Escolas usam sala de xadrez e cantina delivery para receber 100% dos alunos

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Com a régua na mão, o diretor tira medidas das salas de aula e tenta resolver um novo "quebra-cabeça" da pandemia: colocar mais alunos na escola, com distanciamento entre eles. O governo paulista liberou os colégios para receber até 100% dos estudantes, desde que eles não fiquem próximos. No jogo de encaixe das escolas para o segundo semestre vale até adaptar a biblioteca, dar aulas na sala de xadrez e transformar a cantina em "delivery" para evitar as aglomerações.

Em boa parte dos colégios paulistas, o segundo semestre letivo começa amanhã, sob expectativa de alunos e medo de contaminação por parte dos professores. Diferentemente do que ocorreu até agora na pandemia, não há mais limite de ocupação das escolas em São Paulo: na prática, cada colégio pode receber todos os seus alunos, desde que garanta o distanciamento de um metro entre eles para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus.

Pesquisas realizadas pelos colégios com as famílias indicaram alta adesão ao ensino presencial no segundo semestre, principalmente entre os alunos mais novos, que não acompanham bem as aulas remotas. No Colégio Domus Sapientiae, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, o interesse pela volta ficou na faixa dos 80%. Para acomodar todos que querem voltar, o diretor saiu à procura dos melhores espaços no colégio.

"Percorremos toda a escola para resolver esse 'pepino'", conta o diretor Antônio Lamounier. As planilhas nas mãos da equipe indicavam os alunos que estariam de volta. O trabalho era medir as salas para saber se caberiam. "Vimos que, em alguns casos, a sala não tinha condição de atender com um metro de distância. Então, fizemos realocações." Na sala de xadrez, mais espaçosa, as bancadas do jogo deram lugar às carteiras. E os alunos do 5.º ano foram transferidos para um prédio maior, com estudantes mais velhos.

Até a biblioteca foi adaptada em uma das unidades do Colégio Pentágono, na zona oeste, para virar sala de aula. "A biblioteca é um grande espaço. Tiramos os livros, as prateleiras. Colocamos a lousa e todo o equipamento necessário", conta a diretora pedagógica, Patrícia Nogueira. A escola, que recebeu a adesão de 94% das famílias ao ensino presencial, também prevê separar uma turma em duas salas quando os alunos não couberem em uma só classe com o distanciamento exigido.

Varandas cobertas em algumas salas de aulas, biblioteca, teatro, quadras e jardins são usados pelo Colégio Santa Cruz, na zona oeste, para atividades pedagógicas. O segundo semestre letivo na escola começou na quinta-feira. Uma das preocupações é garantir não só a distância entre os alunos, mas a ventilação dos ambientes.

Estudos já demonstraram que a principal forma de contaminação do coronavírus é pela transmissão aérea - e não pelo contato com superfícies. Pequenas partículas suspensas no ar, liberadas durante a fala ou pela respiração, são capazes de infectar, mesmo quando as pessoas estão distantes entre si. Espaços abertos facilitam a dispersão dos vírus e, por isso, investir em áreas arejadas e boas máscaras é mais importante do que limpar sapatos ou mochilas.

Nesse ponto, as escolas preveem dificuldades "meteorológicas". O frio recorde em São Paulo será um desafio para arejar ambientes. "Torcemos pela melhora do clima porque temos de manter janelas e portas abertas", diz Patrícia. Outra preocupação é com a hora do recreio, quando alunos tiram as máscaras e tendem a se juntar.

Refeição. Uma das unidades filiadas da Red House, recém-inaugurada no Ipiranga, zona sul, foi planejada com dois refeitórios por causa da pandemia. Haverá revezamento no intervalo. Nas unidades da Luminova, um esquema de "cantina delivery" promete evitar aglomerações no recreio. Os alunos pedem o que querem comer por um aplicativo e a cantina entrega nas mãos do aluno, dentro da sala, explica o diretor acadêmico da rede, Yan Navarro.

Os colégios pretendem manter a estratégia de "bolhas" adotada até agora - quando um grupo de alunos não tem contato com outro - para facilitar o rastreio em caso de infecções. Agora, a diferença é que as bolhas cresceram em tamanho: uma turma inteira será uma bolha. No colégio Albert Sabin, na zona oeste, haverá escalonamento para entrar na escola, que conta com nova portaria. Carteirinhas de cores diferentes ajudam a separar os fluxos.

Toda essa engenharia é para evitar surtos, ganhar a confiança dos pais e garantir um fim de ano escolar sem novas restrições. Em março, apenas um mês após o início das aulas, o avanço da segunda onda suspendeu atividades escolares e muitos colégios registraram infecções. Agora, o avanço da vacinação - inclusive entre professores - é um alento para a volta às aulas, mas os colégios tentam manter os dois pés no chão. "Voltaremos felizes, sim, com uma escola mais viva, movimentada", diz Lamounier. "Queremos virar a página da pandemia, mas temos de lembrar que ela ainda está aí, não acabou."

Volta no Estado teve baixa adesão

O segundo semestre na rede estadual também começa na segunda-feira. O cálculo de alunos será feito conforme a estrutura física das unidades. A distância entre carteiras será de um metro. No primeiro semestre, a adesão presencial foi baixa. Atrair alunos e conquistar a confiança dos pais serão desafios. Pesquisa do Sindicato dos Professores (Apeoesp) indica que 80% dos entrevistados, entre pais, alunos e docentes, têm medo da covid no retorno.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Retorno é opcional

1. Escolas têm limite de ocupação?

Não. No início de julho, um decreto estadual desobrigou escolas públicas e privadas de seguirem um porcentual máximo de ocupação. Até então, o limite era de 35%.

2. Qual deve ser o distanciamento?

Deve ser de um metro entre os alunos - antes, a regra que valia era 1,5 metro.

3. E o uso de máscaras?

Continua obrigatório, para estudantes e professores. E os colégios devem evitar aglomerações na entrada.

4. A volta é obrigatória?

Não. Os pais decidirão se mandam ou não os filhos à escola. Se ficar em casa deve ter acesso ao ensino remoto.

5. O que devo observar na escola do meu filho?

Ela tem de garantir o distanciamento e dar atenção à ventilação do ambiente. As salas não devem ser fechadas. É melhor usar espaços abertos, quadras e jardins. É importante checar se a escola faz o rastreio de infecções e isola estudantes ou professores contaminados.

6. O que fazer em caso de sintomas?

Se a criança apresentar sintomas da covid (febre, tosse, coriza), a ordem é não mandá-la para a aula e informar o colégio. Crianças que tiveram contato com pessoas infectadas também não devem frequentar as aulas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Ela estava internada há nove meses na Clínica São José, no Rio de Janeiro. A morte da cantora foi confirmada por seu irmão, o músico e compositor Danilo Caymmi, no início da noite.

Além dos problemas cardíacos que abalaram sua saúde em 2024, que obrigaram os médicos implantar um marcapasso para contornar uma arritmia cardíaca, Nana enfrentou um câncer de estômago em 2015.

Filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro, com o nome de Dinahir Tostes Caymmi, o mesmo de uma tia, irmã do pai. Incentivada pelos pais, começou a estudar piano clássico ainda criança. Em 1960, entrou no estúdio com Caymmi para fazer sua primeira gravação, Acalanto, a canção de ninar feita para ela pelo pai. No mesmo ano, gravou um compacto simples com as músicas Adeus e Nossos Beijos.

Ao mesmo tempo que dava seus primeiros passos na carreira como cantora, Nana decide deixar o Brasil e se casar com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli, com quem teve seus três filhos, Stella, Denise e João Gilberto.

De volta ao País, separada, enfrenta o preconceito de Caymmi, que decide não falar mais com a filha. Nana é então socorrida pelo irmão, Dori, que faz a canção Saveiros para ela cantar no I Festival Internacional da Canção (TV Globo). Foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Casada agora com Gilberto Gil, apresenta-se no III Festival de Música Popular Brasileira na TV Record, em 1967, com a canção Bom Dia, assinada em parceria com Gil. Grava com o grupo Os Mutantes a canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, além de um álbum de carreira.

Em 1973, faz uma exitosa temporada em Buenos Aires, na Argentina, onde lança um disco pela gravadora Trova. No repertório, músicas de compositores que seriam presença constantes em seus discos, como Tom Jobim, João Donato, Chico Buarque, além de Caymmi. Nesse mesmo ano, Caymmi se reaproxima da filha, em um programa de televisão.

Ao longo dos anos 1970 e 1980, grava regularmente. Seus álbuns reuniam não somente um repertório sofisticado, mas também grandes músicos, como João Donato, Helio Delmiro, Toninho Horta, Novelli, além dos irmãos Dori e Danilo. Em 1980, participa da faixa Sentinela, no disco de Milton Nascimento. No início dos anos 1990, grava Bolero, disco inteiramente dedicado ao gênero.

Com o prestígio de uma das principais cantoras do País, Nana, embora tenha alcançado relativo sucesso com músicas como Mãos de Afeto, Beijo Partido, Contrato de Separação e De Volta ao Começo, além de ser voz presente em trilhas sonoras de novelas da TV Globo, não tinha, no entanto, a mesma popularidade de nomes como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina.

Sucesso popular

O reconhecimento popular só chegou em 1998, quando o bolero Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, foi escolhido para ser tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, de Glória Perez. A história da moça de uma família tradicional mineira que larga o noivo no altar e se torna uma das mais famosos prostitutas da zona boêmia de Belo Horizonte conquistou a audiência e ampliou o público de Nana.

Anos antes, Nana havia batido na trave. Sua gravação de Vem Morena havia sido escolhida para a abertura da novela Tieta, um dos maiores sucessos da TV Globo. Porém, dias antes da estreia da trama, em agosto de 1989, o então diretor geral da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pediu uma música "mais animada". Ele mesmo fez a letra da canção gravada por Luiz Caldas. "Fiquei esperando minha música tocar e aparece o Luiz Caldas dizendo que a lua estava cheia de tesão", reclamou, tempos depois, Nana nos jornais.

Com a carreira em alta, arrisca e coloca em prática um antigo desejo: fazer uma segundo volume de um álbum dedicado apenas a boleros. Sangra de Mi Alma foi lançado em 2000, com clássicos do gênero como Amor de Mi Amores e Solamente Una Vez, essa última escolhida para trilha da novela Laços de Família.

Nos anos 2000, Nana se dedica a regravar as canções de Caymmi em álbuns temáticos. O Mar e o Tempo (2002), Para Caymmi: de Nana, Dori e Danilo (2004), Quem Inventou o Amor (2007) e Caymmi (2013) compreenderam boa parte da obra do compositor.

Seus últimos dois álbuns foram Nana Caymmi Canta Tito Madi, de 2019, sobre a obra do compositor pré-bossanovista, e Nana, Tom, Vinicius, de 2020, com canções de seus dois grandes amigos, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Nana, porém, a essa altura, já estava afastada dos palcos. Sua última apresentação foi em 2015, em São Paulo. A cantora havia prometido voltar a cantar ao vivo se o empresário Danilo Santos de Miranda, seu grande amigo, diretor do Sesc São Paulo, se recuperasse de uma internação. Miranda morreu em outubro de 2023. O Selo Sesc, projeto criado por Miranda, guarda um registro inédito do show Resposta ao Tempo, gerado a partir de uma apresentação de Nana no Sesc Pompeia.

A última imagem conhecida de Nana é a que aparece no documentário Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman. Nele, Nana dá um forte depoimento sobre o pai e canta, à capela, o samba canção Não Tem Solução, em um dos melhores momentos do filme.

Em agosto de 2024, o cantor Renato Brás lançou a faixa A Lua e Eu, sucesso de Cassiano, com a participação de Nana nos vocais. A voz de Nana foi capturada em sua casa, no Rio de Janeiro.

Em sua última entrevista ao Estadão, quando completou 80 anos, Nana manifestou o desejo de gravar as parcerias do irmão Dori com Nelson Motta. Também desejava cantar Milton Nascimento - um de seus grandes amigos - e Beto Guedes. "Se eu não gravei, são inéditas para mim", disse, reforçando uma insatisfação constante dos últimos anos, a de que não havia bons novos compositores para lhe fornecerem repertório.

Como uma metáfora da vida, Nana, também nessa entrevista, falou sobre seu sentimento ao gravar uma canção. "Ela acontece, assim como o amor. É como uma nascente, ela corre. Para quem consegue molhar o rosto nessa água límpida, como eu faço quando estou gravando, é um delírio", disse.

Por Laysa Zanetti

Caco Ciocler vai entrar para o elenco de Vale Tudo, interpretando um personagem inédito na trama. O ator será Esteban, um interesse amoroso de Celina (Malu Galli). A informação foi publicada pela coluna Play, do jornal O Globo, e confirmada por Caco em seu perfil no Instagram.

Na versão de 1988 da novela, a irmã de Odete não teve sua vida afetiva explorada e, portanto, o personagem Esteban não existiu. Ainda não se sabe qual será a sua história ou como vai conhecer Celina.

Na trama original, Celina era interpretada por Nathalia Timberg, e dedicava a maior parte do tempo aos sobrinhos e aos cuidados da mansão. Desta vez, a autora Manuela Dias pretende adicionar mais camadas à sua história e dar a ela mais autonomia.

"Celina é uma cinquentona que não se casou, criou os filhos da irmã e não trabalha", resumiu Galli ao jornal O Globo, explicando os novos traços da personagem. "A gente trouxe o interesse dela pelas artes plásticas, ela é uma incentivadora dos artistas. É mais ativa nesse sentido."

Longe das novelas desde a refilmagem de Pantanal, Caco vai começar a gravar suas cenas no folhetim neste sábado, 3. Recentemente, participou da minissérie Os Quatro da Candelária e do filme Meu Sangue Ferve por Você, cinebiografia de Sidney Magal.

Miguel Falabella foi afastado das apresentações desta semana do espetáculo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum, em São Paulo. O comunicado foi feito nas redes sociais da peça nesta quinta-feira, 1º, que explica que o ator passa por um problema de saúde.

Em seu perfil, Falabella detalhou a situação, e revelou que precisou se afastar porque está com uma hérnia de disco. "Estou com muita dor, não estou conseguindo andar direito e, por isso, infelizmente não estou fazendo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum. Como dizia minha mãe, doença é aluguel que a gente paga para usar o corpo", declarou.

A peça é uma adaptação brasileira do musical com letra e música de Stephen Sondheim, ambientado na Roma Antiga e inspirado nas comédias farsescas de Plauto. A história acompanha Pseudolus, personagem de Falabella que é um escravo determinado a conquistar sua liberdade. Para isso, ele promete ajudar seu jovem amo a conquistar a amada. Ivan Parente, Giovanna Zotti, Carlos Capeletti, Mauricio Xavier e Lucas Colombo também integram o elenco da peça.

Diante da ausência de Falabella, o protagonista será interpretado por Edgar Bustamante nas próximas sessões, desta quinta a domingo, 4.

Nos comentários das publicações, fãs e amigos desejam melhoras a Miguel. "Cuidaremos do nosso lourão mais que amado e ele já já estará de volta pro palco", comentou Danielle Winits. "Boa recuperação, chuvisquinho. Já já você está 100% e de volta aos palcos pra receber todo carinho e amor que você merece", desejou o também ator Daniel Rangel.

A peça Uma Coisa Aconteceu a Caminho do Fórum está em cartaz de quinta a domingo no Teatro Claro Mais SP, com apresentações às 20h (quinta e sexta), 16h e 20h (sábado) e 15h e 20h (domingo).