Sem consenso entre Estado e prefeitura, Rio deve ter feriadão de 10 dias

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Uma tensa reunião para tratar de medidas contra a pandemia no Rio de Janeiro acabou com o governador interino, Claudio Castro (PSC), separado dos prefeitos da capital, Eduardo Paes (DEM), e de Niterói, Axel Grael, no combate à covid-19. No encontro no Palácio Laranjeiras, que durou cerca de uma hora na manhã deste domingo, 21, o demista demonstrou estar muito irritado com o mandatário estadual.

Na véspera, Castro fechara com empresários proposta de feriadão de dez dias, entre 26 de março e 4 de abril, que incluía comércio, shopping centers e bares abertos. Adeptos de ações mais drásticas para estancar a contaminação, os prefeitos se sentiram "emparedados" pela ação do Palácio Guanabara.

"Sinuca de bico" foi a expressão usada por Paes, na conversa com o governador, para a situação em que considerava se encontrar, com Axel, pela mobilização do mandatário junto com o empresariado. Sentindo-se traído - já que havia conversado com Castro sobre o assunto alguns dias antes -, o costumeiramente informal prefeito do Rio chamou o governador de "excelência". Esse é um sinal de irritação de Paes. O clima foi de constrangimento. Após o encontro, foi anunciado que às 14h desta segunda, 22, os dois prefeitos, em Niterói, anunciarão medidas conjuntas.

Castro assumiu o cargo após o afastamento do titular, Wilson Witzel (PSC), acusado de corrupção e respondendo a processo por impeachment. Discreto e com apoio na Assembleia Legislativa, onde foi assessor e é querido, recebeu apoio dos Bolsonaros, principalmente do senador Flávio Bolsonaro (PSC).

O parlamentar foi deputado estadual de 2003 a 2018 e tem influência na Casa. Ele também tem procurado manter boa relação com o presidente da República, que é contrário a medidas de fechamento da economia. Oficialmente, seu discurso é de conciliação e respeito à ciência. Na prática, no sábado, o governador fechou com o empresariado, alinhado ao bolsonarismo.

Medidas duras

Após a reunião, Paes e Axel saíram sem dar entrevistas e só convocaram para esta segunda-feira, 22, a coletiva conjunta. A entrevista acontecerá após reunião dos dois prefeitos com seus respectivos comitês científicos. A expectativa é que anunciem um decreto conjunto com medidas mais duras de restrição de circulação, à revelia do governo estadual.

Castro, Paes e Axel já haviam se reunido na sexta-feira, sem consenso. O governador deve confirmar nesta segunda-feira a criação do feriadão. O período emendará a Semana Santa, antecipará os feriados de abril - Tiradentes (21) e São Jorge (23) - e criará três dias de folga.

Durante esses dez dias será mantido toque de recolher das 23h às 5h. Mas bares e restaurantes poderão ficar abertos, embora só até as 21h e com redução de 50% no número de clientes. Shoppings e centros comerciais poderão funcionar das 12h às 20h, também com redução no acesso. As escolas públicas e estaduais ficarão fechadas, bem como as praias e as áreas de lazer da orla. Será mantida a oferta de transporte público. O objetivo é para evitar aglomerações.

Especialistas costumam ser reticentes com medidas desse tipo. Alertam que, para estancar a transmissão, é essencial fechar o comércio e parar as atividades, para que as pessoas não circulem. Só assim é possível reduzir a contaminação e dar tempo às UTIs, para que possar dar lugar a novos contaminados.

Paes e Axel concordam com a criação do feriadão, mas acham que essas medidas não são suficientes para deter a pandemia na Região Metropolitana do Rio. Na manhã deste domingo, 21, antes de chegar ao Palácio Laranjeiras para a reunião, Axel escreveu numa rede social: "A caminho do Palácio Laranjeiras para reunião com o governador Claudio Castro. É muito grave a situação da pandemia. Precisamos unir a região metropolitana para salvar vidas e minimizar o impacto na economia".

Na sexta-feira, Paes afirmou em uma rede social que espera, na segunda-feira,22, "anunciar novas medidas em consonância com o governo do Estado". E completou: "Na cidade do Rio, elas virão."

A nova atitude do prefeito foi uma mudança de discurso, em relação aos primeiros dias de administração. Inicialmente, Paes resistia ao fechamento da economia, por entender que os mais pobres precisam ir às ruas para ganhar a vida. Nas últimas semanas, porém, a rápida ocupação das UTIs por pacientes por covid-19 na capital indicou que a doença se alastrava no município com velocidade maior do que antes. Com isso, o demista resolveu tomar medidas mais duras.

Na noite deste sábado, segundo a secretaria municipal de Saúde, 640 (94,25%) dos 679 leitos de UTI para pacientes de covid-19 na rede pública da capital estavam ocupados. Nas enfermarias, 558 (84,67%) das 659 vagas estavam preenchidas.

Em outra categoria

A jornalista esportiva Bárbara Coelho pediu demissão da Globo após 12 anos. A repórter comunicou a decisão em vídeo publicado em seu Instagram na manhã desta quarta-feira, 12.

"Depois de quase doze anos, eu estou deixando a TV Globo. Cheguei uma menina em 2013, apresentando o Tá na Área, passei por tudo quanto é programa da SporTV. Eu brinco que eu zerei o game por lá", explica. "Em 2018, eu comecei a apresentar o Esporte Espetacular no fim do ano, logo após a saída da Fernanda Gentil, e foram quase sete anos de programa. O programa que fazia parte da minha vida, entrava na minha casa todos os domingos, passou a ser a minha casa, e nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar que eu me tornaria a apresentadora principal de esporte desse País, na maior emissora do País (...) Fui muito realizada profissionalmente dentro da empresa (...) Vou seguir sonhando, tem muita coisa para realizar daqui para frente, sou intensa, modéstia à parte, dedicada, e estou pronta para os próximos desafios."

Capixaba nascida em Vitória, Bárbara Coelho começou a carreira em 2009, em programas locais de rádio e TV no Espírito Santo. Foi contratada em 2013 pelo SporTV e foi para a TV aberta em 2018. Desde então, cobriu Copas do Mundo, Olimpíadas e entrevistou figuras como Serena Williams, Ronaldo Fenômeno, Rayssa Leal e Rebeca Andrade.

Por enquanto, a apresentadora não revelou quais serão seus próximos passos. Segundo informações do colunista Flávio Ricco, do Portal Léo Dias, Bárbara estaria negociando desde fevereiro com a CazéTV. O Estadão entrou em contato com as partes para obter mais detalhes, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto.

O cantor e compositor jamaicano Colvin Scott, mundialmente conhecido como Cocoa Tea, morreu na manhã desta terça-feira, 11, aos 65 anos. A informação foi confirmada por sua mulher, Malvia Scott, que compartilhou os detalhes sobre a morte do artista, que ocorreu em um hospital na Flórida, nos Estados Unidos. Cocoa Tea deixa oito filhos.

Em entrevista ao Jamaica Gleaner, Malvia explicou que seu marido foi transferido para o hospital após sentir fortes náuseas. "Recebi uma ligação cedo esta manhã dizendo que ele havia sido transferido de uma unidade para outra, pois estava vomitando", revelou ela. Cocoa Tea havia sido diagnosticado com linfoma em 2019 e, nos últimos meses, estava também enfrentando um tratamento contra a pneumonia.

A mulher do cantor destacou a coragem com que ele lidou com a doença. "Ele foi positivo durante tudo isso. Há cerca de três semanas, quando ele foi internado, ele me perguntou se eu estava preocupada. Eu disse que sim, sempre estou preocupada, e ele me disse para não me preocupar, porque tudo ficaria bem. Ele sempre foi muito esperançoso", disse Malvia.

Cocoa Tea, que alcançou notoriedade com suas músicas e apoio a Barack Obama durante a campanha presidencial de 2008, foi um dos ícones do reggae. Entre seus maiores sucessos estão Rocking Dolly e I Lost My Sonia, que marcaram a paisagem cultural jamaicana.

Em uma homenagem póstuma, o primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, se manifestou nas redes sociais, lembrando a contribuição do cantor à música e sua generosidade.

"Seus vocais suaves e letras envolventes nos deram clássicos atemporais, que se tornaram hinos em nossa cultura. Além de seu gênio musical, Cocoa Tea era um exemplo de gentileza e generosidade", escreveu Holness.

O recital Uma Academia Toda Prosa, apresentado por Fernanda Montenegro na Academia Brasileira de Letras (ABL) na tarde desta terça-feira, 11, no Rio de Janeiro, foi marcado por tumulto e insatisfação do público. A organização distribuiu um número de ingressos maior do que a capacidade do teatro, deixando dezenas de espectadores do lado de fora. A situação gerou bate-boca e indignação entre os presentes, e internautas relataram que tiveram que assistir à apresentação por um telão montado no local.

Recital abriu programação do Ano Acadêmico

A apresentação de Fernanda Montenegro foi responsável por inaugurar a programação do Ano Acadêmico da ABL. No recital, a atriz interpretou trechos de obras de importantes nomes da literatura brasileira, como Machado de Assis, João Guimarães Rosa e Rachel de Queiroz. Além disso, recitou textos de escritores que atualmente integram a Academia, como Ailton Krenak, Ana Maria Machado, Paulo Coelho e Ruy Castro.

O evento aconteceu no Teatro R. Magalhães Jr., dentro da sede da ABL.

ABL se manifesta e pede desculpas

Diante das críticas e do tumulto, a ABL divulgou uma nota oficial reconhecendo o erro na distribuição dos ingressos e lamentando os transtornos.

"A Academia Brasileira de Letras lamenta os transtornos ocorridos durante o período de inscrição para o recital da imortal Fernanda Montenegro e pede sinceras desculpas às dezenas de pessoas que não conseguiram acessar o evento presencialmente, precisando acompanhá-lo pelo telão disponibilizado", diz o comunicado.

A entidade explicou que problemas técnicos em seu sistema resultaram na liberação de inscrições acima da capacidade do auditório. Segundo a nota, a ABL já está adotando medidas para corrigir essa falha e evitar novas ocorrências em eventos futuros.

Para ler o comunicado oficial da ABL, basta clicar aqui.