Em 'Kentukis', Samanta Schweblin revela a face mais inquietante da tecnologia

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O preço é salgado, mas a utilidade é irresistível - por 279 dólares, consumidores de diversos pontos do mundo podem adquirir a febre do momento: kentukis, espécie de animal de estimação eletrônico que permite o acesso remoto à privacidade de seus proprietários. A ideia, entre sedutora e assustadora, é o que move o romance Kentukis, da argentina Samanta Schweblin e lançado pela nova editora Fósforo.

Aos 43 anos, Samanta é elogiada por seu estilo inquietante de escrita, o que a torna uma herdeira da literatura de realismo fantástico, ou seja, continuadora de uma linhagem construída por nomes como Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Julio Cortázar. Se a comparação impõe um destino pesado, Samanta livra-se dele (ou mesmo se apossa, com firmeza) em romances como Kentukis.

O livro é, ao mesmo tempo, engenhoso e engraçado. Presentes nas vitrines de praticamente todas as grandes cidades, os kentukis são como bichos de pelúcia cujo formato fica a critério do comprador, de dragão a coelho. O que é comum a todos é a presença de uma câmera acoplada atrás dos olhos, mas o controle não está nas mãos do comprador e sim de uma outra pessoa que, anônima, manipula o bichinho por meio de um tablet. O acordo é tácito: quem compra um kentuki aceita ser observado e cria, inevitavelmente, uma conexão com outra pessoa completamente desconhecida.

Trata-se de uma nova forma de voyeurismo, pois o manipulador de um kentuki tem a permissão de entrar na casa de outra pessoa e circular livremente pelos cômodos, presenciando cenas muitas vezes de extremada intimidade. As diferentes formas de uso e suas consequências inspiram um catálogo de histórias privadas no qual se constrói o romance que Samanta exibe a extensão de permitir à tecnologia condicionar as relações humanas.

Afinal, se os "mestres" acreditam ter "controle" sobre os bichinhos, eles são, ao mesmo tempo, escravos do olhar daqueles que os habitam. Durante vários momentos, o leitor se tranquiliza por crer estar diante de um romance distópico ou, mais confortável, de ficção científica. A escrita vertiginosa de Samanta, porém, provoca a incômoda sensação de estar diante de um abismo. O afeto se revela tão importante como a infâmia nesse poderoso retrato do inquietante lado da tecnologia, aquele que descortina a fragilidade humana. Sobre o assunto, Samanta Schweblin respondeu ao Estadão, por e-mail, às seguintes questões.

Nossa crescente dependência das mídias sociais foi sua maior inspiração para Kentukis?

Era o ruído de fundo, algo que me incomodava e cujas consequências não podia prever. Nunca pensei que teria interesse em escrever sobre o problema da tecnologia, mas, assim que a ideia do kentuki passou pela minha cabeça, não consegui parar de pensar nisso. Agora, a distância, percebo que o dispositivo do kentuki é apenas uma desculpa. É um livro sobre o desejo, o medo, o preconceito, como é hoje ser cidadão deste mundo globalizado e cada vez mais fechado e opressor. Onde, às vezes, se não entendemos as regras, pode ser muito fácil cruzar os limites entre vítimas e vitimizadores.

O romance não tem detalhes técnicos no texto. Dessa forma, foi difícil escrever sobre tecnologia e mídia social?

Foi um desafio premeditado. Algo muito estranho vem acontecendo na literatura contemporânea há muito tempo: vivemos uma vida hiper tecnologizada e a abraçamos com total naturalidade. Ninguém mais se surpreende com quase nada. Ninguém diz "olha que maravilhoso, isso parece o futuro". Mas, se a mesma coisa é escrita nas entrelinhas de um romance contemporâneo, então é classificada como ficção científica. Uma poesia em que os personagens trocam mensagens é poesia de alta tecnologia e assim por diante. É um ruído fascinante, então por que o aceitamos na vida real mas não nas nossas ficções? Não há nada no romance Kentukis que ainda não exista em nosso mundo, e eu queria deixar todos os detalhes técnicos de fora para ajudar nessa leitura realista, embora às vezes seja chamada de distópico, de ficção científica. Acho essa resposta dos leitores fascinante. É como se a realidade se movesse tão rápido que podemos absorvê-la em nossas rotinas, mas ainda não podemos pensar nela como nossa.

O kentuki é utilizado por idosos que procuram companhia e por crianças que carecem da atenção dos pais: a tecnologia é a solução para a solidão?

Pode ser uma solução, por que não? Moro a 12 mil quilômetros de distância da minha família e, se eu sentir falta deles, posso ligar e bater um papo. Não é o mesmo que se ver fisicamente, mas considero um encontro real, com suas vantagens e desvantagens.

Por outro lado, um kentuki salvou a vida de uma adolescente que havia sido sequestrada. Ou seja, também há um aspecto positivo, não?

Não devemos pensar na tecnologia como algo positivo ou negativo. A tecnologia sempre esteve conosco, foi também a invenção do machado e da roda, e depende de nós para que a usamos. Acho que, no caso das redes sociais e de todos esses novos dispositivos de comunicação, o problema é que avançam tão rápido que é difícil entendermos seus limites no tempo. E quero dizer todos os tipos de limites: éticos, legais, privacidade, educação...

Em que medida a tecnologia condiciona as relações humanas?

Bem, é uma ferramenta e, como qualquer ferramenta, pode ser útil para certas coisas e, para outras, exibir uma grande limitação ou mesmo um impedimento. Suponho que seja perigoso quando a tecnologia substitui completamente os relacionamentos face a face, tanto no trabalho, no ensino e pessoalmente. Mas, às vezes, também permite conexões que, de outra forma, seriam impossíveis. Acredito que a pandemia esticou esses limites, para melhor e para pior: aprendemos de que forma essas conexões nos são úteis e o que perdemos quando nos comunicamos por meio delas. O importante agora é perceber o impacto que esses novos costumes têm sobre nós, e reelegê-los ou abandoná-los com a consciência de que agora começamos a voltar a uma certa normalidade. Não por hábito, mas escolhendo novamente.

De onde surgiu o nome "kentuki"?

Surgiu espontaneamente durante o primeiro rascunho, só busquei algum nome estranho e familiar ao mesmo tempo, sem dar muita importância, porque queria ir em frente com a ideia que estava se formando na minha cabeça, não queria ser distraída. Quando percebi que o texto era sério, resolvi encontrar um nome definitivo. E fiz uma lista das coisas que gostaria que aquele nome implicasse. Queria uma marca que soasse estrangeira, mas também popular, barata. Yankee, mas também japonês ou chinês. A uma marca que já ouvimos noutro local, embora não nos lembremos de onde. Fiz uma pesquisa no Google com a palavra "kentukis" e saiu um cavalo russo com vários prêmios, uma refeição tradicional japonesa, uma cidade ucraniana e uma australiana. Surgiram personagens e clubes e até informações em línguas que não conheço. E então pensei que "kentukis" era perfeito, era exatamente isso e nada disso. Era pura confusão e uma sensação de familiaridade.

Um kentuki é fascinante porque permite navegar sem ser uma pessoa, percorrer os cômodos da casa de uma pessoa que está fora. Por que preferimos espionar os outros?

Voyeurismo nos fascina. Talvez tenha a ver com a ideia de que, se você espiar o outro quando ele não sabe que está sendo visto, então ele não pode agir, não pode te enganar, você o vê como ele é, você o enxerga na mais verdade absoluta. E há algo em ver a verdade mais absoluta do outro que nos ajuda a pensar sobre a nossa, sobre quem realmente somos, sobre como somos para nós mesmos.

A propósito, até onde é possível olhar sem violar a privacidade de outras pessoas?

Acho que ainda estamos aprendendo. A literatura é útil para fazer este exercício sem violar ninguém. Existe outra tecnologia tão eficaz para isso quanto a literatura? Imagine: mergulhar em um espaço onde você pode enfrentar seus piores medos, olhá-los bem de perto e perguntar a si mesmo as perguntas importantes - como eu poderia sobreviver a isso? Como? Ensaiar essas emoções, testar-se, provar-se, colocar-se no lugar de outra pessoa e entender o quão longe é possível ir com ela. E depois voltar para a vida real, para a sua vida, sem uma única ferida, mas com todas aquelas novas informações existenciais sobre você. Essa é uma tecnologia espetacular!

Por fim, quais perguntas você pretendia responder com o romance? Algo sobre identidade?

Entre muitas outras coisas, queria me perguntar sobre a solidão que às vezes nos reserva a tecnologia e sobre todos os limites que nós mesmos quebramos quando não entendemos totalmente como ela funciona. Queria que os leitores tivessem empatia com os personagens a ponto de pensar que, em situações semelhantes, eles teriam tomado as mesmas decisões. Para mostrar a eles, mas principalmente a mim, quantas vezes pensamos que somos os mocinhos, mas na realidade estamos fazendo um dano irreparável. O quanto podemos romper e nos lastimar ao jogar com tecnologias que parecem familiares para nós - como mídia social e todos os nossos dispositivos de comunicação "inofensivos" -, mas que, na verdade, não sabemos de nada.

SERVIÇO

KENTUKIS

Autora: Samanta Schweblin

Trad.: Livia Deorsola

Ed.: Fósforo (192 págs., R$ 64,90)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Gracyanne Barbosa participou do Café com o Eliminado no Mais Você desta quarta-feira, 19. A musa fitness, última eliminada do BBB 25, falou sobre sua eliminação e seus traumas antigos: "Não queria que minha mãe imaginasse as coisas que eu passei."

Ela assistiu novamente o discurso do apresentador Tadeu Schmidt e falou sobre as alegações de não ter tido embates com as pessoas. "É muito difícil criar embates com as pessoas, porque você acaba tendo um carinho [...] Mesmo que você veja algumas coisas que não concorda, você lembra da luta, do que a pessoa te contou", disse.

Durante a conversa com Ana Maria Braga, ela desabafou sobre seus momentos de dificuldade: "Tiveram várias situações lá no BBB que me fizeram reviver coisas do passado que eu não queria revisitar."

A musa revelou também que teve sentimentos mistos com as lembranças: "Outra coisa que eu sempre senti era que eu tinha vergonha, que eu não tinha o que comer, isso me deixa muito envergonhada, de ter feito esse tipo de coisa. Eu achava que poderia ter sido vista como vítima. Achava que era uma ferida que estava cicatrizada."

"Mesmo estando ali com adversários, me senti muito acolhida naquele momento. Não é uma coisa que está 100% curada, mas eu comecei a entender que eu não preciso ter vergonha. Ainda não tenho tanta facilidade em falar sobre isso", completou.

A musa falou do ex-marido Belo e viu um depoimento em que alegava que ele mentia. Gracyanne explicou: "O Belo foi um marido maravilhoso [...] Essa questão da mentira é um problema que não é como marido. Mas de mentiras bobas, para se botar em um lugar de ser uma pessoa perfeita."

"[Ele] tem dificuldade de separar o Belo artista da pessoa, que tem falhas", concluiu.

Com relação ao Seu Fifi e as fofocas reveladas durante o programa, Gracyanne admite seu erro: "Acho que ele [Diego Hypólito] ficaria menos chateado [de ouvir de mim], do que pela Renata."

Ela falou também da restrição alimentar que sofreu durante o programa, e confirmou que come 40 ovos por dia para manter o corpo. "Geralmente [são] cinco refeições com oito ovos", contou, além de outras duas refeições com proteínas como frango e peixe.

Depois, em uma dinâmica no programa, a ex-sister falou de outros participantes, como Aline e Renata. Para Gracyanne, Aline pode chegar à final se ouvir Vinícius.

Já sobre Renata, afirmou: "Eu espero, assistindo, que ela tenha coisa guardada para fortalecer o jogo dela e da Eva."

"Acho que o Guilherme deixou um pouco a desejar. Ele tem que não ter medo", finalizou.

A novela A Viagem foi confirmada pela TV Globo na terça-feira, 18, como a próxima atração a ser exibida no Vale a Pena Ver de Novo, a partir de maio. No ano de comemoração aos 60 anos do canal, o folhetim, que foi exibido originalmente pela Globo em 1994, retorna à programação.

Escrita por Ivani Ribeiro e com direção geral de Wolf Maya, A Viagem tem a vida após a morte como tema central.

Com narrativa e personagens marcantes, a obra era um dos títulos mais pedidos para reprise pelos telespectadores.

A história é um remake da novela homônima exibida pela TV Tupi nos Anos 1970, e gira em torno de Alexandre (Guilherme Fontes), um rapaz rico e problemático que, após sua morte, ainda trilha uma longa jornada.

Também estão no elenco nomes como Miguel Falabella, Maurício Mattar e Antonio Fagundes.

Além do sucesso no Brasil, A Viagem se consagrou como um êxito ao redor do mundo com transmissões na Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Rússia, Uruguai e Venezuela, entre outros países.

Gracyanne Barbosa foi a eliminada do nono paredão do BBB 25 nesta terça-feira, 18, com 51,38% dos votos. Ela disputou a berlinda com Eva e Daniele Hypolito, que receberam 43,6% e 5,02% dos votos, respectivamente. A votação acirrada foi o recorde da temporada. Segundo o apresentador Tadeu Schmidt, o resultado mudou desde o último domingo, 16.

Na semana passada, Thamiris foi a oitava eliminada. Ela disputou a berlinda com Aline e Vinícius, mas foi a escolhida para deixar o programa com 61,73% dos votos. Veja, abaixo, a lista de quem já saiu do BBB 25.

Pouco antes da eliminação, Eva disse que estava com um "frio na barriga inexplicável". Já Gracyanne afirmou que estava "com muito mais medo" do que a ocasião em que enfrentou o Paredão com a irmã, Giovanna. Daniele, por fim, refletiu sobre sua trajetória no programa e contou que estar no BBB "é um sonho".

No discurso de eliminação, Tadeu Schmidt refletiu sobre as características das emparedadas, que se destacaram na ginástica, no balé e nas atividades físicas. "A experiência no BBB é diferente para todo mundo, mas, no fundo, vocês sabem o que fazer para ter sucesso nesse ambiente", disse sobre posturas passivas no programa.

Depois de ouvir o resultado, Gracyanne disse que o programa mudou sua vida e desejou boa sorte aos colegas. Diego Hypolito, que mantinha uma amizade com a influenciadora fora da casa, mas enfrentou desentendimentos no reality, abraçou Daniele e chorou.

Em conversa com Tadeu Schmidt, Gracyanne disse que o programa foi "muito intenso". "Com certeza, posso dizer que sou uma nova pessoa", afirmou.

Relembre como foi a formação do Paredão

Gracyanne Barbosa foi indicada pelo líder Guilherme. Na escolha geral, Eva levou a pior, com seis votos da casa. A segunda pessoa mais votada também iria ao Paredão, e ficaram nessa posição Daniele Hypolito e Delma - sogra do líder, que optou por mandar a ginasta para a berlinda.

Foi revelado, então, que Gracyanne tinha direito a um contragolpe entre os nomes presentes no Na Mira do Líder. Como ela e Eva já estavam no Paredão e Renata e João Pedro imunes, teve que escolher entre Maike e João Gabriel, optando pelo segundo.

Vinícius usou o Poder Direto, que arrematou no leilão do Poder Curinga há alguns dias e pôde tirar um participante da Prova Bate-Volta e colocá-lo diretamente no Paredão. Ele escolheu prejudicar Eva. Com isso, João e Daniele foram para a parte externa da casa disputar a Prova Bate-Volta, vencida por Gabriel.

Quem já saiu do BBB 25?

- Arleane e Marcelo

- Edilberto e Raissa

- Giovanna

- Gabriel

- Mateus

- Diogo Almeida

- Camilla

- Thamiris

- Gracyanne