SpaceX se prepara para novo voo da Starship após falhas; lançamento será na terça-feira

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A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) autorizou na semana passada o retorno do foguete Starship, da SpaceX, aos testes de voo. A liberação ocorre após dois fracassos consecutivos da nave neste ano e prevê que o nono lançamento experimental seja realizado já na terça-feira, 27, no Texas. A agência determinou uma série de ajustes e ampliou significativamente a zona de exclusão aérea, que agora atinge parte do Caribe.

A transmissão ao vivo do lançamento está prevista para começar 30 minutos antes da decolagem, nas contas da SpaceX no X (antigo Twitter). A janela de lançamento se abre às 20h30 no horário de Brasília.

Com 122 metros de altura, o Starship é considerado o foguete mais poderoso do mundo e peça central nos planos da SpaceX de tornar o transporte espacial mais acessível e reutilizável. Mas os dois últimos testes, realizados em janeiro e março, terminaram em explosões que dispersaram destroços em regiões habitadas, especialmente nas Ilhas Turks e Caicos e nas Bahamas, o que levou à abertura de uma nova investigação regulatória.

A FAA afirmou que a SpaceX passou a atender aos requisitos técnicos e ambientais exigidos para a retomada dos voos, mas alertou que o risco envolvido permanece elevado. Como medida de precaução, a área de risco de detritos foi ampliada de 885 para aproximadamente 2.960 quilômetros, afetando também a navegação aérea em países como México, Cuba e Reino Unido, além de território americano.

Além do impacto sobre rotas aéreas, as falhas anteriores também geraram atritos diplomáticos. Em nota, a FAA informou estar em "colaboração contínua" com autoridades do Caribe, Reino Unido e América Central para monitorar o cumprimento das exigências internacionais de segurança. A SpaceX, por sua vez, se comprometeu com novas práticas de coleta de dados e inspeções mais rigorosas.

O nono teste marcará a primeira reutilização de um propulsor Super Heavy já lançado, o mesmo que foi lançado e recuperado com sucesso no sétimo voo da Starship. Segundo a SpaceX, o objetivo agora é ampliar a coleta de dados para entender o desempenho do veículo sob novas condições de voo, com foco em ângulos de ataque mais altos e trajetórias controladas de retorno.

Entre os destaques do voo está o primeiro teste da Starship com carga útil a bordo: oito simuladores de satélites Starlink, que não entrarão em órbita, mas ajudarão na análise estrutural do foguete. O estágio superior da nave também será usado para experimentar tecnologias de reentrada, incluindo placas metálicas de diferentes materiais e novos encaixes de fixação.

A expectativa inicial da SpaceX era realizar até 25 lançamentos da Starship em 2025. No entanto, com apenas dois testes concluídos até agora, ambos sem sucesso, a empresa tenta manter o cronograma ajustando hardware e melhorando o controle de trajetória. Técnicos também alteraram o sistema de ignição para girar o propulsor em uma direção pré-determinada, reduzindo o uso de propelente e ampliando o controle.

Para esse lançamento, o propulsor Super Heavy não tentará retornar ao ponto de origem, mas pousará forçadamente no Golfo da América. A decisão visa evitar danos à infraestrutura da base de lançamento. Ainda assim, os dados coletados durante o voo devem ajudar a moldar as próximas versões do foguete.

A Starship é parte fundamental dos planos da NASA para levar astronautas de volta à Lua e, futuramente, a Marte. Mas, antes disso, o veículo precisa demonstrar confiabilidade em testes não tripulados. O cronograma, segundo a SpaceX, é dinâmico e pode ser alterado de última hora por fatores técnicos ou meteorológicos.

Enquanto a Starship tenta se firmar como plataforma de voo reutilizável, a SpaceX mantém seu cronograma de lançamentos com o Falcon 9. Também na terça-feira, 27, a empresa prevê enviar 24 satélites Starlink à órbita baixa da Terra a partir da Califórnia, em uma missão independente do teste da Starship.

Outros voos

O fracasso do oitavo voo, em março, representou mais um obstáculo para o cronograma da SpaceX, que planeja usar a Starship em missões lunares a partir de 2026. O voo foi interrompido antes do previsto após uma falha no sistema de controle de atitude, responsável por manter a orientação da nave durante o trajeto. Segundo a SpaceX, o problema ocorreu cerca de 8 minutos após o lançamento, fazendo com que o foguete perdesse o controle e não concluísse sua missão de completar uma volta quase completa ao redor da Terra.

Esse não foi o primeiro teste com problemas em voo. O histórico da Starship é marcado por uma sequência de lançamentos experimentais com sucesso parcial, explosões e interrupções. O primeiro teste, realizado em abril de 2023, terminou com uma explosão poucos minutos após a decolagem. A falha foi atribuída a um vazamento no sistema de propelente que afetou a comunicação com os motores do propulsor Super Heavy. O episódio gerou danos ambientais e forçou uma paralisação das operações por meses. Após essa explosão inicial, a SpaceX precisou cumprir mais de 60 exigências da FAA para retomar os testes, incluindo mudanças estruturais e operacionais.

Alguns voos posteriores marcaram avanços técnicos. O quarto teste, por exemplo, foi considerado o mais bem-sucedido até agora, com todas as etapas sendo concluídas e o pouso da nave realizado de forma controlada. Já o quinto voo trouxe a primeira tentativa de capturar o propulsor com os braços da torre de lançamento, estrutura apelidada de Mechazilla, que simula o futuro processo de reutilização completa dos componentes do foguete.

Entretanto, a complexidade da engenharia envolvida ainda gera falhas recorrentes. No sétimo voo, a SpaceX conseguiu recuperar o booster novamente, mas perdeu o controle da nave após 8 minutos de voo, levando a mais uma explosão em pleno ar.

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A escritora mexicana Cristina Rivera Garza, vencedora do prêmio Pulitzer por O Invencível Verão de Liliana (Autêntica), falou sobre a crise na fronteira entre Estados Unidos e México durante a mesa que dividiu com a argentina María Negroni na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025, neste sábado, 2.

A autora nasceu em 1964 no município de Heroica Matamoros, que fica na divisa com o estado do Texas, e atualmente mora em Houston. "Sempre que me perguntam isso eu começo dizendo: é tão horrível quanto parece", disse, em resposta ao mediador Guilherme Freitas.

A escritora considera que o conflito na fronteira e a política contra imigração americana são frutos de um "capitalismo de ódio". Ela contou que conseguiu perceber, ao longo de quase dez anos em Houston, que celebrações mexicanas na cidade foram diminuindo por medo da repressão.

"É preciso lutar cotidianamente, com o corpo, como as feministas dizem. Para mim, trabalhar na universidade é oferecer cursos de escrita criativa e literatura é uma forma de ativismo", completou. Atualmente, ela dirige o programa de doutorado em escrita criativa da Universidade de Houston.

Escrita e memória

A mesa entre Cristina e María Negroni, que contaram que se conhecem há muitos anos, demorou a engatar e teve alguns problemas de tradução. Ainda assim, ambas puderam apresentar seus trabalhos e refletir sobre a criação da literatura a partir de memória e pesquisa.

O Coração do Dano (Poente), da escritora argentina, é uma autoficção sobre a relação complicada com a mãe, um misto de rancor e fascínio. "A escrita de um livro é sempre um mistério para o autor ou autora. Acho que o livro foi se escrevendo, um pouco baseado na perda. Não é um livro de luto, mas de alguma forma, tinha que articular algo que sempre esteve dentro de mim. Essa figura materna, de alguma forma, me configura", disse ela.

O Invencível Verão de Liliana, de Cristina, reconstitui a vida da irmã da escritora, morta em 1990, aos 21 anos, vítima de feminicídio. A mexicana comentou que já havia tentado escrever o livro anteriormente, sem sucesso, e creditou às mobilizações feministas na América Latina que, segundo ela, produziram a linguagem que ela pode usar no livro. Quando Liliana foi morta, o termo 'feminicídio' não fazia parte da esfera pública. "Foram elas que possibilitaram eu pudesse dizer: foi isso que aconteceu", afirmou.

Ela também falou sobre Autobiografia do Algodão, publicado neste ano pela Autêntica, um romance que resgata a história de seus avós na fronteira, em uma plantação de algodão. "O que me moveu foi uma busca pela identidade. Foi uma pesquisa amorosa. Um trabalho de cuidado, um acolhimento que oferecemos aos nossos mortos", disse.

Em outro momento, o mediador pediu que María falasse sobre sua relação com Clarice Lispector. A epígrafe do livro da argentina é uma frase da escritora: "Vou criar o que me aconteceu". Ela disse que Clarice, nesta frase, "faz uma espécie de fenda na distância que existe entre a palavra e o mundo."

"Minha citação da Clarice é para dizer que o que narra esse livro não é algo que ocorreu. Eu não tenho certeza de fato. Dentro do livro, a mãe desmente memórias", disse, completando: "Escrever um livro é como entrar em um poço às escuras. Tenho que acreditar que ele vai me levar para onde eu quero ir."

"Vocês são as pessoas mais carinhosas do mundo", disse, em português, a escritora Rosa Montero, assim que subiu ao palco do Auditório da Matriz na noite deste sábado, 2, na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025. Ela retribuía o amor do público, que lotou o espaço e a aplaudiu de pé.

O retorno de Rosa, hoje um dos grandes nomes da literatura espanhola, ocorre 21 anos depois de sua primeira passagem pelo evento. Em 2004, ela esteve aqui como uma escritora pouco conhecida, mas que ganhou o carinho do público com seu carisma e criatividade do livro que lançava na época: A Louca da Casa, recém reeditado pela Todavia.

Já neste ano, ela é considerada a grande estrela da festa, com outros quatro livros publicados no Brasil, todos pela mesma editora: A Boa Sorte, Nós, Mulheres, A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver e O Perigo de Estar Lúcida. Este último, que discorre sobre a relação entre loucura e criatividade, deu tom ao início da conversa com o mediador Paulo Roberto Pires.

"Os romancistas são pessoas que não amadureceram totalmente", disse Rosa, completando que pessoas que precisam ler "para aguentar a vida, como acredito que são muitos de vocês" - sinalizou para a plateia - "são pessoas que não têm o cérebro desenvolvido de maneira adequada."

"O meu cérebro está o tempo todo imaginando coisas, que não servem para nada, que eu não controlo", continuou. Essas imagens, disse ela, nascem a partir do inconsciente, de onde vem os sonhos. De repente uma dessas imagens a emociona, a enche de curiosidade. É pela necessidade de saber mais sobre essas imagens que nascem os romances de Rosa.

Após ler um trecho de A Louca da Casa, Rosa discorreu sobre sua relação com a ficção, e como se dedicar mais a ela a ajudou a parar de ter crises de pânico, com os quais ela sofreu até os 30 anos. "A loucura é uma ruptura da narrativa comum. É uma sensação de solidão que não é compreensível, não se pode explicar", disse. "Tem psiquiátricos que dizem que um romance é um delírio controlado."

A escritora, que trabalhou por anos como jornalista e segue sendo colaboradora do El País, lembrou que estudou jornalismo porque pensava que precisava de uma ocupação que não a de romancista para se sustentar. Mas disse que isso acabou sendo importante: "Uma coisa essencial é não viver de literatura criativa porque ela precisa ser o mais livre possível. É preciso achar outra maneira de ganhar a vida."

Por mais que fale da loucura e dos transtornos mentais entre os escritores, Rosa diz que renega o estereótipo do escritor sempre em sofrimento. "Detesto essa ideia de que para ser escritor precisa sofrer muito. É mentira. Não é preciso sofrer muito para nada."

Rosa também discutiu a criação de seu livro A Ridícula Ideia de Nunca Mais Te Ver, em que aborda a morte de seu marido, Pablo Lizcano, em 2009, em diálogo com o diário de luto da cientista Marie Curie, que perdeu o marido, Pierre Curie, em um acidente de carruagem.

A escritora explicou que sua relação com a literatura não é a de escrever sobre a própria vida, mas, dois anos após a morte de Pablo, quando tomou contato com os escritos de Curie, sentiu que podia falar não só do próprio luto, mas do luto de todos.

A escritora também falou sobre a própria obsessão com a morte e o envelhecimento, como sentia medo de chegar à maturidade - algo que ela abordou em entrevista ao Estadão -, e como escrever foi o antídoto, aquilo que a ajudou a não ter medo da morte. Durante a mesa, Rosa ainda lembrou do início de sua formação acadêmica, nos anos 1970, que coincidiu com a transição democrática na Espanha.

A TV Globo confirmou neste sábado, 2, mais dois participantes da edição de 2025 do Dança dos Famosos: o ator David Junior e a atriz Duda Santos.

David Junior tem 39 anos e esteve na novela das nove Mania de Você, no ar entre 2024 e 2025. Ele também foi o vencedor do The Masked Singer Brasil, outro programa da emissora.

"Eu estou muito feliz de integrar este time. Feliz com o convite, ansioso, morrendo de medo, mas sei que vou me divertir bastante", disse em postagem no perfil da TV Globo.

Duda Santos, de 24 anos, foi a protagonista do folhetim Garota do Momento, que também foi finalizada este ano. "Tô muito animada, tô muito feliz, tô muito ansiosa. Eu espero que você me passe a coroa de campeã", disse a Tati Machado, apresentadora da emissora e última campeã do programa de dança.

Quem vai participar da Dança dos Famosos 2025?

Além de David e Duda, a Globo já anunciou outros dois nomes para a edição deste ano. A cantora Wanessa Camargo foi confirmada nesta sexta-feira, 1º, como a primeira participante. Depois, a emissora divulgou a participação do influenciador Álvaro.

A edição de 20 anos do Dança dos Famosos estreia neste domingo, 3.