Quentin Tarantino fala sobre seu livro e o final da carreira

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A consagração do filme Era Uma Vez Em... Hollywood (2019), vencedor dos Oscars de melhor ator coadjuvante (Brad Pitt) e melhor design de produção, incentivou seu diretor, o cineasta Quentin Tarantino, a realizar um sonho antigo: novelizar o próprio roteiro, ou seja, escrever um romance a partir da trama do filme. Fã desse tipo de literatura, ele trabalhou durante seis meses até finalizar Era Uma Vez Em Hollywood (agora, sem os três pontos), que a Intrínseca acaba de lançar.

Engana-se, porém, quem espera por uma simples transposição do roteiro para o texto escrito - Tarantino promoveu um "repensar completo" da trama, tornando-a mais melancólica e até um pouco mais oblíqua em seus significados. Ou seja, o cineasta expandiu o mundo do filme ao mesmo tempo que aproveitou para fazer comentários sobre ele. "Foi um repensar completo de toda a trama e não apenas o de buscar cenas que ficaram de fora, na edição", disse ele ao Estadão, em entrevista realizada por telefone nesta quinta, 8.

O que não falta, é verdade, é a grande profusão de citações de artistas de cinema e programas de TV que marcaram o final dos anos 1960, época em que é ambientada a história. E, no livro, Tarantino aproveita para explorar mais profundamente alguns personagens, além de alternar o foco da narrativa.

Assim, se no filme a expectativa é a chegada do fatídico dia 9 de agosto de 1969, quando a seita de jovens maníacos comandados por Charles Manson assassinou brutalmente a atriz Sharon Tate, no livro, o crime é mais um fato, pois o foco agora está no cowboy da TV Rick Dalton (representado, no cinema, por Leonardo DiCaprio) e seu melhor amigo e dublê, Cliff Cabine (Brad Pitt), ambos vivendo um momento de encruzilhada em suas carreiras, com os produtores preterindo-os por jovens galãs.

Como no filme, Rick e Cliff pulam de set em set, na busca por um papel decente, mas o leitor é brindado com mais detalhes sobre o nebuloso passado de Cliff - muito do que é apenas sugerido no longa ganha explicações na escrita, como as suspeitas de assassinato.

Antes, um aviso: a partir desse trecho, os spoilers serão constantes. Assim, descobre-se que Cliff não apenas matou dois mafiosos que o provocavam durante um almoço como também deu cabo da própria mulher, com um tiro de espingarda que, acredite, quase a dividiu em dois. Arrependido, Cliff a manteve viva durante sete horas, detalhe nada surpreendente na cartilha de violência explícita de Tarantino - mas ela não resistiu e morreu antes da chegada da Guarda Costeira.

O livro também traz mais detalhes de uma importante cena do filme, quando Cliff é desafiado por Bruce Lee, que se sente ofendido quando o dublê zomba dele por acreditar que era capaz de vencer Muhammad Ali em uma luta. Eles partem para briga e Cliff derrota o artista marcial, jogando-o contra um carro.

A leitura torna mais evidente a mentalidade movida a violência de Cliff e também sua esperteza, ao traçar uma estratégia para enganar o rival. A cena revivida no livro, aliás, despertou novas acusações, nesta semana, da filha de Lee, Shannon, que mais uma vez revelou seu descontentamento com a forma desrespeitosa como seu pai foi retratado no filme.

Já a figura do maníaco Charles Manson é mais detalhada na obra escrita, que revela sua tentativa de se tornar músico (uma de suas composições, aliás, chegou a integrar um disco dos Beach Boys) e de sua ação como cafetão.

Na inversão que promove na história escrita, Tarantino oferece um grande momento para Rick e Trudi Frazer, a precoce atriz de 8 anos que surpreende com uma bem embasada concepção do ato de representar. O livro se encerra com uma conversa telefônica entre eles: Trudi quer passar os diálogos que vão trocar na filmagem do dia seguinte, o que inicialmente não agrada a Rick. Mas o ensaio logo se torna um momento sublime, tornando o desiludido Rick em um homem um pouco mais esperançoso. A cena chegou a ser filmada, mas cortada na edição final, como Tarantino conta na seguinte entrevista.

O último capítulo do livro é muito tocante e até surpreendente, em relação ao filme.

É meu capítulo preferido e chegamos a rodar a cena. Foi emocionante, todos ficaram muito tocados. Brad ficou com os olhos marejados. Mas tive de cortá-la na edição, pois notei que criava uma falsa expectativa de que o filme estava acabando. Por isso decidi colocar como encerramento do livro.

Aliás, sobre sua nova carreira como romancista - quando você decidiu colocar suas ideias em um texto?

Era algo que senti que seria natural. Há anos que escrevo roteiros, o que me deu um aprendizado. Mas, quando terminei este, percebi que havia mais o que contar sobre Rick e Cliff, dois personagens fascinantes. E, como cresci lendo novelizações de filmes, algo que era comum nos anos 1970, sabia que aquele era o melhor caminho para apresentar essa dupla de forma mais expansiva e até com mais profundidade.

Você precisou fazer muita pesquisa para escrever o livro?

Até que não, pois embora eu tenha pretendido criar um novo produto, que estivesse um tanto afastado do filme, o ambiente é o mesmo, ou seja, a Hollywood do final dos anos 1960. E conheço muito bem os longas produzidos naquela época, os filmes B, as séries de TV. Percorri muito aquelas ruas de Los Angeles, assim, foi até mais fácil do que possa parecer.

Stephen King disse, em uma entrevista, que usou o método Tarantino para alcançar a tensão necessária em um diálogo que escreveu para a série Lisey's Story. Como você cria diálogos?

Acho que esse é realmente o meu melhor dom, escrever diálogos. É algo que me vem muito fácil quando estou criando uma cena - basta saber um pouco da personalidade de cada um dos personagens que as falas surgem naturalmente.

Há quem diga que, quando Cliff fala mal de filmes estrangeiros, estamos escutando na verdade a voz de Tarantino. É verdade?

Olha (rindo), todo mundo me diz isso, e, claro, há opiniões dele que batem com as minhas (risos), mas tenho de dizer que ali é o pensamento de Riff, um homem que acompanhou o cinema americano produzido durante a 2ª Guerra Mundial, portanto escapista, em contraste com o cinema europeu do pós-guerra, com muitas cicatrizes. Isso o tornou um grande conhecedor cinematográfico e, portanto, um crítico criterioso, especialmente em relação a Hollywood.

Falando de Hollywood, o que você acha da disputa entre cinema e streaming?

Não sou fã de streaming, pois é um serviço que não consegue reproduzir a emoção de se assistir a um filme em uma tela grande. Mas sei que é uma forma de divertimento que veio para ficar.

Que recordações você guarda da sua passagem por São Paulo, em 1992, durante a Mostra de Cinema?

Olha, fui a diversos festivais em minha vida, mas aquele me marcou profundamente. Pude ver muitos filmes que me marcaram, fui a restaurantes que me encantaram, conheci pessoas muito interessantes. São Paulo realmente marcou minha vida.

E, por falar em vida, você realmente se despede do cinema depois de seu próximo filme, como prometeu?

É um assunto do qual todos gostam de falar (risos). Veja bem, a maioria dos cineastas dirige seus piores filmes no final da carreira. Encerrar uma trajetória com um filme decente é raro. É o que penso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Maria Verônica, que ficou conhecida como a 'Grávida de Taubaté' por simular uma gravidez de quadrigêmeos em programas de TV em 2012, deu uma longa entrevista a Celso Portiolli no Domingo Legal, do SBT, exibida neste domingo, 23.

Ela chegou a chorar e afirmou que, à época, fazia parte de uma "seita" que lhe fez um "ritual", e que sua intenção inicial não era chamar atenção da imprensa. Ainda destacou que seu marido à época não tinha conhecimento do fato.

"Fiquei 13 anos em silêncio, poderia continuar o resto da minha vida. Estou aqui porque queria dizer para as pessoas que, tudo que ouviram a mídia falar, existia um pouquinho mais. Eu posso ter tido um problema psicológico. Mas o demônio ali, também existiu", justificou, sobre o porquê de concordar em falar na entrevista.

Marido 'não sabia de nada', diz 'Grávida de Taubaté

Defendeu o seu marido na época, Kléber: "Ele acreditava. Penso que foi a única pessoa que eu traí, foi ele, porque não consegui dizer a ele que aquilo não era real. Todas as pessoas me perguntam: ele sabia? Não, ele não sabia de nada."

Maria Verônica também relatou que se consultou com uma psicóloga que teria lhe dito que provavelmente teve uma "gravidez psicológica", com sua barriga crescendo um pouco e tendo "todos" os sintomas de uma grávida. Ela relata que chegou a fazer um teste de farmácia, que teria dado positivo, mas não chegou a fazer um ultrassom.

Sobre o crescimento repentino no tamanho de sua barriga, garantiu: "Ninguém estranhou porque eu não vivia no meio de todo mundo". "Ao contrário do que as pessoas falam, que [a barriga falsa]era de silicone, não. Eram panos lá dentro".

Portiolli chegou a perguntar "qual o propósito" de mostrar às pessoas de que estaria grávida, sendo que não estava. "Eu sempre me perguntei a mesma coisa", desconversou Verônica.

"Não foi pensado para gerar uma comoção nacional. Quando fui para lá e participava dos rituais, a gente sempre sabia e eu era orientada que levava comigo quatro demônios", explicou, a respeito do porquê de terem sido quadrigêmeos em sua história.

'Sou eternamente grata a Chris Flores'

Maria Verônica também comentou sobre a apresentadora Chris Flores, à época do caso funcionária da Record TV, que alega ter sido a responsável por 'desmascará-la'.

"A Chris Flores, no dia que a gente foi lá, sugeriu um ultrassom. Na verdade ela nem sugeriu, perguntou se, de repente, eu toparia. Eu fui no dia - ela vai lembrar disso - eu não estava sozinha. Ela falou: 'Você topa?'. Eu falei 'não', quem estava comigo também disse não. Ela fez 'assim' [gesticula] com a mão, tipo, 'Não tenho nada a ver com isso'."

Ela, porém, diz que quem detectou a falsa gravidez em um primeiro momento foi um repórter da Record, Michael Keller. "Ele me acompanhou por duas ou três semanas. Talvez tenha levado para ela as informações que ele viu. Eu sou eternamente grata a ela por isso. Espero me encontrar com ela muito em breve para dizer [isso] a ela".

O domingo, 23, foi de fortes emoções no BBB 25. Guilherme, atual Anjo da casa, participou do tradicional Almoço do Anjo e recebeu mensagens carinhosas da família. Ao lado de sua sogra, Delma, e do ginasta Diego Hypolito, o brother assistiu aos vídeos enviados pelos parentes.

A mãe de Guilherme foi a primeira a deixar seu recado. "Mainha tá muito feliz com tudo que tá acontecendo na sua vida. Você merece! Você é uma pessoa guerreira, um filho amigo. Beijo, mainha te ama", declarou, arrancando lágrimas do brother.

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Emocionado, Guilherme recebeu o apoio dos colegas de almoço. "Viu como minha esposa é bonita?", brincou com Diego Hypolito, enquanto Delma se derretia pela filha: "Que coisa mais linda de mãe!".

O 31º Screen Actors Guild Awards, mais conhecido como SAG Awards, que celebra os destaques da atuação no cinema e na televisão, será transmitido ao vivo na noite deste domingo, 23, com exclusividade na Netflix.

A cerimônia acontece no Shrine Auditorium, em Los Angeles. A transmissão, em inglês, começa às 20h, com o tapete vermelho. A cerimônia será às 22h.

A atriz Kristen Bell comandará a apresentação, enquanto Jane Fonda será homenageada durante o evento.

Na quarta, 8, o SAG Awards divulgou os indicados para a edição de 2025 por meio do site oficial do sindicato, o SAG-AFTRA, responsável pela premiação.

Em meio à lista, os filmes Wicked e Um Completo Desconhecido lideram as indicações na categoria de cinema, enquanto as séries O Urso e Xógum: A Gloriosa Saga do Japão se destacam no universo televisivo.

Vale ressaltar que Fernanda Torres, que venceu o Globo de Ouro de melhor atriz dramática por Ainda Estou Aqui, não foi indicada.

Confira abaixo a lista completa de indicados:

Melhor elenco em filme

Um Completo Desconhecido

Anora

Conclave

Emilia Pérez

Wicked

Melhor ator em filme

Adrien Brody (László Tóth) - O Brutalista

Timothée Chalamet (Bob Dylan) - Um Completo Desconhecido

Daniel Craig (William Lee) - Queer

Colman Domingo (Divine G) - Sing Sing

Ralph Fiennes (Lawrence) - Conclave

Melhor atriz em filme

Pamela Anderson (Shelly) - The Last Showgirl

Cynthia Erivo (Elphaba) - Wicked

Karla Sofía Gascón (Emilia/Manitas) - Emilia Pérez

Mikey Madison (Ani) - Anora

Melhor ator coadjuvante em filme

Jonathan Bailey (Fiyero) - Wicked

Yura Borisov (Igor) - Anora

Kieran Culkin (Benji Kaplan) - A Verdadeira Dor

Edward Norton (Pete Seeger) - Um Completo Desconhecido

Jeremy Strong (Roy Cohn) - O Aprendiz

Melhor atriz coadjuvante em filme

Monica Barbaro (Joan Baez) - Um Completo Desconhecido

Jamie Lee Curtis (Annette) - The Last Showgirl

Danielle Deadwyler (Berniece) - The Piano Lesson

Ariana Grande (Galinda/Glinda) - Wicked

Melhor elenco em série de drama

Bridgerton

O Dia do Chacal

A Diplomata

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Slow Horses

Melhor ator em série de drama

Tadanobu Asano (Kashigi Yabushige) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Jeff Bridges (Dan Chase) - The Old Man

Gary Oldman (Jackson Lamb) - Slow Horses

Eddie Redmayne (The Jackal) - O Dia do Chacal

Hiroyuki Sanada (Yoshii Toranaga) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Melhor atriz em série de drama

Kathy Bates (Madeline Matlock) - Matlock

Nicola Coughlan (Penelope Featherington) - Bridgerton

Allison Janney (Vice President Grace Penn) - A Diplomata

Keri Russell (Kate Wyler) - A Diplomata

Anna Sawai (Toda Mariko) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Zoe Saldaña (Rita) - Emilia Pérez

Melhor elenco em série de comédia

Abbott Elementary

O Urso

Hacks

Only Murders In The Building

Shrinking

Melhor ator em série de comédia

Adam Brody (Noah Roklov) - Ninguém Quer

Ted Danson (Charles Nieuwendyk) - Um Espião Infiltrado

Harrison Ford (Paul) - Shrinking

Martin Short (Oliver Putnam) - Only Murders In The Building

Jeremy Allen White (Carmen "Carmy" Berzatto) - O Urso

Demi Moore (Elisabeth) - A Substância

Melhor atriz em série de comédia

Kristen Bell (Joanne) - Ninguém Quer

Quinta Brunson (Janine Teagues) - Abbott Elementary

Liza Colón-zayas (Tina) - O Urso

Ayo Edebiri (Sydney Adamu) - O Urso

Jean Smart (Deborah Vance) - Hacks

Melhor ator em um filme para televisão ou minissérie

Javier Bardem (Jose Menendez) - Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez

Colin Farrell (Oz Cobb) - Pinguim

Richard Gadd (Donny) - Bebê Rena

Kevin Kline (Stephen Brigstocke) - Disclaimer

Andrew Scott (Tom Ripley) - Ripley

Melhor atriz em um filme para televisão ou minissérie

Kathy Bates (Edith Wilson) - The Great Lillian Hall

Cate Blanchett (Catherine Ravenscroft) - Disclaimer

Jodie Foster (Det. Elizabeth Danvers) - True Detective: Night Country

Lily Gladstone (Cam Bentland) - Under The Bridge

Jessica Gunning (Martha) - Bebê Rena

Cristin Milioti (Sofia Falcone) - Pinguim

Melhor conjunto de dublês em um filme

Deadpool & Wolverine

Duna: Parte Dois

O Dublê

Gladiador II

Wicked

Melhor conjunto de dublês em uma série de televisão

The Boys

Fallout

A Casa do Dragão

Pinguim

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão