Dançando com o Corpo

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Grupo Corpo chega a 2021 com ações que buscam sintonia com o momento que o País atravessa. A primeira delas é o projeto Grupo Corpo que convida todo mundo para dançar, uma reedição das aulas de dança para profissionais de saúde, realizadas em 2020, agora expandidas para o público em geral, que acontecerão online todas as sextas-feiras de março, às 19h. Além disso, já está em composição a nova coreografia, em parceria com o Palavra Cantada, com estreia prevista para o segundo semestre.

Ainda no início de 2020, com a crise sanitária, dois movimentos aconteceram: campanhas de valorização dos profissionais de saúde e, na arte, a necessidade de artistas e companhias se reinventarem diante das medidas restritivas. Somando as duas frentes, o Grupo Corpo lançou o projeto Grupo Corpo de Plantão, em que oferecia aulas de dança para profissionais da linha de frente da covid-19. "A gente quebrou a cabeça para pensar em como criar algo em sintonia com o que estava acontecendo. E, claro, veio como primeiro ponto a necessidade de reconhecimento do trabalho de profissionais da saúde. Por que, então, não tentar oferecer um pouco de alívio, alegria e descontração, através de aulas de dança inspiradas em obras do Corpo? E foi muito bacana! O resultado foi além de todas as nossas expectativas", é o que conta Claudia Ribeiro, diretora de programação da companhia mineira.

As aulas alcançaram, em tempo real, um público de 7 mil a 8 mil pessoas, número que chegava a dobrar com as visualizações dos vídeos, que ficavam disponíveis ao longo de uma semana. Chamou a atenção do grupo também as mensagens recebidas de diferentes cantos do País, com relatos de médicos e técnicos de enfermagem, que viram diferença no seu cotidiano de exaustão psicológica, física e emocional.

Diante do sucesso, uma nova demanda surgiu: "Nós começamos a receber pedidos de outras categorias. Pessoas dizendo: olha, eu não sou profissional de saúde, mas sou professor, estou exausto e estressado.

Por isso, resolvemos transformar em um projeto maior e convidar todo mundo a dançar com o Corpo", explica Claudia sobre o novo projeto. As aulas, estruturadas pela diretora de ensaio Carmen Purri (Macau), serão inspiradas em obras emblemáticas do Grupo, como Parabelo (1997), Benguelê (1998), Onqotô (2005), e uma das mais recentes, Suíte Branca (2015). Em comum, as trilhas trazem compositores brasileiros: Tom Zé e José Miguel Wisnik, João Bosco, Caetano Veloso e Samuel Rosa, respectivamente. "Além das brasilidades, um critério de escolha das obras foi a condição de adaptar os passos e a contagem da trilha de um modo acessível para aqueles que têm pouca familiaridade com dança, para ser leve e gostoso", conta Macau.

O projeto não é a única novidade do Grupo Corpo para 2021. Rodrigo Pederneiras enfrenta agora um dos maiores desafios de sua carreira, na missão de coreografar com medidas restritivas. "Estou coreografando solos, duos e, no máximo, trios, com distanciamento social. Todo mundo trabalhando de máscara, a dificuldade de dançar e respirar, álcool para todo lado. E estou sendo incrivelmente ajudado pelos bailarinos, que, depois de tanto tempo parados, voltaram ao trabalho com muito entusiasmo", revela.

A nova obra, que ainda não tem nome, vem em parceria com o Palavra Cantada, a dupla formada por Paulo Tatit e Sandra Peres, que, desde 1994, compõe músicas infantis. Mas a ideia não é um espetáculo infantil. As letras, que remetem à infância, não estarão presentes na trilha, composta por pequenos fragmentos apenas instrumentais. "Você vê que essas músicas feitas para crianças são muito diversificadas e com uma qualidade fenomenal. As palavras, claro, grudam na música, mas é impressionante como ela se transforma sem a letra. Há uma musicalidade muito complexa que também é direcionada para adultos", conta o diretor, Paulo Pederneiras.

Outro ponto é que a coreografia pode ter uma estreia presencial ou online: "Como as músicas são curtas, o trabalho fica adaptável no online. Ao mesmo tempo, a gente começa a vislumbrar um espetáculo mesmo em cena, porque o todo está ficando muito interessante", conta Paulo, que revela a preferência pelo paulistano Teatro Alfa, para esta estreia, como o Grupo tem feito há décadas, mas também cogita dançar em Belo Horizonte, dependendo da crise sanitária. A volta, no entanto, está condicionada à vacinação: "Os protocolos, agora, não são suficientes. A nossa ideia é dançar mediante a vacina mesmo. Hoje, eu não vejo outra solução", complementa o diretor.

O ano de 2021 teve um primeiro bimestre trágico, com recorde na média de mortes por covid-19, e é diante disso que o Grupo Corpo anuncia os próximos passos. E por que falar em morte? Porque, de acordo com Paulo Pederneiras, diante do luto de mais de 250 mil brasileiros: "a companhia busca um aceno à vida, com movimento e alguma leveza, na medida do possível".

Inscrições no site: www.grupocorpoplay.com.br/workshop

Aulas pelo YouTube: www.youtube.com/grupocorpooficial

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A série argentina O Eternauta acaba de chegar à Netflix e já tem conquistado os espectadores. Baseada na HQ homônima considerada uma das maiores obras da literatura argentina, ela tem uma história trágica por trás: seu criador, Héctor Oesterheld, foi morto pela ditadura na Argentina na década de 1970.

Nascido em Buenos Aires em 1919, Oesterheld é um dos principais nomes dos quadrinhos e da ficção cientifica na Argentina. Escreveu alguns romances e outras HQs, além de ter publicado em revistas de grande importância, mas O Eternauta é considerada a sua obra-prima.

A trama acompanha um grupo de sobreviventes de uma nevasca mortal que precisa lutar contra uma ameaça alienígena. Com Juan Salvo como protagonista, o quadrinho foi publicado entre 1957 e 1959 com ilustrações de Francisco Solano López, com uma versão mais politizada sendo lançada na década de 1970.

Oesterheld frequentemente dizia que o herói de O Eternauta era um "herói coletivo". No final dos anos 1960, ele também escreveu biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, importantes líderes de esquerda, em parceria com o cartunista Alberto Breccia.

Naquele período, o autor já era envolvido com os Montoneros, organização político-militar argentina de esquerda que tinha objetivo de resistir e derrubar a ditadura no país. As quatro filhas de Oesterheld, Estela, Diana, Beatriz e Marina, também estavam envolvidas com o grupo.

As Forças Armadas da Argentina, já vigiando a atividade de Oesterheld, começaram a fechar o cerco em sua família. A primeira desaparecida foi Beatriz, que tinha apenas 19 anos, em 1976. Meses depois, foi a vez de Diana, seguida de Marina, ambas grávidas na época. A última foi Estela, já no final de 1977.

Oesterheld desapareceu em abril daquele ano. Acredita-se que tenha sido fortemente torturado física e psicologicamente, sendo obrigado a ver fotos das filhas executadas, e que foi morto apenas em 1978. O seu corpo nunca foi encontrado. Das filhas, apenas Beatriz pôde ser velada.

A morte do autor e de seus familiares só foi reconhecida em 1985, com um julgamento histórico que resgatou a memória dos desaparecidos e revelou os horrores da ditadura na Argentina.

Não é surpresa que compositores como Wagner e Beethoven foram alguns dos favoritos de Hitler. No entanto, quando se escondeu no bunker no final da Segunda Guerra Mundial, o líder nazista levou consigo uma coleção de discos surpreendente, que inclui compositores e músicos russos, judeus e gays. Ele os ouviu até sua morte, em 30 de abril de 1945.

A descoberta foi publicada inicialmente na revista alemã Der Spiegel em 2007, quando Alexandra Besymenskaja, filha do general soviético Lew Besymenski, redescobriu o material. Seu pai fez parte da equipe responsável pela evacuação do bunker e, apaixonado por música, levou os discos consigo.

Mais tarde, a coleção foi estudada em detalhes por Fred Brouwers no livro Beethoven no Bunker. Entre as gravações, há Tchaikovski, que era russo e homossexual, Rachmaninov, e execuções do violinista polonês Bronislaw Huberman, de origem judaica e que se opôs ativamente ao nazismo.

Além disso, a seleção também continha gravações de jazz, operetas e outros estilos considerados "música degenerada" pelo 3º Reich. A maioria dos compositores, como Paul Abraham, foram perseguidos pelo nazismo.

Confira, abaixo, 5 composições que Hitler ouvia no bunker antes de morrer

- Adagio da "Sinfonia no. 7", de Anton Bruckner, com a Filarmônica de Berlim. Regida por Wilhelm Furtwängler, gravação de 1942.

- Sonata no. 24, em fá sustenido maior, op. 78, de Beethoven: Adagio cantabile - Allegro ma non troppo e Allegro vivace

- Concerto para Violino e Orquestra em ré maior opus 35, de Tchaikovsky, com Bronislaw Huberman (violino) e Orquestra da Ópera Estatal de Berlim

Regida por William Steinberg (1899-1978). Movimentos: Allegro moderato - Canzonetta.Andante - e Finale. Allegro vivacíssimo. Gravação de 28 de dezembro de 1928.

- Paul Abraham and his orchestra 1930: Good Night

E uma gravação moderna de um dos maiores sucessos de Abraham, "Bal in Savoy (Toujours l'amour)", com a soprano Angela Gheorghiu

O ator Robert de Niro, de 81 anos, fez uma declaração pública sobre sua relação com a filha Airyn, de 29, que recentemente se assumiu como uma mulher trans.

"Eu amava e apoiava Aaron como meu filho, e agora amo e apoio Airyn como minha filha. Não sei qual é o grande problema... Amo todos os meus filhos", disse ele em uma nota ao site Deadline na quarta, 30.

A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista de Airyn à revista Them, na qual ela falou sobre crescer sob os holofotes do vencedor do Oscar e o processo da transição de gênero.

Na ocasião, ela contou que decidiu iniciar o uso de hormônios em novembro de 2024 como parte do processo de transição. "Sempre fui muito feminina, mesmo antes de saber exatamente o que isso significava", disse.

Ela destacou que a transição também a aproximou de referências femininas negras que sempre admirou, como Laverne Cox, Marsha P. Johnson e Michaela Jaé Rodriguez. "A transição também me aproximou da minha negritude. Me sinto mais próxima dessas mulheres quando abraço essa nova identidade".

Airyn é filha de De Niro com a atriz e modelo Toukie Smith, de 72 anos. Embora nunca tenham se casado, eles mantiveram um relacionamento de quase dez anos entre as décadas de 1980 e 1990.