Dezoito Estados flexibilizam restrições no auge da crise

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Apesar dos sucessivos recordes de mortes pela covid-19, pelo menos 18 Estados estão flexibilizando restrições. As mudanças recentes incluem a liberação total das atividades econômicas, como acontece em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e a permissão de funcionamento do comércio em geral só com restrições de horários, no Ceará, por exemplo. Especialistas condenam a reabertura.

Entre os Estados que adotaram algum tipo de flexibilização das medidas para conter a disseminação da pandemia desde março estão Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, além do Distrito Federal. O Espírito Santo tem 42 cidades em risco extremo, 34 em risco alto e duas em risco moderado. Mesmo assim, estabelecimentos comerciais e de serviços podem atender o público de quarta a sexta-feira, das 10 às 16 horas. A segunda-feira marcou o retorno do Estado de São Paulo à fase vermelha de combate à pandemia, com lojas e restaurantes tendo autorização para oferecer drive-thru, delivery e take away (retirada).

Embora represente um recorte de apenas um setor, uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) também exemplifica o caso. Atualmente, apenas três Estados mantêm fechados esse tipo de estabelecimento: Amapá, Minas e São Paulo. Nos demais estão abertos ou abertos parcialmente. De acordo com especialistas, aglomerações noturnas estão entre as principais causas da disseminação do vírus.

Questionados pelo Estadão, vários representantes das secretarias estaduais de Saúde argumentaram que os Estados não mexeram nas regras, mas as cidades têm autonomia para definir flexibilizações locais. É isso o que ocorre no Rio Grande do Sul. "O Estado mantém a bandeira preta, mas o plano de combate à pandemia permite que os municípios com melhores condições sanitárias possam ter restrições menores. Mas não é para abrir tudo", explica Bruno Naundor, diretor de Auditoria do SUS da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.

Na Bahia, esse movimento municipal causa preocupação. O secretário estadual de Saúde, Fabio Villas-Boas, explica que o Estado conseguiu conter as taxas de transmissão da doença com medidas de restrição, incluindo o toque de recolher. A crise, no entanto, permanece em um patamar elevado, com 85% de ocupação nas UTIs. "É temerário flexibilizar restrições de forma unilateral. Isso tende a criar movimentação populacional na direção do município em abertura", alerta.

Em Mato Grosso do Sul, todas as atividades estão liberadas - para conter a disseminação do novo coronavírus, a principal medida é apenas toque de recolher das 5 às 21 horas. Novamente, o governo estadual cita a responsabilidade municipal.

O Rio de Janeiro planeja uma abertura mais ampla. Depois de duas semanas fechados durante o período de ampliação das medidas restritivas de combate à covid-19, o governador em exercício, Cláudio Castro, autorizou a reabertura de bares, lanchonetes, restaurantes e shoppings na sexta-feira. A cidade continua com toque de recolher das 23 às 5 horas e as praias, cachoeiras e parques continuam fechados.

Crítica

O número elevado de casos e de mortes de covid nos últimos meses indica que este não é o melhor momento de reabertura da economia, mesmo que gradual. A opinião é do epidemiologista Eliseu Alves Waldman, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "Nós devemos ter o mesmo cenário do ano passado: queda relativa e depois um novo aumento. Minhas perspectivas são pessimistas", afirma.

Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão, compartilha a visão negativa. "Os governadores estão contradizendo os cientistas. O mês de abril será pior que março. Passamos de uma crise sanitária para uma crise funerária." (Colaborou Jefferson Perleberg, especial para o Estadão).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Anora foi o grande vencedor do prêmio de Melhor Filme do Oscar 2025. Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que concorria na categoria, não foi escolhido pelos votantes.

O longa custou US$ 6 milhões para ser produzido - um dos menores orçamentos da história da premiação - e, nas últimas estimativas, faturou cerca de US$ 38 milhões de bilheteria ao redor do mundo.

Indicações de 'Anora' ao Oscar 2025

Anora foi indicado em seis categorias no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Outros prêmios

Em maio de 2024, Anora venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e se colocou como um sério concorrente ao Oscar. Ao longo da temporada, no entanto, viu os filmes rivais ganharem mais destaque e, apesar de ser bastante elogiado pela crítica, passou a ser tratado como um azarão.

A maré mudou nas últimas semanas. Surpreendentemente, o longa venceu o prêmio de Melhor Filme no Critics Choice Awards. Confirmando o bom momento, também foi vitorioso no Directors Guild Awards, no Producers Guild Awards e no Writers Guild of America Awards, três dos principais prêmios dos sindicatos de Hollywood.

Sobre o que é

Em Nova York, a jovem stripper Anora (Mikey Madison) conhece o filho de um oligarca russo e engata um improvável romance. Após um casamento impulsivo em Las Vegas, a família de Ivan Zakharov (Mark Eydelshteyn) planeja retornar para os Estados Unidos com um único objetivo - anular a união entre o casal. Descrito como um "conto de fadas às avessas", o longa subverte a história da Cinderela para falar sobre as falhas do Sonho Americano.

Elenco

Em Anora, Mikey Madison interpreta Ani, uma jovem stripper que se deslumbra com a vida de luxos que o dinheiro pode proporcionar. O papel rendeu a atriz uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. Já Mark Eydelshteyn é Ivan Zakharov, filho de um oligarca russo que contrata os serviços de Ani por tempo indeterminado.

Yura Borisov interpreta Igor, um capanga russo da família Zakharov. O papel rendeu ao ator uma indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Completam o elenco Karren Karagulian e Vache Tovmasyan, que interpretam outros dois capangas da família Zakharov, e Aleksei Serebryakov e Darya Ekamasova, que vivem o pai e a mãe de Ivan, respectivamente.

Entrevistas

Em entrevista ao Estadão, Sean Baker e Mikey Madison discorreram sobre o que torna Anora um longa tão único. Em especial, falaram sobre a temática de trabalhadores sexuais - uma constante no trabalho de Baker - e sobre como o filme busca quebrar as expectativas do público.

"Sempre pensei em Anora como algo fora do 'mainstream' e um pouco divisivo por causa de seus temas, mas ele parece estar agradando às pessoas de maneira universal. E isso é maravilhoso", afirmou Sean Baker.

Críticas

O filme foi bastante elogiado pela crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, que agrega análises de profissionais da indústria, o longa conta com 93% de aprovação. No New York Times, a obra de Sean Baker foi descrita como o "nascimento de uma estrela".

"Esse papel exige que ela [Mikey Madison] vá ao extremo, com elementos de pastelão, romance, comédia e tragédia, além de dançar com pouquíssima roupa e dar uns socos poderosos", escreveu a crítica Alissa Wilkinson. "E a cada momento Madison fica mais fascinante."

"Anora é uma fábula moderna e obscena, povoada por strippers e capangas. Como a maioria dos filmes de Baker, fala sobre os limites do sonho americano, sobre as muitas paredes invisíveis que se interpõem no caminho das fantasias de igualdade e oportunidade, sobre como se erguer pelas próprias pernas", finalizou.

Polêmicas

A principal polêmica de Anora decorreu da falta de um coordenador de intimidade no set de filmagem de Sean Baker. O cargo, que vem ganhando cada vez mais importância em Hollywood, é responsável por supervisionar cenas íntimas que envolvam sexo simulado e nudez.

Em uma era pós-Me Too, o trabalho do supervisor garante que todos os envolvidos se sintam seguros e possam se manifestar caso algo os deixe desconfortável. Em Anora, cenas de sexo e nudez compõem uma boa parte do filme. Baker e a equipe, no entanto, optaram por não utilizar um coordenador de intimidade durante as gravações do longa.

"Foi uma escolha que fiz. A produção me ofereceu, se eu quisesse, um coordenador de intimidade", afirmou Mikey Madison no quadro Actors on Actors, da Variety. A atriz explicou que a decisão foi tomada por ela e por Mark Eydelshteyn e que, apesar da polêmica, a experiência foi extremamente positiva para ela.

Onde assistir

Em cartaz, Anora estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro. Não há previsão, no momento, para exibição em plataformas de streaming.

Os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2025

Anora

O Brutalista

Um Completo Desconhecido

Conclave

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Ainda Estou Aqui

Nickel Boys

A Substância

Wicked

'O Brutalista' vence Oscar de melhor trilha sonora. O filme disputou categoria com Conclave, O Robô Selvagem, Wicked e Emilia Pérez. O longa venceu prêmio de melhor fotografia também.

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo, 3. É o primeiro longa brasileiro a conquistar o feito. O diretor Walter Salles dedicou prêmio a Eunice Paiva. Ele também dedicou estatueta a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. "É uma coisa extraordinária", disse sobre vitória.

A produção superou os concorrentes Emília Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia). O francês, que venceu o Prêmio do Júri em Cannes 2024 e foi indicado a 13 categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme, foi considerado como o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas.