Tom Zé: o redemoinho

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Tom Zé, 84 anos, vibra como um garoto por sua nova criação: uma parede em seu apartamento no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, na qual ele colocou cartazes de rua, folhas de jornais, recordações da infância e letras de música. Foram esses elementos que o ajudaram a criar a performance que ele apresentará na quarta-feira, 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa, na exposição temporária de pré-abertura Língua Solta, do Museu da Língua Portuguesa.

Por telefone, em chamada de voz, o artista tenta descrever a tal parede que, em tempos de pandemia, lhe permitiu ver o mundo. Pensa em ligar o vídeo. "Poxa, não vou saber fazer. Não sou bom nisso. Tem gente que se deu bem com essas coisas de modernidade. Eu não", diz ele, um dos artistas desde sempre moderno, à reportagem. Neusa, sua mulher e fiel escudeira, está em outro cômodo da casa.

Porém, assim como faz em suas canções, Tom Zé se vale das palavras, sua matéria-prima, para explicá-la. Ou melhor, para contar toda a viagem que fez por lembranças, história, professores, conversas dos tios, livros e pensadores, estimulado pelo pedido dos curadores de Língua Solta, Moacir dos Anjos e Fabiana Moraes. "O convite me fez estudar. Você sabe que o ser humano esquece, de dez em dez anos, aquilo que aprende, né?", diz.

A exposição é composta por um conjunto de objetos que fixam seus significados no uso das palavras na arte contemporânea e popular. Portanto, o público verá - a visitação presencial terá número limitado de participantes - peças como cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e estandartes de dança.

"O que me instigou foi essa retirada da hierarquia do que é clássico, ou a arte, e o popular. Isso cria um vento, ou melhor, um redemoinho no pensamento. Quando eles se juntam dessa maneira, ficamos imaginando nesse um passo para lá ou um passo para cá nessa história de a pessoa ser ou não ser um artista. Quando uma pessoa diz, 'isso não é arte', o que ela quer dizer?", questiona-se Tom Zé.

Um dos pontos de partida do pensamento de Tom Zé foi o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009), pensador da antropologia estrutural que desenvolveu estudos sobre sociedades não civilizadas, com base na linguagem. Dele, Tom Zé segue sua linha de raciocínio fervilhante até sua infância, nos anos 1940, em Irará, nos arredores de Feira de Santana, na Bahia.

Tom Zé diz que, à época, vivia-se outra civilização. "A nossa concepção do universo, antes de entrar na escola primária, não tinha Aristóteles. Quando fui estudar, aos oito anos de idade, analfabeto, senti uma diferença brutal naquilo que o professor dizia. Fiquei assombrado. Eu estava de costas para a civilização", diz.

Dessa época, ele também se lembra das reuniões na sala da case do avô, quando a língua era a principal distração. A roda de conversa deixava o menino curioso, prestando atenção em tudo - e no modo - como era falado. Nove da noite, o mesmo horário no qual Tom Zé vai para a cama até hoje, era hora de criança dormir. "Eu não conseguia pegar no sono, estava excitadíssimo, tentando me lembrar de tudo o que havia sido dito para saber se eu tinha compreendido", conta.

Essa paixão pela língua portuguesa aparece na canção Língua Brasileira, que Tom Zé fez para o disco Imprensa Cantada, de 2003, na qual é chamada de "babel das línguas" e "dama culta e bela." "Sou uma pessoa que vive com a língua de manhã, de tarde e de noite. É o que me provoca. Trabalhei feito um leão nesses dias para decifrar essa exposição. Meu métier é a canção, então tive que estudar, ir atrás."

Novas canções

A pesquisa de Tom Zé para Língua Solta o inspirou para compor pelos menos três canções. Uma delas, que se confunde com o tema da exposição, ele fez para o Estadão, com o título de O Estado de São Paulo. Outra, com o título da mostra, brinca com o fato de a língua estar nua no museu - só de "touca", como diz a letra. O artista não sabe se elas estarão na performance, que será pré-gravada. Para além dessas novidades, diz que pensa em novas canções para o musical de Felipe Hirsch e do coletivo Ultralíricos inspirado na canção Língua Brasileira, que estrearia em março de 2020, em São Paulo. Com a pandemia, a produção foi adiada.

Tom Zé só desconversa quando perguntado se já pensa em um novo disco - seus últimos lançamentos foram o álbum Sem Você Não A (2017) e o retrospectivo Raridades (2020). "Demoro para compor. Tem pessoas que chegam em casa às cinco horas da tarde, tomam um uísque e fazem uma música que dali a pouco vai estar na boca do povo. Sim, tenho feito (novas músicas). Só que, quando contamos antes da hora o que vai ser, a coisa perde um pouco a graça".

Programação

A exposição temporária Língua Solta, do Museu da Língua Portuguesa, equipamento cultural do governo de São Paulo, é uma prévia da reabertura do espaço, que está prevista para o segundo semestre de 2021. Para marcar a Semana da Língua Portuguesa, terá, entre os dias 3 e 7 de maio, uma programação especial.

Para quem desejar ver a mostra presencialmente, o museu terá visitações com o público restrito em 160 pessoas no total - 10 por vez. É preciso emitir um ingresso eletrônico previamente para reserva de horário. O segundo lote estará disponível hoje (3), ao meio-dia. (bit.ly/ingressolinguasolta). As visitas serão realizadas nos dias 4, 5, 6 e 7 e maio, nos horários de 9h30, 10h30, 14h30 e 15h30. A classificação indicativa é de 12 anos.

A programação online terá vídeos, aulas, debates e performances feitas exclusivamente para a exposição, como a de Tom Zé, programada para o dia 5, às 17h10. Tudo poderá ser acompanhado no canal do Museu da Língua Portuguesa no YouTube (bit.ly/assistirlinguasolta).

No dia da abertura, na segunda-feira (3), às 19h30, haverá o pré-lançamento do videoclipe da música Meu Bairro, Minha Língua, que une as vozes dos artistas Dino D'Santiago e Sara Correia (Portugal) e Linn da Quebrada (Brasil).

Na terça-feira (4), às 19h30, o compositor e pesquisador José Miguel Wisnik apresenta uma aula sobre algumas referências literárias e musicais presentes no espaço Praça da Língua - uma das salas xodós do museu.

No Dia Mundial da Língua Portuguesa, na quarta-feira (5), às 11h, o debate Nós da Língua Portuguesa do Mundo reúne escritores de diferentes países lusófonos. Os convidados são Mia Couto (Moçambique), José Eduardo Agualusa (Angola) e Inês Pedrosa (Portugal). Às 13h, criadores de conteúdo no Instagram mostram a relação do funk com a literatura.

No mesmo dia, às 17h, os escritores Geovani Martins e Amara Moira e a pesquisadora de Literatura Indígena Julie Dorrico debatem sobre as resistências expressas nos falares brasileiros.

A cantora Maria Bethânia será responsável por encerrar a programação virtual, às 18h, com a leitura dos versos da canção Os Argonautas, de Caetano Veloso, inspirada nos versos "navegar é preciso / viver não é preciso", de Fernando Pessoa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Funcionários da cantora Lady Gaga distribuíram cerca de 30 caixas de pizza para fãs que aguardavam uma aparição da artista na frente do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde ela está hospedada.

A cantora se apresenta gratuitamente na praia de Copacabana neste sábado, 3. A apresentação está marcada para começar às 21h45 e terá transmissão ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow.

À espera pelo show, fãs se aglomeraram em frente ao Copacabana Palace na esperança de conseguirem ver Gaga de perto. Até o momento, contudo, ela não apareceu para cumprimentar os admiradores - seu noivo, Michael Polansky, porém, foi visto dando uma "espiadinha" em uma das janelas do hotel.

No início da noite de quarta, 30, funcionários da artista apareceram com caixas de pizza e distribuíram para a multidão. O momento foi registrado e compartilhado por fãs nas redes sociais. Algum tempo depois, a própria Gaga repostou no TikTok um vídeo que registrava a distribuição das pizzas.

Sabrina Sato leva a sério o ditado de que a melhor fase da vida começa depois dos 40. Foi quando ela viu tudo mudar. Aos 42 anos, separou-se de Duda Nagle, com quem viveu 7 anos e teve uma filha, Zoe, agora com 6 anos. Aos 43, assumiu um namoro com Nicolas Prattes. Prestes a completar seus 44, casou-se com o ator.

Mas Sabrina mal imaginava que poderia se apaixonar depois de uma relação longa e da responsabilidade de criar Zoe. O amor, é claro, vem acompanhado de estereótipos, mas a apresentadora quer provar que nenhum deles é real com Minha Mãe com Seu Pai, reality que acaba de estrear na Globoplay.

A proposta é inusitada: filhos inscreveram os pais de meia-idade para que eles tentem encontrar um novo amor. O que eles não sabiam é que teriam de atuar como "especialistas", decidindo o destino dos pais e acompanhando tudo o que acontece entre eles. Tudo mesmo.

Em entrevista ao Estadão, Sabrina garante ter sido a primeira vez que colocou tanto da sua experiência em um programa. Em Minha Mãe com Seu Pai, ela foi filha, mãe, amiga, confidente e conselheira. "Eu me intrometi até demais", brinca. Foi a atriz que, depois de ver a proposta do formato original, da rede britânica ITV Studios, pediu para assumir o programa. À época, ela estava noiva e grávida de Nicolas - e perdeu o bebê com 11 semanas de gestação.

Por ter sentido na pele o que é amar de novo, a apresentadora conta ter feito o máximo para que os participantes também "se jogassem" no romance. "Minha experiência de estar em um momento muito feliz da minha vida pessoal, de estar amando, de ter encontrado alguém especial e ter dado certo me ajudou a incentivá-los e a falar: 'Gente, vem, vem pular na piscina também, vem para esse lado'."

"Qualquer pessoa que encerra um relacionamento longo e com filhos pensa: 'Agora já era'. Você não consegue nem pensar que ainda pode voltar a amar e ser amada." O peso é ainda maior para as mulheres. No reality, ela decidiu avisar cada participante de que o objetivo é dar-lhes a oportunidade de escolher um parceiro - e não de serem escolhidas. "As pessoas precisam entender que a mulher com mais de 40, 50, 60 anos tem desejos. A mulher que quer encontrar um grande amor está mais viva do que nunca."

ROMANCE

Ao todo, seis homens e seis mulheres participam do programa. A maioria não vive um romance há muito tempo - e há algumas mulheres que chegaram a passar por relacionamentos tóxicos.

Do lado dos filhos, há ciúme. A atriz diz ter se divertido com as reações. "Os filhos viram pela primeira vez o pai ou a mãe beijar na boca. É uma loucura imaginar que a mãe queira fazer outras coisas além de maternar... É maravilhoso", comenta.

A Globo pretende que Minha Mãe com Seu Pai preencha a ausência do BBB 25 e pega carona no crescente gosto do público brasileiro por realities de namoro - como se viu com Casamento às Cegas, da Netflix.

Segundo Gustavo Baldoni, head de Conteúdo de Entretenimento Produtos Digitais da Globo, o Globoplay conseguiu um aumento de 51% de horas vistas de realities no ano passado. Túnel do Amor, reality de namoro apresentado por Ana Clara, é um dos maiores sucessos do serviço de streaming e soma 10 milhões de horas consumidas.

Para ele, o interesse do público pelo gênero envolve curiosidade e identificação. "Todo mundo se relaciona ou já se apaixonou. Há uma curiosidade em observar as questões e os conflitos. Os realities permitem explorar dinâmicas diferentes de relacionamentos, além de gerar muitas conversas", comenta.

EXEMPLOS

Para Sabrina, o gosto dos brasileiros está ligado a um "interesse em tudo que envolve o comportamento humano". "Nós temos tantos problemas e ainda achamos que conseguimos cuidar dos problemas dos outros. Nós também vamos nos baseando nos relacionamentos das outras pessoas para termos como exemplo", diz.

Sabrina não viveu apenas um pouco das experiências amorosas do elenco: ela também já esteve do outro lado da moeda e foi participante do Big Brother Brasil. Diferentemente do elenco do novo programa, ela diz ter enfrentado o receio da família para entrar na casa.

"Meus irmãos falavam: 'Pelo amor de Deus, você vai expor a família inteira. Se você quer trabalhar na televisão, ser apresentadora, nós te ajudamos a fazer algum teste. Mas não inventa de participar do Big Brother'.".

Por entender o quanto é difícil tomar a decisão de participar de um reality, ela resolveu ajudar ao máximo o elenco de Minha Mãe com Seu Pai. "Tem de ter coragem. Na minha vida, ainda mais agora, eu aprendi a valorizar o tempo que eu tenho, a viver os momentos e me preocupar menos com o que os outros vão pensar e mais com o que realmente importa: os meus sentimentos", diz.

O reality terá dez episódios. Quatro deles estão desde quarta-feira, 30, no Globoplay e outros quatro chegarão ao catálogo do streaming no dia 7. A revelação da dupla final vai ao ar no dia 14 de maio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um novo documentário produzido pelo diretor Martin Scorsese apresentará uma conversa inédita com o falecido papa Francisco sobre o esforço apoiado pelo pontífice para oferecer educação por meio do cinema, anunciaram os produtores do filme nesta quarta-feira, 30.

Chamado Aldeas - A New Story, o documentário está "enraizado na crença do papa na sagrada natureza da criatividade", disse um comunicado dos cineastas. Não foi anunciada uma data de lançamento.

Segundo eles, a conversa inédita com Scorsese foi a "última entrevista aprofundada do papa para o cinema".

Antes de morrer, Francisco chamou o documentário de "um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos... a essência da jornada de uma vida", disseram os cineastas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)