Ela foi vítima de violência e traduz o 'juridiquês' para defender as mulheres

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"Carnaval não é alvará para meter a mão no corpo da mulher sem consentimento." É assim que a advogada Fayda Belo começa um dos seus vídeos. A criminalista defende o direito das mulheres e diz o que pode e o que "pode não", no bordão que criou nas redes. De um jeito descontraído e didático, a especialista traduz o 'juridiquês' como se fosse uma amiga que procura abrir os olhos das mulheres.

A capixaba de 43 anos achou um caminho para se conectar com as pessoas. Quando contei em casa que ia entrevistá-la, minha mulher arregalou os olhos. "Manda um abraço e fala que ela me representa muito", pediu. Depois da conversa, ela cobrou. "Você falou que sou fã dela?".

Esse deve ser o mesmo sentimento de 2,2 milhões de seguidores da especialista em crimes de gênero, Direito Antidiscriminatório e Feminicídio. Desse total, 1,8 milhão estão no Tik Tok, rede com público majoritariamente jovem. Embora distante dos influenciadores mais populares, o número é expressivo considerando que ela fala de conceitos jurídicos e áridos, como leis e crimes.

"A população tem o anseio de ouvir sobre o seu direito, mas não compreende o que nós, juristas, falamos. Posso usar meu conhecimento técnico, com uma linguagem simples, como eu falo com minhas amigas, com uma pitadinha de deboche", diz a autora do livro Justiça para todas: o que toda mulher deve saber para garantir seus direitos.

"Imagine você ser violentada sexualmente e ainda ter de ouvir que a culpa é sua. Tá passada? Isso acontecia muito. Mas agora isso acabou. O STF declarou que é inconstitucional, ou seja, não pode mais usar o comportamento ou vida pessoal da vítima para tentar justificar um crime sexual", diz a advogada em um vídeo que recebeu quase mil comentários.

Fayda é divertida e espontânea, o que também ajuda a explicar a empatia que desperta. Depois de uma resposta mais longa, ela pergunta. "Nossa, eu falo demais, né?". E solta uma risada abençoada, daquelas que te levam junto. Isso aconteceu na conversa online de 45 minutos na última quinta-feira. Foi uma espécie de 'encaixe', daqueles que a gente implora no consultório médico, na agenda da palestrante e consultora de gênero para empresas públicas e privadas.

Fayda só esconde o sorriso quando o Estadão pergunta se ela própria já havia sido vítima de violência. "Vou resumir porque não gosto muito de relatar minha história. É bem triste. Cresci em um bairro pobre (em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo), vendo todo tipo de violência contra a mulher, inclusive já fui vítima de algumas coisas."

Diante da insistência na pergunta, ela se ajeita na cadeira e olha para o alto. "Já fui vítima de violência quando criança, jovem e mulher. Mas eu nunca abri isso para o grande público", desconversa.

Esse sofrimento foi o empurrão para buscar justiça. Depois de ter sido empregada doméstica, babá, lavadeira, vendedora de planos funerários e também de automóveis, ela conseguiu uma bolsa do Prouni para o curso de Direito com que sonhava desde os 8 anos. Chegou a ganhar R$ 300 por mês como estagiária na Defensoria Pública.

"O que eu faço é para que não aconteçam com outras mulheres o que houve com minha mãe e comigo. Para que a gente tenha um País que escute as mulheres e proteja as meninas de abusadores, agressores e homicidas".

Advogada conta que recebe mais de 100 pedidos diários de ajuda jurídica

A atuação vai além dos vídeos de letramento jurídico. Ela conta que recebe diariamente cerca de cem pedidos de ajuda; uma parte dos atendimentos é gratuita, para pessoas de baixa renda. A taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo, com 4,8 assassinatos para cada 100 mil mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O dia 8 de março não é uma data apenas para se lembrar da mulher como um corpo que sofre, mas para refletir porque o debate ainda paira sobre a violência e como avançar".

Atualmente, Fayda Belo participa de mesas relevantes, como o comitê permanente do Fórum Nacional de Enfrentamento a Violência Contra a Mulher (Fonavim) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a diretoria nacional da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica. Ela também é idealizadora do Justiça Para Todas Summit, primeiro evento a debater o combate à violência contra a mulher no mercado de trabalho.

Os troféus começam a brigar por espaço na estante. Entre outras distinções, Fayda conquistou o "Best Sister In Law 2023" como melhor advogada do Brasil em Direito Antidiscriminatório.

A luta antirracista é um recorte importante em sua cruzada. De acordo com o IBGE, as mulheres negras são mais afetadas pela desigualdade social no Brasil. No recorte de renda, elas estão mais empregadas em funções com remuneração mais baixa e associadas à informalidade; na área social, são suscetíveis à violência física, sexual e psicológica.

"Não existe recorte racial na mesa que pauta o direito das mulheres. Como toda mulher, ela sofre a opressão relativa ao gênero, mas ela sofre o racismo. Ela é duplamente vulnerável", diz a vencedora do prêmio "Sim À Igualdade Racial 2024", na categoria Influência e Representatividade Digital.

Fayda é hiperativa - segundo suas próprias palavras - e capricorniana, o que explica um pouco da energia nas telas. Mas seus vídeos não têm dancinhas. "Eu sento na minha mesa e falo sobre Direito. É como se estivesse falando com uma amiga."

Ah, e sobre o pedido da minha mulher, Fayda respondeu que esse tipo de carinho deixa o "coração quentinho". "É o motor para eu continuar, não recuar. Eu me se sinto abrindo portas." Mas, a fama ainda é algo que ela acha estranho. "Fico sem jeito quando a aeromoça comemora que estou no voo..."

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O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro Ainda Estou Aqui, divulgou uma imagem curiosa em suas redes sociais neste domingo, 9.

Em seu X, o filho de Rubens e Eunice Paiva compartilhou a capa de um DVD pirata do filme de Walter Salles.

O longa, que faturou o Oscar de Melhor Filme Internacional, foi baseado na obra escrita por Marcelo.

Na imagem, a capa amassada de um disco falso apresenta o filme Ainda to Aqui. Além do cartaz do filme, também é possível ler uma garantia de qualidade técnica: "Imagem e som filé".

"Filé?", questionou o escritor brasileiro em seu perfil no X. Os seguidores do autor, então, explicaram que o termo era uma gíria que significava algo de boa qualidade.

"Filé é sinônimo de coisa boa, arretada, extraordinária em boa parte do Nordeste, amigo", escreveu o jornalista e escritor Xico Sá.

"Sinônimo de pirataria de boa qualidade, ou seja, o camarada não gravou a tela do cinema com o celular, provavelmente, ele baixou o MP4 em alta resolução e disponibilizou por um preço mais acessível", escreveu outro usuário.

A atriz Ingrid Guimarães relatou ter sido coagida e ameaçada por funcionários da American Airlines durante um voo de Nova York para o Rio de Janeiro, no último sábado, 8. Em publicações no Instagram e no X (antigo Twitter) a artista classificou a situação como "absurda" e "abusiva", detalhando o constrangimento que sofreu a bordo.

Segundo Ingrid, a confusão começou quando foi pressionada a ceder seu assento na classe premium economy para um passageiro da classe executiva que enfrentava problemas com a poltrona. Ao recusar a mudança, a atriz afirmou que começou a ser intimidada por funcionários da companhia.

"Foram aparecendo três pessoas, todas me ameaçando e dizendo que o voo não ia sair, que todo mundo ia ter que descer por minha causa", relatou. De acordo com Ingrid, uma das funcionárias chegou a anunciar no microfone que o desembarque de todos os passageiros aconteceria por conta de uma única passageira, apontando diretamente para ela.

A atriz também contou que sua família tentou intervir, mas foi repreendida por uma funcionária. "Eu fiquei constrangida porque alguns brasileiros que não sabiam da situação começaram a gritar comigo. E é claro que, diante desse constrangimento público, acabei indo para a classe econômica", desabafou. Como compensação, recebeu apenas um voucher sem explicações.

A denúncia gerou grande repercussão entre os seguidores de Ingrid, que declarou que tomará medidas jurídicas contra a companhia aérea. O Estadão entrou em contato com a assessoria da American Airlines Brasil e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

Luciano Huck e Angélica homenagearam o filho Joaquim com postagens feitas nas redes sociais no último sábado, 8, quando ele completou 20 anos.

A mãe escreveu, junto de fotos com Joaquim: "Hoje, meu coração transborda de amor, orgulho e admiração por você. Vinte anos… como o tempo passou depressa!".

"Ainda 'ontem' você era tão pequeno, frágil, cheio de curiosidade pelo mundo. E agora, vejo diante de mim um homem incrível, forte, íntegro e pronto para seguir sua própria jornada. Você sempre esteve além da sua idade. Desde pequeno, carregou uma responsabilidade admirável, uma honestidade inabalável e um coração gigante, capaz de acolher e cativar todos ao seu redor. Seu carisma deixa tudo mais leve, mais bonito, mais cheio de vida. Quanto orgulho da sua essência, meu filho! Te amo e te admiro demais! Que essa nova década traga ainda mais conquistas, aprendizados e momentos inesquecíveis. Seja feliz, meu filho! Estarei sempre aqui, torcendo, vibrando e te amando incondicionalmente", finalizou.

Confira aqui

Huck também dedicou um espaço nas redes sociais para o aniversário do filho.

"Há exatos 20 anos, no dia 8 de março de 2005, em pleno Dia Internacional da Mulher e no aniversário de Hebe Camargo, ele chegou em nossas vidas: Joaquim.

Com seus cabelos espetados, veio para transformar nosso mundo. Joaquim foi o primeiro passo para o salto mais importante da minha vida: nossa família.

Nosso primogênito nasceu sob os holofotes - sua chegada foi um evento. Teve uma infância muito diferente da nossa, cercada de privilégios, passando de camarim em camarim, vivendo os bastidores da TV como poucos. Uma receita que poderia ter desandado.

Mas não. Muito pelo contrário. Joaquim se tornou um homem curioso, interessado e interessante, fiel aos seus valores, inteligente, pronto para qualquer conversa e sempre com uma pitada de humor afiado - uma companhia deliciosa.

Parabéns, meu filho! Que você siga sendo esse cara incrível. Te amo. Amor maior que eu."

Confira aqui

Além de Joaquim, Luciano e Angélica são pais de Benício, de 16 anos, e de Eva, de 12.