dia 11 e, na mesma data, uma comissão de esportistas reprovou a inscrição, alegando que o atual mandatário não poderia participar por já ter sido reeleito uma vez, como traz o estatuto da entidade, e estaria burlando as leis.
O CE COB aceitou as acusações e cobra transparência e legitimidade no processo eleitoral. Na nota, revela que aguarda um relatório imparcial sobre a integridade de candidatos aos cargos de poder do COB e, em referência a Paulo Wanderley, admite que enviará a candidatura para apreciação do Conselho de Ética e ao Conselho de Administração para "providências julgadas cabíveis".
A elegibilidade do atual presidente, portanto, terá de contar com o parecer dos órgãos e explicou. "O Conselho de Ética, assim como os Comitês de Integridade e de Conformidade, são absolutamente independentes da Administração do COB, desprovidos de qualquer interesse político, mantendo foco somente e tão somente em princípios e normas de ética, transparência e governança que inspiram o Movimento Olímpico Brasileiro."
A ordem é mostrar que nenhuma lei ou regulamento do estatuto do COB sejam burladas em favor de quem quer que seja na eleição e o CE lista uma série de regras a serem seguidas e respeitadas.
"A não observância das melhores práticas de governança, incluindo, mas não se limitando, aos princípios e normas de ética e transparência, poderão ensejar a tomada de medidas administrativas deste colegiado perante, sem limitação, aos órgãos competentes", ameaçou.
"Esse Conselho de Ética, desde já, reserva-se o direito de submeter para as Autoridades Competentes e ou à Assembleia qualquer matéria que entender relevante relacionada ao processo eleitoral em curso, conforme disposto no artigo 37, inciso VI, do Estatuto Social do COB."
Conselho de Ética do COB questiona parecer da candidatura de Paulo Wanderley à presidência
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