Mais de 60% da população de rua de SP está imunizada contra covid, diz Prefeitura

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A cidade de São Paulo já imunizou mais de 60% da população de rua da capital contra a covid-19, estima a Prefeitura. Até a última sexta-feira, 23, foram aplicadas 28.431 doses de vacina anticovid em pessoas em situação de rua acima de 18 anos. Do total, 14.952 já estão com imunização completa, ou seja, receberam duas doses ou dose única. Da conscientização sobre a importância de se vacinar à distribuição de 'kits recompensa', entidades da capital paulista se mobilizaram para auxiliar a população de rua a se vacinar.

O parâmetro para a estimativa da Prefeitura é um censo realizado em 2019 pela empresa Qualitest Ciência e Tecnologia Ltda, que contabilizou 24.344 pessoas em situação de rua em São Paulo. Por se tratar de uma população itinerante, no entanto, é difícil estimar uma porcentagem exata.

Para o articulador de ações do movimento Rede Rua e conselheiro no Comitê PopRua, Alderon Costa, esse número pode ter aumentado nos últimos anos. Um indicativo disso, diz, é o fato de que a quantidade de pessoas em situação de rua no Cadastro Único do governo já ultrapassa os 30 mil. Fosse esse o parâmetro, cerca de metade dessa população teria sido completamente vacinada.

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, enxerga de outra forma. Ele conta que, pelo que acompanha dos Consultórios na Rua, a estimativa é que grande parte da população de rua que está em trânsito na capital paulista já foi vacinada.

"A população de rua de São Paulo está com um índice de vacinação bem maior do que a população geral, justamente por causa da busca ativa feita pelas equipes de saúde", diz. Nas últimas semanas, reforça Lancellotti, o processo de imunização completa foi ainda mais acelerado, já que a Prefeitura destinou cerca de 14 mil doses do imunizante da Janssen para pessoas em situação de rua.

A iniciativa foi comemorada por entidades como o Movimento Estadual da População em Situação de Rua de SP (MEPSRSP), que realizou na manhã do último dia 12 um evento de vacinação contra a covid na sede do movimento, localizada na região central de São Paulo. Foram distribuídos 89 kits para quem se vacinou no local. "Algumas pessoas começaram resistentes, mas foi bem bacana", conta o presidente da entidade, Robson Mendonça. Segundo ele, uma das maiores dificuldades foi explicar aos interessados que, mesmo que acabassem bebendo álcool depois que fossem imunizados, isso não geraria maiores complicações de saúde.

Para quem se dispôs a se vacinar, o procedimento foi simples: uma equipe da Prefeitura de São Paulo foi à sede do movimento e, por meio de um computador disponibilizado pelo MEPSRSP, consultou se as pessoas que estavam na fila já tinham recebido atendimento no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e na rede do SUS (Sistema Único de Saúde). Já ter tomado algum imunizante, por exemplo, era um critério eliminatório.

Aqueles que passaram na triagem foram vacinados com o imunizante da Janssen na própria sede e levaram um entre os três kits disponíveis: um destinado a homens, outro a mulheres em geral e um terceiro a mulheres com crianças pequenas. Segundo Mendonça, o evento foi considerado um sucesso e deve ter uma nova edição, mas ainda não há data definida.

Outro movimento da capital, a Rede Rua já havia promovido, nos dias 15 e 22 de junho, dois eventos para auxiliar na vacinação de pessoas em situação de rua. Em cada ocasião, foram vacinadas, respectivamente, 55 e 48 pessoas, também com o imunizante da Janssen. A vacinação funcionou como uma espécie de sobremesa, já que o evento foi montado no Sindicato dos Bancários de São Paulo, local onde a Rede Rua distribui almoço diariamente, e buscou atrair pessoas após as refeições. Como é um local onde a população de rua frequenta e já conhece, acabou dando certo.

"O contato com o Consultório na Rua é super bom, é um projeto que fez a diferença na pandemia", explica Alderon Costa. Segundo ele, foi essa abertura do poder público que permitiu que os eventos de vacinação fossem agendados nas entidades. Ele critica, por outro lado, que a vacinação das pessoas que trabalham diretamente com a população de rua e que não têm convênio com a Prefeitura não foi priorizada, o que teria sido importante.

Coordenado por Darcy Costa, o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) busca se ater justamente a ações que atendem reivindicações como essas. A iniciativa de destinar parte dos imunizantes da Janssen para a população de rua, por exemplo, partiu em resposta a pedidos feitos por grupos como o MNPR. "O movimento tem feito várias articulações junto ao Conselho Nacional de Saúde, Defensoria Pública e Executivo", explica. Não à toa, o MNPR já foi citado inclusive na nota técnica 768/2021 do Ministério da Saúde, que orienta sobre a vacinação para a população de rua.

Darcy destaca que o grupo já teve algumas conquistas, mas ainda há mais para reivindicar. Para ele, mesmo que boa parcela dos imunizantes da Janssen tenham sido destinados à população de rua, atendendo a pedidos por um imunizante de dose única para grupos itinerantes, ainda não há uma campanha específica que instrua sobre a importância de se vacinar. E isso acaba sendo uma lacuna.

"Eu acho que algo que é importante neste momento é que a Prefeitura faça uma campanha direcionada para a população de rua incentivando as pessoas a irem se vacinar", diz o articulador. "É um direito que eles conquistaram. Às vezes, a pessoa vai na UBS e pode encontrar resistência. Muitas vezes, se a pessoa toma um banho, já acham que não pode ser classificada como pessoa em situação de rua."

Para o padre Júlio Lancellotti, o momento para fazer uma campanha do tipo já passou. "Diariamente, de todos que eu encontro, poucos ainda não estão vacinados", diz, ressaltando que a vacinação da população de rua está avançada na capital. "Mesmo os que não estão imunizados, a gente vai orientando para irem a uma UBS (Unidade Básica de Saúde)", complementa. Segundo a Prefeitura, um comprovante de residência não é exigido nesses casos. "Basta que o cidadão se dirija a uma das 468 UBSs e explique que está em situação de rua", informou a pasta.

Lancellotti reforça ainda que a maioria das pessoas em situação de rua com as quais tem contato entende a importância de se imunizar, já que é um assunto que vem sendo conversado entre eles desde antes de as vacinas chegarem. Ainda assim, há também algumas exceções. "A população de rua reproduz o que tem na sociedade em geral. Tem negacionista, terraplanista… Eles pensam como todo mundo pensa."

Uma dificuldade já prevista, complementa, foi fazer com que quem tinha tomado a primeira dose voltasse para completar a imunização. "Tem alguns que eu carreguei pela mão para voltar para vacinar", diz. Ainda com casos como esse, ele considera que a busca ativa, feita por profissionais de saúde, foi bem sucedida em geral. "No início, esperava-se que a população de rua fosse dizimada, por não ter acesso a água potável, máscaras resistentes ou álcool em gel. Mas não foi isso que aconteceu."

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Lady Gaga publicou uma texto emocionante agradecendo seus fãs pelo show gratuito que realizou na noite deste sábado, 3, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na publicação, ela compartilhou fotos com uma das roupas usadas na apresentação e um vídeo da multidão que a assistia.

Gaga disse que nada poderia prepará-la para o sentimento de "orgulho e alegria absolutos" ao cantar para o público brasileiro, afirmando que ficou sem fôlego ao ver a multidão durante as primeiras músicas do show.

Ela também agradeceu ao público, citando que 2,5 milhões de pessoas compareceram à praia de Copacabana, "o maior público para uma mulher na história" - vale pontuar que a informação sobre o recorde feminino é correta, mas a prefeitura estimou um público de 2,1 milhões. Em 2024, Madonna reuniu 1,6 milhões de pessoas.

A artista ainda agradeceu à paciência dos fãs, que aguardaram 12 anos para um retorno da cantora ao País (em 2017, ela cancelou uma apresentação no Rock in Rio): "Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento."

Leia o texto na íntegra

"Nada poderia me preparar para o sentimento que tive durante o show de ontem à noite - o orgulho e a alegria absolutos que senti ao cantar para o povo do Brasil. A visão da multidão durante minhas músicas de abertura me deixou sem fôlego.

Seu coração brilha tanto, sua cultura é tão vibrante e especial, que espero que saibam o quanto sou grata por ter compartilhado esse momento histórico com vocês. Estima-se que 2,5 milhões de pessoas vieram me ver cantar, o maior público para uma mulher na história.

Gostaria de poder compartilhar esse sentimento com o mundo inteiro - sei que não posso, mas posso dizer o seguinte: se você perder o rumo, pode encontrar o caminho de volta se acreditar em si mesmo e trabalhar duro.

Você pode se dar dignidade ensaiando sua paixão e sua arte, esforçando-se para alcançar novos patamares - você pode se elevar, mesmo que isso leve algum tempo.

Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento. Patas para cima, monstrinhos. Obrigada [em português]. Com amor, Mãe Monstro."

Lady Gaga dedicou uma música para o noivo, Michael Polansky, durante seu megashow no Rio de Janeiro, na noite de sábado, 3. A cantora americana levou um público de 2,1 milhões de pessoas à praia de Copacabana, segundo a prefeitura da cidade.

"Michael, vou cantar essa canção para 2 milhões de pessoas. Isso é o quanto eu te amo", disse ela na apresentação de Blade of Grass, música do álbum Mayhem que Gaga escreveu em homenagem ao parceiro.

Polansky tem 46 anos, nasceu no estado de Minnesota, nos Estados Unidos, e trabalha com investimentos. Segundo seu perfil no Linkedin, ele se formou na universidade de Harvard e tem um diploma em matemática aplicada e ciências da computação.

Atualmente, ele tem funções em diversas empresas e fundações sem fins lucrativos. Ele ajudou a criar a Fundação Parker, em 2015, ao lado de Sean Parker, um dos fundadores do Facebook, que tem o objetivo de criar mudanças positivas na saúde pública global.

Ele também é creditado como sócio fundador da Hawktail, uma empresa de capital de risco "que investe em tecnologia de estágio inicial e transformacional em ciências da vida, tecnologia climática, tecnologia profunda e software", e da Outer Biosciences, que tem como missão "melhorar a saúde da pele humana."

Ele e Gaga foram apresentados pela mãe da cantora, Cynthia Germanotta, em 2019. Assumiram o namoro publicamente no ano seguinte e revelaram o noivado em 2024. O empresário costuma acompanhar a cantora em turnês e shows - incluindo no Rio - e já compareceu com ela em eventos da indústria da música.

O megashow de Lady Gaga na praia de Copacabana na noite deste sábado, 3, teve repercussão na mídia internacional. Veículos estrangeiros destacaram o público recorde de 2,1 milhões de pessoas, que superou o da apresentação de Madonna (1,6 milhão) no ano passado.

O britânico The Guardian acompanhou a apresentação diretamente do Rio e entrevistou fãs da cantora na praia carioca, incluindo mãe e filha que vieram do Chile para a apresentação. O jornal disse que "a atmosfera era parte frenesi, parte reverência durante a 'ópera gótica' de cinco atos".

A revista americana Variety, tradicional na área do entretenimento, chamou a atenção para o fato de que aquele foi o maior público da carreira de Lady Gaga e o maior de um show feminino em Copacabana (o recorde geral é de Rod Stewart - veja aqui o ranking).

Outro portal americano, o NPR escreveu que "alguns fãs, muitos deles jovens, chegaram à praia de madrugada para garantir um bom lugar, munidos de lanches e bebidas", e aguardaram ao longo dia sob um sol escaldante.

O site alemão Deutsche Welle (DW) também repercutiu o tamanho do público que compareceu ao show e comentou o objetivo da cidade do Rio de Janeiro de ter um megashow em Copacabana todo ano no mês de maio até 2028.

Já o britânico The Telegraph disse que a apresentação "impulsionou" a economia do Rio de Janeiro, repercutindo a informação da prefeitura de que a estimativa era que o show gerasse R$ 600 milhões para a cidade.

A rede britânica BBC também conversou com fãs no local e lembrou que Gaga não se apresentava no Rio desde 2012, já que havia cancelado uma apresentação no Rock in Rio 2017.

"Uma grande operação de segurança foi montada, com 5 mil policiais de plantão e os participantes tendo que passar por detectores de metal. As autoridades também usaram drones e câmeras de reconhecimento facial para ajudar a policiar o evento", destacou o veículo.

O show de Lady Gaga no Rio também repercutiu em veículos como o jornal Público, de Portugal, a CNN americana e as agências de notícias Reuters e Associated Press.