Ao menos 36 pessoas foram presas nesta quinta-feira, 31, em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo para desarticular uma rede criminosa de produção e compartilhamento de material de abuso sexual infantil.A investigação teve apoio da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations - HSI) do governo americano e da Embaixada. Uma das prisões, no litoral de São Paulo, foi de um produtor de vídeos que usava bichos de pelúcia para atrair as crianças. As identidades dos suspeitos não foram divulgadas, por isso não foi possível localizar as defesas.
A Operação Lobo Mau cumpriu 96 mandados de busca e apreensão e um de prisão em 21 Estados, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, e no Distrito Federal. O mandado de prisão foi cumprido em Guarapari (ES) contra um morador de Olímpia (SP). As outras 35 prisões foram em flagrante, já que as pessoas estavam em posse do material.
Em Itanhaém, litoral de São Paulo, um produtor de vídeos foi preso com um estúdio destinado à produção de imagens de cunho sexual com crianças. O homem tinha máquinas fotográficas, material pornográfico e fotos armazenadas em computador.
Ele mantinha estoque de bichinhos de pelúcia que, segundo a polícia, eram usados para atrair crianças. O suspeito foi autuado em flagrante.
O compartilhamento de material de abuso sexual infantil é conhecido pela sigla CSAM (Child Sexual Abuse Material) e caracteriza crime pela lei, com pena de até 4 anos de prisão. A HSI tem como foco o combate à exploração sexual infantil na internet e passou informações sobre as ramificações de uma rede internacional no Brasil. No Brasil, a apuração foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Deinter 5 da Polícia Civil em São José do Rio Preto.
Segundo o Gaeco, com o avanço das investigações foi possível descobrir um número expressivo de criminosos que, dissimulando o fato de serem adultos, entravam em contato com as crianças e adolescentes, por meio de diversas plataformas digitais, para induzi-las a produzir conteúdo de nudez, e até mesmo de sexo.
A finalidade era consumir o material produzido e depois distribui-lo em grupos fechados de troca de mensagens, como Telegram, Instagram, Signal e WhatsApp, incluindo plataformas de jogos, como o Roblox.
O nome da operação faz referência ao criminoso predador sexual que se esconde atrás de uma fachada de normalidade para se aproximar da vítima, ganhar a confiança dela, e depois atacá-la. Esse risco é potencializado no ambiente virtual, destaca o Ministério Público.
A ação também contou com a participação das Polícias Militares de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Participaram da operação 595 policiais civis e militares em 195 viaturas, dois blindados e quatro aeronaves não tripuladas.
Dispositivos eletrônicos e outros equipamentos utilizados para a produção e armazenamento do conteúdo foram apreendidos para análise forense. "As autoridades esperam que a ação contribua para a identificação de outros envolvidos na rede, além de reforçar a necessidade de atuação conjunta, e contínua, no combate a esse tipo de crime", diz a nota.
A reportagem entrou em contato com as empresas responsáveis pelo Telegram, Instagram, Signal, WhatsApp e Roblox e aguarda os retornos.
Bicho de pelúcia e games: como agia rede que compartilhava material de abuso sexual de crianças
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