Toda a poesia de Chagall em 191 peças raras no CCBB

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O crítico norte-americano Robert Hughes dizia que o pintor de origem russa Marc Chagall (1887-1985) era a "quintessência do artista judeu do século 20". Se ainda paira alguma dúvida a respeito, a mostra Marc Chagall: Sonho de Amor, que abre nesta quarta, 8, no Centro Cultural Banco do Brasil, é a demonstração inequívoca de como Chagall atravessou o século 20 fiel às origens e impermeável a qualquer influência dos vanguardistas - fossem eles os construtivistas russos do começo do século ou os cubistas franceses dos anos 1920.

Chagall foi sempre ele mesmo. Carregou por toda a vida a carga religiosa de sua formação hassídica e a leveza poética da paisagem de sua infância na antiga aldeia russa de Vitebsk, hoje na Bielorrússia.

A exposição, que já passou por Brasília, Rio e Belo Horizonte, recebeu até agora 560 mil visitantes e deve atrair mais 100 mil até seu encerramento em maio, em São Paulo, segundo o diretor do CCBB, Cláudio Mattos. Trata-se de uma mostra deslumbrante, cuja leveza é anunciada logo na entrada, no átrio do Centro, onde o artista Daniel Wurtzel projetou uma instalação em que dois lenços coloridos flutuam de forma contínua, evocando as figuras voadoras de Chagall, sua marca registrada - depois apropriada por pintores como o pernambucano Cícero Dias (1907-2003).

Essa síntese das cores fortes do fauvismo com as metáforas do simbolismo - como na tela maior desta página, Os Noivos com Trenó e Galo Vermelho (1957), da coleção Ema Klabin - resultou numa combinação inspirada de séries que definiram a carreira de Chagall. A curadora brasileira da mostra, Cynthia Taboada, foi atrás de obras emblemáticas como essa, entre elas Primavera (1938-39), pertencente ao MAC, e o conjunto de águas-fortes feitas para o livro Maternité (1926), do escritor surrealista Marcel Arland, que faz parte da coleção de Mário de Andrade, primeiro colecionador de Chagall no Brasil.

MÓDULOS

Cynthia viu a exposição original na Itália, com curadoria de Lola Durán Úcar. Lutou para trazer a mostra ao Brasil, contando com o apoio do CCBB, que ajudou a ampliá-la, dividindo-a em quatro módulos: no primeiro encontram-se obras da juventude, entre elas uma preciosidade do Masp, Vendedor de Gado (1922), que retrata a vida rural em Vitebsk.

No segundo módulo, estão as obras que representam o mundo sagrado de Chagall - entre elas trabalhos das séries Bíblia e Exodus. No terceiro, destacam-se as peças produzidas pelo pintor logo após seu exílio americano - ele se refugiou nos Estados Unidos por causa da perseguição nazista. São telas, guaches e desenhos que retratam o mundo circense com trapezistas, bailarinas e acrobatas dos circos de sua infância em Vitebsk. Finalmente, no último módulo, a paixão e o amor que levam os amantes ao espaço, desafiando a gravidade, respondem por telas muito conhecidas como Os Amantes com Asno Azul (ca. 1955) ou Os Amantes com Buquê de Flores (1935-38).

"Nesse módulo temos obras de diversos períodos, dos anos 1930 ao período final (anos 1980), mas observamos a presença dos mesmos personagens que sempre povoaram o imaginário de Chagall, dos casais enamorados que flutuam aos violinistas e animais da sua infância em Vitebsk", observa a curadora Cynthia Taboada.

Filho de um pobre trabalhador no comércio de pescado, que carregava barris de arenques para manter os nove filhos, Chagall aprendeu a desenhar copiando ilustrações de livros. As carroças que retratou em suas telas e desenhos traduzem o peso desse outsider hassídico que marcou a pintura moderna.

Marc Chagall: Sonho de Amor

CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 4297-0600. Todos os dias, exceto às terças, 9h/20h. Gratuito. Van gratuita (R. da Consolação, 228). Até 22/5

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Novo filme da A24, Coração de Lutador - The Smashing Machine ganhou seu primeiro trailer nesta terça-feira, 29. A prévia mostra um irreconhecível Dwayne "The Rock" Johnson na pele de Mark Kerr, um dos maiores lutadores da história do MMA, que enfrenta grandes adversários no octógono ao mesmo tempo em que lida com problemas pessoais e com a fama.

Além de Johnson, o filme conta ainda com Emily Blunt, que interpreta a esposa de Kerr, Dawn Staples. Roberto "Cyborg" Abreu, Ryan Bader e Igor Vovchanchyn, todos atletas do MMA, completam o elenco.

O filme tem direção de Benny Safdie, um dos diretores de Joias Brutas, que assina o roteiro ao lado de Kerr.

Coração de Lutador - The Smashing Machine estreia no Brasil em outubro.

Clique aqui para assistir ao trailer

O cantor Orlando Morais criticou uma suposta falta de destaque a Glória Pires durante o especial de 60 anos da Globo, que ocorreu nesta segunda-feira, 28. Em uma publicação no Instagram, Orlando disse considerar que a emissora foi "injusta" com a trajetória da atriz, que é sua esposa.

O Estadão entrou em contato com a Rede Globo para um posicionamento da emissora sobre a declaração, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

Glória encerrou seu contrato de exclusividade com a Globo após 54 anos no ano passado. "Participei dessa parceria linda. Sei que você não vai gostar do post. Não falo aqui como seu amor, como seu marido. Falo como brasileiro", escreveu Orlando.

A atriz apareceu durante uma reunião como vilãs clássicas das telenovelas. Ela interpretou a gêmea má Raquel, de Mulheres de Areia, de 1993. Também houve uma rápida menção a Maria de Fátima, de Vale Tudo, agora vivida pela atriz Bella Campos, atualmente no ar.

Na última quinta-feira, 24, ela comentou, em uma declaração enviada ao Estadão, sobre a sensação de se ver caracterizada novamente como a vilã. "Foi estranhíssimo, esteticamente falando, mas um exercício delicioso de resgatar dentro de mim algo feito há 30 anos", disse.

O último papel de Glória na emissora foi também uma vilã: Irene, de Terra e Paixão. Apesar de ter encerrado seu contrato de exclusividade, a atriz ainda pode ser contratada por obra.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu a cobrança de uma dívida de R$ 1,6 milhão atribuída à apresentadora Ana Hickmann em uma ação movida pelo Banco Sofisa. A decisão considera a possibilidade de sua assinatura ter sido falsificada em contratos firmados com a instituição.

O valor é referente a contratos em nome da empresa Hickmann Moda Fashion, um dos negócios que a apresentadora mantinha com o ex-marido, Alexandre Correa. Em 2023, o banco acionou judicialmente Ana, Alexandre e a empresa, solicitando inclusive a pré-penhora de bens dos três como forma de garantir o pagamento, caso eles não fossem localizados para responder à ação.

Ana afirma ter sido vítima de falsificação de assinaturas em contratos bancários e, em outras ocasiões, chegou a declarar que essas irregularidades teriam sido cometidas por Alexandre. Agora, a Justiça suspendeu a execução da dívida após acolher o argumento da defesa da apresentadora de que sua assinatura pode ter sido falsificada.

O Estadão teve acesso ao processo que corre na 8ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, onde a Justiça suspendeu a execução da dívida de R$ 1,6 milhão movida pelo Banco Sofisa. Em nota, a defesa de Ana Hickmann afirmou que a decisão foi tomada "diante dos indícios de falsificação das assinaturas presentes no contrato". A equipe jurídica acrescentou ainda que outras ações - movidas por Safra, Valecred e Banco do Brasil - também estão suspensas pelas mesmas razões.

Segundo a nota, "perícias grafotécnicas judiciais já comprovaram que assinaturas atribuídas a Ana Hickmann em contratos com o Banco do Brasil e Itaú são falsas. Além disso, o Bradesco decidiu não seguir com uma cobrança contra a apresentadora após reconhecer a falsidade da assinatura".

O Estadão também entrou em contato com a equipe de Alexandre Correa, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações de todas as partes envolvidas.