Exposição 'Terra e Temperatura' aborda temas como o moderno e o religioso

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Uma grata surpresa a exposição Terra e Temperatura, que a Galeria Almeida e Dale mantém aberta até o dia 14. Concebida por um jovem curador, Germano Dushá, de 32 anos, a mostra cumpre o desafio de reunir num mesmo espaço mais de 80 obras de 33 artistas de diferentes gerações em torno de temas como religiosidade, identidade, transmutação e pertencimento. O primeiro tema foi até mesmo responsável pela escolha do sobrenome do organizador da exposição: a palavra russa 'dushá', recorrente na grande literatura russa (Dostoievski, Tolstoi), é equivalente à alma.

Na exposição, há exemplos de artistas cuja formação foi marcada por crenças que inspiraram suas obras, seja o escultor e sacerdote baiano Mestre Didi (1917-2013), iniciado no culto aos ancestrais da tradição iorubá, ou escultores anônimos que professaram sua fé ao deixar registradas na madeira suas impressões de um mundo em transição, em que natural e sobrenatural se cruzam por meio da matéria. Dushá parece particularmente interessado em pesquisar como formas e cores se encontram no que define como uma "jornada não linear".

Em certo sentido, o curador evoca a fenomenologia do filósofo francês Michel Henry (1922-2002), para quem a arte seria uma espécie de "ressonância interior, livre da figura de um objeto em particular". Para Dushá e Henry, o lugar da evolução estética é a vida invisível, como defendiam Kandinsky e Paul Klee. Isso justifica a colocação de uma tela matérica dos anos 1960, da artista suíça, naturalizada brasileira, Mira Schendel (1919-1988) ao lado de um óleo do paulista José Antonio da Silva (1909-1996). Ou de um esboço da escultora surrealista mineira Maria Martins (1894-1973) ao lado de uma obra do pernambucano Tunga (1952-2016).

Uma chave para entrar no universo de Mira é a fenomenologia (em especial a do alemão Hermann Schmitz), mas sem desconsiderar a sua religiosidade (traduzida de modo enfático na pintura escritural de Mira). O uso do termo corporeidade é igualmente apropriado para definir a paisagem de José Antonio da Silva em que agricultores surgem no primeiro plano de uma plantação de algodão. À primeira vista é apenas uma reminiscência da vida rural do pintor na região noroeste (São José do Rio Preto), onde passou sua juventude. Mas os espaços amplos do algodoal sugerem mais: em suma, uma passagem do corpóreo para o campo espiritual, como em Mira.

Dushá vai além. Diz que colocou o esboço da escultura Uirapuru (bronze de 1945), de Maria Martins, ao lado da escultura morfológica (s/t, 2014) de Tunga porque ambos tratam em suas obras da metamorfose dos corpos - no caso de Maria Martins, seu Uirapuru é um índio que pede a Tupã para ser transformado em pássaro e seduzir a mulher do cacique. A escultura de Tunga, também fabular, opta por um modelo híbrido entre vegetal e animal, uma quimera.

Para traçar tais relações, Dushá fez da expografia de Terra e Temperatura um exercício formal que reorganizou o espaço da galeria. Ocupa o lugar central, claro, uma rara tela da modernista Tarsila do Amaral, Manacá (1927), que transforma o arbusto brasileiro num fetiche antropofágico para exorcizar Fernand Léger. Em outra sala, um cetro de força mística (1980) de Mestre Didi domina o ambiente povoado por uma tela de Thiago Martins de Melo, Caim (2019), sobre o caráter violento da polícia e o espírito cainita brasileiro. Ao lado, esculturas de Conceição dos Bugres (dos anos 1970) dialogam com criaturas de Agnaldo Santos (dos anos 1950) e entidades de Chico Tabibuia (entre elas o Exu Pilão dos anos 1980), além de um bordado/pintura de Madalena dos Santos Reinbolt. Como se vê, não há na mostra hierarquia entre a "grande arte" e a popular - palavra que Dushá expurgou do seu dicionário

Um totem de Ione Saldanha ou de Niobe Xandó convivem com ex-votos de anônimos. Duas peças de cimento de Anna Maria Maiolino (da série A Sombra do Outro) reverberam a fenomenologia de Mira Schendel na mesma sala (o cheio e o vazio num mundo em estado puro). Ao estabelecer tais relações, diz Dushá, Terra e Temperatura cria um ecossistema que aprofunda seu método de aproximação. São artistas que transformam o verbo em imagem, mantendo sua individualidade. "É a partir do que é único que se revela o universal", observa o curador, afirmando sua crença de que a arte brasileira dispensa rótulos ou certificado de origem para sobreviver.

A exposição vem acompanhada de um livro com todas as obras reproduzidas e informações sobre os documentários que estão sendo exibidos (no canal do YouTube da galeria) sobre os artistas representados ou os cenários reais por onde circularam. Entre os títulos selecionados por Dushá estão Viramundo (1965), de Geraldo Sarno, Os Romeiros de Padre Cícero (1994), de Eduardo Coutinho, além de curtas sobre Chico Tabibuia e Castiel Vitorino Brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao grupo Racionais MC's na última quinta-feira, 6.

A honraria reconheceu Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay, membros do grupo, como "Intelectuais públicos que dialogam com o pensamento social brasileiro".

"Fui um jovem afoito. Estudei muito pouco. Não tive tempo para estudar. Era uma questão de matar fome", contou Mano Brown, logo depois de receber o diploma. "E, quando me aventurei a estudar, me senti um excluído na escola. Não me adaptava. Não aprendia, não tinha amigos. Então, hoje, recebendo esse título de doutor, o que eu posso fazer é agradecer, do fundo do meu coração, em nome da minha mãezinha [Dona Ana] e de meus amigos, Edi-Rock, KL Jay e Ice Blue", disse Mano Brown.

O grupo Racionais foi formado em 1988 sob um contexto de vulnerabilidade e violência. Eles se consolidaram como vozes importantes na luta contra o racismo, desigualdade social e violência estrutural no Brasil. As músicas da banda retratam o cotidiano das periferias brasileiras.

"Quero, aqui, jurar lealdade a vocês. Na verdade, quero renovar os votos de lealdade", disse Brown, referindo-se à causa que move o grupo, que é o combate à desigualdade, à discriminação, ao preconceito. "A causa é maior que nós. Depois de nós, virão outros. A gente foi só a faísca na época das cavernas. Os jovens são o futuro. Eles estão fazendo a revolução. Uma revolução online", continuou o artista.

A honraria concedida pela universidade tem como objetivo reforçar a importância do grupo como agentes da transformação social. A indicação para o título partiu de professores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

Andreia Galvão, diretora do IFCH, afirmou que a entrega do título é histórica porque o grupo representa um saber que nasce das periferias do Brasil. "Um saber que, em uma sociedade excludente e desigual como a nossa, dificilmente chega à Universidade."

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

O Sincerão desta segunda-feira, 10, já definiu o nome dos três ex-BBBs que irão avaliar a participação dos integrantes do Big Brother Brasil 25 no Pipocômetro.

Trata-se de Anamara, do BBB 10, MC Binn, do BBB 24, e Sarah Andrade, do BBB 21. Na dinâmica, o trio avalia o desempenho dos confinados durante o Sincerão.

Aqueles que não se posicionarem coerentemente e com bons argumentos, sofrerão consequências negativas decididas pela produção do reality show.

Nas dinâmicas anteriores, nomes como Fernanda Bande, Babu Santana, Arthur Aguiar, Ana Paula Renault, Ricardo Alface e Naiara Azevedo participaram do júri.

Como será a dinâmica

No Sincerão desta semana, cada participante deverá escolher um adversário para enfrentar em um duelo de argumentos.

Os dois ficarão posicionados em bases opostas e terão a chance de defender seus pontos de vista.

O desempenho de cada um será julgado pelos ex-BBBs, que estarão acompanhando tudo diretamente da sala da casa - sem serem vistos pelos confinados.

Se o desafiante não convencer, ele receberá o título de 'pipoqueiro' e sofrerá uma punição. No entanto, caso se saia melhor no embate, receberá a placa de 'mandou bem' e será o adversário quem levará a consequência.

No final, os três integrantes do júri escolhem um dos participantes que melhor se destacou na dinâmica para ser o Craque do Jogo.

Stephen Park, que participou de dois episódios de Friends, revelou que o ambiente das filmagens da série era tóxico.

A revelação foi feita no podcast Pod Meets World. Durante a entrevista, ele afirmou que James Hong, seu colega de elenco, foi vítima de injúrias raciais.

"Já naquela época, eu senti que era um ambiente tóxico. James Hong estava nos episódios comigo, éramos as duas únicas pessoas asiáticas no elenco e ouvi [o diretor assistente] chamando-o para o set, dizendo algo como: 'Onde diabos está o cara oriental? Chamem o cara oriental'", relatou.

O ator explicou que, na época, esse tipo de comportamento era tratado como normal na indústria. "Ninguém nos defendia, ninguém sentia a necessidade de corrigir ou repreender esse comportamento."

A palavra oriental é considerada ofensiva por pessoas de ascendência asiática quando relacionada a seres humanos devido a história de colonialismo associada ao termo. O dicionário Merriam-Webster, um dos mais famosos da língua inglesa, contém uma explicação sobre o tema.

Produzida entre 1994 e 2004, Friends é considerada uma das mais importantes e cultuadas séries de TV. Em seu elenco principal estavam nomes como Matt LeBlanc como Joey Tribbiani, Lisa Kudrow como Phoebe Buffay, Courteney Cox como Monica Geller, Jennifer Aniston como Rachel Green, David Schwimmer como Ross Geller e Matthew Perry como Chandler Bing.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais