PF prende contador do tráfico de cocaína para a Europa que movimentou R$ 313 milhões

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A Polícia Federal prendeu nesta terça, 14, o contador Rodrigo de Paula Morgado, apontado como doleiro que lavava fortunas do tráfico de cocaína enviada para a Europa a bordo de veleiros. Morgado é o principal alvo da Operação Narco Bet que prendeu também o influencer Bruno Alexssander Souza Silva, vulgo 'Buzeira' ou 'Hermano', que figura como um dos maiores destinatários de recursos provenientes do esquema de Morgado e ligação com o PCC.

O Estadão busca contato com as defesas do contador e do influencer. O espaço está aberto.

A Narco Bet é desdobramento da Operação Narco Vela que, em abril passado, prendeu 27 investigados por ligação com a remessa de toneladas da droga também para a África.

O contador, formalmente estabelecido na cidade de Santos, no litoral paulista, entrou na mira da Polícia Federal após alerta do DEA (Drug Enforcement Agency, núcleo anti-drogas dos EUA) sobre uma partida de três toneladas no veleiro Lobo IV interceptado em fevereiro de 2023 pela Marinha americana próximo ao continente africano. A embarcação é do contador, segundo a PF.

O esquema supostamente liderado por Morgado movimentou R$ 313 milhões do tráfico, segundo a PF.

A Narco Bet tem cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt - BKA), responsável pela prisão de um dos investigados em território alemão.

As investigações revelam que o grupo criminoso utilizava 'técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais, voltadas à ocultação da origem ilícita dos valores e à dissimulação patrimonial'.

Segundo a PF, parte dos valores movimentados teria sido direcionada para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas eletrônicas, as bets.

Estão sendo cumpridas onze ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas.

A Justiça Federal decretou o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões, 'visando à descapitalização da organização criminosa e à reparação de danos decorrentes das atividades ilícitas'.

Casas de apostas

Os autos da Operação Narco Bet indicam que a investigação mergulhou no esquema de lavagem da organização criminosa e rastreou os passos de Morgado via transações de grande valor. O contador, segundo a PF, 'participa de esquema de lavagem de capitais, concretizado por intermédio de empresas de fachada, casas de apostas e holdings familiares'.

A investigação mostra que a Secretaria de Finanças e Gestão do Município de Santos informou que Morgado 'tem promovido a abertura de diversas empresas com sócios oriundos de outras unidades da Federação, na maioria jovens residentes em comunidades de difícil localização e sem adequada comprovação de endereço'.

Essas empresas foram formalizadas com sede e em endereço da empresa de coworking em que o contador figura como único sócio, e possuem registros de atividades similares entre si, 'sendo verificados indícios de fraudes documentais concretizadas, ao que parece, pela empresa de contabilidade desse investigado, e sob sua inteira responsabilidade'.

Na 'nuvem'

A análise de dados recuperados na 'nuvem' do aparelho celular do contador - apreendido no bojo da Operação Narco Vela - e da conta icloud Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. revelou que ele atuou como contador das empresas Saito Construtora Ltda. e Caetano da Silva Construtora Eireli, ambas envolvidas na aquisição do veleiro Lobo IV, apreendido com mais de três toneladas de cocaína.

O inquérito da PF registra 'a prática de fraudes em larga escala, o envolvimento (de Morgado) com o tráfico internacional de entorpecentes objeto de investigações, corrupção de policiais e de servidores do Poder Judiciário, manipulação de provas e intimidação de subordinados'.

"Atua em esquema de golpe pela internet, e é investigado em ação de tráfico de entorpecentes onde também figura pessoa conhecida como 'Pen-Drive' 7", diz relatório da PF.

Morgado já é investigado em inquérito que apura tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, 'atua como doleiro, bem como na falsificação de documentos, no uso de documentos falsos, e na lavagem de capitais e ocultação de patrimônio próprio e de terceiros'.

A quebra de sigilos fiscal e bancário e diligências resultaram na 'obtenção de elementos probatórios que, somados com as provas obtidas no Inquérito original, sinalizaram a prática de tráfico internacional de entorpecentes, e a ligação dos representados em atos necessários para o branqueamento do lucro apurado com essa prática ilícita'.

Segundo a PF, os alvos da Operação Narco Bets se valem de operações financeiras e transações patrimoniais atípicas para lavagem de capitais relacionados a lucros provenientes do tráfico transnacional de drogas.

'Buzeira Digital'

O inquérito destaca que 'Buzeira' é citado também na investigação sobre desvio de recursos do Corinthians, 'onde foram apurados indícios de possível lavagem de dinheiro, existindo informações de possuir ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital-PCC.

O influencer é sócio da empresa Buzeira Digital que tem Morgado como contador.

O levantamento de dados bancários mostra que a Buzeira Digital recebeu R$ 19,7 milhões, 'transferidos diretamente por Rodrigo de Paula Morgado'.

Chamou a atenção dos investigadores o fato de Morgado ter sido responsável pela transferência de 'tão expressivo valor' à empresa Buzeira Digital, 'e não o contrário, visto ele ser prestador de serviços à empresa do influencer'.

Sócia

Em meio às investigações, o Ministério Público Federal descobriu que Morgado utiliza a empresa Brxnet, de propriedade de 'Buzeira' para a 'prática de lavagem de capitais'. A mulher do contador, Clara Ramos de Souza Morgado, é uma das sócias da Brxnet.

"Ou seja, mais uma indicação de forte vínculo entre os negócios desse influenciador digital e o contador investigado (...)", aponta a PF.

O inquérito da Operação Narco Bet indica, ainda, 'indícios veementes da participação de Ingrid Ohara Silva Nogueira e Tácio Leonardo Costa Dominguez, vulgo 'T10', nas práticas ilícitas em apuração voltadas à lavagem de capitais obtidos com a prática de tráfico internacional de substâncias entorpecentes e possíveis outros ilícitos".

Ingrid e 'T10' já são investigados por lavagem de dinheiro, Ingrid figura como quarta maior beneficiária de recursos de Morgado tendo recebido no período de um ano o total de R$ 9,45 milhões distribuídos em vinte e três transações. Ela também realizou transferências de criptoativos para 'conta vinculada a Morgado via Exchange'.

No dia 23 de outubro de 2023 Ingrid enviou o valor equivalente à época a R$ 300 mil para carteira digital identificada como pertencente ao contador. Na mesma data ingressaram R$ 303.945,09 na conta de Morgado, quantia que foi restituída de forma pulverizada para contas de Ingrid e de 'T10'.

Segundo apurado, 'T10' se apresenta como influenciador digital e atua no segmento de apostas digitais. É companheiro de Ingrid Ohara e titular da empresa 'T10' Cursos e Treinamentos Ltda que, conforme informação da Secretaria de Finanças de Santos, figura como empresa aberta pela Quadri Contabilidade Ltda, constituída por Morgado.

"Há sinais de que 'T10' atua de forma coordenada com Ingrid Ohara e Morgado em transações financeiras realizadas de forma fracionada para o fim de dissimulação da origem dos valores", alega a PF.

Os investigadores identificaram também envolvimento de Davidson Praça Lopes, Guilherme Brasil Barcellos e Fernando Silva Abreu Costa em ações relacionadas à lavagem de capitais. Davidson Praça Lopes figura como responsável pela empresa Ápice Desenvolvimento e Liderança Eireli, registrada no coworking de Rodrigo Morgado.

Davidson Praça e a Ápice Liderança realizaram transações com Morgado que alcançaram cifra aproximada a R$ 2 milhões. Também fizeram transferência de R$ 80 mil para empresa vinculada à aquisição do veleiro Lobo IV.

"Dos trabalhos investigativos até o momento realizados foi verificado que, ao menos em tese, por meio intermédio da empresa Ápice, Davidson integra rede de movimentações financeiras estruturadas em torno de Rodrigo de Paula Morgado para o fim de lavagem de capitais de origem ilícita", sustenta a PF.

Em outro trecho do relatório da PF ao qual o Estadão teve acesso, são citados Guilherme Brasil Barcelos, o 'Gebê', e Fernando Silva Abreu Costa, sócios da empresa FLG Negócios Digitais Ltda.

Há registros de que Gebê teria recebido transferências diretas de valores de Morgado. Foi verificado, ainda, que Fernando Abreu é sócio da empresa FSA Negócios Digitais Ltda. Entre junho de 2023 e março de 2024 essa empresa realizou transações que alcançaram a cifra de R$13 milhões e recebeu R$636.899,64 de Morgado.

Fernando Abreu, por seu lado, em transação única, recebeu R$ 180 mil do contador.

Para os investigadores, 'as ações até o momento descortinadas, de inconteste gravidade, fomentam o tráfico internacional de cocaína, importam evasão fiscal e indevida infiltração em setores da economia'. "Comprometem a ordem pública e econômica, pelo que devem ser o quanto antes possível estancadas", diz documento ao qual o Estadão teve acesso. "A ordem pública encontra-se ameaçada diante de um esquema criminoso que movimentou mais de R$ 313 milhões em apenas cinco anos, com recursos provenientes do tráfico internacional de drogas. A permanência dos investigados em liberdade significa a manutenção da engrenagem criminosa, permitindo a continuidade de práticas ilícitas de altíssimo impacto social e econômico."

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