Avanço do garimpo ilegal traz doenças e violência para reserva Yanomami

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Por trás do quadro de desnutrição e dos problemas de saúde que assolam a população Yanomami, na Amazônia, estão as omissões no combate ao garimpo, que teve avanço desenfreado na região nos últimos anos. Entre os efeitos da invasão pela mineração irregular, estão a contaminação dos rios com mercúrio, a destruição das roças das comunidades e a fuga dos animais que servem de alimentos. Além disso, o contato com os homens brancos também resulta na transmissão de doenças que podem ser fatais para os indígenas, como a gripe e a covid-19.

Na semana passada, o governo federal declarou emergên cia em saúde na reserva Yanomami, que tem 30,4 mil habitantes. No total, são 9,6 milhões de hectares, entre o Brasil (Amazonas e Roraima) e a Venezuela. "É um processo que não pode ser dissociado do garimpo, que levou violência, mudanças culturais, contaminação por mercúrio dos rios e insegurança alimentar", diz Vinícius Zanatto, do Grupo de Pesquisas em Territorialidade e Segurança Socioambiental na Amazônia, do Instituto Mamirauá, entidade que tem fomento e supervisão do Ministério da Ciência e Tecnologia.

"As crianças estão desnutridas de malária, diarreia e verme, porque o governo federal abandonou a população Yanomami", diz Dário Kopenawa, liderança Yanomami e filho do xamã Davi Kopenawa, um dos principais defensores da demarcação da terra indígena há três décadas. "Não tem medicamentos nem profissionais para dar assistência", disse. Segundo o governo federal, foram sete mortes de crianças neste mês e 11,5 mil casos de malária no ano passado.

Trata-se da reedição do cenário que marcou a região no início da década de 1990, quando era estimada a presença de até 45 mil garimpeiros ilegais nas terras então não demarcadas dos Yanomami. As projeções indicam hoje cerca de 20 mil garimpeiros.

A presença dos mineradores ilegais tem sido uma constante desde a demarcação do território, em 1992, mas nos últimos quatro anos a irregularidade encontrou espaço para crescer ainda mais, com o enfraquecimento dos órgãos de apoio indígena e do combate aos crimes ambientais na gestão Jair Bolsonaro (PL).

Segundo dados da plataforma MapBiomas, de 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas, no Brasil, cresceu 495%. As maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7.602 ha) e Munduruku (1.592 ha), no Pará, e Yanomami (414 ha), no Amazonas e Roraima.

Invasores

A imagem dos Yanomami famélicos e desnutridos é o ponto de convergência do processo de convivência da etnia com, além de garimpeiros, caçadores, o narcotráfico e a violência que impedem que mantenham suas tradições e a, por exemplo, usarem as terras onde costumavam plantar e coletar itens de subsistência, como mandioca e abóbora.

"O barulho dos maquinários - dragas nos rios, motobombas para a destruição das margens dos rios e da floresta para a extração mineral - afugenta a caça. E a contaminação mata os peixes", afirma o padre Corrado Dalmonego, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e há 15 anos envolvido em missões com os Yanomami.

A situação de calamidade se estende para a expansão do uso de mercúrio pelos garimpeiros para separar o ouro da terra do leito dos rios. Estudo da Fiocruz, de 2019, revelou a contaminação por mercúrio em mulheres e crianças, das aldeias de Maturacá e Ariabu, localizadas na região de Maturacá, no Amazonas.

Foram analisadas amostras de cabelo de 300 pessoas, 56% delas apresentaram concentrações de mercúrio acima do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 2 microgramas por grama (ou ppm).

Em 4% da população analisada, havia concentrações acima de 6 microgramas por grama, visto como o limite para o surgimento de efeitos adversos à saúde. A partir dessa concentração de mercúrio no cabelo, sobe o risco de surgirem danos neurológicos graves. "O mercúrio deixa resíduos, que são comidos principalmente por peixes que ficam no leito dos rios e contaminam as pessoas depois", diz Zanatto.

Violência

Além do desmate da floresta e da destruição dos rios, casos de violência explodiram. Em 2021, a Associação Yanomami Hutukara denunciou a morte de duas crianças Yanomami na comunidade de Palimiu, em decorrência do conflito com garimpeiros.

Diante da falta de assistência e perspectiva, é comum ver indígenas Yanomami transitando pelas ruas de Boa Vista. Na maioria dos casos, além de estarem em situação de vulnerabilidade, eles não falam português. Nos últimos meses, vários vídeos flagraram indígenas no meio da rua, correndo entre os carros e quase sendo atropelados.

Jailson Mesquita, presidente do movimento Garimpo é Legal, de Roraima, afirma que o garimpo não é responsável pela crise na saúde na área dos Yanomami. "Garimpo não tem nada a ver com a incompetência do governo em atender a saúde indígena", afirma.

Além da ameaça das atividades irregulares, a gestão da saúde da área Yanomami foi alvo de suspeitas de desvio no uso de verba para compra de remédios, conforme mostrou o Estadão nesta segunda, 23. A suspeita apontada pelo Ministério Público Fedral (MPF) era de que só 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo distrito sanitário indígena local (DSEI-Y) teriam sido devidamente entregues. O Estadão não conseguiu contato com o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga para comentar as denúncias

Em mensagem na rede Telegram, Bolsonaro chamou a crise na saúde Yanomami de "farsa da esquerda" e disse que a saúde indígena foi uma das prioridades do seu governo, destacando a atuação na pandemia. Nos últimos quatro anos, o ex-presidente defendeu a flexibilização do garimpo em áreas indígenas.

O Ministério da Justiça, da gestão Lula (PT), disse que a Polícia Federal vai investigar a atuação do governo Bolsonaro no caso Yanomami.

PF, Ibama e militares vão tirar mineradores da região, diz ministra

A Polícia Federal e o Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente, vão tirar garimpeiros do território Yanomami com a ajuda do Ministério da Defesa, disse ao Estadão a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara. O cronograma e o número de agentes mobilizados, porém, ainda não foram informados.

O governo enviou ontem mais 12 profissionais da Força Nacional da SUS para a área Yanomami, além de equipamentos e comida. Também é previsto adiantar o recrutamento de equipes via programa Mais Médicos.

Para Sonia, outras reservas indígenas podem estar em crise. "Uma situação também preocupante é a do Povo Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, que vive insegurança e situação permanente de conflitos territoriais. Sem lugar para plantar, têm muita dificuldade para produzir alimentos." A gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou nesta segunda, chefes de 11 distritos responsáveis pela saúde das comunidades indígenas. (COLABOROU LEON FERRARI)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Maria Verônica, que ficou conhecida como a 'Grávida de Taubaté' por simular uma gravidez de quadrigêmeos em programas de TV em 2012, deu uma longa entrevista a Celso Portiolli no Domingo Legal, do SBT, exibida neste domingo, 23.

Ela chegou a chorar e afirmou que, à época, fazia parte de uma "seita" que lhe fez um "ritual", e que sua intenção inicial não era chamar atenção da imprensa. Ainda destacou que seu marido à época não tinha conhecimento do fato.

"Fiquei 13 anos em silêncio, poderia continuar o resto da minha vida. Estou aqui porque queria dizer para as pessoas que, tudo que ouviram a mídia falar, existia um pouquinho mais. Eu posso ter tido um problema psicológico. Mas o demônio ali, também existiu", justificou, sobre o porquê de concordar em falar na entrevista.

Marido 'não sabia de nada', diz 'Grávida de Taubaté

Defendeu o seu marido na época, Kléber: "Ele acreditava. Penso que foi a única pessoa que eu traí, foi ele, porque não consegui dizer a ele que aquilo não era real. Todas as pessoas me perguntam: ele sabia? Não, ele não sabia de nada."

Maria Verônica também relatou que se consultou com uma psicóloga que teria lhe dito que provavelmente teve uma "gravidez psicológica", com sua barriga crescendo um pouco e tendo "todos" os sintomas de uma grávida. Ela relata que chegou a fazer um teste de farmácia, que teria dado positivo, mas não chegou a fazer um ultrassom.

Sobre o crescimento repentino no tamanho de sua barriga, garantiu: "Ninguém estranhou porque eu não vivia no meio de todo mundo". "Ao contrário do que as pessoas falam, que [a barriga falsa]era de silicone, não. Eram panos lá dentro".

Portiolli chegou a perguntar "qual o propósito" de mostrar às pessoas de que estaria grávida, sendo que não estava. "Eu sempre me perguntei a mesma coisa", desconversou Verônica.

"Não foi pensado para gerar uma comoção nacional. Quando fui para lá e participava dos rituais, a gente sempre sabia e eu era orientada que levava comigo quatro demônios", explicou, a respeito do porquê de terem sido quadrigêmeos em sua história.

'Sou eternamente grata a Chris Flores'

Maria Verônica também comentou sobre a apresentadora Chris Flores, à época do caso funcionária da Record TV, que alega ter sido a responsável por 'desmascará-la'.

"A Chris Flores, no dia que a gente foi lá, sugeriu um ultrassom. Na verdade ela nem sugeriu, perguntou se, de repente, eu toparia. Eu fui no dia - ela vai lembrar disso - eu não estava sozinha. Ela falou: 'Você topa?'. Eu falei 'não', quem estava comigo também disse não. Ela fez 'assim' [gesticula] com a mão, tipo, 'Não tenho nada a ver com isso'."

Ela, porém, diz que quem detectou a falsa gravidez em um primeiro momento foi um repórter da Record, Michael Keller. "Ele me acompanhou por duas ou três semanas. Talvez tenha levado para ela as informações que ele viu. Eu sou eternamente grata a ela por isso. Espero me encontrar com ela muito em breve para dizer [isso] a ela".

O domingo, 23, foi de fortes emoções no BBB 25. Guilherme, atual Anjo da casa, participou do tradicional Almoço do Anjo e recebeu mensagens carinhosas da família. Ao lado de sua sogra, Delma, e do ginasta Diego Hypolito, o brother assistiu aos vídeos enviados pelos parentes.

A mãe de Guilherme foi a primeira a deixar seu recado. "Mainha tá muito feliz com tudo que tá acontecendo na sua vida. Você merece! Você é uma pessoa guerreira, um filho amigo. Beijo, mainha te ama", declarou, arrancando lágrimas do brother.

A esposa, Letícia, também emocionou o fisioterapeuta. "Amor, estou morrendo de saudade de você.Você é uma pessoa maravilhosa, incrível, que alegra todo mundo ao seu redor. Eu te amo muito", disse ela.

Emocionado, Guilherme recebeu o apoio dos colegas de almoço. "Viu como minha esposa é bonita?", brincou com Diego Hypolito, enquanto Delma se derretia pela filha: "Que coisa mais linda de mãe!".

O 31º Screen Actors Guild Awards, mais conhecido como SAG Awards, que celebra os destaques da atuação no cinema e na televisão, será transmitido ao vivo na noite deste domingo, 23, com exclusividade na Netflix.

A cerimônia acontece no Shrine Auditorium, em Los Angeles. A transmissão, em inglês, começa às 20h, com o tapete vermelho. A cerimônia será às 22h.

A atriz Kristen Bell comandará a apresentação, enquanto Jane Fonda será homenageada durante o evento.

Na quarta, 8, o SAG Awards divulgou os indicados para a edição de 2025 por meio do site oficial do sindicato, o SAG-AFTRA, responsável pela premiação.

Em meio à lista, os filmes Wicked e Um Completo Desconhecido lideram as indicações na categoria de cinema, enquanto as séries O Urso e Xógum: A Gloriosa Saga do Japão se destacam no universo televisivo.

Vale ressaltar que Fernanda Torres, que venceu o Globo de Ouro de melhor atriz dramática por Ainda Estou Aqui, não foi indicada.

Confira abaixo a lista completa de indicados:

Melhor elenco em filme

Um Completo Desconhecido

Anora

Conclave

Emilia Pérez

Wicked

Melhor ator em filme

Adrien Brody (László Tóth) - O Brutalista

Timothée Chalamet (Bob Dylan) - Um Completo Desconhecido

Daniel Craig (William Lee) - Queer

Colman Domingo (Divine G) - Sing Sing

Ralph Fiennes (Lawrence) - Conclave

Melhor atriz em filme

Pamela Anderson (Shelly) - The Last Showgirl

Cynthia Erivo (Elphaba) - Wicked

Karla Sofía Gascón (Emilia/Manitas) - Emilia Pérez

Mikey Madison (Ani) - Anora

Melhor ator coadjuvante em filme

Jonathan Bailey (Fiyero) - Wicked

Yura Borisov (Igor) - Anora

Kieran Culkin (Benji Kaplan) - A Verdadeira Dor

Edward Norton (Pete Seeger) - Um Completo Desconhecido

Jeremy Strong (Roy Cohn) - O Aprendiz

Melhor atriz coadjuvante em filme

Monica Barbaro (Joan Baez) - Um Completo Desconhecido

Jamie Lee Curtis (Annette) - The Last Showgirl

Danielle Deadwyler (Berniece) - The Piano Lesson

Ariana Grande (Galinda/Glinda) - Wicked

Melhor elenco em série de drama

Bridgerton

O Dia do Chacal

A Diplomata

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Slow Horses

Melhor ator em série de drama

Tadanobu Asano (Kashigi Yabushige) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Jeff Bridges (Dan Chase) - The Old Man

Gary Oldman (Jackson Lamb) - Slow Horses

Eddie Redmayne (The Jackal) - O Dia do Chacal

Hiroyuki Sanada (Yoshii Toranaga) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Melhor atriz em série de drama

Kathy Bates (Madeline Matlock) - Matlock

Nicola Coughlan (Penelope Featherington) - Bridgerton

Allison Janney (Vice President Grace Penn) - A Diplomata

Keri Russell (Kate Wyler) - A Diplomata

Anna Sawai (Toda Mariko) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Zoe Saldaña (Rita) - Emilia Pérez

Melhor elenco em série de comédia

Abbott Elementary

O Urso

Hacks

Only Murders In The Building

Shrinking

Melhor ator em série de comédia

Adam Brody (Noah Roklov) - Ninguém Quer

Ted Danson (Charles Nieuwendyk) - Um Espião Infiltrado

Harrison Ford (Paul) - Shrinking

Martin Short (Oliver Putnam) - Only Murders In The Building

Jeremy Allen White (Carmen "Carmy" Berzatto) - O Urso

Demi Moore (Elisabeth) - A Substância

Melhor atriz em série de comédia

Kristen Bell (Joanne) - Ninguém Quer

Quinta Brunson (Janine Teagues) - Abbott Elementary

Liza Colón-zayas (Tina) - O Urso

Ayo Edebiri (Sydney Adamu) - O Urso

Jean Smart (Deborah Vance) - Hacks

Melhor ator em um filme para televisão ou minissérie

Javier Bardem (Jose Menendez) - Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez

Colin Farrell (Oz Cobb) - Pinguim

Richard Gadd (Donny) - Bebê Rena

Kevin Kline (Stephen Brigstocke) - Disclaimer

Andrew Scott (Tom Ripley) - Ripley

Melhor atriz em um filme para televisão ou minissérie

Kathy Bates (Edith Wilson) - The Great Lillian Hall

Cate Blanchett (Catherine Ravenscroft) - Disclaimer

Jodie Foster (Det. Elizabeth Danvers) - True Detective: Night Country

Lily Gladstone (Cam Bentland) - Under The Bridge

Jessica Gunning (Martha) - Bebê Rena

Cristin Milioti (Sofia Falcone) - Pinguim

Melhor conjunto de dublês em um filme

Deadpool & Wolverine

Duna: Parte Dois

O Dublê

Gladiador II

Wicked

Melhor conjunto de dublês em uma série de televisão

The Boys

Fallout

A Casa do Dragão

Pinguim

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão