Bicheiro mais velho do Rio, Piruinha morre aos 95 anos

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O bicheiro José Caruzzo Escafura, conhecido como Piruinha, morreu nesta quarta-feira, 22, aos 95 anos, em sua casa na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). A informação foi confirmada pela escola de samba Portela, cujo vice-presidente, Junior Escafura, é neto do contraventor.

A causa da morte não foi confirmada oficialmente, mas há dois dias Piruinha tinha recebido alta de um hospital particular na Barra, onde ficara internado devido a uma pneumonia.

Pai de 27 filhos, Piruinha era o banqueiro mais idoso do Rio de Janeiro, onde desde a década de 1970 controlava o jogo do bicho em seis bairros da zona norte: Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça.

Nascido em Campos dos Goytacazes em 19 de junho de 1929, antes de se envolver com o jogo do bicho Piruinha foi engraxate, vendedor de jornais e motorista de lotação, dirigindo uma perua Kombi - daí ganhou o apelido. Depois passou a trabalhar como apontador do jogo no Rio e acabou se tornando banqueiro.

Em 1993, Piruinha foi um dos 14 bicheiros condenados e presos pela juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal do Rio, por formação de bando ou quadrilha. Condenado inicialmente a seis anos de prisão, teve a sentença abrandada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao contrário da maioria dos colegas, o contraventor não tinha ligação com escolas de samba - embora um de seus filhos tenha sido presidente da Portela e seu neto seja o atual vice-presidente.

Em 2017, um dos filhos de Piruinha, Haylton Carlos Gomes Escafura, então com 37 anos, foi morto junto com a soldado da PM Franciene de Souza dentro de um hotel na Barra da Tijuca. À época, as investigações indicavam que o crime teria ligação com uma disputa por pontos de máquinas caça-níqueis no Rio.

Em 24 de maio de 2022 Piruinha foi preso acusado de mandar matar o comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, de 44 anos. A vítima foi morta em 23 de julho de 2021, na estrada Intendente Magalhães, na Vila Valqueire (zona oeste do Rio). Segundo a investigação, Espínola, que era neto de outro bicheiro famoso, Natal da Portela (1905-1975), foi morto por não quitar uma dívida que teria com uma filha de Piruinha. O contraventor foi a júri popular em abril do ano passado e acabou absolvido.

Enquanto esteve preso, o contraventor sofreu uma queda no banheiro da cadeia, fraturou a bacia e precisou ser submetido a uma cirurgia. Depois foi para prisão domiciliar, mas sua saúde seguiu piorando: precisou ser submetido a uma cirurgia cardíaca (ganhou uma ponte de safena) e também teve pancreatite. Com a saúde bastante fragilizada, teve pneumonia e agora morreu.

Com a morte de Piruinha, o grupo responsável por organizar a contravenção no Rio de Janeiro na década de 1970, dividindo as regiões da cidade para que os banqueiros não brigassem mais uns com os outros na disputa pelos pontos, tem agora só dois remanescentes: Aniz Abrahão David, o Anízio, presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis aos 87 anos, e Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, de 83 anos, patrono da Unidos de Vila Isabel, que é presidida por seu filho Luiz Guimarães. Morreram também Castor de Andrade (1926-1997), Waldemir Garcia, o Miro (1947-2004) e Luiz Pacheco Drumond (1940-2020).

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