Cientistas chineses criaram camundongos com DNA de dois machos

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A partir da manipulação de células-tronco embrionárias, cientistas chineses criaram em laboratório camundongos com dois pais que conseguiram chegar à idade adulta. Ou seja, os roedores nasceram com o DNA de dois machos - e não de um macho e uma fêmea, como costuma ser. O novo trabalho, publicado na revista científica Cell Stem Cell, é um avanço importante na engenharia genética dos mamíferos, nas palavras dos pesquisadores envolvidos.

Trata-se de um passo significativo na Medicina Regenerativa, que envolve a criação de tecidos e órgãos personalizados para substituição, e também na compreensão da herança genética. É importante ainda para a recriação de animais criticamente ameaçados de extinção em laboratório.

O novo estudo teve como alvo um grupo de genes usados na reprodução para criar filhotes de dois camundongos machos, em vez de um macho e uma fêmea, - num processo chamado de reprodução unissexual.

Enquanto os mamíferos se reproduzem apenas por meio do sexo, outros vertebrados, incluindo alguns répteis, anfíbios, aves e peixes usam a reprodução unissexual. Essa reprodução envolve um fenômeno conhecido como partenogênese, em que um embrião se forma a partir de um ovo que não foi fecundado.

Os cientistas partiram de um óvulo do qual havia sido previamente retirado o núcleo (que, no caso, continha o DNA da fêmea). O núcleo foi preenchido por DNA de camundongos machos e, posteriormente, o óvulo foi fertilizado por espermatozoide da mesma espécie.

Além disso, os cientistas editaram um grupo de genes que, normalmente, funcionam como uma espécie de "cadeado", impedindo que os mamíferos tenham uma reprodução unissexual. Com os genes devidamente "desligados", abriu-se o caminho para a criação de filhotes de dois pais.

Com a ajuda de camundongos fêmeas que serviram como "barriga de aluguel", os cientistas obtiveram 1.081 embriões. Desse total, apenas 12% sobreviveram ao parto - taxa muito mais baixa do que a normal da espécie. Só 84 machos e 50 fêmeas sobreviveram aos primeiros dias, sendo que mais da metade morreu antes de atingir a idade adulta.

Todos apresentavam problemas de desenvolvimento, tinham expectativa de vida mais baixa e eram estéreis - ou seja, não poderiam se reproduzir.

"Os camundongos com dois pais apresentaram desordens de desenvolvimento, entre elas deformidades craniofaciais", explicou um dos autores do estudo, Guan-Zheng Luo, da Universidade Sun Yat-sen. "Os camundongos também tinham anormalidades comportamentais."

Os pesquisadores explicaram que o trabalho é essencialmente focado em modelos animais e que não há nenhum plano de estendê-lo para modelos humanos.

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O Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a iyalorixá Jaciara Ribeiro acionaram o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) solicitando a expedição de uma recomendação ao governo do estado e à prefeitura de Salvador para que não contratem Claudia Leitte para quaisquer performances artísticas.

O Estadão procurou a assessoria de imprensa de Claudia Leitte, mas até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

A cantora se envolveu em uma polêmica depois de trocar o nome de Yemanjá por Yeshuá que, para algumas religiões cristãs, seria o nome original de Jesus. A troca foi na música Caranguejo. Evangélica desde 2014, Claudia cantou "Eu canto meu Rei Yeshuá" no lugar de "Saudando a rainha Yemanjá".

É a segunda investida do Idafro e de Jacira Ribeiro contra a cantora. Na primeira denúncia, a argumentação era de que a alteração descontextualiza a música e demonstra desprezo e hostilidade por religiões afro-brasileiras, configurando discriminação. Eles ressaltam ainda que a Festa de Yemanjá, retratada na música, e a própria figura da Orixá são patrimônios culturais protegidos por lei, e que a ação da cantora pode ser considerada um ataque a esses bens.

O MPBA acatou o pedido do Idafro e da iyalorixá e instaurou um inquérito civil para apurar eventual responsabilidade da cantora Cláudia Leitte por danos morais causados à honra e dignidade das religiões de matriz africana.

Na argumentação de agora, o Instituto e a iyalorixá evocam a Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância assinada pelo Brasil na Guatemala em 2013 e promulgada pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2022.

Os países signatários da Convenção se comprometem a prevenir, eliminar, proibir e punir atos e manifestações de racismo, vendando o "apoio público ou privado a atividades racialmente discriminatórias e racistas ou que promovam a intolerância, incluindo seu financiamento".

O Estadão conversou com Hédio da Silva Jr., advogado do Idafro. Ele reforçou o argumento. "A Convenção é expressa: A União, estados e municípios não podem contratar atividades que promovam a intolerância", disse.

Na sua avaliação, não há dúvidas de que, ao trocar o nome de Yemanjá por Yeshuá, Claudia Leitte cometeu intolerância religiosa. "A confissão ela já tinha feito. Ela diz que mudou de religião. Portanto, se mudou de religião, não pode sequer pronunciar a palavra de Yemanjá. O nome disso é intolerância religiosa. O Direito não tem outro nome para isso", argumentou Hédio na conversa que teve com o Estadão.

O que diz Claudia Leitte

Na coletiva de imprensa do Festival Virada Salvador, no fim de dezembro, Claudia Leitte comentou sobre o caso. A cantora afirmou que "esse assunto [racismo] é um assunto muito sério". A artista afirmou na entrevista que de seu "lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial".

"Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso", concluiu Leitte.

Audiência pública debateu o caso de Claudia Leitte

Na última segunda-feira, 27, o MPBA realizou uma audiência pública para debater o caso. O objetivo era de subsidiar a atuação do Ministério Público no inquérito civil instaurado para apurar as responsabilidades de Claudia Leitte.

Da reunião, saiu uma proposta de criação de um pacto inter-religioso com a participação de integrantes de diversas crenças, incluindo religiões cristãs, de matriz africana, islâmicas e budistas, dentre outras, voltado para o combate ao racismo e à intolerância religiosa.

"O Ministério Público vai intermediar a criação desse pacto para que Salvador, como de costume, seja pioneira nas lutas de combate ao racismo e à intolerância religiosa. É fundamental que todas as religiões que compartilham desse ideal democrático somem esforços nessa luta contra o racismo e a intolerância religiosa", ressaltou a promotora de Justiça Lívia Vaz, titular da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do MPBA, e responsável por conduzir o inquérito envolvendo Claudia Leitte.

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón desativou sua conta no X, o antigo Twitter, na manhã desta sexta-feira, 31, após ter publicações ofensivas resgatadas por internautas. A artista, que concorre ao Oscar de Melhor Atriz por seu papel em Emilia Pérez, está sendo alvo de críticas por conta de falas antigas problemáticas postadas na rede social.

A atriz enviou um comunicado pedindo desculpas pelas publicações para a revista norte-americana Variety. "Quero reconhecer a conversa em torno de minhas postagens anteriores nas redes sociais, que causaram dor. Como alguém de uma comunidade marginalizada, conheço muito bem esse sofrimento e lamento profundamente por aqueles em que causei dor. Toda a minha vida tenho lutado por um mundo melhor. Acredito que a luz sempre triunfará sobre as trevas", se desculpou.

Entre os tópicos mencionados pela atriz, estão o assassinato de George Floyd, ataques terroristas na França, islamismo, a pandemia de covid-19 e críticas ao próprio Oscar. A maioria das publicações foram apagadas após serem descobertas, mas o estrago já estava feito - Gascón foi acusada de racismo e intolerância religiosa.

"Eu realmente acredito que poucas pessoas se importaram com George Floyd, um viciado em drogas e um traficante, mas sua morte serviu para destacar mais uma vez que há aqueles que ainda considerem os negros como macacos sem direitos e aqueles que consideram que policiais sejam assassinos. Tudo errado", escreveu no X em 2020. A morte de Floyd impulsionou o movimento Black Lives Matter.

Ela também comentou sobre um ataque terrorista que aconteceu em Nice, na França, em outubro de 2020, no qual três pessoas foram esfaqueadas e uma foi decapitada. "Novo atentado na França, decapitados em Nice por um desses retardados de Alá. Quantas vezes teremos que expulsar esses energúmenos da Europa até nos darmos conta de que sua religião é incompatível com os valores ocidentais?"

A atriz chegou a criticar a cerimônia do Oscar 2021, que consagrou Nomadland, de Chloe Zhao, como grande vencedor. "Cada vez mais o Oscar parece uma cerimônia para filmes independentes e de protesto. Não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, uma manifestação do Black Lives Matter ou do 8M [movimento pela luta das mulheres]."

O dia do casamento, por si só, já é um momento tenso. Agora, imagine chegar ao local da cerimônia e se deparar com outra família que marcou outro casamento no mesmo lugar e horário. Casamentos Cruzados, novo filme da Prime Video que estreou nesta quinta, 30, parte desta premissa catastrófica - e hilária. E, como em todo bom filme de comédia, prepare-se: a história vai ficando cada vez mais absurda.

Will Ferrell precisa lutar contra um crocodilo em uma das cenas. O motivo? Atenção para spoilers a seguir. Ele quer atacar a personagem de Reese Witherspoon, que destruiu o casamento de sua filha. O animal é cenográfico, claro, mas - aí vem mais outra informação absurda - Ferrell quase teve que segurar um de verdade. "Disseram que o crocodilo era dócil", brinca a atriz.

A primeira certeza do diretor e roteirista Nicholas Stoller, responsável pelo roteiro de longas como Sim Senhor (2008), com Jim Carrey, é de que não deixaria o ator segurar um jacaré de verdade. A segunda é de que Casamentos Cruzados teria "o máximo de pessoas engraçadas possível no elenco", a começar pelos protagonistas.

Will Ferrell e Reese Witherspoon nunca tinham trabalhado juntos em um filme, mas a química de ambos em cena é o que mais chama a atenção no novo longa. Na trama, o ator interpreta Jim, o pai de uma das noivas. Já a atriz vive Margot, a irmã da outra noiva.

Stoller conta que escreveu cada um dos personagens já pensando nos dois atores. Do lado deles, atuar juntos já era um desejo mútuo. "Eu literalmente olhei para o lado e pensei: 'Isso é como uma lista de desejos. Sou tão sortuda'", conta a atriz. "E eu estava conseguindo trabalhar com Tracy Flick [personagem de Reese em Eleição (1999)]. Uma das maiores personagens de todos os tempos", completa o ator.

Personagens cativantes

Outro mérito dos protagonistas é fazer com que os personagens sejam cativantes e de fácil identificação. Eles lidam com a questão da solidão, têm problemas na família, vivem com a sensação de nunca se encaixar e não conseguem se livrar de algumas crenças.

Mas como uma comédia romântica consegue tratar de assuntos tão densos? Para Nicholas, o que faz um verdadeiro filme de comédia ser bom são as pitadas de drama - seguidas, claro, de mais momentos cômicos.

"Você não pode apenas ter uma série de piadas. Não funcionaria", diz ele. "Você tem que fazer o público se identificar com esses personagens e sentir pena deles. E, assim que você sente pena, eles podem ser verdadeiros idiotas. E é divertido de assistir."

Uma boa dose shakesperiana também ajudou o diretor a pensar no filme (é de praxe que as comédias de Shakespeare terminam com um casamento). O final de Casamentos Cruzados, porém, não é tão clichê assim. "É um final muito doce, mas não meloso. Então, acho que isso também é surpreendente", comenta o diretor.

Comédia à moda antiga

Uma das gratas surpresas do filme é a trilha sonora, que une canções nostálgicas que acompanham as fases da vida dos personagens e ópera, tocada em cenas em que o caos é instaurado. O filme já abre com Isn't She Lovely, de Stevie Wonder, e termina com Islands in the Stream, de Dolly Parton e Kenny Rogers.

A escolha de usar ópera veio após Nicholas Stoller se dar conta que muito da história de Casamentos Cruzados havia sido inspirada pelo musical A Little Night Music, de Hugh Wheeler e Stephen Sondheim. "Há algo atemporal sobre a ópera. E é tão exagerado. Quero dizer, torna-se apenas ridículo o que está acontecendo quando você coloca ópera", comenta.

A decisão, porém, de incluir músicas que evocam certa nostalgia remete muito a comédias dos anos 1990. Basta pensar em Uma Linda Mulher, com Oh, Pretty Woman, 10 Coisas que Eu Odeio em Você, com Can't Take My Eyes Off You, e Um Lugar Chamado Notting Hill, com She.

É fato que a busca por "comédias românticas à moda antiga" está cada vez mais forte. Se, pouco tempo atrás, as pessoas torciam o nariz para o gênero, agora o que o público quer é motivo para rir. Stoller sabe disso.

"Por algum motivo, a comédia desapareceu um pouco dos cinemas, o que é uma pena, porque é, obviamente, meu gênero favorito", diz ele, avaliando que a situação, talvez, tenha sido gerada por "alguns filmes que não tiveram um bom desempenho".

"As pessoas realmente querem comédia. Só precisam ser boas. Tem que ser um bom filme", afirma. "Este filme não estará nos cinemas, mas você precisa de mais um motivo para ir ao cinema como nunca antes. E eu acredito sempre no gênero da comédia."

Onde ver 'Casamentos Cruzados'

Casamentos Cruzados já está disponível para assinantes da Prime Video. Além de Will e Reese, o filme também conta com nomes como Geraldine Viswanathan, Meredith Hagner, Jimmy Tatro, Stony Blyden e Leanne Morgan no elenco.

Confira o trailer aqui