Mostra celebra inventiva produção de Luis Buñuel e Jean-Claude Carrier

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O fã de cinema pede novidades, mas também gosta de voltar aos antigos amores. Prova disso é o sucesso da Mostra de Cinema Noir no Cine Petra Belas Artes que, pela boa resposta do público, foi prorrogada. Seguindo a mesma linha, o espaço já engatilhou outras três mostras tendo por temas diretores famosos e atrizes consagradas. Nesta quinta, 25, começa a primeira delas, celebrando uma das grandes parcerias da história do cinema, a de Luis Buñuel e o roteirista Jean-Claude Carrière, há pouco falecido. Em 4 de março, tem início a mostra Atrizes Premiadas em Cannes. No dia 11 de março, chega a retrospectiva Almodóvar - Primeiros Anos, com foco na fase inicial do mestre espanhol.

Carrière e Buñuel formaram dupla na segunda fase francesa do cineasta. Alguns dos mais inventivos filmes de Buñuel surgiram dessa parceria. A começar pelos dois primeiros a serem apresentados, O Fantasma da Liberdade (1974) e O Discreto Charme da Burguesia (1972). Um é composto por esquetes cômicas em torno do tema da liberdade, essa linda palavra que anda em tantas bocas sujas. O segundo mostra como um grupo de senhores e senhoras bem-postos na vida jamais consegue chegar ao término daquilo que começa, seja uma simples refeição, seja um ato sexual. Ambos são muito cômicos. Mas a comicidade é crítica, irônica, corrosiva, como convém a um ponta de lança do surrealismo como Buñuel.

A Via-Láctea (1979) mostra dois andarilhos que percorrem o Caminho de Santiago e deparam com as mais estranhas formas de heresias. Como se refizessem uma história absurda - e satírica - do catolicismo e suas variantes ao longo dos séculos. Carrière conta que, para escrever o roteiro, ele e Buñuel se trancafiaram num hotel tendo como fonte de pesquisa apenas um grosso tratado sobre os heresiarcas da Igreja. Diz que deram boas risadas ao longo do trabalho.

Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977) é o último filme de Buñuel, que morreria em 1983. É, também, um dos ápices da sua cinematografia, com o personagem envelhecido (Fernando Rey) tentando seduzir uma moça reticente. O detalhe genial é a personagem feminina ser interpretada por duas atrizes - a espanhola Angela Molina e a francesa Carole Bouquet -, cada qual com traços de personalidade opostos. Um estudo sagaz sobre o desejo humano e a fragilidade masculina, com desfecho inquietante, mas nunca despido de humor.

A Bela da Tarde (1967) é outra colaboração famosa da dupla, adaptando um romance de Joseph Kessel. O papel principal coube a uma magnífica Catherine Deneuve como a mulher burguesa e casada que se prostitui no período vespertino. O filme foi sucesso na época e muito se discutiu sobre as motivações ocultas da bela Sévèrine, a personagem de Deneuve. Michel Piccoli tem papel de relevo na obra. Muitos anos depois, Manoel de Oliveira fez uma espécie de remake póstumo, chamado de Bela para Sempre (Belle Toujours, 2006), em que os personagens de Deneuve e Piccoli se reencontram na velhice. Piccoli interpreta a si mesmo; Bulle Ogier vive Catherine, que recusou o papel e deve ter se arrependido.

O primeiro item da parceria, o notável Diário de uma Camareira (1964), tem Jeanne Moreau como Célestine, a criada de uma casa no campo assediada por outro empregado, Joseph (Georges Géret). Tirado de um romance de Octave Mirbeau, é uma análise fina das taras familiares burguesas, que Buñuel examina com olhar de entomologista. Uma curiosidade no elenco: o próprio Jean-Claude Carrière, ator ocasional, faz o papel de um padre. Foi o primeiro filme de Buñuel rodado na França desde o sulfúrico L'Âge d'Or (A Idade do Ouro, 1930) que, junto com Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz, 1928), fez a fama escandalosa do então jovem surrealista.

Para março, mês internacional da mulher, o Belas Artes bolou uma mostra bastante diversificada de oito longas, Atrizes Premiadas em Cannes. Entram na homenagem Giulietta Masina (Noites de Cabíria, 1957), Isabelle Huppert (A Professora de Piano, 2001), Meryl Streep (Um Grito no Escuro, 1988), Isabelle Adjani (Rainha Margot, 1994), Brenda Blethyn (Segredos e Mentiras, 1996), Émilie Dequenne (Rosetta, 1999) e Sophia Loren (Duas Mulheres, 1960).

Boa ocasião para rever a sublime Masina, cujo centenário se celebrou no dia 22. Companheira de vida toda de Fellini, trabalhou em inúmeros filmes do maestro. Cabíria é um dos mais comoventes. A seleção de filmes é uma ótima amostragem da força da interpretação feminina no dispositivo cinematográfico.

De 11 a 17 de março, o Belas Artes realiza a mostra Almodóvar - Primeiros Anos. Como o nome diz, refere-se à fase inicial do cineasta manchego. Fase tida por muitos críticos como a mais radical e, talvez, a mais inventiva do diretor. A mostra compõe-se de títulos bastante conhecidos e outros menos: Maus Hábitos (1983), Que Fiz Eu para Merecer Isto? (1984), A Lei do Desejo (1987), Ata-me (1989), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) e Kika (1993).

O Almodóvar dos anos 1980 talvez seja a melhor expressão dos anseios de liberdade de um povo que havia vivido por 40 anos sob a ditadura franquista. A Espanha repressiva, enlutada pela Guerra Civil, moralista e carola ficava para trás. Com a descompressão, surgia a "movida" madrilenha, com seus contestadores desbocados, ousados e agressivos.

Almodóvar era a face mais visível do movimento. Seus filmes continham personagens antes impensáveis como freiras lésbicas que escondem cocaína em crucifixos ocos. Jogando com tramas inventivas e improváveis, dentro de uma estética que renova o melodrama, Almodóvar punha o cinema espanhol de cabeça para baixo. Suas personagens femininas fortes conquistaram o mundo e puseram no mapa a trupe favorita do diretor: Carmem Maura, Victoria Abril, Marisa Paredes e Antonio Banderas, entre outros. Esses filmes libertários são uma espécie de antídoto aos tempos caretas em que vivemos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".