'Racismo reverso': STJ decide que injúria racial não se aplica em ofensa contra pessoa branca

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A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu não aceitar a possibilidade de reconhecimento do chamado racismo reverso, ao considerar que a injúria racial não se classifica em ofensas feitas a pessoas brancas exclusivamente pela cor da pele. Desta forma, o colegiado concedeu habeas corpus para anular todos os atos de um processo nesse sentido movido contra um homem negro, acusado de ofender um homem branco.

No entendimento do STJ, legislação foi criada para proteger grupos que são historicamente discriminados e minoritários. "O racismo é um fenômeno estrutural que historicamente afeta grupos minoritários, não se aplicando a grupos majoritários em posições de poder", afirma o órgão.

Conforme a denúncia do Ministério Público de Alagoas, o réu teria cometido injúria racial contra um italiano, por meio de aplicativo de mensagens, chamando-o de "escravista cabeça branca europeia". Segundo o STJ, a troca de mensagens teria ocorrido após o réu não receber por serviços prestados ao estrangeiro.

Para o relator do pedido de habeas corpus, ministro Og Fernandes, a tipificação do crime de injúria racial, previsto em lei, visa proteger grupos minoritários historicamente discriminados. "A interpretação das normas deve considerar a realidade concreta e a proteção de grupos minoritários, conforme diretrizes do Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)", afirmou ele, por meio de comunicado do STJ.

Com base no protocolo que reconhece o racismo como um fenômeno estrutural baseado na hierarquia racial historicamente imposta por grupos dominantes, o ministro destacou que a injúria racial só se configura quando há uma relação de opressão histórica, o que não se verificava no caso em discussão.

"A interpretação das normas sobre crimes raciais deve tratar como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou procedência", disse ainda o ministro, que teve seu voto acompanhado pelos ministros da Sexta Turma.

Entendimento sobre grupos minoritários

O relator esclarece que o termo 'grupos minoritários' não se baseia no contingente populacional em um grupo, mas sim na representação e poder que esse grupo possui na sociedade.

"A expressão induvidosamente não se refere ao contingente populacional de determinada coletividade, mas àqueles que, ainda que sejam numericamente majoritários, não estão igualmente representados nos espaços de poder, público ou privado, que são frequentemente discriminados inclusive pelo próprio Estado e que, na prática, têm menos acesso ao exercício pleno da cidadania", concluiu ele.

No caso, a população branca não pode ser considerada minoritária. "Por conseguinte, não há como a situação narrada nos autos corresponder ao crime de injúria racial", avaliou o ministro.

O ministro reconhece a possibilidade de ofensas de negros contra brancos, porém, sendo a ofensa baseada exclusivamente na cor da pele, tais crimes contra a honra teriam outro enquadramento que não o de injúria racial. Desta forma, o relator decidiu que a injúria racial, que pressupõe discriminação, não se aplica a ofensas feitas exclusivamente a pessoas brancas, concedendo habeas corpus para evitar essa interpretação, mas não descartou a possibilidade de análise de ofensas à honra sob outra classificação legal.

"A injúria racial, caracterizada pelo elemento de discriminação em exame, não se configura no caso em apreço, sem prejuízo da análise de eventual ofensa à honra, desde que sob adequada tipificação", disse ele.

Injúria racial

Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a Lei 14.532/2023, publicada em janeiro deste 2023, equiparou a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa, não cabe mais fiança e o crime é imprescritível.

Segundo a legislação, deve ser considerada como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou procedência.

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Daniela Lima não faz mais parte do quadro de apresentadores da GloboNews. A jornalista deixou a emissora nesta segunda-feira, 4, e confirmou sua saída com um texto publicado em suas redes sociais. "Depois de dois anos, deixo a GloboNews com a sensação de missão cumprida, cabeça erguida, sedenta pelos próximos desafios. Viva o novo! Deixo aos colegas de trabalho, amigos que vou levar pra vida, meu muito obrigada e até breve!", escreveu a Daniela.

Nos comentários, ela ganhou o apoio de agora ex-colegas de GloboNews, como Leilane Neubarth e Flávia Oliveira. "Dani querida, você não tem ideia do quanto aprendi convivendo diariamente com você. Sua força e paixão pela profissão são inspiradoras", escreveu Leilane. "Fará muita falta, Dani. Sua paixão pelo jornalismo e sua vitalidade contagiam. Um privilégio conviver contigo nesse par de anos", completou Flávia.

Espectadores notaram a ausência da apresentadora no Conexão GloboNews na manhã desta segunda-feira, 4, pouco antes de ela publicar seu texto de despedida nas redes sociais. Daniela Lima chegou à GloboNews em julho de 2023, após deixar a CNN. Antes, ela já tinha passado pelos jornais Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, e pela revista Veja. Na TV, estreou como apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura.

Eliane Cantanhêde e Mauro Paulino também deixam a GloboNews

Procurada pelo Estadão, a área de comunicação da Globo confirmou a saída da jornalista da GloboNews e de mais dois comentaristas: Eliane Cantanhêde e Mauro Paulino.

"Como parte do movimento permanente de renovação do quadro do canal, Eliane Cantanhêde, Daniela Lima e Mauro Paulino não integram mais o time da GloboNews. A GloboNews agradece a eles a valiosa parceria na apresentação e análise dos importantes acontecimentos políticos do Brasil e do mundo", diz a nota.

O Domingão com Huck anunciou os 16 participantes que integrarão o Dança dos Famosos 2025. Neste domingo, 3, celebridades como Fernanda Paes Leme, Livinho e Rodrigo Faro começaram a disputa na fase de grupos.

Os competidores passarão por fases eliminatórias e uma repescagem automática, que ocorrerá para os primeiros eliminados de cada grupo. Dentre as novidades para este ano está a presença de Milton Cunha, carnavalesco, no júri técnico.

O Grupo A é composto por Rodrigo Faro, Duda Santos, Silvero Pereira e Gracyanne Barbosa. David Junior, Nicole Bahls, Luan Pereira e Fernanda Paes Leme integram o Grupo B. No Grupo C, fazem parte Allan Souza, Catia Fonseca, Richarlyson e Manu Bahtidão. Por último, no Grupo D, os participantes são: MC Livinho, Wanessa Camargo, Alvaro e Tereza Seiblitz. Também estão presentes, em cada um dos grupos, quatro professores, que serão mentores dos participantes após a finalização da fase de grupos.

A edição de 2025 comemora 20 anos do quadro que teve início no Domingão do Faustão.

Durante participação no quadro Pode Perguntar, exibido no Fantástico neste domingo, 4, o ator Fábio Assunção falou pela primeira vez sobre um episódio de assédio sexual que sofreu na infância. A revelação ocorreu durante uma roda de conversa com cerca de 30 jovens autistas, conduzida pela psiquiatra Daniela Bordini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O relato veio após uma pergunta feita por Josi, uma das entrevistadoras presentes no encontro: "As atrizes, artistas são muito questionadas sobre a questão do assédio, e aí nos últimos anos a gente tem visto uma onda de denúncias de homens que passaram por situações parecidas. Você já viu alguma situação parecida?"

Diante da questão, o ator compartilhou um episódio vivido na infância: "Eu tive um vizinho quando era garoto, quando eu tinha uns oito, nove anos, que ele me chamou para ir para o apartamento dele em Santos. Eu entrei, ele começou a me mostrar um monte de revista. Daqui a pouco ele colocou a mão em mim, ele pegou e botou a mão e eu saí correndo."

Fábio explicou que, na época, não sabia identificar o que havia acontecido, mas procurou apoio na família. "Eu não sabia formular que era um assédio, mas eu contei para minha irmã. A minha irmã falou: 'Imagina'. Contei para minha mãe: 'Imagina, o nosso vizinho de muitos anos'. Então eu fiquei meio assim."

Atualmente com 53 anos, o ator refletiu sobre o relato e disse não acreditar que sua experiência possa ser comparada aos abusos enfrentados por muitas mulheres. "Eu nunca falei sobre isso porque eu também não acho que dê para comparar os assédios que um homem tem, os assédios que uma mulher tem."

Saúde mental e internações

Além de tratar do episódio da infância, Fábio Assunção falou sobre saúde mental e os desafios enfrentados ao longo da carreira. Segundo ele, o momento mais difícil foi durante a novela Negócio da China, quando precisou se afastar das gravações.

"Chegou um momento que eu acho que entrei em um colapso. Então, nesse momento, eu fiz uma novela chamada Negócio da China que eu precisei sair, e esse foi o momento mais difícil da minha carreira. Foi fazer uma escolha de sair de uma novela, mesmo sabendo a exposição que eu ia ter em relação a isso. Mas eu saí para me cuidar, para me tratar, para botar minha vida em ordem."

Ao longo da roda de conversa, o ator também falou sobre internações e o estigma em torno da saúde mental. "Eu também tive as minhas internações. E isso normalmente faz com que a gente sinta vergonha. Só que, pensa bem, quem é que está no mundo que não tenha as suas dores, as suas dificuldades?"

Para ele, manter-se conectado consigo mesmo é essencial: "Nada está garantido. Você pode recair, você pode ter novos problemas, mas eu acho que você estando conectado com você, estando trabalhando, isso daí, você vai levando sua vida com muito menos riscos."

No fim do encontro, o ator demonstrou gratidão e compartilhou um de seus maiores medos: "Tenho medo de que aconteça alguma coisa em mim que eu não possa trabalhar."