'Medusa' traz um grito feminista

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As máscaras estão presentes em Medusa, segundo longa de Anita Rocha da Silveira, que estreou na segunda, 12, na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela ao Festival de Cannes. Elas cobrem o rosto das jovens que se juntam para bater em outras mulheres, consideradas impuras, e também daqueles que desafiam o conservadorismo de uma cidade brasileira inespecífica, dançando em reuniões clandestinas. Mas não são máscaras cirúrgicas. A produção foi rodada antes da pandemia, no final de 2019. "Tudo fica ressignificado depois do que vivemos, mas o filme continua fazendo sentido, porque o que mais quero é ir a uma festa e dançar, mesmo que de máscara", disse a diretora em entrevista ao Estadão, durante a quarentena que teve de cumprir antes de seguir para a Riviera Francesa.

A cineasta começou a pensar na história na época do lançamento de seu primeiro longa, Mate-Me Por Favor, em 2015, ao ler notícias sobre grupos de adolescentes e jovens mulheres que se juntavam para bater em outra mulher, ou por ela ter mais likes, ou por ser muito bonita, ou por ser considerada promíscua. Veio logo à cabeça o mito da Medusa que, em algumas versões, era transformada pela deusa Atena numa criatura horrorosa. "Fiquei pensando nessa necessidade de uma mulher controlar a outra e no machismo estrutural, de como isso está introjetado em nós", disse. "O principal machismo que sofri foi de uma mulher, o que me marcou muito. É um assunto que precisa ser debatido. Essa desconstrução tem de vir de todo mundo."

Ela também queria trabalhar novamente com Mari Oliveira, que tinha feito um papel importante, mas secundário, em seu filme anterior. Aqui, a atriz interpreta Mariana, jovem que segue um ideal de beleza específico com o objetivo de ser uma boa esposa, como todas as outras mulheres de seu grupo em uma igreja evangélica conservadora. Quando pensou nesse ambiente, já havia um crescimento do conservadorismo no Brasil, mas Anita achou que sua obra se passaria num futuro distópico. "O futuro acabou chegando", disse. Medusa ainda acontece numa espécie de universo alternativo, já que a diretora trabalha na chave do fantástico. Suas referências são David Lynch, musicais, Dario Argento.

O novo filme é bem mais contundente do que o anterior, em que os jovens de classe média do Rio de Janeiro também frequentavam uma igreja evangélica pop. "Há um amadurecimento da Anita", disse Mari. "Em Mate-me Por Favor, está tudo nas entrelinhas, é uma crítica que você precisa querer fazer. Medusa tem a coragem de colocar na boca dos personagens as coisas que precisam ser ditas. É uma crítica, é sobre conservadorismo, sobre o ganho de espaço das igrejas, a corrupção dentro das igrejas, o patriarcado, a pressão da sociedade sobre as mulheres." A diretora reconhece que essas igrejas suprem um papel que o Estado e outros grupos não cumprem, de oferecer apoio, cursos, acolhimento, família. Mas, algumas vezes, usam as escrituras para fazer discursos machistas, homofóbicos e racistas.

Medusa fala dessa vertente. No filme, os homens formam uma espécie de exército, mas as mulheres não ficam atrás. A punição vem no enfear da outra, seja com cortes no rosto ou do cabelo. Quando, no revide de uma vítima, Mariana sofre na pele o castigo imposto à mulher que não se encaixa no padrão, começa seu desprendimento - à custa de um bocado de sofrimento. "Principalmente quando você é jovem, quer muito se encaixar no padrão. E ali é a beleza do cabelo liso, da maquiagem em tons pastel. É a bela, recatada e do lar", disse a cineasta. "É quase uma onda dos anos 1950. É a mulher que está arrumada e cuidando do seu homem. No Brasil, isso é muito presente. Queria falar dessa pressão toda para se encaixar e para não ser chamada de louca, não ser tachada de histérica."

Não à toa, a libertação vem na base do grito, no melhor estilo "a união faz a força". "Acho que a gente pode perder o controle, às vezes. O filme é um exemplo extremo, mas muitas pessoas vão se relacionar", afirmou Anita.

Por isso, nada melhor do que estrear na principal vitrine do cinema autoral do mundo, Cannes. "Numa outra situação, talvez estivesse nervosa, preocupada, mas, depois deste um ano e meio trancada em casa, estou grata de estar aqui, presente", disse a diretora. Para a produtora Vania Catani, que frequenta o festival desde 2004, Cannes existir em 2021 já é um milagre. "Chorei de emoção. Isso aqui é a Disney da minha vida", disse. "Neste ano, depois da pandemia, com o desmantelamento da política brasileira de cinema, estar aqui é uma grande alegria."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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No BBB 25, Camilla afirmou que não teme ser votada pela casa e citou Vitória Strada ao avaliar a dinâmica do jogo. Em conversa com Thamiris, no Quarto Nordeste, a trancista comentou sobre a postura da atriz e como isso impacta sua trajetória na casa.

"Você vê a Vitória, a Vitória é legal desde o primeiro dia. Fica fazendo média com o pessoal desde o primeiro dia, e todo mundo vota na garota. As pessoas, aqui, mentem", disse Camilla.

O comentário ocorreu após Diego Hypolito vencer o Poder Curinga, enquanto as irmãs discutiam sobre estratégias. Thamiris aconselhou Camilla a evitar falar sobre jogo perto do ginasta, mas a trancista reforçou que não se preocupa com a percepção dos outros.

"Desde a primeira semana eu já falei para você que a gente não podia ter medo de ser votada, porque ia ser votada de qualquer forma", afirmou.

Camilla também desabafou sobre sua relação com os outros brothers e disse que a única avaliação que a preocupa é a do público.

Vitória é a nova Líder e as sisters fazem as pazes

A relação entre Camilla e Vitória passou por momentos de tensão desde a formação do penúltimo Paredão. A trancista já havia feito críticas à atriz ao longo do jogo, mas após a eliminação de Mateus, o clima começou a mudar.

Na terça-feira, 25, Vitória, que conquistou a liderança, procurou Camilla para uma conversa. A atriz pediu desculpas e reconheceu que algumas falas dela podem ter machucado a Sister.

"Desculpa mesmo, do fundo do coração. Nunca vou saber nem metade do quanto as palavras podem machucar. Me arrependo de ter usado essa palavra. Te peço desculpas, do fundo do coração", disse Vitória.

Camilla, emocionada, desabafou sobre o impacto das últimas semanas e afirmou que se sentiu isolada na casa.

"Todas as vezes que me chamaram doeu, porque ninguém me perguntou nada. Mostra que a gente é forte, mas a gente não é tão forte assim. Toda vez que deito, estou demorando para dormir. Vem coisa que escutei", revelou.

A trancista também falou sobre sua dificuldade em demonstrar carinho. "Eu não sei me posicionar de forma tão carinhosa, mas é porque eu cresci dessa forma", disse.

Vitória respondeu que cada um tem seu jeito de demonstrar afeto, e Camilla pediu desculpas por ter sido dura com a atriz. "Desculpa se fui grossa com você. Eu não queria ser com você, mas a casa inteira foi comigo. A casa inteira não teve cuidado comigo. Não sabiam a minha versão, só sabiam a sua."

O CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Bill Kramer, comentou pela primeira vez as polêmicas envolvendo Karla Sofía Gascón. Em entrevista ao podcast Awards Chatter, do The Hollywood Reporter, Kramer ressaltou que a indicação de Gascón ao Oscar de Melhor Atriz é inédita, e pediu respeito.

"A Academia não tolera discurso de ódio, quero deixar isso bem claro. A indicação de Karla é histórica. Isso é muito importante. Ela ainda é uma indicada. Nós honramos isso, mas nós não toleramos discurso de ódio. Se a Karla se unir a nós para a noite, eu espero que haja um ar de respeito. Temos mais de 200 indicados. A noite é sobre muito mais do que apenas uma pessoa. Estamos lá para celebrar todos os nomeados."

Após publicações ofensivas feitas por Gascón em suas redes sociais virem à tona, a estrela de Emilia Pérez foi afastada da campanha do filme, e se ausentou de premiações como Goya, Bafta, SAG Awards e Critics' Choice Awards.

Na última semana, no entanto, a Variety e o Hollywood Reporter afirmaram que a espanhola tem a intenção de comparecer ao prêmio da Academia, e que a Netflix bancaria o transporte e a hospedagem - algo que, segundo relatos anteriores, a distribuidora internacional do filme teria se recusado a fazer.

Principal concorrente de Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional, Emilia Pérez tem 13 indicações ao Oscar 2025. O longa-metragem francês é ambientado no México e conta a história de uma advogada que ajuda um líder de cartel a fazer a sua tão sonhada transição de gênero. O filme está em cartaz nos cinemas.

No BBB 25, Camilla questionou se a presença de Mateus no jogo influenciou a postura de Vitória Strada. Em conversa com Gracyanne Barbosa e Daniele Hypolito no Quarto Nordeste, a trancista avaliou a mudança de comportamento da atriz após a eliminação do amigo.

"Talvez se a Vitória estivesse sozinha antes... Será que era o Mateus que travava a Vitória ou a Vitória travava o Mateus?", perguntou Camilla.

Vitória começou o reality ao lado de Mateus, eliminado no quinto Paredão. A convivência próxima dos dois foi lembrada por Camilla e Gracyanne. Segundo a trancista, a ligação entre eles pode ter dificultado a interação da atriz com outros participantes.

"Porque eles eram bastante ciumentos um com o outro. Aí, meio que ela não conseguia ter uma troca com as outras pessoas porque ela ficava muito com ele. Não é que nem eu e Thamiris que vai vivendo e daqui a pouco a gente se encontra", refletiu Camilla.

Gracyanne acredita que Mateus influenciava Vitória por se preocupar demais. Camilla, no entanto, ponderou que a atriz também segurava o amigo no jogo. "Mas a Vitória também travava muito ele, porque ela se preocupa muito com coisas que vão ser faladas", analisou.