O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), André Corrêa do Lago, afirmou, em tom convocatório, que os participantes devem acelerar as respostas às mudanças climáticas. "Quase lá, ao nos prepararmos para abrir juntos a COP30 em Belém. Quase lá, com o livro de Regras do Acordo de Paris. Estamos quase lá, enquanto a ambição global finalmente começa a curvar a trajetória das emissões e a transição climática se torna uma tendência irreversível", escreveu Corrêa do Lago.
"Mas 'quase' não é suficiente. Precisamos ir mais rápido - para alcançar cada país, cada comunidade, cada membro da nossa família humana antes que impactos climáticos mais severos o façam", escreveu o presidente, em sua décima e última carta.
O presidente da COP30 afirmou que a tomada de decisões globais em Belém, no Pará, "na foz do Amazonas", lembra ao mundo que a liderança climática deve "brotar de suas raízes". "Ao fazê-lo, o Brasil convida todas as nações a deslocarem não apenas o local das negociações, mas o próprio lócus da esperança - do cume do poder à fonte da vida", escreveu. Ele lembrou que os Estados-membros retornam ao Brasil, onde a Convenção foi aberta à assinatura há 33 anos. "O Brasil está pronto para recebê-los", disse o embaixador.
Na carta, ele sugere a força do multilateralismo, afirmando que os países-membros irão honrar a capacidade de nossa espécie de cooperar, renovar-se e agir em conjunto diante da incerteza. "Este é o momento de honrar nossa ancestralidade - em linhagem e em direito internacional. Na COP30, nossa ambição deve ser preencher lacunas pela implementação da união e da cooperação", escreveu.
Nesse sentido, Corrêa do Lago voltou a usar a palavra "mutirão", que introduziu na primeira carta. "Convidamos as Partes a enxergarem o Mutirão Global como um experimento no qual cooperamos primeiro - buscando soluções em conjunto como forma de construir confiança e criar espaços de consenso", escreveu.
Nessa última carta, o presidente da COP30 relembra as outras nove que publicou e menciona que convidou "Partes e não-Partes a utilizarem as negociações, a Agenda de Ação, a Cúpula de Líderes e um processo inédito de mobilização global em torno de três prioridades interconectadas: (1) reforçar o multilateralismo e o regime climático; (2) conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e (3) acelerar a implementação do Acordo de Paris para além da UNFCCC".
Ele reforçou que a "COP30 será a COP da Verdade", neste atual momento delicado em que menos da metade dos países signatários do Acordo de Paris apresentaram as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) mesmo com o prazo dilatado de fevereiro para o segundo semestre. "Ou decidimos mudar por escolha, juntos, ou seremos forçados a mudar pela tragédia", disse.
"A COP30 pode marcar o momento em que a humanidade recomeça - restaurando nossa aliança com o planeta e entre gerações. Somos privilegiados por ter sido destinado a nós o dever de fazer história como aqueles que escolheram a coragem em vez da omissão, para virar o jogo na luta climática", escreveu. "Devemos abraçar esse privilégio como responsabilidade", afirmou o presidente da COP30.
André Corrêa do Lago na COP30: 'Quase lá não é suficiente, mudamos por escolha ou por tragédia'
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