Ruth Escobar e suas faces diversas

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Artista com atuação em diversas áreas, da criação à produção, da encenação à ação política, Ruth Escobar (1935-2017) não desconhecia que era uma mulher multifacetada e, por isso, diante de novos colaboradores de suas diversas atividades, ela logo avisava: "Sabe todas aquelas histórias que você já ouviu sobre mim? Pois!, metade é verdade", acentuando o sotaque português que nunca lhe abandonou.

Foi, portanto, esse desafio que o jornalista, editor e pesquisador teatral Alvaro Machado enfrentou durante quatro anos e meio, quando avaliou o imenso acervo de documentos e fotos criado e mantido por Ruth em sua última residência, para escrever (...) Metade é Verdade - Ruth Escobar, lançado agora pela Edições Sesc. Trata-se de uma obra de fôlego, uma bem apurada biografia da portuguesa, que iniciou sua trajetória no Brasil em 1953 como repórter, editora de revista e ativista cultural até que, seis anos depois, se realizasse como atriz e produtora cultural. E, a partir daí, e por pelo menos 40 anos, a trajetória de Ruth se confundiu com momentos marcantes da cena teatral brasileira.

Em 1963, por exemplo, inaugurou o próprio teatro, no bairro do Bexiga, graças ao apoio da colônia portuguesa. Ao longo das décadas seguintes, o espaço fez história ao abrigar montagens marcantes como O Balcão, de Jean Genet, em 1969, em que o diretor argentino Victor Garcia (1934-1982) praticamente decretou a maioridade do teatro de vanguarda no Brasil. O Teatro Ruth Escobar era também palco da resistência à ditadura militar a ponto de, em 1968, ao final da sessão de 18 de julho da peça Roda Viva, de Chico Buarque, integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que estavam na última fila, nem esperaram a saída dos últimos espectadores para invadir os camarins e agredir todo o elenco, além de destruir equipamentos.

"Como estratégia de resistência, Roda Viva voltou a ser apresentado já na sexta-feira 19 de julho", escreve Machado. "Transbordando para os corredores, o público aplaudia freneticamente ao final de cada cena, sob os olhares de vinte agentes da Polícia Federal e do Dops armados de metralhadoras, que passaram a fazer segurança da casa." Marília Pêra exibia hematomas e Rodrigo Santiago tinha o braço apoiado em uma tipoia, enquanto flores eram arremessadas ao palco.

Uma época de desafios artísticos e enfrentamentos políticos, normalmente um em confronto com o outro. Para a montagem de O Balcão, por exemplo, Ruth ambicionava trazer Jorge Lavelli e Peter Brook, mas, com a impossibilidade, concentrou-se no trabalho de Victor Garcia, que acabara de realizar uma memorável montagem de Cemitério de Automóveis.

Assim, Garcia planejou como cenário uma estrutura cilíndrica metálica que tivesse a mesma altura da sala Gil Vicente, no Teatro Ruth Escobar, ou seja, 28 metros do porão ao teto - era uma espécie de gaiola gigantesca.

"Iniciou-se, assim, a demolição da maior parte do interior do prédio construído apenas cinco anos antes, para surgir dali o pantagruélico cenário jamais ousado, espécie de paralelo em ferro e concreto às razias que a produtora experimentava tanto em seu casamento à beira da conflagração como na trajetória profissional solavancada por sucessão de detenções, interrogatórios policiais e engalfinhamentos com a Censura, além de falências financeiras", escreve o biógrafo.

A reação ao espetáculo foi contundente: temporada de 20 meses com sucesso de público e crítica, inclusive do próprio Jean Genet, que veio a São Paulo e considerou aquela a melhor montagem de sua peça. Isso fixou também o Teatro Ruth Escobar como epicentro de montagens inovadoras e sua proprietária, como produtora de visão cultural.

Na década seguinte, Ruth buscou o diálogo com outras dramaturgias no exterior, justamente em um momento em que a sociedade brasileira vivia sob rígidas normas de conduta. Em 1974, ela organizou o primeiro Festival Internacional de Teatro, com espetáculos de vanguarda com assinatura de Jerzy Grotowski e Bob Wilson, dois dos maiores diretores do século 20. De Wilson, aliás, Ruth apresentou uma megaópera de doze horas de duração, A Vida e a Época de Dave Clark, montagem monumental com mais de cem intérpretes e figurantes brasileiros e estrangeiros, e cuja récita completa, com todos os atos em sequência, aconteceu entre as 19h e as 7h da manhã seguinte.

O festival teve ainda outras sete edições, de forma irregular, até 1999. E sempre criou fortes raízes na cultura nacional - em 1978, quatro anos depois da primeira edição do evento, o diretor Antunes Filho estreou o mais impactante espetáculo de sua carreira, Macunaíma, no qual se observaram alguns vestígios de criadores como a plasticidade de Bob Wilson.

Ruth Escobar era uma mulher também essencialmente política, o que resultou em sua eleição como deputada estadual em duas gestões. Controversa, não poupava esforços para conquistar o que pretendia, o que resultou em inimizades e até processos jurídicos. Com sua personalidade forte, até hoje mantém admiradores e desafetos.

METADE É VERDADE - RUTH ESCOBAR

Autor: Álvaro Machado

Editora: Edições Sesc SP (624 págs.,R$ 140)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Após a vitória histórica do Brasil no Oscar neste domingo, 2, a atriz Fernanda Torres celebrou o prêmio de Melhor Filme Internacional conquistado por Ainda Estou Aqui. Apesar de ter sido derrotada na categoria de Melhor Atriz, a brasileira não demonstrou nenhuma tristeza nos bastidores da premiação.

"Nós vamos sorrir. Sorriam", escreveu a atriz em seu perfil no Instagram, relembrando uma fala marcante de sua personagem no filme. A publicação veio acompanhada de duas imagens simbólicas: uma do envelope que revelou a vitória brasileira e outra do diretor Walter Salles segurando a estatueta dourada na premiação.

Mais cedo, a atriz apareceu com a estatueta do Oscar em mãos e brincou nas redes sociais: "Ainda estamos aqui comemorando", escreveu. Ao receber o prêmio de Melhor Filme Internacional, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.

"Isso vai para uma mulher que, após uma perda sofrida durante um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Então este prêmio vai para ela. Seu nome é Eunice Paiva", disse ele.

Fernanda disputava o prêmio de Melhor Atriz, mas a estatueta acabou nas mãos de Mikey Madison, de Anora. Ainda Estou Aqui também foi indicado na categoria de Melhor Filme, mas o prêmio ficou com Anora.

Em um vídeo divulgado pelo portal Deadline, no entanto, a brasileira aparece cumprimentando a vencedora e trocando gestos carinhosos com a protagonista do filme de Sean Baker. No registro, Torres dá os parabéns à jovem de 25 anos e chega a beijá-la no rosto. As duas ainda posaram para fotos ao lado do diretor Walter Salles.

Depois que o sétimo Paredão foi formado no Big Brother Brasil 25, os brothers e sisters passaram a madrugada desta segunda-feira, 3, debatendo o jogo. Surpresa com o voto de Diego Hypolito, Vilma discutiu com o ex-atleta dentro da casa.

O BBB 25 formou mais um Paredão triplo neste domingo, 2. Renata, Vilma e Camilla disputam a eliminação na terça-feira, dia 4.

A Líder da semana, Vitória Strada, ativou a Central do Líder no momento exato em que João Gabriel, João Pedro, Maike, Renata e Eva falavam sobre ela. A atriz se chocou ao ser chamada de "Maria vai com as outras" e decidiu se justificar com os brothers.

Veja o resumo da madrugada:

Vilma se irrita com Diego

Após a formação do Paredão, Diego foi justificar os dois votos que deu em Vilma. No entanto, o ex-ginasta não foi bem recebido pela estudante de nutrição. Vilma chamou Diego de falso e negou diálogo com o brother.

A sister continuou a queixa e disse ao brother que não vai mais segurar suas reclamações. "Não gosta de mim melhor nem falar comigo, nem olhar na minha cara. Não vem me beijar, me abraçar e depois dá punhalada nas minhas costas."

Diego se justifica para Vilma

Apesar de ter votado duas vezes em Vilma, após o desabafo da sister, Diego diz que ela não era nem sua terceira opção de voto. A carioca não entendeu a justificativa e disse que Diego "morde e assopra". Vilma ainda afirmou que mesmo sendo eliminada na terça-feira, vai sair do reality falando o que acredita.

Daniele Hypolito entra na mira

Após desabafar com Diego, Vilma também chamou a irmã do ex-ginasta de "falsa". A sister afirmou que Daniele é "Maria vai com as outras" e que agora, sem Diogo no reality, está livre para falar o que pensa. Vilma ainda compartilhou a revolta com os brothers na área externa e contou que não deixou Diego falar porque já sabia que ele estava de "conversinha". A carioca ainda reforçou que Daniele Hypolito também vai ouvir suas opiniões.

Diego lamenta discussão com Vilma

Ao voltar para o Quarto Anos 50, Diego Hypolito se deitou sozinho e lamentou a discussão com Vilma. Minutos depois, Guilherme entrou no quarto e perguntou o motivo da chateação de Hypolito. Diego comentou a reação de Vilma a sua tentativa de diálogo e disse que entende a sister.

Indicação da líder Vitória é questionada

Na área externa, os brothers conversam sobre a justificativa usada por Vitória Strada na indicação de Renata ao Paredão. Aline tenta explicar a visão da líder relembrando o discurso de Vitória, mas é rebatida pelas dançarinas. "Ela não pode tomar uma atitude que incomoda a casa, tem que ser [um motivo] que incomoda ela", afirmou Renata.

Casa toda contra Renata?

Após a conversa com Aline, Renata, Eva e Maike analisaram as falas da sister e chegaram à conclusão de que ela deixou escapar que a professora de dança seria indicada ao Paredão pela casa, se não fosse pela líder.

Renata ainda mencionou o comportamento dos gêmeos João Gabriel e João Pedro, e afirmou que apesar de circular por todos os grupos da casa, eles não recebem críticas dos outros participantes.

Daniele conta percepção da casa sobre seu jogo

Em conversa com Camilla, Thamiris, Gracyanne e Vitória Strada, Daniele Hypolito comentou sobre as percepções da casa a cerca do seu jogo. A sister disse que os gêmeos acreditam que ela joga com o grupo do Quarto Nordeste e lembrou um diálogo que teve com Eva.

O jogo pede posicionamento

No Quarto Anos 50, Delma repercute voto em Camilla e diz que vai virar alvo da sister caso ela volte do Paredão. A pernambucana ainda reforçou que apesar de sua popularidade entre os brothers acontecer de forma natural, ela precisa se posicionar no jogo.

A popularidade de Delma

Na área externa, Gracyanne e Camilla comentam sobre Delma e a musa fitness diz que a sister só vai receber voto se um líder tiver coragem de indicá-la. "Eu tenho", responde Camilla.

Renata reflete sobre o jogo

Renata comenta com Maike que se voltar do Paredão, será escolhida por Vitória Strada na quarta-feira, 5, para não participar da festa da líder. A sister ainda refletiu os comportamentos na casa e disse que não sabe como reagir, pois todas as atitudes são julgadas de forma negativa pelos participantes.

Vitória se justifica no Quarto Fantástico

Vitória Strada ativou a Central do Líder no momento em que João Gabriel, João Pedro, Maike, Renata e Eva falavam sobre ela. Os brothers a classificaram como "Maria vai com as outras" e ela resolveu se justificar. Maike disse que por não ter acesso aos motivos da sister, seu comportamento em relação a Renata e Eva é visto dessa maneira no grupo. Vitória se defendeu e disse que suas aliadas não votariam em Renata, então sua atitude é oposta ao que foi julgada pelos participantes.

A repercussão internacional da vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 destacou a superação do brasileiro sobre o filme francês Emilia Pérez, que liderava a corrida ao maior prêmio do cinema com 13 indicações.

O brasileiro Ainda Estou Aqui ficou com a estatueta de Melhor Filme Internacional, superando não só Emilia Pérez (França), como também A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia), que já tinha levado a estatueta de Melhor Animação no momento do anúncio.

A mídia internacional destacou a surpresa do filme brasileiro superando Emília Pérez, que era considerado o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas nas últimas semanas.

'Variety': "Para a alegria do Brasil, 'Ainda Estou Aqui' prevaleceu"

O veículo especializado classificou a vitória de Ainda Estou Aqui como "surpresa" em um artigo que apontou os "esnobados e surpresas" do Oscar 2025.

"Dadas as 13 indicações que 'Emilia Pérez' teve sobre as 3 indicações para 'Ainda Estou Aqui', parecia estatisticamente provável que o primeiro levasse a estatueta de destaque internacional. Mas, para a alegria do Brasil, Ainda Estou Aqui prevaleceu", apontou a Variety.

'The Hollywood Reporter': 'Notavelmente, o filme superou o francês'

"O Brasil ganhou seu primeiro Oscar de longa-metragem internacional por 'Ainda Estou Aqui', a história de uma família desfeita em meio a uma ditadura. Notavelmente, o filme superou o francês 'Emilia Pérez', que levou para casa vários Oscars no início da noite."

'The Guardian': 'Se beneficiou das dificuldades'

"É provável que 'Ainda Estou Aqui' tenha se beneficiado das dificuldades que afetaram 'Emilia Pérez' - quando as indicações ao Oscar foram anunciadas, este último filme liderou, mas a campanha foi abalada depois de terem sido descobertas mensagens preconceituosas no feed das redes sociais de Karla Sofía Gascón, juntamente com reclamações sobre a representação do México e da sua história."

'Vanity Fair': 'Reviravolta notável'

"Alguns meses atrás era uma certo de que 'Emilia Pérez' ganharia o prêmio de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. Mas devido a uma reviravolta notável nos acontecimentos desde então, o polêmico rolo compressor da Netflix chegou ao Oscar de domingo como o azarão na categoria - e, na verdade, acabou perdendo para 'Ainda Estou Aqui', o drama brasileiro dirigido por Walter Salles."