'Houve realmente uma frustração de expectativas'

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O biólogo Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é um dos principais responsáveis pela vacina contra covid 19 fabricada pela instituição. Nesta entrevista, ele responde às críticas feitas à Fiocruz pelas seguidas revisões em suas previsões e pelos atrasos na produção e na entrega das vacinas - temas de uma reportagem publicada pelo Estadão na segunda-feira. "Houve realmente uma frustração de expectativas", diz. Krieger fala também sobre a possível assinatura do contrato de transferência de tecnologia com a farmacêutica AstraZeneca ainda em maio e sobre o adiamento da entrega das vacinas que serão produzidas com insumo nacional de agosto para setembro ou outubro. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Os dados do Ministério da Saúde mostram que a Fiocruz produziu só 1 de cada 6,5 doses aplicadas até 6 de maio, se tirarmos da conta da instituição os 4 milhões de doses prontas do imunizante Oxford/AstraZeneca importadas da Índia. Como se explica isso?

Quando se levam em conta as doses, os números não são justos com a Fiocruz. Primeiro, porque incluem as duas doses já aplicadas. Como a vacina Oxford/AstraZeneca já confere com a primeira dose um nível de proteção muito grande, que se mantém por três meses, a maioria das doses foi aplicada apenas uma vez até agora. Então, as aplicações de segunda dose contabilizadas pelo ministério são quase todas da vacina (Coronavac) do (Instituto) Butantan (aplicada com intervalo recomendado de 21 dias entre doses). Na verdade (se você considerar só a primeira dose), a participação da Fiocruz chega a 30% do total (1 a cada 3,3 doses aplicadas). Além disso, se você tira da conta da Fiocruz as doses prontas (de AstraZeneca) importadas da Índia, tem de tirar também as (6 milhões de) doses prontas (de Coronavac) importadas (da China) da conta do Butantan. Se você torturar os números, pode tirar diferentes informações.

Mesmo que a gente tire da conta do Butantan as doses prontas importadas, isso só vai alterar a fatia deles. A participação da Fiocruz no total continuará a mesma, de 1 a cada 6,5 doses.

Em termos de doses está bem correto. É isso mesmo. Em termos de pessoas vacinadas, muda um pouco, mas aí pode ser que eu esteja puxando o raciocínio para o nosso lado. Uma coisa importante, na qual a gente sempre pensou, é que a vacina produzida pelo Fiocruz protege as pessoas rapidamente. Isso também tem de ser considerado.

De janeiro a abril, a Fiocruz produziu 22,5 milhões de doses, menos da metade das 50 milhões prometidas. O que houve?

Realmente, tivemos algumas intercorrências frente a expectativas que tínhamos. Algumas não se cumpriram, porque alguns cenários nos quais se baseavam não se concretizaram. Inicialmente, a Fiocruz colocou que as bases do acordo com a AstraZeneca previam o recebimento de matéria-prima entre dezembro e janeiro. Mas só recebemos os primeiros lotes em fevereiro. Agora, não me lembro bem desse número de 50 milhões de doses até abril. Mas, tudo bem, isso deve ter sido falado.

Alguns cientistas e médicos dizem que a Fiocruz deveria ter adotado uma postura mais conservadora nas previsões, para não gerar falsas expectativas. Como o senhor vê essas críticas?

Entendo que houve frustração de expectativas. Só que, se a gente não tivesse esse arrojo de avançar no projeto em junho de 2020, quando nem se sabia se haveria vacina, não estaria na situação em que está. Agora, entendo o ponto que você menciona e tenho de assumir essa responsabilidade. Talvez a gente pudesse ter sido mais pessimista. Talvez tivesse sido melhor ter dito que iria entregar tudo em junho deste ano e começado a entregar em março. Mas a gente se baseou nas informações que tinha.

Há uma previsão de entrega de 100,4 milhões de doses produzidas com IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) importado da China até julho. Ela será cumprida?

A gente deve receber todo o IFA necessário até junho, mas leva um mês para liberar a vacina. Hoje, já está no Brasil o equivalente a 48 milhões de doses. Desse total, mais de 30 de milhões já foram entregues e tem mais 20 milhões para entregar. Estamos com metade do produto aqui, mais parte da outra metade chegando neste mês. Isso nos deixa com confiança de que, em julho, estaremos bem próximos do nosso compromisso. Os lotes que faltam já estão produzidos e só não foram liberados porque ficam em controle de qualidade.

A Fiocruz se comprometeu a entregar 110 milhões de doses com IFA nacional no segundo semestre. Mas a assinatura do contrato de transferência de tecnologia ainda não saiu. Como isso pode afetar o cronograma?

Na pandemia, como há um componente de saúde global, houve um tratamento diferenciado das duas partes em relação à informação. Temos grupos técnicos discutindo detalhes da tecnologia desde agosto. Por isso, até agora, a não assinatura do contrato não teve impacto, mas essa situação tem de ser resolvida, porque senão vai afetar. A prioridade agora é fechar o contrato em maio.

Inicialmente, o compromisso da Fiocruz era entregar essas doses a partir de agosto, mas já se fala em setembro e até em outubro. Isso vai comprometer a meta do 2º semestre?

Se tudo der certo, a expectativa é de começar a produzir ainda em maio, mas as vacinas não poderão ser liberadas antes da alteração do local de fabricação do nosso registro sanitário. Então, estamos trabalhando com a perspectiva de iniciar a liberação em setembro ou outubro. Isso não quer dizer que só vamos começar a produzir em outubro. Tudo que tivermos produzido até lá será liberado quando a gente tiver o registro. Serão 60 milhões de doses no total, o equivalente a uma produção de 15 milhões por mês de junho a setembro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".