Rio reabre praias com público dividido quanto às medidas de restrição

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O primeiro dia de praias liberadas no Rio reuniu um público razoável nas areias da zona sul da cidade - menor, no entanto, do que o visto no fim de semana, quando a permanência ainda estava proibida. O decreto publicado na sexta-feira, 23, e que liberou as praias, permite a permanência de pessoas na faixa de areia e no mar somente de segunda a sexta.

Nesta segunda, o público que esteve no Leblon procurando o sol entre as nuvens se mostrou dividido sobre as medidas de restrição. "Hoje o sol não abriu, mas acabou que a gente veio à praia no sábado. Ficamos assim, estendo as cangas, tinha algumas barracas. Hoje viemos com a praia já liberada e não vi muita diferença, não", disse a servidora pública Caroline Salgado, que veio de Brasília. "Acho um exagero fechar as praias. Não agrega nada, só atrapalha quem trabalha aqui. É um lugar aberto, se as pessoas se precaverem não vejo problema nenhum."

Opinião bem distinta tem a infectologista Maria Letícia Santos Cruz, que levou a netinha Inês para brincar em uma área reservada da praia, dedicada às crianças. Usando máscara de proteção e tomando todos os cuidados no que diz respeito a medidas de proteção, ela vê a reabertura das praias como precoce.

"Apesar de a gente não poder vir para a areia, não poder trazer as crianças, acho correto restringir a circulação", avaliou, mostrando "os dois lados da moeda", o de avó e o de médica.

"Temos ainda uma fila grande para leitos de CTI, e acho que essa alta taxa de mortalidade é por causa dessa demora. Nossa estrutura de saúde não comporta esse número de casos e a gravidade da covid-19. Estou aqui na praia com a minha neta porque é gostoso e é prático, mas continuo preocupada com a reabertura."

Quem demonstrou maior alívio foi o barraqueiro Anakis, que aluga cadeira de praia e vende água e outras bebidas no final da praia do Leblon. "Pra nós é muito difícil ficar parado por dois meses. A gente vai ganhando (com o dia a dia), mas gasta ao mesmo tempo. Às vezes a gente fica uma, duas semanas sem abrir por conta de chuva, mas ninguém espera ficar quase dois meses sem renda. As pessoas pagam aluguel, prestação de carro, as contas da casa. Todo mundo come", ressaltou.

Ele disse que, no período, procurou garantir seu sustento como motorista de Uber. "Mas também o Uber cai bastante, porque as lojas e bares ficaram todos fechados. A gente vai se virando, dando um jeito", comentou. "Em dias de sol, aqui na barraca eu conto com ajuda de cinco garotos. Eles não têm renda fixa, então eles acabaram sofrendo bastante (com o fechamento das praias)."

Em outra categoria

Lady Gaga publicou uma texto emocionante agradecendo seus fãs pelo show gratuito que realizou na noite deste sábado, 3, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na publicação, ela compartilhou fotos com uma das roupas usadas na apresentação e um vídeo da multidão que a assistia.

Gaga disse que nada poderia prepará-la para o sentimento de "orgulho e alegria absolutos" ao cantar para o público brasileiro, afirmando que ficou sem fôlego ao ver a multidão durante as primeiras músicas do show.

Ela também agradeceu ao público, citando que 2,5 milhões de pessoas compareceram à praia de Copacabana, "o maior público para uma mulher na história" - vale pontuar que a informação sobre o recorde feminino é correta, mas a prefeitura estimou um público de 2,1 milhões. Em 2024, Madonna reuniu 1,6 milhões de pessoas.

A artista ainda agradeceu à paciência dos fãs, que aguardaram 12 anos para um retorno da cantora ao País (em 2017, ela cancelou uma apresentação no Rock in Rio): "Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento."

Leia o texto na íntegra

"Nada poderia me preparar para o sentimento que tive durante o show de ontem à noite - o orgulho e a alegria absolutos que senti ao cantar para o povo do Brasil. A visão da multidão durante minhas músicas de abertura me deixou sem fôlego.

Seu coração brilha tanto, sua cultura é tão vibrante e especial, que espero que saibam o quanto sou grata por ter compartilhado esse momento histórico com vocês. Estima-se que 2,5 milhões de pessoas vieram me ver cantar, o maior público para uma mulher na história.

Gostaria de poder compartilhar esse sentimento com o mundo inteiro - sei que não posso, mas posso dizer o seguinte: se você perder o rumo, pode encontrar o caminho de volta se acreditar em si mesmo e trabalhar duro.

Você pode se dar dignidade ensaiando sua paixão e sua arte, esforçando-se para alcançar novos patamares - você pode se elevar, mesmo que isso leve algum tempo.

Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento. Patas para cima, monstrinhos. Obrigada [em português]. Com amor, Mãe Monstro."

Lady Gaga dedicou uma música para o noivo, Michael Polansky, durante seu megashow no Rio de Janeiro, na noite de sábado, 3. A cantora americana levou um público de 2,1 milhões de pessoas à praia de Copacabana, segundo a prefeitura da cidade.

"Michael, vou cantar essa canção para 2 milhões de pessoas. Isso é o quanto eu te amo", disse ela na apresentação de Blade of Grass, música do álbum Mayhem que Gaga escreveu em homenagem ao parceiro.

Polansky tem 46 anos, nasceu no estado de Minnesota, nos Estados Unidos, e trabalha com investimentos. Segundo seu perfil no Linkedin, ele se formou na universidade de Harvard e tem um diploma em matemática aplicada e ciências da computação.

Atualmente, ele tem funções em diversas empresas e fundações sem fins lucrativos. Ele ajudou a criar a Fundação Parker, em 2015, ao lado de Sean Parker, um dos fundadores do Facebook, que tem o objetivo de criar mudanças positivas na saúde pública global.

Ele também é creditado como sócio fundador da Hawktail, uma empresa de capital de risco "que investe em tecnologia de estágio inicial e transformacional em ciências da vida, tecnologia climática, tecnologia profunda e software", e da Outer Biosciences, que tem como missão "melhorar a saúde da pele humana."

Ele e Gaga foram apresentados pela mãe da cantora, Cynthia Germanotta, em 2019. Assumiram o namoro publicamente no ano seguinte e revelaram o noivado em 2024. O empresário costuma acompanhar a cantora em turnês e shows - incluindo no Rio - e já compareceu com ela em eventos da indústria da música.

O megashow de Lady Gaga na praia de Copacabana na noite deste sábado, 3, teve repercussão na mídia internacional. Veículos estrangeiros destacaram o público recorde de 2,1 milhões de pessoas, que superou o da apresentação de Madonna (1,6 milhão) no ano passado.

O britânico The Guardian acompanhou a apresentação diretamente do Rio e entrevistou fãs da cantora na praia carioca, incluindo mãe e filha que vieram do Chile para a apresentação. O jornal disse que "a atmosfera era parte frenesi, parte reverência durante a 'ópera gótica' de cinco atos".

A revista americana Variety, tradicional na área do entretenimento, chamou a atenção para o fato de que aquele foi o maior público da carreira de Lady Gaga e o maior de um show feminino em Copacabana (o recorde geral é de Rod Stewart - veja aqui o ranking).

Outro portal americano, o NPR escreveu que "alguns fãs, muitos deles jovens, chegaram à praia de madrugada para garantir um bom lugar, munidos de lanches e bebidas", e aguardaram ao longo dia sob um sol escaldante.

O site alemão Deutsche Welle (DW) também repercutiu o tamanho do público que compareceu ao show e comentou o objetivo da cidade do Rio de Janeiro de ter um megashow em Copacabana todo ano no mês de maio até 2028.

Já o britânico The Telegraph disse que a apresentação "impulsionou" a economia do Rio de Janeiro, repercutindo a informação da prefeitura de que a estimativa era que o show gerasse R$ 600 milhões para a cidade.

A rede britânica BBC também conversou com fãs no local e lembrou que Gaga não se apresentava no Rio desde 2012, já que havia cancelado uma apresentação no Rock in Rio 2017.

"Uma grande operação de segurança foi montada, com 5 mil policiais de plantão e os participantes tendo que passar por detectores de metal. As autoridades também usaram drones e câmeras de reconhecimento facial para ajudar a policiar o evento", destacou o veículo.

O show de Lady Gaga no Rio também repercutiu em veículos como o jornal Público, de Portugal, a CNN americana e as agências de notícias Reuters e Associated Press.