Trajetória de Tarcísio e Glória Menezes coincide com a história da TV brasileira

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A trajetória artística de Tarcísio Meira e Glória Menezes praticamente coincidiu com a história da televisão brasileira, ainda que o casal iniciasse a carreira no teatro. Tarcísio estreou em 1957, com A Hora Marcada, enquanto Glória começou no mesmo ano com Devoção à Cruz.

Foi no Grande Teatro Tupi, programa de teleteatro da extinta emissora, que eles atuaram juntos pela primeira vez, em 1961. Eles se casaram no ano seguinte, dando início a uma longa parceria na ficção e na vida real. Em 1964, nasceu o filho do casal, o também ator Tarcísio Filho.

Mas eles começaram a se tornar populares com 2-5499 Ocupado, a primeira telenovela diária brasileira, exibida pela TV Excelsior em 1963. "A trama era ruim, água com açúcar, inspirada em uma história argentina, fizemos por obrigação", contou Glória ao Estadão, em 2015. "Mas, apesar disso, foi um sucesso tremendo e teve o mérito de permitir o que tanto ambicionávamos: as novelas acostumaram o público ao teatro popular, algo que não conseguíamos com o formato tradicional", completou Tarcísio. "Foi graças ao sucesso dos folhetins que o público também criou o hábito de se informar pelos telejornais, exibidos entre uma história e outra. No seu auge, quando contou com criadores como Bráulio Pedroso, Jorge Andrade, Dias Gomes, a novela representou um exercício de sensibilidade para o espectador."

Tarcísio não escondia, naquela época, o desgosto com as tramas atuais, que considera frias. "Sinto que faltam personagens que caiam no gosto do público, que se tornem seus amigos." Personagens vividos por ele e Glória com grande sucesso, às vezes excessivo - certa vez, no Recife, onde foram perseguidos por uma multidão de fãs, tiveram as roupas rasgadas e fios de cabelo arrancados. "Mas, de uma maneira geral, sempre somos bem tratados", observou Glória.

Eles foram testemunhas também da evolução tecnológica da TV, especialmente da Globo. "No começo, era uma emissora pobrezinha, com equipamentos de segunda linha e usando fitas usadas", contava Tarcísio. "Em um dia de dez horas de trabalho, passávamos duas ensaiando, outras duas gravando e o resto esperando o conserto das câmeras."

Essa época de desbravamento era lembrada com boas histórias. Glória se divertia quando lembrava do marido gravando cena para Sangue e Areia, na qual vivia um toureiro. "Ele gravava no terraço da Globo e fingia tourear com uma capa vermelha. Só que o touro era o guidão de uma bicicleta, o que fazia a festa dos moradores dos prédios vizinhos."

"Eu fiz mais teatro que Tarcísio, mas, em compensação, ele participou de mais filmes", disse Gloria. Telenovelas, no entanto, ambos somam números portentosos - Tarcísio atuou em 54 e Glória, em 38.

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A série argentina O Eternauta acaba de chegar à Netflix e já tem conquistado os espectadores. Baseada na HQ homônima considerada uma das maiores obras da literatura argentina, ela tem uma história trágica por trás: seu criador, Héctor Oesterheld, foi morto pela ditadura na Argentina na década de 1970.

Nascido em Buenos Aires em 1919, Oesterheld é um dos principais nomes dos quadrinhos e da ficção cientifica na Argentina. Escreveu alguns romances e outras HQs, além de ter publicado em revistas de grande importância, mas O Eternauta é considerada a sua obra-prima.

A trama acompanha um grupo de sobreviventes de uma nevasca mortal que precisa lutar contra uma ameaça alienígena. Com Juan Salvo como protagonista, o quadrinho foi publicado entre 1957 e 1959 com ilustrações de Francisco Solano López, com uma versão mais politizada sendo lançada na década de 1970.

Oesterheld frequentemente dizia que o herói de O Eternauta era um "herói coletivo". No final dos anos 1960, ele também escreveu biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, importantes líderes de esquerda, em parceria com o cartunista Alberto Breccia.

Naquele período, o autor já era envolvido com os Montoneros, organização político-militar argentina de esquerda que tinha objetivo de resistir e derrubar a ditadura no país. As quatro filhas de Oesterheld, Estela, Diana, Beatriz e Marina, também estavam envolvidas com o grupo.

As Forças Armadas da Argentina, já vigiando a atividade de Oesterheld, começaram a fechar o cerco em sua família. A primeira desaparecida foi Beatriz, que tinha apenas 19 anos, em 1976. Meses depois, foi a vez de Diana, seguida de Marina, ambas grávidas na época. A última foi Estela, já no final de 1977.

Oesterheld desapareceu em abril daquele ano. Acredita-se que tenha sido fortemente torturado física e psicologicamente, sendo obrigado a ver fotos das filhas executadas, e que foi morto apenas em 1978. O seu corpo nunca foi encontrado. Das filhas, apenas Beatriz pôde ser velada.

A morte do autor e de seus familiares só foi reconhecida em 1985, com um julgamento histórico que resgatou a memória dos desaparecidos e revelou os horrores da ditadura na Argentina.

Não é surpresa que compositores como Wagner e Beethoven foram alguns dos favoritos de Hitler. No entanto, quando se escondeu no bunker no final da Segunda Guerra Mundial, o líder nazista levou consigo uma coleção de discos surpreendente, que inclui compositores e músicos russos, judeus e gays. Ele os ouviu até sua morte, em 30 de abril de 1945.

A descoberta foi publicada inicialmente na revista alemã Der Spiegel em 2007, quando Alexandra Besymenskaja, filha do general soviético Lew Besymenski, redescobriu o material. Seu pai fez parte da equipe responsável pela evacuação do bunker e, apaixonado por música, levou os discos consigo.

Mais tarde, a coleção foi estudada em detalhes por Fred Brouwers no livro Beethoven no Bunker. Entre as gravações, há Tchaikovski, que era russo e homossexual, Rachmaninov, e execuções do violinista polonês Bronislaw Huberman, de origem judaica e que se opôs ativamente ao nazismo.

Além disso, a seleção também continha gravações de jazz, operetas e outros estilos considerados "música degenerada" pelo 3º Reich. A maioria dos compositores, como Paul Abraham, foram perseguidos pelo nazismo.

Confira, abaixo, 5 composições que Hitler ouvia no bunker antes de morrer

- Adagio da "Sinfonia no. 7", de Anton Bruckner, com a Filarmônica de Berlim. Regida por Wilhelm Furtwängler, gravação de 1942.

- Sonata no. 24, em fá sustenido maior, op. 78, de Beethoven: Adagio cantabile - Allegro ma non troppo e Allegro vivace

- Concerto para Violino e Orquestra em ré maior opus 35, de Tchaikovsky, com Bronislaw Huberman (violino) e Orquestra da Ópera Estatal de Berlim

Regida por William Steinberg (1899-1978). Movimentos: Allegro moderato - Canzonetta.Andante - e Finale. Allegro vivacíssimo. Gravação de 28 de dezembro de 1928.

- Paul Abraham and his orchestra 1930: Good Night

E uma gravação moderna de um dos maiores sucessos de Abraham, "Bal in Savoy (Toujours l'amour)", com a soprano Angela Gheorghiu

O ator Robert de Niro, de 81 anos, fez uma declaração pública sobre sua relação com a filha Airyn, de 29, que recentemente se assumiu como uma mulher trans.

"Eu amava e apoiava Aaron como meu filho, e agora amo e apoio Airyn como minha filha. Não sei qual é o grande problema... Amo todos os meus filhos", disse ele em uma nota ao site Deadline na quarta, 30.

A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista de Airyn à revista Them, na qual ela falou sobre crescer sob os holofotes do vencedor do Oscar e o processo da transição de gênero.

Na ocasião, ela contou que decidiu iniciar o uso de hormônios em novembro de 2024 como parte do processo de transição. "Sempre fui muito feminina, mesmo antes de saber exatamente o que isso significava", disse.

Ela destacou que a transição também a aproximou de referências femininas negras que sempre admirou, como Laverne Cox, Marsha P. Johnson e Michaela Jaé Rodriguez. "A transição também me aproximou da minha negritude. Me sinto mais próxima dessas mulheres quando abraço essa nova identidade".

Airyn é filha de De Niro com a atriz e modelo Toukie Smith, de 72 anos. Embora nunca tenham se casado, eles mantiveram um relacionamento de quase dez anos entre as décadas de 1980 e 1990.