País já se encontra 'num estágio de máfia', diz secretário de Segurança sobre avanço de facções

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um Grupo Técnico de Trabalho para "elaborar diagnósticos e propostas para o enfrentamento do crime organizado". Um dos objetivos é criar uma "lei antimáfia". A primeira reunião foi realizada na terça-feira, 22, com profissionais de segurança pública, membros da sociedade civil e de universidades, além das forças policiais, do Fórum de Segurança Pública e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

Em entrevista ao Estadão, o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, afirma que o objetivo do grupo é, a partir da adaptação de legislações estrangeiras, criar um marco legislativo para o Brasil. Sarrubbo faz um alerta. "Identificamos que o Brasil já se encontra num estágio de máfia, não mais uma simples organização criminosa, é necessário atualizar a legislação para dar respostas mais adequadas para essa questão da criminalidade organizada."

A atualização se deve a uma escalada e uma profissionalização cada vez maior das organizações criminosas em vários Estados. Um contexto diferente de 2013, ano em que a Lei das Organizações Criminosas foi sancionada. Hoje o foco é o fluxo financeiro das facções.

"A realidade que vemos no Brasil de hoje é que o crime organizado, que era localizado em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, é transnacional e está lavando dinheiro até mesmo via contratos com o Estado e com empresas privadas", analisa Sarrubbo.

Esse histórico inspirou a discussão de uma nova legislação com mais instrumentos que possam dar respostas adequadas a medidas cautelares, destacou o secretário nacional de Segurança Pública, que foi procurador-geral de Justiça de São Paulo.

O promotor do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, Lincoln Gakiya, e o professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP), Pierpaolo Cruz Bottini, integram o grupo de trabalho.

Estabelecer um sistema de inteligência nacional é uma das questões que serão estudadas, relata Bottini, em entrevista ao Estadão. "A ideia é sair um pouco da lógica mais pena, mais prisão, e pensar em uma lógica de melhorar o processo de investigação e de melhorar o sistema de informações que o Estado tem a respeito dessas organizações criminosas."

Ele explica que o crime organizado é nacional, mas o sistema de segurança pública é federativo, ou seja, cada Estado produz as suas próprias informações, que nem sempre são compartilhadas com a União.

A divisão, na avaliação de Bottini, dificulta a elaboração de estatísticas sobre o crime organizado. A ideia é discutir um sistema nacional de informações, que pode ser estabelecido com medidas legislativas e algumas reformas constitucionais pontuais, segundo o advogado.

"Uma das medidas que provavelmente vai ser indicada é a urgência de se aprovar uma Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na esfera penal", adianta Bottini. "A LGPD não se aplica aos casos de segurança pública, para isso será necessário a aprovação de uma outra lei. É fundamental a regulamentação dessa gestão de informações na esfera criminal para que as autoridades de investigação consigam aprimorar de que forma os dados do confisco são compartilhados com as autoridades policiais, até para evitar que as novidades acabem impedindo as investigações."

Outro foco é combater a lavagem de dinheiro, a "coluna vertebral do crime organizado". Bottini avalia que sem a lavagem de dinheiro o crime organizado não consegue retroalimentar suas atividades, pagar os seus membros e os funcionários públicos que eventualmente colaboram com eles.

Para ele, asfixiar financeiramente essas organizações "é o meio mais eficiente para acabar com elas porque só a prisão de seus membros não resolve o problema".

Com base nos estudos de operações que ligam o poder público ao crime organizado, como a Operação Fim da Linha e a Operação Munditia - ambas encabeçadas pela Promotoria de São Paulo -, serão revistas normas do direito penal, além de normas no campo da governança e do direito administrativo.

Essas organizações criminosas estão se infiltrando no poder público, de acordo com o secretário nacional de Segurança Pública. "Precisamos criar regras a fim que os empresários e o poder público tomem cautelas ao contratar com organizações criminosas."

O secretário comenta que a lei antimáfia visa reforçar a fiscalização e barrar candidaturas políticas que tenham conexão com o crime organizado criando mecanismos que sejam mais eficazes para primeiro identificar essas candidaturas, e, num segundo momento, combater essas conexões.

Conforme a portaria publicada no dia 7 de outubro no Diário Oficial da União, o grupo tem como objetivos fazer um diagnóstico sobre a atuação do crime organizado no País e apresentar subsídios para eventuais propostas de modificações normativas, além de produzir, regularmente, relatórios internos de suas atividades.

Segundo o secretário, após a aprovação do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o relatório final será entregue ao presidente em 90 dias e há possibilidade de ser enviado ao Congresso.

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O ator John Turturro, que interpretou o mafioso Carmine Falcone em Batman (2022), filme dirigido por Matt Reeves, explicou o motivo que o fez rejeitar o papel como o personagem no spin-off Pinguim, série da HBO lançada em setembro. O artista foi substituído por Mark Strong na produção estrelada por Colin Farrell.

Em entrevista concedida à Variety e publicada nesta quarta-feira, 23, Turturro disse que negou trabalhar na série por conta de "muita violência contra as mulheres" retratada em Pinguim. "Não é a minha praia", comentou o ator.

Ele também citou problemas de agenda que o impediram de participar da produção, mas afirmou que achou a "crueldade implícita" de Falcone em Batman mais interessante do que uma "crueldade ilustrada". "[A violência] acontece fora da tela. É mais assustador assim", disse.

Em entrevista ao The Wrap publicada também na quarta, a showrunner de Pinguim, Lauren LeFranc, defendeu a série afirmando que o roteiro "apenas aprofundou o que foi estabelecido" em Batman. "Eu respeito completamente um ator que não quer assumir um papel por quaisquer razões pessoais", afirmou ela.

Lauren ressaltou que havia sido informada que a não participação de Turturro havia sido causada por conflitos de agenda. "Eu só quero que as pessoas se juntem à nossa série estejam animadas e queiram continuar a história que estamos tentando contar. Eu acho que Mark Strong fez um trabalho realmente fantástico. Ele fez o personagem dele e também realmente honrou o que John Turturro fez", disse.

Pinguim está disponível na Max. Atualmente, Turturro faz parte do elenco de O Quarto ao Lado, primeiro filme em inglês de Pedro Almodóvar, estrelado por Julianne Moore e Tilda Swinton. O longa estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 24.

Alerta: o texto abaixo trata de temas como suicídios e transtornos mentais. Se você está passando por problemas, veja ao final dele onde buscar ajuda.

Antonio Cicero passou seus últimos dias em Paris com o marido Marcelo Pies, antes de desembarcar na Suíça, onde morreu nesta quarta-feira, 23, aos 79 anos. Em entrevista ao jornal O Globo, Pies contou sobre os passeios que o casal fez por seus lugares preferidos. Foram dias de "paz e felicidade", segundo Pies.

O casal, junto desde 1984, passou pelo Centro Georges Pompidou, almoçou no restaurante Georges e visitou a igreja Sainte Chapelle. "Jantamos no Atelier, do finado chef Robuchon, que continua sensacional, e fomos pela milésima vez admirar a Sainte Chapelle e também a Brasserie La Coupole", disse o viúvo.

Diagnosticado com Alzheimer, Antonio Cicero optou pelo suicídio assistido, prática legalizada na Suíça. "Foi uma decisão puramente racional [...] Ele tinha urgência, pois temia que a doença piorasse e perdesse de repente a plena consciência, o que impediria todos os planos", explicou Pies.

Cicero era, desde 2023, pouco depois da descoberta do Alzheimer, membro da fundação Dignitas, que possibilita a realização de procedimentos de suicídio assistido para pacientes terminais.

"Ele sempre, sempre defendeu a liberdade de se cometer eutanásia e suicídio assistido. Nisso, ele foi de uma coerência admirável. Por isso, não reagi com tanta surpresa [a esta decisão]. Com toda a certeza, foi uma morte digna. Ele morreu em paz, segurando a minha mão, muito tranquilo e sem nenhuma ansiedade. Depois do medicamento, ele dormiu e, em meia hora ou um pouco mais, morreu", disse. "Respeitei a decisão dele e o apoiei. Admiro imensamente a coragem e a determinação. Ele sempre apoiou todas as formas de liberdade, e essa foi mais uma", finalizou Marcelo Pies na entrevista.

Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes. Na cidade de São Paulo, são 33 Caps Infantojuventis e é possível buscar os endereços das unidades nesta página.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

Uma perícia grafotécnica realizada a pedido do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) constatou que assinaturas feitas no nome da apresentadora Ana Hickmann em um empréstimo bancário de mais de R$ 652 mil são falsas. A informação foi confirmada pela assessoria da apresentadora nesta quarta, 23, e pelo Estadão, que teve acesso ao laudo. A apresentadora acusa Claudia Helena dos Santos, sua ex-agente, a forjar as assinaturas a favor do empresário Alexandre Correa, seu ex-marido.

Em contato com o Estadão, Alexandre Correa afirmou que não responde mais a acusações da equipe de Ana Hickmann. Ele acusa a assessoria da apresentadora de ter realizado 12 denúncias contra ele sem provas. Leia mais abaixo.

A reportagem também busca contato com Claudia Helena dos Santos, mas ainda não obteve sucesso. O espaço permanece aberto para manifestação.

A perícia comparou assinaturas contidas em documentos pessoais da apresentadora, além de outras feitas por ela presencialmente, com as assinaturas presentes no pedido de empréstimo. "As assinaturas e rubricas apostas no documento questionado dos autos são irrefutavelmente falsas", afirmou o laudo, assinado na última segunda, 21.

Em julho, o TJSP já havia suspendido uma dívida de R$ 1,7 milhão da apresentadora. A ação envolvia uma dívida milionária da empresa Hickmann Serviços Ltda, no nome de Ana e de Alexandre, em uma instituição financeira de Tatuí, no interior de São Paulo. A empresa cobrava o débito na Justiça desde dezembro e chegou a requerer a penhora de bens da apresentadora, como imóveis e faturamentos com direitos de imagem, propagandas na TV e publicidades feitas nas redes sociais. À época, Alexandre Correa alegou "fake news" e disse que sua defesa não iria se pronunciar sobre o assunto. Leia mais aqui.

A informação de que a empresa do ex-casal acumulava dívidas milionárias foi confirmada pela própria apresentadora durante uma entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV, em novembro do ano passado. À época, Ana havia acabado de realizar uma denúncia contra Alexandre por violência doméstica e lesão corporal.

Conforme apurou o Estadão no período, as dívidas no nome da empresa Hickmann Serviços Ltda somam, ao menos, R$ 5 milhões. Os valores incluem débitos em bancos e instituições financeiras.

O que diz Alexandre Correa?

Em contato com o Estadão, Alexandre Correa acusou a assessoria de Ana Hickmann de realizar uma série de denúncias sem provas contra ele. "Eu não respondo mais acusações que são oriundas daquela assessoria de imprensa da Ana Hickmann, feita de um bando de 'criancinha mimada'", disse em mensagem de áudio. Veja abaixo:

"Há 12 meses, Ana e os seus advogados fizeram acusações contra mim e não provaram nada. Acusações feitas há 12 meses no Deic [Departamento Estadual de Investigações Criminais] e não provaram nada até o momento, e nem vão conseguir provar. Então, eu não respondo mais acusações que são oriundas daquela assessoria de imprensa da Ana Hickmann, feita de um bando de 'criancinha mimada'.

A pergunta que eu deixo é: você tem noção e ideia da gravidade das acusações que eu te mandei, sem provar nada? E você acha que eu vou responder mais algum nível de acusação da Ana Hickmann? Sinto muito. Eu não vou não. Mesmo porque eu estou aguardando esses 12 itens [de acusações] serem justificados. Porque, se não, eu posso garantir que a Ana Hickmann vai ter problemas sérios na Justiça e vai responder pelo artigo 340 e o 339, que é falsa comunicação de crime e denunciação caluniosa."