Unicamp/Tom Zé: Autonomia não é conflitante com aproximação do mundo empresarial

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Eleito e nomeado novo reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o professor Antonio José de Almeida Meirelles, conhecido como Tom Zé, quer estreitar os laços da universidade com empresas privadas. Para ele, a abertura da instituição a investimentos externos ainda é ponto de polêmica, mas é possível conciliar a autonomia universitária com esse tipo de iniciativa.

"A universidade valoriza muito a ideia da autonomia intelectual, da possibilidade de desenvolver conhecimentos com liberdade e autonomia. Esse é um valor importante, mas não é conflitante com a aproximação com o mundo empresarial ou com a sociedade civil", disse Tom Zé ao Estadão nesta sexta-feira, 16, após nomeação para o cargo de reitor pelo governador João Doria (PSDB).

Professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Tom Zé disputou a reitoria da universidade em chapa com a professora Maria Luiza Moretti, da Faculdade de Medicina. Eles venceram com 51,97% dos votos. A posse da nova gestão será realizada na segunda-feira.

À frente da Unicamp pelos próximos quatro anos, Tom Zé terá o desafio de cumprir a promessa de retomar a progressão de carreira de funcionários em um cenário de orçamento incerto. A maior parte da verba das universidades paulistas depende da arrecadação do ICMS, que deve cair com a crise na pandemia. Novas contratações, diz, podem ocorrer a depender da situação financeira.

Como a USP e a Unesp, a Unicamp mantém aulas teóricas remotas e, segundo o reitor, é preciso avanço da vacinação para garantir um retorno seguro ao câmpus. A pandemia traz o debate "inevitável", segundo o reitor, sobre novas formas de dar aulas, incorporando tecnologias. E a retomada, diz Tom Zé, deve vir acompanhada de foco na sustentabilidade. Projetos para adaptar os prédios a fim de diminuir impactos ambientais já estão em andamento - com a vantagem de incluir estudantes de pós-graduação nas pesquisas sobre o tema.

O senhor assume a gestão de uma das maiores universidades da América Latina em meio a uma grave crise sanitária. Qual o papel da Unicamp no combate à covid-19?

A Unicamp é uma das universidades em que o peso da área de saúde, em termos de tamanho, orçamento, é dos maiores no País. Temos o Hospital das Clínicas, que é parte da Unicamp, o hospital da mulher e outros dois hospitais de porte menor. E ainda administramos dois hospitais na região, sete ambulatórios médicos de especialidades. É uma área muito grande que está intensamente dedicada à pandemia. Essa é a prioridade número um da gestão neste início. Passamos por um momento terrível da pandemia, com grande impacto em Campinas e região. Nosso papel como Unicamp é fazer parte dessa iniciativa. Também há grupos que procuram acompanhar a evolução das contaminações, a expansão da pandemia na região, fazer monitoramento e testagem de grupos vulneráveis. Nossa intenção é fortalecer isso - não só em função da gravidade do momento, mas também pensando nos riscos de pandemias semelhantes. Estamos nos preparando para desafios futuros.

O senhor citou esse monitoramento da covid-19, a pesquisa. Como a sociedade vê hoje o papel da universidade em relação à crise sanitária? Há valorização maior da ciência e da universidade ou mais ataques e descrédito?

No período pré-pandemia, passamos por um momento muito negativo da visão de parcelas da sociedade, de certa forma contaminadas por um negacionismo da ciência, do conhecimento e tecnologia, sobre o papel das universidades. A pandemia mostrou a importância da universidade. Temos profissionais de alta qualidade, capazes de enfrentar situações de crise e esses profissionais estão concentrados nas universidades públicas, nos institutos de pesquisa e, em particular, no Estado de São Paulo, que reúne as três universidades mais importantes do País. A sociedade hoje está mais aberta e propensa a reconhecer esse papel. A Unicamp tem respondido de forma muito positiva, mas é um desafio para a próxima gestão manter essa oportunidade que estamos agarrando, fruto infelizmente de uma situação difícil, e estender para todas as áreas do conhecimento. O desafio é a universidade se aproximar da sociedade em um sentido realmente vasto: estreitar relações com o mundo empresarial para transferir tecnologia, conhecimento, inovação; incentivar startups a partir de desenvolvimentos tecnológicos e inovadores da universidade; estreitar relações com o mundo da política pública, no sentido de a universidade fornecer formulações de políticas que atendam às necessidades sociais. A visibilidade não é só no sentido de divulgação e propaganda, mas de estreitar laços.

A universidade precisa se abrir mais a investimentos externos e está preparada para essa discussão ou ainda há muita resistência para parceria com empresas?

A universidade valoriza muito a ideia da autonomia intelectual, a possibilidade de desenvolver conhecimentos com liberdade e autonomia. Esse é um valor importante, mas não é conflitante com a aproximação com o mundo empresarial ou com a sociedade civil. Ter essa permeabilidade, essa relação de troca, é importante para valorizar nas nossas agendas de pesquisa aquilo que tem mais impacto na sociedade. E esse impacto pode ser no mundo empresarial como também no social. A universidade está mais aberta a fazer isso. Esse assunto sempre tem um nível de polêmica, mas, se a universidade preserva a sua autonomia, ela consegue ter essa relação e, ao mesmo tempo, construir internamente mecanismos para incentivar pesquisas que não têm tanto interesse do mundo privado, usando os próprios recursos que ela obtém. Há uma mistura de preocupação, mas uma abertura para ter essa relação: a universidade está encontrando a dose adequada.

Vemos ataques do governo federal à universidade e à ciência. Qual o papel da universidade no resgate de valores democráticos?

A Unicamp tem tradição grande de contribuir com políticas públicas e isso tem a ver com a democracia. Grandes intelectuais passaram pela universidade, são nomes de relevo. E essa tradição tem de ser recuperada, a própria contribuição da Unicamp para discutir um projeto de País e para verbalizar a preocupação com a democracia no Brasil. É uma coisa que nossa comunidade tradicionalmente faz. Temos de fortalecer isso neste momento, em particular. Seja porque esse desleixo, esse desprezo com a questão da democracia, de ouvir a sociedade na formulação da política central, afeta a gente diretamente - estamos passando por situações difíceis no financiamento à pesquisa e formação de pós-graduandos e o governo federal tem papel importante com as agências como CNPq e Capes (agências de fomento à ciência). Mas também por uma preocupação da universidade em geral, de pensar o País.

O senhor vê um desprezo com a democracia partindo do governo federal?

Há abertura muito pequena para as questões que afetam a intelectualidade em geral. A importância para nosso País de ciência, tecnologia, cultura e conhecimento é muito grande. Não conseguimos manter um projeto de País sem valorizar essas questões e isso hoje não é devidamente valorizado pelo governo federal.

Há uma intenção de contratação de docentes nos próximos anos? Como conciliar a demanda de pessoal com cortes no orçamento ou orçamento incerto?

Nosso principal compromisso ao longo da disputa (para a reitoria) foi a retomada dos processos de progressão nas carreiras e manutenção dos programas de inclusão e permanência. Os problemas orçamentários levaram a universidade, no passado recente, a reduzir o ritmo de progressão da carreira. Temos docentes e funcionários com potencial de estar mais à frente na carreira e não alcançaram esse nível. E tivemos a política de inclusão. Nossa visão é que essa é a questão mais importante e que vai abocanhar um pedaço a mais do orçamento, mas está dentro do que é possível realizar sem comprometer a sanidade orçamentária. E, dependendo do desempenho orçamentário, retomar os processos de contratação.

Quais os planos para a permanência de estudantes e para abrir a universidade a alunos de baixa renda? A universidade ainda tem caráter elitista?

A política de inclusão em andamento, do ponto de vista da entrada, é bastante avançada. Ela procura atingir pessoas de escolas públicas, pessoas que tinham pouca representação étnica e incorpora indígenas. Já é bastante inclusiva. A dificuldade é isso não estar sendo completamente observado pela sociedade. Alunos de escolas públicas veem a universidade como muito afastada. Temos de ter ação mais forte de ir às escolas públicas e incentivar uma participação mais efetiva. Mas, em relação às políticas de inclusão, não devemos mexer, estão com tamanho adequado, são bastante amplas e podem reproduzir na universidade uma composição bem próxima da composição da sociedade. O desafio maior é a permanência, em função das dificuldades de renda e até de ambientação, no caso dos indígenas. Temos mais de 450 estudantes de origem indigena, muitos que vêm da Amazônia (a Unicamp tem um vestibular indígena). A pandemia cria novos problemas, com ensino remoto e acesso a internet e equipamentos. A nossa preocupação tem de ser principalmente focada na garantia de que a entrada gere a possibilidade de permanecer e concluir o curso. Temos de incentivar mais programas associados à permanência em relação às dificuldades financeiras, acadêmicas e psicológicas.

Até agora as universidades estaduais paulistas foram mais restritivas do que o governo estadual em relação à retomada das atividades presenciais nos câmpus. Mesmo quando o governo já autorizava a volta do ensino superior, as três universidades não permitiram, pelo menos para as aulas de graduação. Quais os planos para a retomada das atividades presenciais na Unicamp?

Tivemos algumas iniciativas localizadas. No fim do ano passado, na área médica, para pequenos grupos, as atividades didáticas na graduação foram retomadas. As aulas em sala se mantiveram à distância porque a universidade não tinha, e não tem até o momento, uma estrutura de sala de aula que permita preservar, para turmas normais, o distanciamento adequado. Uma possibilidade seria combinar só parte dos alunos em sala de aula e outra em ensino remoto. Mas tivemos êxito razoável nas atividades remotas de sala de aula. Vai ter impacto porque não é a mesma coisa, mas a avaliação é de que avançamos bem. A ideia é só voltar à atividade de aula em sala (aulas teóricas) presencial com uma segurança que exigiria nível maior de vacinação.

É possível pensar em um retorno para aulas teóricas ainda este ano ou só no ano que vem?

Prefiro responder com cautela. Neste semestre, com certeza, não. Temos de acompanhar a evolução da doença e qualquer retomada deveria combinar parte presencial e parte remota. O ideal era ter um ritmo de vacinação bem mais acelerado porque isso viabiliza o retorno para o segundo semestre. E temos o problema das variantes: quanto mais lenta a vacinação, cresce o potencial de novas cepas e a segurança do impacto da vacinação pode diminuir. Temos de ser cautelosos - a Unicamp já perdeu profissionais, professores. O importante é colocar a segurança das pessoas em primeiro lugar.

A pandemia e as aulas remotas abrem caminho para mudanças de método, didática? Dá para pensar em cursos diferentes que misturam mais atividades em casa, remotas?

A pandemia fez a universidade se adaptar rapidamente, usando instrumentos com que não estava acostumada. Uma parcela pequena já tinha intimidade, mas a grande maioria dos estudantes e professores não tinha. A pandemia inverteu esse sinal. O resultado futuro será uma combinação dessas duas coisas, com potencial de melhorar a qualidade. As atividades presenciais podem ser mais focadas em dúvidas, discussões e aprofundamentos. Ou pode ser ao contrário também: o estudante complementa a formação revendo a aula que assistiu presencialmente. Essa discussão vai ser inevitável. A grande maioria das pessoas associadas à educação admite alguma combinação de aula presencial e uso de ferramentas remotas. Teremos de acertar a dose porque ainda há muita dúvida a respeito e imagino que, no pós-pandemia, as pessoas terão certa vontade de se encontrar de novo.

Qual a importância de pensar em um retorno sustentável, de tornar a universidade mais limpa?

Esse é um tópico que chama bastante atenção das administrações e também da comunidade. O que tem de novo é a iniciativa de transformar isso em algo que seja objeto de pesquisa realizada dentro da própria universidade. Um exemplo grande é um projeto na área de redes inteligentes de energia, que está financiando formação de pós-graduandos. Não é só um serviço prestado pela universidade, mas atinge a formação de pessoas. Ônibus elétricos giram no câmpus, concedidos pela empresa, para levantar dados, pesquisar. Esse grupo está monitorando e preparando a otimização do uso de energia em vários prédios do câmpus. Para um hospital que está sendo concluído, uma parte da energia vem desse projeto de painéis solares. É um indicativo de algo que ao mesmo tempo torna a universidade mais sustentável, faz seus prédios serem mais sustentáveis, e também é realizado por estudantes que estão se formando e adquirindo grau, virando mestres, doutores.

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Selton Mello postou cenas dos bastidores de Ainda Estou Aqui em suas redes sociais na segunda, 24. Nas imagens aparecem os atores do filme, como Fernanda Torres e Valentina Herszage.

Nas cenas, é possível ver o elenco dentro do carro, nos ensaios e também descansando, descontraído. Os comentários da publicação ressaltaram a intimidade entre os atores. "Coisa boa de ver: leveza, alegria, profissionalismo, amor, cuidado", disse um usuário. "O 'making off' aos olhos do Selton", completou outra. Na legenda, o ator escreveu: "Bastidores inéditos".

Ainda Estou Aqui é uma obra baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que narra a história da família do escritor após o desaparecimento de seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar. A trama acompanha a luta de sua mãe, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, que busca pelo paradeiro do marido enquanto cuida dos filhos e constrói uma carreira como advogada e defensora dos direitos das comunidades indígenas no Brasil. Selton Mello interpreta Rubens Paiva na adaptação cinematográfica.

O filme concorre ao Oscar em três categorias, sendo elas Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, e com Fernanda Torres para Melhor Atriz. A cerimônia ocorrerá em 2 de março, no domingo.

Preta Gil compartilhou com seus seguidores a canção inédita Tudo Vai Passar, que integra a trilha sonora original do filme Câncer com Ascendente em Virgem. Composta por Flavia Tygel, a música carrega uma mensagem de resiliência e fé, temas que tocam diretamente a trajetória pessoal de Preta, que está em tratamento contra o câncer de intestino.

O clipe da música foi gravado em julho do ano passado, antes da cantora dar continuidade ao seu tratamento. Dirigido pela atriz Jeniffer Dias, o videoclipe contou com a participação de várias mulheres da equipe do filme.

"Com muita felicidade, compartilho com vocês Tudo Vai Passar. Uma canção que mostra o quanto seguir em frente é um ato de coragem, e acreditar que vai passar é também um exercício diário de fé. Me sinto honrada de ter minha voz nessa trilha, que diz muito sobre o meu momento atual. Tudo vai passar… Com fé, amor, luta", escreveu Preta.

A estreia do filme está marcada para o dia 27 de março nos cinemas e é inspirado na história da produtora do filme, Clélia Bessa, que, em 2008, durante seu tratamento contra o câncer de mama, lançou o blog Estou com Câncer, e Daí?, que mais tarde foi transformado no livro homônimo.

A música Tudo Vai Passar representa, na trama, a jornada de cura da personagem Clara (interpretada por Suzana Pires) após o diagnóstico de câncer de mama. Ao longo do filme, Clara repensa suas relações familiares, aproximando-se da mãe, Leda (Marieta Severo), e da filha, Alice (Nathália Costa). O filme também destaca a importância da rede de apoio, representada pelas amigas Dircinha (Fabiana Karla) e Paula (Carla Cristina Cardoso), que trazem leveza e bom humor ao enredo.

A influenciadora Maya Massafera rebateu neste domingo, 23, críticas feitas por alguns de seus seguidores sobre a magreza do seu corpo. Após postar uma foto vestindo um biquíni, diversos fãs da youtuber questionaram o estado de saúde de Maya. A resposta da apresentadora, no entanto, gerou polêmica.

Em seu perfil no Instagram, Maya afirmou que "gente rica é apaixonada pela magreza". "No mundo da moda, a gente gosta de mulher muito magra. É gosto. Tem gente que gosta de mulher mais sarada, de mulher gorda. Eu acho mais bonito mulher magra", afirmou em uma série de vídeos publicados nos Stories.

"Minha avó é mais simples e ela fala: 'May, engorda um pouco, parece que está passando fome'. Então, gente mais simples gosta de gente mais cheinha", continuou.

"Gente rica ou francesa, ou que entende muito de moda, é apaixonada por magreza. Eu não estou nada magra pra eles ou pra brasileiros da elite. Agora, gente mais simples vai me achar magra".

A declaração viralizou nas redes sociais e foi bastante criticada. Para muitos internautas, a fala foi considerada elitista.

"Os desfiles de moda, a elite, gostam de uma pessoa magra. Então, não tem por que a gente atacar o outro: você aprendeu a gostar de gente mais gorda por causa da sua condição financeira. E quem é magro, vice-versa", falou a apresentadora, ressaltando que tal gosto é algo "cultural".