Após quebra de recorde de mortes por covid, Bolsonaro defende volta à normalidade

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Depois de o Brasil registrar recorde no número de mortes pela covid-19 em um dia, o presidente da República, Jair Bolsonaro voltou a defender nesta sexta-feira, 26, o retorno à normalidade no País. O chefe do Executivo afirmou que medidas de restrição "estão na contramão daquilo que o povo quer".

"Aos políticos que me criticam, sugiro que façam o que eu faço. Tenho um prazer muito grande de estar no meio de vocês. Dizer a esses políticos do Executivo, o que eu mais ouvi por aqui é: 'presidente, eu quero trabalhar'. O povo não consegue ficar mais dentro de casa", disse Bolsonaro, em evento do governo sobre obras rodoviárias realizado em Tianguá, no Ceará.

E declarou: "O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem, vá para o meio do povo mesmo depois das eleições."

A fala do presidente ocorre no momento em que governos locais intensificam medidas contra a covid-19, como toque de recolher e suspensão de aulas presenciais.

No Ceará vigora até domingo, 28, decreto de toque de recolher de 22 horas até às 5 horas como parte de um conjunto de medidas para combater a disseminação do vírus. "Tenho certeza que quando deixar meu governo entregarei um Brasil, apesar da pandemia, muito, mas muito melhor, do que aquele que recebi em janeiro de 2019", acrescentou o presidente.

Em seu discurso, Bolsonaro também reforçou que Executivo e Legislativo "trabalham juntos", além de elogiar a atuação de sua equipe de ministros. "Com uma equipe competente e com ajuda do parlamento brasileiro nós vamos vencer desafios e cada vez mais proporcionar a todos dias melhores", disse.

Retomada de obras

O presidente assinou nesta sexta-feira a ordem de serviço para a retomada de três obras rodoviárias no Ceará que estavam paradas. Serão retomadas as obras na Travessia Urbana de Tianguá, localizada na BR-222; os novos traçados da rodovia Variantes na cidade de Umirim e no distrito de Frios; e ainda a conclusão do viaduto que dá acesso à cidade de Horizonte, na BR-116.

Acompanharam o evento junto do presidente os ministros, Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Onyx Lorenzoni, (Secretaria-Geral), Gilson Machado (Turismo), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), além do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), general Santos Filho. Parlamentares do Estado e o prefeito de Tianguá, Luiz Menezes de Lima (PSD), também participaram da cerimônia.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), não compareceu ao evento. Em suas redes sociais na quinta, ele disse que o risco de aglomeração em meio à pandemia o impedia de participar das agendas do presidente no Estado.

"Não estarei presente a qualquer desses eventos, diante da real possibilidade de muitas aglomerações, algo frontalmente contrário à gravíssima crise sanitária que vivemos neste momento, com o aumento preocupante de casos e óbitos. Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco", escreveu Camilo Santana.

Recorde

O País registrou na quinta-feira recorde de mortes nas últimas 24 horas, com 1.582 registros de óbitos pela covid-19, chegando ao total de 251.661, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa. Desde o começo da pandemia mais de 10,3 milhões de brasileiros já foram diagnosticados com o vírus.

Em junho do ano passado, quando Bolsonaro esteve no Ceará para realizar entregas do governo, Camilo Santana também não prestigiou a visita do mandatário por conta da pandemia. Na ocasião, o chefe do Executivo participou da inauguração do trecho da transposição do Rio São Francisco no Estado.

A agenda do presidente para esta sexta inclui ainda viagem, de tarde, para Fortaleza (CE). Na capital cearense, o presidente visitará as obras de duplicação de trecho da BR-222 e o anel viário de Fortaleza. O presidente deve retornar a Brasília nesta noite com previsão de chegada às 20h30.

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A série argentina O Eternauta acaba de chegar à Netflix e já tem conquistado os espectadores. Baseada na HQ homônima considerada uma das maiores obras da literatura argentina, ela tem uma história trágica por trás: seu criador, Héctor Oesterheld, foi morto pela ditadura na Argentina na década de 1970.

Nascido em Buenos Aires em 1919, Oesterheld é um dos principais nomes dos quadrinhos e da ficção cientifica na Argentina. Escreveu alguns romances e outras HQs, além de ter publicado em revistas de grande importância, mas O Eternauta é considerada a sua obra-prima.

A trama acompanha um grupo de sobreviventes de uma nevasca mortal que precisa lutar contra uma ameaça alienígena. Com Juan Salvo como protagonista, o quadrinho foi publicado entre 1957 e 1959 com ilustrações de Francisco Solano López, com uma versão mais politizada sendo lançada na década de 1970.

Oesterheld frequentemente dizia que o herói de O Eternauta era um "herói coletivo". No final dos anos 1960, ele também escreveu biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, importantes líderes de esquerda, em parceria com o cartunista Alberto Breccia.

Naquele período, o autor já era envolvido com os Montoneros, organização político-militar argentina de esquerda que tinha objetivo de resistir e derrubar a ditadura no país. As quatro filhas de Oesterheld, Estela, Diana, Beatriz e Marina, também estavam envolvidas com o grupo.

As Forças Armadas da Argentina, já vigiando a atividade de Oesterheld, começaram a fechar o cerco em sua família. A primeira desaparecida foi Beatriz, que tinha apenas 19 anos, em 1976. Meses depois, foi a vez de Diana, seguida de Marina, ambas grávidas na época. A última foi Estela, já no final de 1977.

Oesterheld desapareceu em abril daquele ano. Acredita-se que tenha sido fortemente torturado física e psicologicamente, sendo obrigado a ver fotos das filhas executadas, e que foi morto apenas em 1978. O seu corpo nunca foi encontrado. Das filhas, apenas Beatriz pôde ser velada.

A morte do autor e de seus familiares só foi reconhecida em 1985, com um julgamento histórico que resgatou a memória dos desaparecidos e revelou os horrores da ditadura na Argentina.

Não é surpresa que compositores como Wagner e Beethoven foram alguns dos favoritos de Hitler. No entanto, quando se escondeu no bunker no final da Segunda Guerra Mundial, o líder nazista levou consigo uma coleção de discos surpreendente, que inclui compositores e músicos russos, judeus e gays. Ele os ouviu até sua morte, em 30 de abril de 1945.

A descoberta foi publicada inicialmente na revista alemã Der Spiegel em 2007, quando Alexandra Besymenskaja, filha do general soviético Lew Besymenski, redescobriu o material. Seu pai fez parte da equipe responsável pela evacuação do bunker e, apaixonado por música, levou os discos consigo.

Mais tarde, a coleção foi estudada em detalhes por Fred Brouwers no livro Beethoven no Bunker. Entre as gravações, há Tchaikovski, que era russo e homossexual, Rachmaninov, e execuções do violinista polonês Bronislaw Huberman, de origem judaica e que se opôs ativamente ao nazismo.

Além disso, a seleção também continha gravações de jazz, operetas e outros estilos considerados "música degenerada" pelo 3º Reich. A maioria dos compositores, como Paul Abraham, foram perseguidos pelo nazismo.

Confira, abaixo, 5 composições que Hitler ouvia no bunker antes de morrer

- Adagio da "Sinfonia no. 7", de Anton Bruckner, com a Filarmônica de Berlim. Regida por Wilhelm Furtwängler, gravação de 1942.

- Sonata no. 24, em fá sustenido maior, op. 78, de Beethoven: Adagio cantabile - Allegro ma non troppo e Allegro vivace

- Concerto para Violino e Orquestra em ré maior opus 35, de Tchaikovsky, com Bronislaw Huberman (violino) e Orquestra da Ópera Estatal de Berlim

Regida por William Steinberg (1899-1978). Movimentos: Allegro moderato - Canzonetta.Andante - e Finale. Allegro vivacíssimo. Gravação de 28 de dezembro de 1928.

- Paul Abraham and his orchestra 1930: Good Night

E uma gravação moderna de um dos maiores sucessos de Abraham, "Bal in Savoy (Toujours l'amour)", com a soprano Angela Gheorghiu

O ator Robert de Niro, de 81 anos, fez uma declaração pública sobre sua relação com a filha Airyn, de 29, que recentemente se assumiu como uma mulher trans.

"Eu amava e apoiava Aaron como meu filho, e agora amo e apoio Airyn como minha filha. Não sei qual é o grande problema... Amo todos os meus filhos", disse ele em uma nota ao site Deadline na quarta, 30.

A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista de Airyn à revista Them, na qual ela falou sobre crescer sob os holofotes do vencedor do Oscar e o processo da transição de gênero.

Na ocasião, ela contou que decidiu iniciar o uso de hormônios em novembro de 2024 como parte do processo de transição. "Sempre fui muito feminina, mesmo antes de saber exatamente o que isso significava", disse.

Ela destacou que a transição também a aproximou de referências femininas negras que sempre admirou, como Laverne Cox, Marsha P. Johnson e Michaela Jaé Rodriguez. "A transição também me aproximou da minha negritude. Me sinto mais próxima dessas mulheres quando abraço essa nova identidade".

Airyn é filha de De Niro com a atriz e modelo Toukie Smith, de 72 anos. Embora nunca tenham se casado, eles mantiveram um relacionamento de quase dez anos entre as décadas de 1980 e 1990.