Interpol: 'Rei do Bitcoin' se apresentava como 'herdeiro de riquíssima família'

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Para a Polícia Federal, as investigações da Operação Daemon, que mira um 'verdadeiro esquema de pirâmide financeira' que teria desviado R$ 1,5 bilhão de 7 mil clientes, levam à conclusão de que presidente do grupo Bitcoin Banco, Cláudio Oliveira, é 'um criminoso contumaz e habitual', que criou 'diversos perfis pessoais para fins de lhe atribuir, junto a potenciais vítimas ao redor do globo, um passado e presente de sucesso financeiro'. Ainda de acordo com a corporação, o autointitulado 'Rei do Bitcoin' utilizava a imagem de sua mulher e 'os mais diversos expedientes ilícitos para o enriquecimento indevido do casal'.

As indicações constam na representação que a PF encaminhou à Justiça pedindo a abertura da ofensiva que prendeu cinco pessoas ligadas ao grupo Bitcoin Banco no início do mês, entre eles o próprio Cláudio Oliveira. Na ocasião, além presidente da empresa, foram capturados, segundo a PF, sua esposa, uma 'companheira' que teria atuado como sua laranja, seu 'funcionário de confiança' e ainda uma pessoa que teria ajudado a dilapidar o patrimônio do investigado. Durante as diligências foram apreendidos veículos avaliados em cerca de R$ 2,5 milhões, além de joias, relógios e valores em espécie, informou a corporação.

No documento enviado à 23ª Vara Federal de Curitiba, os investigadores da Polícia Federal descreveram o suposto 'modus operandi' de Claudio, indicando que seus crimes tem um 'ciclo de vida': "o investigado desloca-se para um ambiente novo, constrói uma identidade falsa, insere-se socialmente naquele ambiente, capta recursos de terceiros, faz proveito destes recursos em benefício próprio e foge deste ambiente quando percebe que será alcançado pelas autoridades".

De acordo com a Polícia Federal, o 'último ciclo de vida' dos supostos crimes de Cláudio é relacionado ao Grupo Bitcoin Banco. "Claudio e Lucinara estabelecem-se em Curitiba e constroem todo o argumento criminoso do Grupo Bitcoin Banco, passando a induzir em erros as vítimas e captando recursos financeiros com o argumento que seriam remunerados com ganhos muito acima do padrão de mercado. Passam então a utilizar esses recursos de terceiros em proveito próprio e protegem-se do alcance das autoridades e dos credores através da suposta 'recuperação judicial', que de fato nada mais é do que uma metodologia de contra inteligência para não ser alcançado pelos credores".

Os investigadores dizem que esse 'último ciclo de vida' dos supostos crimes de Cláudio tinha um grande diferencial: a criação de uma identidade falsa relacionada as moedas virtuais, 'valendo-se do pouco conhecimento que a sociedade ainda possui do assunto'. "Outro ponto considerado relevante é que CLAUDIO vale-se do argumento de que a suposta fortuna de R$ 2 bilhões de reais ("7.000 BTC") estaria oculta em sua propriedade. Com este argumento, CLAUDIO está conseguindo evitar ser completamente desmascarado e por esse motivo ainda não decidiu fugir - última etapa do seu ciclo de crimes", argumentou a PF na representação à Justiça.

No entanto, antes dos supostos crimes envolvendo o grupo Bitcoin Banco, os investigadores apontam outros seis 'ciclos de vida' de delitos atribuídos a Claudio Oliveira, três deles envolvendo países da Europa. Ao buscar informações sobre o 'rei do Bitcoin' em um desses países, a Suiça, aa representação da Interpol no local prestou uma série de informações sobre o investigado, indicando que ele foi condenado e preso do exterior.

"Com muita lábia e tendência à mentira compulsiva, DE OLIVEIRA Claudio José ganhava a confiança das suas vítimas se apresentando por vezes como herdeiro de uma riquíssima família brasileira, outras vezes como um muito afortunado homem de negócios brasileiro. Para ter mais credibilidade, e além de declarações falaciosas, ele não hesitava em fazer uso de documentos falsos e em mostrar sinais exteriores de riqueza, principalmente se deslocando em carros de luxo e exibindo vários cartões de crédito e dinheiro em espécie", diz um trecho do e-mail, reproduzido na representação da PF contra o 'Rei do Bitcoin'.

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O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A cantora Nana Caymmi, que morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, fez aniversário no último dia 29 de abril. Internada desde julho de 2024, Nana recebeu uma mensagem da também cantora Maria Bethânia, de quem era amiga.

Bethânia escreveu: "Nana, quero que receba um abraço muito demorado, cheio de tanto carinho e admiração que tenho por você. Querida, precisamos de você e da sua voz. Queremos você perto e cheia de suas alegrias, dons e águas do mar na sua voz mais linda que há. Amor para você, hoje, seu aniversário, e sempre. Rezo à Nossa Senhora para você vencer esse tempo tão duro e difícil. Peço por sua voz e por sua saúde. Te amo. Sua irmã, Maria Bethânia".

Nana e Bethânia tinham uma longa relação de amizade e gravaram juntas no álbum Brasileirinho, de Bethânia, lançado em 2003. Bethânia afirmou mais de uma vez que Nana era a maior cantora do Brasil.

De acordo com informações divulgadas pela Casa de Saúde São José, onde Nana estava internada há nove meses para tratar de problemas cardíacos, a cantora morreu às 19h10 desta quinta-feira, em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.

Morreu nesta quinta-feira, 1° de maio, Nana Caymmi, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos. A morte foi confirmada pelo irmão da artista, o também músico e compositor Danilo Caymmi. Ela estava internada havia nove meses em uma clínica no Rio de Janeiro.

"Eu comunico o falecimento da minha irmã, Nana Caymmi. Estamos, lógico, na família, todos muito chocados e tristes, mas ela também passou nove meses sofrendo em um hospital", disse Danilo Caymmi.

"O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Nós estamos, realmente, todos muito tristes, mas ela terminou nove meses de sofrimento intenso dentro de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital", acrescentou o irmão, em um vídeo publicado no Instagram.

Nas redes, amigos e admiradores também prestaram homenagens à cantora.

"Uma perda imensa para a música do Brasil", escreveu o músico João Bosco, com quem Nana dividiu palcos e microfones. Bosco também teve canções interpretadas por Nana Caymmi, como Quando o Amor Acontece.

O cantor Djavan disse que o País perde uma de suas maiores cantoras e ele, particularmente, uma amiga. "Descanse em paz, Nana querida. Vamos sentir muito sua falta, sua voz continuará a tocar nossos corações."

Alcione também diz que perdeu uma amiga e que a intérprete, filha de Dorival Caymmi, tinha "a voz". "Quem poderá esquecer de Nana Caymmi?"

"Longe, longe ouço essa voz que o tempo não vai levar! Nana das maiores, das maiores das maiores", postou a cantora Monica Salmaso, que já tinha prestado uma homenagem para Nana na última terça, quando a artista completou 84 anos. "Voz de catedral", descreveu Monica na ocasião.

O escritor, roteirista e dramaturgo Walcyr Carrasco disse que, nesta quinta, a música brasileira deve ficar em silêncio em respeito à partida da artista. "Que sua voz siga ecoando onde houver saudade. Meus sentimentos à família, amigos e admiradores!"

A deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSOL-SP) disse que Nana Caymmi tinha umas das vozes "mais marcantes da música popular brasileira" e que a cantora deixa um "legado extraordinário" para o Brasil por meio de interpretações "únicas e carregadas de emoção". "Que sua arte siga viva, e que ela descanse em paz", disse a parlamentar.

A artista Eliana Pittman diz que se despede com tristeza de Nana Caymmi, a quem descreveu com uma das uma "das maiores vozes" que o Brasil já teve, e elogiou a cantora pela irreverência e forte personalidade.

"Nana nunca se curvou a convenções: cantava o que queria, do jeito que queria - e por isso, marcou gerações", disse Eliana, que também fez elogios qualidade técnica da intérprete. "Sua voz grave, seu timbre inconfundível e sua forma tão particular de existir na música deixam um vazio irreparável".

O Grupo MPB4 postou: "Siga em paz, querida Nana Caymmi! Nosso mais fraterno abraço para os amigos Dori Caymmi, Danilo Caymmi (irmãos de Nana Caymmi) e toda a família".