Vida de contraste inspira livro de Stepan Nercessian

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Certa vez, o ator - e agora escritor - Stepan Nercessian teve que subir a Rocinha, uma das maiores comunidades do Brasil, na zona sul do Rio de Janeiro, para ir à casa de uma costureira. Ao chegar à entrada da favela, um gari se prontificou a ajudar a encontrar o endereço. Chuviscava - um tempo que não agrada muito aos cariocas - e a subida ficou mais difícil.

Antes de chegar ao destino, o cicerone do ator passou em casa. Foi recebido com beijos e abraços pelos seis filhos. "Pareciam bolinhas penduradas em árvores de Natal. Pensei: esse cara é ignorado por muitos lá embaixo, nem olham para ele. Mas ele tem quem o quer bem", diz.

Essa "riqueza do dia a dia", como Stepan chama, é o que ele mostra em seu primeiro romance, Garimpo de Almas, que acaba de publicar pela editora Tordesilhas.

"Há uma tendência de procurarmos e enxergarmos só super-heróis. Nega-se o olhar para as pessoas mais comuns. Como essas pessoas enxergam a vida e como eles são enxergados pelos outros?", indaga Stepan, de 67 anos, em entrevista ao Estadão.

Escrito de forma fragmentada, o romance apresenta um narrador-personagem que, já no fim da vida, sozinho, começa a refletir sobre a própria existência. Entre cigarros e bebidas, ele se arrepende de não ter corrigido a vida aos poucos. Reluta em escutar as almas que invadem seu apartamento e pedem para que suas histórias sejam contadas.

Ao finalmente dar passagem para elas, surgem narrativas que envolvem decepções, ilusões, perdas, depressão, suicídio, bullying, assédio sexual, polarização política, entre outros temas.

Todos esses personagens fazem um balanço de suas existências. E, sobretudo, do que deixaram de viver. "O amor havia morrido no dia anterior", diz um deles. "Um cachorro no cio, porém castrado", define-se outro.

A alma pode ser uma viúva que precisa provar que está viva para continuar a receber a pensão que o marido lhe deixou. Ou um faxineiro que trabalha em um escritório no qual se lava dinheiro e que não vê muito sentido em um movimento de artistas para limpar as praias.

Ou Nancy, a jovem criada com carinho e cristianismo, que caiu no mundo das drogas. Ainda pode ser um homem que matava passarinhos na infância e que na idade adulta deu fim à vida do pai.

A morte, aliás, está sempre por perto. Muito perto. Nascido em Cristalina, no interior de Goiás, filho de um garimpeiro, Stepan diz que, como em toda cidade pequena, o fim da vida de alguém sempre foi um acontecimento, diferente do que acontece hoje, sobretudo nos grandes centros urbanos.

"Vivo com os contrastes muito fortes dentro de mim. A vida e a morte. A alegria e a tristeza. O dia de sol e o de chuva. O sucesso e o fracasso. Às vezes tenho a sensação de que querem sempre extinguir um dos lados para facilitar a compreensão do outro. Não me policio para escrever. Se a morte vem, escrevo. Todo mundo fala da qualidade de vida. A qualidade da morte também é importante. Muita gente se surpreende quando lê porque me conhece como um grande brincalhão", diz Stepan.

O cineasta Cacá Diegues, que assina o prefácio, chama a atenção para essa característica de Stepan, a quem define com estilo "sólido e original". Escreve que o livro é "pessimista, tenso, com humor sarcástico e amargo. Cheio de referências ao que poderia ser tenebroso (mas não é)".

Stepan afirma que a sensação de estrear uma peça ou estar no elenco de uma novela é diferente do processo de lançar um livro, sobretudo o primeiro. "Escrever é um processo solitário que só se completa na hora em que o livro é impresso e vira um objeto para chegar às mãos do leitor. Fico com vontade de ligar para todo mundo e perguntar o que estão achando", diz.

Revisor

Stepan conta que sempre teve muita facilidade em ler. Quando entrou na escola para ser alfabetizado, decifrou a cartilha quase toda em uma semana. Na adolescência, mergulhou nas histórias do brasileiro Jorge Amado e do argentino Julio Cortázar. Arriscou-se nas obras de Karl Marx, mesmo sem entender direito o que o filósofo defendia.

Aos 12 anos, começou a trabalhar no jornal semanal goiano Cinco de Março. No começo, era um faz-tudo. Depois, passou a assistente de revisor e, posteriormente, a titular do cargo.

"Eu ficava encantado em participar daquele processo de ler antes em voz alta o que iria sair na edição. Quando pegava o jornal pronto, ficava orgulhoso. Ali também vi que era possível escrever. Escrevi para esse jornal e para suplementos literários", diz.

Nesse período, conviveu com os jornalistas e intelectuais da cena local, como Carmo Bernardes e Bernardo Élis, que já tinham livros publicados. Só não gostava de gramática. Diz que até hoje não sabe as regras da escrita - apenas por intuição.

Com 15 anos, já estava fora da escola para seguir a carreira de ator. O trabalho no jornal e os livros supriram a formação acadêmica. No Rio de Janeiro, aos 17, estreou no cinema como protagonista do filme Marcelo Zona Sul, do diretor Xavier de Oliveira, em 1970. Logo foi para o teatro e para a televisão. De presente, ao completar 18 anos, ganhou do ator José Wilker obras de Constantin Stanislavski e Anton Chekhov.

Após colocar o ponto final em Garimpo de Almas, que ele escreveu entre 2018 e 2019, Stepan decidiu entrar de vez para o mundo da literatura. Lembrou-se das palavras do seu chefe no jornal, Batista Custódio, um sujeito muito austero, segundo ele, que telefonava e pedia para ele não abandonar a escrita - quando ele foi para o Rio se dedicar às artes cênicas.

"Ele me dizia que o que iria para a posteridade era o que eu escrevia. Foi meu grande incentivador. Eu que, por medo de misturar as coisas, deixei essa vontade de escrever de lado por todos esses anos. Ainda não tenho a disciplina de um escritor, mas o primeiro já saiu", diz.

No ano passado, quando a quarentena se fez necessária, Stepan se dedicou a escrever poemas. Cem ao todo. Não sabe ao certo o que irá fazer com eles. No momento, escreve outro romance que já tem título: Casa Amarela.

Pronto mesmo está - esse, com bastante humor - o Guia Prático Para Inadimplentes e Negativados, que agora ganhará um novo capítulo que abordará o confinamento. "Ensino como sobreviver no meio da inadimplência. Mostro o quanto esse circo capitalista invadiu a vida das pessoas e se tornou quase uma tortura", diz.

No momento, o ator grava uma participação na série Cine Holliúdy, da TV Globo. Mostra-se preocupado com os colegas de profissão, com a escassez de trabalho por conta da pandemia. "Nos últimos anos, promoveram um massacre contra os artistas, linchamento, suspensão de financiamentos. Já vínhamos de uma situação ruim. Agora, ficou péssima".

GARIMPO DE ALMAS

Autor: Stepan Nercessian

Editora: Tordesilhas (216 págs., R$ 44 papel, R$ 29,60 e-book)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A noite desta segunda-feira, 3, no Big Brother Brasil 25 foi marcada por um novo atrito entre Aline e Renata, após a dinâmica do RoBBB Seu Fifi no Sincerão.

Durante a atividade, os participantes tiveram a chance de descobrir quem fez as declarações reveladas mais cedo. Renata, ao descobrir que Aline foi uma das autoras de falas sobre ela, iniciou uma discussão sobre sua suposta participação em conversas estratégicas dentro da casa.

Veja como foi a briga

O impasse surgiu quando Aline afirmou que Renata sempre esteve presente em discussões sobre o jogo, algo que Renata negou. Durante o intervalo do programa, Renata insistiu que nunca fez parte desses debates e que evitava interferir nos diálogos dos demais participantes sobre estratégia.

"Eu entro no quarto para pegar minhas coisas e saio. Nunca fiquei ali para ouvir nada sobre jogo", afirmou. Aline, no entanto, discordou: "Todas as vezes que falamos sobre jogo e você estava presente, nós não mudamos o assunto. Você estava lá."

Renata reforçou que sempre teve o cuidado de se retirar quando percebia que o tema era estratégia de jogo. "Sabe quando você entra em um ambiente e sente que as pessoas seguraram o assunto? Eu sou a primeira a sair, porque não quero ser inconveniente", explicou.

Já Aline rebateu que a percepção de Renata não correspondia ao que os outros participantes observavam. "Isso não é só minha impressão, outras pessoas também já perceberam", disse.

O desentendimento escalou quando Aline mencionou que estava digerindo algumas questões em relação a Renata. "Se eu tenho um bloqueio em relação a você, é algo que eu preciso de tempo para tratar. Não é automático, porque eu só vou fazer isso com uma pessoa que eu realmente quero ter uma relação 100%", afirmou. Renata respondeu diretamente: "Agora ficou claro que você não quer ter uma relação 100%".

Desentendimento anterior

A troca de farpas entre as sisters já havia começado mais cedo. No Quarto Anos 50, Renata acusou os aliados de Aline de mudarem de assunto sempre que ela se aproximava, o que a ex-policial negou. "Eu já senti que, às vezes, eu entro no quarto e vocês param ou disfarçam o assunto", disse Renata. "Se fosse para mudar de assunto, seria porque nós estaríamos articulando para votar em você e, nesse momento, não é a nossa opção", rebateu Aline.

A tensão aumentou quando Aline sugeriu que a ida de Renata ao Paredão poderia estar relacionada ao fato de sua dupla, Eva, ter uma boa relação com os demais participantes. A afirmação irritou Renata, que desabafou com seus aliados: "Eu acho chato. A pessoa está vendo que eu estava chorando, querendo desabafar, senta na roda e fala isso? É só para terminar de chutar, eu já estou mal."

Renata enfrenta o Paredão contra Camilla e Vilma, o resultado será divulgado no programa ao vivo da próxima terça-feira, 4.

Nesta segunda-feira, 3, o músico Tony Bellotto anunciou que foi diagnosticado com um tumor no pâncreas e que se afastará temporariamente dos palcos para realizar um procedimento cirúrgico. Os Titãs confirmaram que o guitarrista Alexandre de Orio será o substituto nos próximos shows da banda.

Quem é Alexandre de Orio?

Com uma carreira que mistura heavy metal, jazz e pesquisa acadêmica, Alexandre de Orio tem um histórico consolidado na música. Foi guitarrista da banda Claustrofobia, um dos principais nomes do thrash e death metal nacional, e participou de turnês pela Europa e América Latina.

Além do palco, o músico também atua no meio acadêmico. Graduado pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM), com pós-graduação em Estrutura e Linguagem Musical, ele leciona na Swarnabhoomi Academy of Music (SAM), na Índia, onde ministra aulas sobre a fusão do metal com ritmos brasileiros. O tema também rendeu o livro Metal Brasileiro: Ritmos Brasileiros Aplicados na Guitarra Metal - Volume 1 - Samba Metal.

Experiência internacional e projetos paralelos

Alexandre de Orio já colaborou com nomes conhecidos do rock nacional, como Sérgio Britto (Titãs), Digão (Raimundos) e Egypcio (ex-Tihuana, atual Cali). Também é membro do Kroma Electric Guitar Quartet, projeto experimental de guitarras elétricas, e diretor musical da School of Rock Guarulhos.

O guitarrista também se manifestou sobre a substituição de Bellotto. Em suas redes sociais, desejou força ao músico e afirmou que fará o seu melhor durante os shows com os Titãs.

"Tony, como nos falamos esses dias, ficam aqui minhas energias positivas, força. Em breve, você estará de volta. Enquanto isso, darei o meu melhor. Boa recuperação", escreveu.

A banda seguirá com a agenda de apresentações enquanto Bellotto se recupera. Segundo o comunicado oficial, o guitarrista retomará suas atividades assim que possível.

Uma nova rivalidade está começando a ser desenhada no BBB 25? Nesta segunda-feira, 3, Aline e Renata voltaram a trocar farpas depois de terem se desentendido durante a madrugada. Renata enfrenta o Paredão após uma indicação da líder Vitória.

Na ocasião, as sisters começaram a trocar acusações no Quarto Anos 50. Renata disse que os aliados de Aline mudam de assunto assim que a bailarina se aproxima, o que foi negado pela ex-policial militar.

"Eu já senti que, às vezes, eu entro no quarto e vocês param ou disfarçam o assunto", disse Renata. "Se fosse para mudar de assunto, seria porque nós estaríamos articulando para votar em você e, nesse momento, não é a nossa opção", afirmou Aline.

Durante a madrugada, as duas já haviam se estranhado depois que a ex-policial militar supôs que a dupla de Renata, Eva, se relacionava melhor com a casa. Aline associou a ida da bailarina ao Paredão a esse motivo.

"Eu acho chato. A pessoa está vendo que eu estava chorando conversando com vocês, querendo desabafar, senta na roda e fala isso?", questionou Renata com aliados. "É só para terminar de chutar, eu já estou mal."

A bailarina disputa a permanência na casa com Camilla e Vilma.