Seis agentes são demitidos após morte de rapaz agredido em estação de trem

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A concessionária ViaMobilidade demitiu seis agentes suspeitos de participar da abordagem que resultou na morte de Jadson Vitor de Sousa Pires, de 30 anos, na estação de trens de Carapicuíba, na Grande São Paulo. Segundo a empresa, o desligamento foi feito com base no resultado de uma sindicância interna, que aguardava o laudo pericial do Instituto Médico Legal (IML), liberado na quarta-feira, 4. Eles estavam afastados de suas atividades desde o dia da ocorrência, em 11 de novembro.

Na quarta-feira, 4, Justiça já havia decretado a prisão temporária de um dos agentes envolvidos na morte de Jadson. O segurança Marcos Paulo Gonçalves Mendes foi preso quando prestava depoimento na delegacia de Carapicuíba. Imagens das câmeras de vigilância da estação da Linha 8-Diamante mostram Mendes com o joelho nas costas da vítima já dominada, pressionando-a contra o chão.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Marcos Paulo e aguarda retorno. No depoimento dado à polícia, ele negou que tivesse tocado o pescoço ou a cabeça da vítima e que usou de meios controlados apenas para conter o rapaz, que estava muito agitado. Os outros investigados não tiveram os nomes divulgados pela polícia, o que impossibilitou à reportagem o contato com suas defesas. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também acompanha o caso.

Com base na versão dos agentes, o caso foi registrado inicialmente pela Polícia Civil como morte acidental, por mal súbito. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP), o laudo do IML apontou que a vítima morreu por asfixia mecânica, quando a vítima é impedida de respirar.

A policia pediu também as prisões de outros dois agentes que teriam participado das agressões, mas a Justiça não acolheu os pedidos. Eles foram ouvidos e vão responder em liberdade ao inquérito que apura a morte de Jadson. Conforme a Polícia Civil, um novo pedido de prisão pode ser feito com o avanço das investigações.

A investigação interna da ViaMobilidade concluiu que a atuação dos profissionais descumpriu o código de conduta, os protocolos de atendimento e treinamentos recebidos da companhia. A concessionária informou ainda ter dado início a um processo de reciclagem de todo seu quadro de agentes e reforçará a capacitação voltada ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de entorpecentes. Também aumentou o rigor das medidas disciplinares e instaurou a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver necessidade de uso da força no exercício das atividades.

A abordagem a Jadson aconteceu no dia 11 de novembro, mas o caso só veio a público esta semana. Imagens do circuito interno da estação obtidas pela polícia mostram que o homem tenta passar sem pagar pela catraca da estação de trens, quando é abordado e agredido pelos agentes.

Após ser dominado, ele é arrastado pelas pernas. Depois que ele desmaia, os agentes tentam reanimá-lo e chamam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Jadson vai para uma unidade de saúde mas não resiste. Ele morava no Parque Viana, em Barueri. Familiares disseram que o rapaz tinha sido demitido e havia seguido para Carapicuiba requerer o seguro-desemprego, mas foi roubado e ficou sem sua moto e sem dinheiro.

Agentes da Guarda Civil Metropolitana de Itapevi

A Polícia Civil investiga a participação de dois agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de Itapevi na abordagem. Um deles aparece em imagens de câmeras desferindo chutes na cabeça da vítima. Os dois já foram ouvidos na delegacia de Carapicuíba, e negaram as agressões.

Os guardas civis não faziam parte da equipe de agentes de segurança da ViaMobilidade, concessionária da linha, também investigados pelo crime.

Segundo a polícia, o guarda civil de Itapevi, identificado como Ronaldo Eustáquio Olímpio Gomes, aparece em imagens chutando a cabeça da vítima quando ela caiu, após tentar pular pela catraca. O segundo GCM, que não teve o nome divulgado, também teria participado da abordagem.

O GCM Ronaldo Gomes foi procurado pela reportagem e ainda não deu retorno. À polícia, o agente disse que o rapaz caiu sobre ele ao tentar pular a catraca e que, ao ver que o homem estava alterado, se afastou. Gomes disse que foi ele que acionou o Samu ao ver que Jadson passava mal.

De acordo com a investigação, os guardas civis estavam fora de serviço e faziam 'bicos' como segurança de uma empresa de cartões na estação da Linha-8 Diamante de trens metropolitanos. As imagens ainda estão sendo analisadas com a ajuda de peritos.

A prefeitura de Itapevi informou à reportagem que abriu um processo administrativo para averiguar as circunstâncias e suspendeu preventivamente o agente Ronaldo Gomes até a conclusão das apurações. O município apura a possível participação do segundo CGM. Os dois estavam em horário de folga na ocasião, segundo o município.

Caso sejam comprovadas irregularidades, os envolvidos serão responsabilizados. "Esta administração não compactua com atitudes que violem os direitos humanos, e que qualquer conduta inadequada de agentes, ainda que fora do horário de trabalho, está sujeita às sanções cabíveis", disse, em nota.

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A escritora mexicana Cristina Rivera Garza, vencedora do prêmio Pulitzer por O Invencível Verão de Liliana (Autêntica), falou sobre a crise na fronteira entre Estados Unidos e México durante a mesa que dividiu com a argentina María Negroni na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025, neste sábado, 2.

A autora nasceu em 1964 no município de Heroica Matamoros, que fica na divisa com o estado do Texas, e atualmente mora em Houston. "Sempre que me perguntam isso eu começo dizendo: é tão horrível quanto parece", disse, em resposta ao mediador Guilherme Freitas.

A escritora considera que o conflito na fronteira e a política contra imigração americana são frutos de um "capitalismo de ódio". Ela contou que conseguiu perceber, ao longo de quase dez anos em Houston, que celebrações mexicanas na cidade foram diminuindo por medo da repressão.

"É preciso lutar cotidianamente, com o corpo, como as feministas dizem. Para mim, trabalhar na universidade é oferecer cursos de escrita criativa e literatura é uma forma de ativismo", completou. Atualmente, ela dirige o programa de doutorado em escrita criativa da Universidade de Houston.

Escrita e memória

A mesa entre Cristina e María Negroni, que contaram que se conhecem há muitos anos, demorou a engatar e teve alguns problemas de tradução. Ainda assim, ambas puderam apresentar seus trabalhos e refletir sobre a criação da literatura a partir de memória e pesquisa.

O Coração do Dano (Poente), da escritora argentina, é uma autoficção sobre a relação complicada com a mãe, um misto de rancor e fascínio. "A escrita de um livro é sempre um mistério para o autor ou autora. Acho que o livro foi se escrevendo, um pouco baseado na perda. Não é um livro de luto, mas de alguma forma, tinha que articular algo que sempre esteve dentro de mim. Essa figura materna, de alguma forma, me configura", disse ela.

O Invencível Verão de Liliana, de Cristina, reconstitui a vida da irmã da escritora, morta em 1990, aos 21 anos, vítima de feminicídio. A mexicana comentou que já havia tentado escrever o livro anteriormente, sem sucesso, e creditou às mobilizações feministas na América Latina que, segundo ela, produziram a linguagem que ela pode usar no livro. Quando Liliana foi morta, o termo 'feminicídio' não fazia parte da esfera pública. "Foram elas que possibilitaram eu pudesse dizer: foi isso que aconteceu", afirmou.

Ela também falou sobre Autobiografia do Algodão, publicado neste ano pela Autêntica, um romance que resgata a história de seus avós na fronteira, em uma plantação de algodão. "O que me moveu foi uma busca pela identidade. Foi uma pesquisa amorosa. Um trabalho de cuidado, um acolhimento que oferecemos aos nossos mortos", disse.

Em outro momento, o mediador pediu que María falasse sobre sua relação com Clarice Lispector. A epígrafe do livro da argentina é uma frase da escritora: "Vou criar o que me aconteceu". Ela disse que Clarice, nesta frase, "faz uma espécie de fenda na distância que existe entre a palavra e o mundo."

"Minha citação da Clarice é para dizer que o que narra esse livro não é algo que ocorreu. Eu não tenho certeza de fato. Dentro do livro, a mãe desmente memórias", disse, completando: "Escrever um livro é como entrar em um poço às escuras. Tenho que acreditar que ele vai me levar para onde eu quero ir."

"Vocês são as pessoas mais carinhosas do mundo", disse, em português, a escritora Rosa Montero, assim que subiu ao palco do Auditório da Matriz na noite deste sábado, 2, na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025. Ela retribuía o amor do público, que lotou o espaço e a aplaudiu de pé.

O retorno de Rosa, hoje um dos grandes nomes da literatura espanhola, ocorre 21 anos depois de sua primeira passagem pelo evento. Em 2004, ela esteve aqui como uma escritora pouco conhecida, mas que ganhou o carinho do público com seu carisma e criatividade do livro que lançava na época: A Louca da Casa, recém reeditado pela Todavia.

Já neste ano, ela é considerada a grande estrela da festa, com outros quatro livros publicados no Brasil, todos pela mesma editora: A Boa Sorte, Nós, Mulheres, A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver e O Perigo de Estar Lúcida. Este último, que discorre sobre a relação entre loucura e criatividade, deu tom ao início da conversa com o mediador Paulo Roberto Pires.

"Os romancistas são pessoas que não amadureceram totalmente", disse Rosa, completando que pessoas que precisam ler "para aguentar a vida, como acredito que são muitos de vocês" - sinalizou para a plateia - "são pessoas que não têm o cérebro desenvolvido de maneira adequada."

"O meu cérebro está o tempo todo imaginando coisas, que não servem para nada, que eu não controlo", continuou. Essas imagens, disse ela, nascem a partir do inconsciente, de onde vem os sonhos. De repente uma dessas imagens a emociona, a enche de curiosidade. É pela necessidade de saber mais sobre essas imagens que nascem os romances de Rosa.

Após ler um trecho de A Louca da Casa, Rosa discorreu sobre sua relação com a ficção, e como se dedicar mais a ela a ajudou a parar de ter crises de pânico, com os quais ela sofreu até os 30 anos. "A loucura é uma ruptura da narrativa comum. É uma sensação de solidão que não é compreensível, não se pode explicar", disse. "Tem psiquiátricos que dizem que um romance é um delírio controlado."

A escritora, que trabalhou por anos como jornalista e segue sendo colaboradora do El País, lembrou que estudou jornalismo porque pensava que precisava de uma ocupação que não a de romancista para se sustentar. Mas disse que isso acabou sendo importante: "Uma coisa essencial é não viver de literatura criativa porque ela precisa ser o mais livre possível. É preciso achar outra maneira de ganhar a vida."

Por mais que fale da loucura e dos transtornos mentais entre os escritores, Rosa diz que renega o estereótipo do escritor sempre em sofrimento. "Detesto essa ideia de que para ser escritor precisa sofrer muito. É mentira. Não é preciso sofrer muito para nada."

Rosa também discutiu a criação de seu livro A Ridícula Ideia de Nunca Mais Te Ver, em que aborda a morte de seu marido, Pablo Lizcano, em 2009, em diálogo com o diário de luto da cientista Marie Curie, que perdeu o marido, Pierre Curie, em um acidente de carruagem.

A escritora explicou que sua relação com a literatura não é a de escrever sobre a própria vida, mas, dois anos após a morte de Pablo, quando tomou contato com os escritos de Curie, sentiu que podia falar não só do próprio luto, mas do luto de todos.

A escritora também falou sobre a própria obsessão com a morte e o envelhecimento, como sentia medo de chegar à maturidade - algo que ela abordou em entrevista ao Estadão -, e como escrever foi o antídoto, aquilo que a ajudou a não ter medo da morte. Durante a mesa, Rosa ainda lembrou do início de sua formação acadêmica, nos anos 1970, que coincidiu com a transição democrática na Espanha.

A TV Globo confirmou neste sábado, 2, mais dois participantes da edição de 2025 do Dança dos Famosos: o ator David Junior e a atriz Duda Santos.

David Junior tem 39 anos e esteve na novela das nove Mania de Você, no ar entre 2024 e 2025. Ele também foi o vencedor do The Masked Singer Brasil, outro programa da emissora.

"Eu estou muito feliz de integrar este time. Feliz com o convite, ansioso, morrendo de medo, mas sei que vou me divertir bastante", disse em postagem no perfil da TV Globo.

Duda Santos, de 24 anos, foi a protagonista do folhetim Garota do Momento, que também foi finalizada este ano. "Tô muito animada, tô muito feliz, tô muito ansiosa. Eu espero que você me passe a coroa de campeã", disse a Tati Machado, apresentadora da emissora e última campeã do programa de dança.

Quem vai participar da Dança dos Famosos 2025?

Além de David e Duda, a Globo já anunciou outros dois nomes para a edição deste ano. A cantora Wanessa Camargo foi confirmada nesta sexta-feira, 1º, como a primeira participante. Depois, a emissora divulgou a participação do influenciador Álvaro.

A edição de 20 anos do Dança dos Famosos estreia neste domingo, 3.