Protesto na Favela do Moinho afeta circulação de trens e Expresso Aeroporto

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Um protesto realizado na tarde desta segunda-feira, 12, por moradores da Favela do Moinho, a última comunidade ainda de pé no centro de São Paulo, afetou a circulação de ao menos três linhas de trem com operação na capital paulista.

As linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 8-Diamante tiveram a operação interrompida por volta das 16h. O trajeto do Expresso Aeroporto também foi impactado. Os serviços teriam voltado à normalidade somente por volta das 17h30.

No começo da tarde, o governo de São Paulo começou a demolição das primeiras casas de famílias que foram retiradas da comunidade, em meio a um plano da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) de transformar o espaço em um parque.

Contrários à medida, moradores colocaram barricadas em cima de trilhos que ficam logo ao lado da favela, cravada há cerca de três décadas sob o viaduto que interliga as avenidas Rudge e Rio Branco, perto da Estação Júlio Prestes.

A gestão estadual afirma que está oferecendo alternativas variadas de moradia para que as mais de 800 famílias que vivem na favela saiam dali voluntariamente, com oferta de auxílio-moradia enquanto os imóveis não ficam prontos.

Muitos afirmam, porém, que as propostas oferecidas têm sido insuficientes, sobretudo para famílias que querem ficar no centro - há gerações que cresceram na favela. Como mostrou o Estadão, alguns moradores relatam que têm aceitado as propostas por medo de ficar sem nada.

A CPTM informou que, por volta das 16h10 desta segunda, a circulação dos trens do serviço 710 foi interrompida entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz, devido ao protesto na linha férrea nas proximidades do Moinho.

"As composições da Linha 7-Rubi estão circulando entre as estações Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda, já os trens da Linha 10-Turquesa circulam entre as estações Rio Grande da Serra e Luz", afirmou, em nota.

A CPTM sugeriu, como alternativa, que os passageiros optassem pelas Linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô, que passam pelas estações. Disse ainda que, também afetados, os trens do serviço Expresso Aeroporto estavam partindo da Estação da Luz (em vez da Estação Palmeiras-Barra Funda).

Já a ViaMobilidade afirmou, por volta das 17h, que a circulação de trens estava interrompida entre as estações Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, na Linha 8-Diamante. Os passageiros, afirmou a concessionária, estavam sendo orientados sobre possíveis alternativas por avisos sonoros.

"Equipes da concessionária acompanham a situação em tempo real, em articulação com as autoridades competentes, e trabalham para restabelecer a operação no menor prazo possível", disse a concessionária. "A ViaMobilidade reforça seu compromisso com a segurança dos passageiros e a continuidade dos serviços."

Seis casas foram demolidas no primeiro dia

Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, os trabalhos desta segunda tiveram início por seis casas que representam risco pela estrutura precária, já lacradas pela Prefeitura. A ação, que durou aproximadamente das 14h às 16h, foi realizada conjuntamente pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), pela Subprefeitura da Sé e pela Defesa Civil.

A secretaria acrescenta que foram realizadas, até aqui, mudanças de 168 famílias que moravam na Favela do Moinho. Os trabalhos tiveram início no dia 22 de abril. "Ao todo, 752 famílias já aderiram ao reassentamento (88% do total), sendo que 599 estão habilitadas, ou seja, já estão aptas a assinar contratos e receber as chaves assim que as unidades estiverem prontas", diz a pasta.

"Até agora, 548 já escolheram o imóvel de destino para atendimento final ou sinalizaram a opção por Carta de Crédito Individual para buscar uma casa no mercado, mesmo número que já iniciou o processo para recebimento de auxílio moradia", acrescenta. A previsão é que os trabalhos continuem nos próximos dias para realizar as mudanças agendadas com novas famílias.

O governo Tarcísio de Freitas planeja transformar a comunidade em um parque, além de criar "um polo de desenvolvimento urbano potencializado para a implantação da Estação Bom Retiro". A área, porém, pertence à União. Para conseguir viabilizar o projeto, é preciso que o governo federal aceite ceder o terreno ao Estado, em processo pleiteado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH).

Questionada pela reportagem sobre a demolição das primeiras casas, a pasta ainda não se manifestou.

Em outra categoria

Por volta de 21h15, a curadora Ana Lima Cecilio chamou Gregório Duvivier para comandar a mesa 13 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta sexta-feira, 1º, descrevendo-a como uma "insistência na alegria".

Ator, escritor e roteirista, Gregório é um dos fundadores da plataforma de humor Porta dos Fundos. Também ficou conhecido pelo programa de opinião e humor Greg News, da HBO, que ficou no ar por sete temporadas.

Sentado e com apoio de um projetor, o artista carioca leu um longo monólogo no auditório da matriz, que durou cerca de uma hora, intitulado Palavras: Vida e Obra. A exibição compilou material descartado de sua mais recente peça, O Céu da Língua.

Duvivier brincou com os significados e as entonações de inúmeras palavras e expressões da língua portuguesa, arrancando risadas da plateia com piadas e trocadilhos, enquanto projetava desenhos e grafias.

Certa hora, ao valorizar a força dos homens calvos, ele disse: "Se colocasse uma peruca na cabeça do Alexandre de Moraes, talvez o Brasil não fosse mais uma democracia", falou, despertando risos e aplausos.

Gregório é autor de livros como Caviar é Uma Ova (Companhia das Letras, 2016), Sísifo: Ensaio sobre a Repetição em Sessenta Saltos (Cobogó, 2020) e Sonetos de Amor e Sacanagem (Companhia das Letras, 2021).

Entre os principais destaques da Flip 2025 estão a jornalista e escritora espanhola Rosa Montero, autora de O Perigo de Estar Lúcida, entre outros sucessos de público, a sueca Liv Strömquist, um dos grandes nomes dos quadrinhos na atualidade, a escritora argentina María Negroni, autora da autoficção A Arte do Erro, e o italiano Sandro Veronesi, mais conhecido por O Colibri.

O mais novo filme da franquia Homem-Aranha, intitulado Homem-Aranha: Um Novo Dia, ganhou um teaser nesta sexta-feira, 1º, data em que se também celebra o Dia do Homem-Aranha. O vídeo, com cerca de 10 segundos, revela detalhes do novo uniforme do herói. Veja abaixo:

Anunciado em 2023, o quarto filme da saga conta com o retorno de Tom Holland e Zendaya aos papéis principais. A atriz Sadie Sink (Stranger Things) também foi confirmada no elenco da nova produção, cujas gravações devem se iniciar em breve.

Até o momento, os detalhes da trama seguem em sigilo, mas a história deve se concentrar no núcleo urbano de Nova York, cidade natal do herói. As filmagens já estão em andamento em Glasgow, na Escócia, que foi ambientada para representar o cenário nova-iorquino.

O longa está sendo produzido por Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, e Amy Pascal, ex-chefe da Sony Pictures. Homem-Aranha 4 tem estreia prevista para 31 de julho de 2026.

A vida é feita de coincidências, algumas bonitas e tristes ao mesmo tempo. Quando veio à Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em 2011, o português Valter Hugo Mãe lançava o livro O Filho de Mil Homens, muito inspirado pela sua relação com seu sobrinho, Eduardo. Em 2025, ele retorna à festa para divulgar a adaptação cinematográfica do livro em meio ao luto pelo garoto, que morreu vítima de câncer aos 16 anos.

Esse foi um dos temas da mesa com a participação do escritor, que ocorreu no início da tarde desta sexta, 1º. A morte do sobrinho, muito próxima à morte de uma amiga muito querida de Hugo Mãe, Isabel, foi catalisadora para a escrita de Educação da Tristeza, livro que ele está lançando agora no Brasil, pela Biblioteca Azul, que publica sua obra no País.

Mas, mesmo falando de luto, o escritor se recusou a deixar a conversa ser triste. Foi ovacionado em sua entrada, com direito a aplausos e assobios. Logo na primeira pergunta, que falava sobre o luto, mudou o tom, brincou sobre sua aparência na tela, fez piadas, atraiu risadas e, depois, justificou: "Não estou interessado em transformar meu patrimônio, minhas memórias, em uma coisa triste."

Hugo Mãe explicou que seu mecanismo é sempre tentar contar essas histórias de forma leve. E mesmo quando tudo estava desabando - quando a amiga morreu, o sobrinho já sabia que seu estado era terminal e a mãe, que ele cuida, sofria com toda a situação -, o escritor se segurava e guardava o choro para quando estava sozinho.

O Filho de Mil Homens

Ele lembrou sobre a inspiração para O Filho de Mil Homens. Tinha medo de ter filhos, achava que não era pra ele. Quando começou a cuidar de Eduardo, que ficava com ele todas as segundas-feiras quando era criança, tudo mudou. "Entendi que tinha sonhado tudo errado. Sempre sonhei com coisas tolas", disse.

Na trama, está Crisóstomo, um pescador solitário que, aos 40 anos, decide mudar seu destino e encontrar companhia. Sua vida muda quando ele encontra Camilo, um menino órfão que Crisóstomo decide acolher para satisfazer seu sonho de ter um filho.

O filme será lançada pela Netflix ainda este ano, com direção de Daniel Rezende e estrelado por Rodrigo Santoro. Hugo Mãe diz que não quis se envolver muito diretamente na produção. "Tinha medo de criar algum ruído", disse. Mas está satisfeito com o resultado do longa, tanto que disse, naquele tom entre a brincadeira e a verdadeira, que tem medo do livro cair no esquecimento.

Isso não deve acontecer, especialmente no Brasil, onde o livro foi tão bem recebido. "A maneira como os leitores brasileiros reagiram ao livro foi muito espantosa. Teve uma dimensão descomunal", lembrou Hugo Mãe. O escritor disse ainda que, quando está triste, recorre a essas memórias, de pessoas que o contaram como o livro mudou a vida delas.

Quando veio o anúncio de que a mesa estava chegando ao fim, a plateia lamentou. Hugo Mãe foi aplaudido de pé, comprovando o status de fenômeno que ganhou desde sua última participação na Flip.