CNJ anula permissão para prisão em 'saidinha' sem decisão judicial em SP

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Em decisão unânime, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) declarou ilegal uma norma do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que permite conduzir de volta à prisão, sem aval da justiça, detentos que descumprem regras da saída temporária.

A decisão, dada em sessão virtual extraordinária na última quinta-feira, 19, foi divulgada nesta terça, 24. O conselho entendeu que a medida adotada pelo estado de São Paulo, se distancia das normas legais por "restringir a liberdade à revelia de decisão judicial".

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), parceira do TJ na implementação da medida, diz que desde junho do ano passado, mais de 3 mil detentos beneficiados com saidinhas foram presos pela Polícia Militar por descumprimento das regras impostas pelo Poder Judiciário. Destes, 168 foram flagrados cometendo novos crimes.

- As detenções, segundo a pasta, resultaram em uma redução de mais de 14 mil roubos e furtos durante as últimas saídas temporárias (de junho de 2023 a setembro de 2024), o que demonstra a efetividade da medida.

Procurado pelo Estadão, o TJSP informou que não emite comentário sobre decisões do Conselho Nacional de Justiça e dos Tribunais Superiores, sendo cumpridas as determinações.

O caso foi analisado pelo CNJ a pedido do Superior Tribunal de Justiça. A portaria do TJSP permitia às Polícia Civil e Militar fiscalizar a obediência às condições de saída e prender, por exemplo, o detento que se recolhesse à sua casa mais tarde do que deveria. O sentenciado era levado de volta à prisão sem necessidade de ordem judicial, a critério da polícia.

Os argumentos utilizados para questionar a legalidade da portaria se baseiam na necessidade de decisão judicial para a prisão, exceto em casos de flagrante delito.

O relator, conselheiro José Rotondano, destacou que a portaria, ao permitir a ação direta das polícias, poderia violar garantias legais e processuais dos sentenciados.

- "A custódia promovida no estado de São Paulo, como medida acautelatória em proteção à sociedade, daquele que, segundo as Polícias Civil e Militar, teria descumprido as condições de saída temporária, se distancia das normas de regência, notadamente pelo aspecto de essa restrição de liberdade ser exercida à revelia de decisão judicial", descreve o voto do relator.

Com a decisão do CNJ, o descumprimento das condições de saída temporária será apenas registrado por meio de boletim de ocorrência, sem a condução do sentenciado à unidade prisional ou policial. Esses registros são encaminhados ao Poder Judiciário para as providências cabíveis. Nos casos de flagrante delito, as prisões continuam sendo realizadas conforme as rotinas em vigor.

Relatório da Defensoria Pública apontou prisões ilegais

Relatório divulgado em maio deste ano pela Defensoria Pública de São Paulo apontou que a Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana fizeram prisões ilegais de indivíduos que estavam em saída temporária em março de 2024. No período, 35 mil pessoas deixaram as unidades prisionais paulistas e 417 foram presas por suposta infração às regras.

A Defensoria analisou 157 casos de pessoas nessa situação, dividindo os casos por hipótese de descumprimento, raça, motivo da abordagem policial e alegação de violência policial, entre outros. Em 61,7% dos casos, as prisões foram realizadas por descumprimento do horário de recolhimento - os presos em saidinha devem permanecer em casa entre 19 horas da noite e 6 da manhã.

O segundo principal motivo para a prisão foi a ingestão de álcool e drogas (12%), mas em nenhum dos casos foi juntado laudo comprovando a presença dessas substâncias no corpo do preso. Ainda segundo o relatório, em 30% dos processos não houve registro de motivação ou suspeita para a abordagem do preso, o que é exigido por lei.

SSP diz que medida era 'avanço no combate à reincidência'

A SSP disse que o projeto de cooperação com o Poder Judiciário, revisto pelo CNJ, representou um avanço no combate à reincidência criminal no Estado. "É importante ressaltar que em todos os casos os preços reconduzidos pela polícia a unidades prisionais passam por audiências de custódia nas 24 horas seguintes, cabendo à Justiça a avaliação de cada caso."

Conforme a pasta, entre março e setembro deste ano, 1.978 sentenciados foram conduzidos aos presídios, com 93,5% das detenções consideradas legais pelo Poder Judiciário em audiências de custódia, "reforçando a legalidade e o respeito aos direitos fundamentais no cumprimento das medidas de proteção à sociedade".

Com a decisão do CNJ, o descumprimento das condições de saída temporária será apenas registrado em boletim, sem a condução do sentenciado à unidade prisional ou policial, à exceção dos casos de flagrante, disse a SSP.

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O ator Ney Latorraca morreu nesta quinta-feira, 26, às 6h23, no Rio de Janeiro. A assessoria do ator confirmou a morte ao Estadão. Ney estava internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, da Gávea, zona sul do Rio, em decorrência de uma sepse pulmonar. O artista já lutava contra um câncer de próstata.

A doença foi diagnosticada em 2019. Na época, Ney foi operado, retirou a próstata e permaneceu curado. A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase. Houve o tratamento inicial, porém sem sucesso.

Ney Latorraca foi um dos maiores atores da história da teledramaturgia brasileira, com papéis icônicos em Vamp e TV Pirata, entre outros.

Ney Latorraca deixa o marido, o ator Edi Botelho, com quem foi casado por 30 anos. O local, horário do velório e cremação do corpo ainda não estão definidos.

Relembre trajetória de Ney Latorraca

Antonio Ney Latorraca era natural de Santos, São Paulo. Aos seis anos de idade, fez uma participação em uma radionovela da Record. Durante a década de 1970, atuou em vários espetáculos, entre elas: Hair (1970), Jesus Cristo Superstar (1972), Bodas de Sangue (1973) e A Mandrágora (1975).

Fama e sucesso vieram com a novela Escalada, na TV Globo, em 1975. Na novela de Lauro César Muniz, a primeira de Latorraca, ele interpretou Felipe, que era mudo. "Ele só balançava a cabeça. E o que aconteceu? Um mês depois que a novela estreou, o personagem fazia tanto sucesso que todo mundo queria saber quem era aquela pessoa jogada pelos cantos, muda. Eu nunca apresentei aquele padrão imposto de galã, que precisava ter uma virilidade explícita. Pelo contrário. Mas Felipe fez sucesso, principalmente com o público feminino. Na época, havia um concurso em nível nacional para eleger o rei da televisão. Em seis semanas, eu já estava concorrendo com Tarcísio Meira e Roberto Carlos", relembrou o ator ao projeto Memória Globo.

Aquele contrato de três meses virou mais de 50 anos de casa.

Estabeleceu parceria importante com o diretor Walter Avancini, com quem realizou projetos de literatura adaptada como Anarquistas, Graças a Deus, Memórias de um Gigolô, Rabo de Saia, Grande Sertão: Veredas.

Vamp, TV Pirata e O Mistério de Irma Vap

Após diversas novelas, como Vamp, na qual interpretou o inesquecível Vlad, minisséries e também filmes no cinema, experimentou um exercício diferente com TV Pirata, em que encarnava Barbosa. Sobre o personagem, Ney Latorraca chegou a dizer: "Era um velho tarado, de cabeça branca, com um pouco de bico. Mas eu comecei a aumentar o bico, tanto que, meses depois, só dava Barbosa e todo mundo imitava. Foi um baita sucesso. Até hoje me pedem na rua para fazer o Barbosa".

Em 1986 estreou, com o ator Marco Nanini o maior sucesso do teatro brasileiro, O Mistério de Irma Vap, que permaneceu em cartaz por mais de 11 anos. Foi o seu maior sucesso e lhe trouxe a almejada estabilidade financeira. "Comprei minha cobertura, passei a viajar de primeira classe e pude dar todo o conforto para a minha mãe, que se foi em 1994, até o fim da vida dela", contou ele, em entrevista ao Estadão em julho passado.

Na Globo, Ney Latorraca fez 17 novelas e seis minisséries, além de seriados e especiais.

"Ator já nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente das outras: às vezes, eu tinha que dormir cedo porque não havia o que comer em casa. Então, até hoje, para mim, estou no lucro", disse o ator em depoimento ao Memória Globo.

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Na véspera do Natal, Anitta mobilizou as suas redes sociais em busca de Charlie, seu cachorro que sumiu. A boa notícia é que ele foi encontrado.

"Achamos o Charlie, gente", disse a cantora nas redes sociais. Anitta contou que estava com ele na cama antes de tomar um banho. Quando voltou, o cão não estava mais lá, o que deixou todos preocupados.

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Ela chegou a mobilizar uma "junta espiritual", incluindo a amiga Larissa Rios, que se comunica com os animais para ajudar na busca. Depois disso tudo, um primo a avisou que estava ouvindo latidos próximos, que suspeitava serem de Charlie.

"Meu cachorro cavou um buraco e se enfiou debaixo da casa, provavelmente com medo dos fogos, e não conseguiu sair", disse a cantora em um story postado na tarde desta quarta-feira, 25.

Após ser resgatado pelos bombeiros, o cachorro foi levado para uma consulta veterinária para garantir que estava bem.