PGR avisa ao STF que aguarda informações de Castro para analisar medidas sobre operação

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O procurador-geral da República Paulo Gonet comunicou nesta quarta-feira, 29, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o órgão já cobrou informações do governo do Rio de Janeiro sobre a operação que matou pelo menos 119 pessoas na terça-feira, 28.

Em ofício ao STF, Gonet afirmou que aguarda os dados para analisar se há medidas que a PGR pode tomar em relação às mortes.

"Medidas complementares poderão ser cogitadas a partir da compreensão mais precisa dos fatos que as informações haverão de propiciar", diz o documento.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu que o governador Cláudio Castro preste "informações relativas à letalidade e vitimização policiais na referida operação, bem como acerca da observância dos parâmetros fixados na decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 635/RJ", a "ADPF das Favelas".

A PGR pediu esclarecimentos sobre 11 pontos específicos:

Preservação do local para perícia e conservação dos vestígios do crime;

Comunicação imediata ao Ministério Público;

Atuação da polícia técnico-científica para realização das perícias, liberação do local e remoção de cadáveres;

Acompanhamento pelas Corregedorias das Polícias Civil e Militar;

Uso de câmeras corporais pelos policiais;

Uso de câmeras nas viaturas policiais;

Justificação e comprovação da prévia definição do grau de força adequado à operação;

Observância das diretrizes constitucionais relativas à busca domiciliar;

Presença de ambulância, com a indicação precisa do local em que o veículo permaneceu durante a operação;

Observância rigorosa do princípio da proporcionalidade no uso da força, em especial nos horários de entrada e saída de escolas. Em caso negativo, informar as razões concretas que tenham tornado necessária as ações nesses períodos;

Necessidade e justificativa, se houver, para uso de estabelecimentos educacionais ou de saúde como base operacional das forças policiais, bem como eventual comprovação de uso desses espaços para a prática de atividades criminosas que tenham motivado o ingresso das equipes.

A manifestação de Gonet foi enviada ao STF depois que o ministro Alexandre de Moraes pediu um parecer da PGR sobre diligências sugeridas pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a respeito da operação.

O ministro despachou na ADPF das Favelas, ação que estabeleceu parâmetros de atuação para reduzir a letalidade policial no Estado, especialmente nas comunidades, e obrigou o governo do Rio a criar um plano de recuperação territorial de áreas dominadas por facções e milícias.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos acompanha o processo como terceiro interessado. A PGR explicou que, antes mesmo do CNDH acionar o Supremo, o governo do Rio já havia sido notificado para prestar informações.

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Jennifer Lawrence revelou à revista The New Yorker que não gosta de assistir às suas próprias entrevistas antigas. A atriz disse que é difícil olhar para trás e rever o que ela disse no passado, especialmente na década de 2010. "Eu olho para aquelas entrevistas e aquela pessoa é tão irritante", disse a estrela.

"É, ou era, a minha personalidade genuína, mas também era um mecanismo de defesa", disse Lawrence, em resposta à ideia de que algumas pessoas achavam que ela fingia ser uma "garota descolada". "Então era um mecanismo de defesa, para simplesmente dizer: 'Eu não sou assim!'", completou.

A atriz, que hoje tem 35 anos, lembrou que chegou ao estrelato muito nova. Aos 20 e poucos anos, já estava no elenco de filmes como Jogos Vorazes e O Lado Bom da Vida, pelo qual ganhou um Oscar. Lembrou também a sua relação com a imprensa, que a deixava constantemente irritada.

Depois de dois anos longe das telonas, Lawrence volta a estrelar em um filme. Ela é uma das protagonistas de Morra, Amor, ao lado de Robert Pattinson. O filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 20 de novembro e depois fará parte do catálogo da plataforma de streaming MUBI.

O Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou nesta quarta-feira, 29, que abriu um inquérito para investigar o ator Dado Dolabella por agressão contra a sua ex-namorada, Marcela Tomaszewski. A investigação acontece por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (CAO VD/MPRJ). A informação foi confirmada pelo Estadão.

Segundo o órgão, o inquérito segue para análise "após modificação pública da versão dos fatos inicialmente apresentada em sede policial". Na terça-feira, 28, o advogado Diego Candido, que representava a miss, confirmou ao Estadão que ela decidiu não seguir com uma denúncia de agressão contra Dolabella.

Marcela também foi notificada pelas autoridades policiais a prestar novos esclarecimentos. "Com a declaração da vítima e diligências investigatórias, o inquérito será distribuído ao MPRJ para análise", diz a nota.

Entenda o caso

As denúncias contra Dado Dolabella começaram a circular no último domingo, 26, quando Rafaela Clemente, amiga de Marcela Tomaszewski, mostrou em seu Instagram machucados na miss depois de uma suposta briga do casal.

Rafaela também compartilhou, em publicações já apagadas, que Marcela tentou bloqueá-la por denunciar o caso. A publicação foi repostada por Luana Piovani, com quem Dado já teve um relacionamento, que acabou em medida protetiva após uma agressão dele.

A repercussão do caso foi contida após uma nota conjunta em que Dado e sua agora ex-namorada afirmam que o vídeo foi "tirado de contexto". Até a publicação deste texto, nenhum dos dois se pronunciou oficialmente sobre a decisão do MP. Se o fizerem, o texto será atualizado.

Atração do Sesc Jazz 2025, nesta quinta-feira, 30, a cantora e educadora sul-africana Gabi Motuba escreveu a palavra jazz com letra maiúscula em todas as vezes em que citou o gênero nas respostas que enviou para esta entrevista feita por e-mail ao Estadão. Aos 33 anos, nascida em Mamelodi, Pretória, com dois álbuns lançados, Motuba faz um jazz contemporâneo e particular ao misturá-lo com música clássica e ancestralidade africana.

O orgulho que a faz escrever 'Jazz' vem do fato de ela acreditar que, mais do que música, ele pode apontar caminhos para o mundo. Na apresentação, já com ingressos esgotados, Motuba vai mostrar o álbum The Sabbath, lançado em 2024. A cantora dedicou o trabalho a seu pai, que havia morrido. Queria, ela diz, por meio de canções que falam de afeto e cura, que outras pessoas pudessem encontrar nas canções que escreveu resoluções e significados sobre a vida.

"O jazz é uma invenção do povo", diz, ao ser questionada sobre certo elitismo que o gênero assumiu no Brasil, País no qual ela se apresenta pela primeira vez - além de São Paulo, ela cantou em Porto Alegre. Isso inclui ainda, segundo Motuba, despir o jazz do capitalismo e usá-lo para desenvolver o homem.

Leia a íntegra da entrevista com a cantora antes de ela embarcar para o Brasil

Esta é sua primeira vez no Brasil. Quais são suas expectativas sobre o País?

Eu ouvi tantas coisas maravilhosas sobre o Brasil que estou realmente ansiosa para estar aí. Apreciei a beleza dos sons que vêm do País, então, o Brasil já foi bem representado na minha imaginação sonora. Imagino que as pessoas do Brasil sejam vibrantes e cheias de paixão, assim como as pessoas de onde moro atualmente (Johanesburgo). Espero que haja uma conexão orgânica entre mim e os locais, o que eu realmente estou ansiosa para experimentar.

Uma pergunta clichê, mas necessária em tempos em que plataformas digitais democratizaram a música: você conhece músicos ou cantores brasileiros? Pode compartilhar suas impressões sobre a música brasileira?

Encontrei muita música de Antonio Carlos Jobim. E composições como Chega de Saudade, Favela [ambas de Jobim e Vinicius de Moraes] e Flor de Lis [de Djavan] foram parte da minha educação musical: esses sons foram muito importantes para a minha biblioteca sonora. Minha impressão da música do Brasil é que ela ecoa muito fortemente a identidade tradicional de seu povo, tornando-a muito rica e única em som através dos gêneros.

No Brasil, o jazz ainda é visto como algo elitista, mesmo ele tendo origem popular. Como podemos mudar essa percepção?

Uma maneira de mudarmos isso é entendendo que o jazz é uma invenção do povo. Ele une de maneira única os sons de sua geografia da forma mais generosa, entre todos os gêneros. Precisamos restabelecer e imaginar o jazz sem os adornos do capitalismo e do Ocidente e enraizá-lo como uma música que procura "desenvolver uma nova maneira de pensar e se esforçar para criar um novo homem", conforme escreveu de forma eloquente [filósofo político] Frantz Fanon em Os Condenados da Terra.

O jazz sul-africano é muito único comparado com o que é feito no restante do mundo, já que foi influenciado pela música africana. Gostaria que você explicasse isso para alguém que vai encontrá-lo pela primeira vez em seu show no Brasil.

O jazz sul-africano é generoso, rico, complexo e, acima de tudo, sincero. Nossa música é vibrante e, mais do que tudo, espelha e detém nossa complexa história. Usamos nossa música para comunicar o impossível e para curar os traumas causados pela violência do apartheid e da segregação. Para nós, o jazz é música de protesto. O jazz é música negra. Essa é a nossa linhagem e herança sonora, tornando nossa música pesada e uma experiência sagrada.

O que você buscava em termos de sonoridade para 'The Sabbath'?

Como compositora, eu estava procurando um som que pudesse carregar o luto coletivo. Em homenagem à morte do meu pai, eu queria compor um conjunto de obras que comunicasse a perda. Meu interesse pelo som me permite entender a ideia de que cada emoção carrega uma frequência específica e poder revelar essa frequência é começar a suspender seu impacto e permitir que alguém processe sua experiência em tempo real.

As músicas falam sobre cura e afeto. Por que você decidiu compartilhar suas dores com os ouvintes?

Como eu disse na resposta anterior, acredito que este seja o trabalho de um compositor. Como as famosas palavras de Nina Simone: "O trabalho de um artista é espelhar a sociedade". É meu dever criativo sonoro encontrar os sons das experiências que mais nos impactam e identificá-los claramente e tentar expressá-los e articulá-los para que as pessoas encontrem resolução, significado ou cura neles. Como músicos sul-africanos, também estamos de luto pela perda do nosso anterior Ministro das Artes e Cultura, Nathi Mthethwa. Este é um momento difícil para nós e gostaríamos de reconhecer essa perda e dedicar este momento no Brasil para honrar sua memória.

Sua voz tem algo espiritual. De onde isso vem?

Não tenho certeza, mas acredito que seja um som que me foi presenteado por Deus e meus ancestrais. É um som com o qual mais ressoo e estou sempre animada para compartilhá-lo.

Quão importante é para jovens como você se interessar e trabalhar com jazz?

É realmente importante. O jazz é o gênero mais 'livre' de todos e pode realmente ajudar os jovens a estabelecer novos caminhos, novas culturas, novos sons, novos gêneros, etc.

Você já declarou que cria arte para mudar o futuro. Você acredita que a música também tem uma função social?

Sim. A música faz parte do nosso dia a dia e nos afeta tanto quanto tudo mais. Não acredito que apenas por meio da música o mundo possa mudar, mas acredito que a música faz parte das ferramentas que podemos usar para espelhar o mundo e aprender com seus princípios fundamentais profundos e, ao fazer isso, quando o momento surgir para criarmos algo novo, teríamos sido claros sobre o que é 'algo antigo'.

Gabi Motuba no Sesc Jazz

30/20, 20h

Sesc Pompeia. R. Clélia, 93, Pompeia

R$ 18/R$ 60 (esgotado)